O Herdeiro do Primeiro Peverell escrita por Britz Boll


Capítulo 25
Capítulo XVIII - Entrevista com o Lobisomem


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meu povo, aqui estou eu com mais um capítulo fresquinho. Que me deu muito trabalho por sinal - q
O maior da fic! õ/ Obg pelo carinho de vocês, e pela paciência de qm leu até agora. Os reviews sempre maravilhosos de Ablonie, Emma, Pryn, Ferlous e Carol. Muito obrigada! Fazem meu dia mais feliz, alem de me ajudar com a história hehe. ^^
Relembrando o último cap. Loren descobriu algumas informações importantes na sala do quarto esquadrão. Chris andou remexendo nas papeladas de Siger. Harry finalmente decidiu o que fazer com a Varinha das Varinhas. Acompanhem o desenrolar da história, a montagem do esconderijo em Hogwarts, e a entrevista de Harry com o lobisomem que gritava por seu nome. Espero realmente que gostem desse, eu gostei. ;*



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Capítulo XVIII

Entrevista com o Lobisomem

– Tudo pronto aí Harry? – a voz de Hermione soou algumas câmaras acima.

– Quase. – o bruxo respondeu enquanto descarregava mais uma remessa de Dementadores na sua sala. Já havia centenas das criaturas horripilantes. O suficiente para deixar qualquer bruxo assombrado ou desgastado demais para enfrentar a todos.

Elaborar um sistema de proteção para a Varinha de Sabugueiro exigiu dos quatro amigos muitas horas cansativas em Hogwarts. Com o Sétimo Esquadrão ainda cumprindo sua punição pelo tratamento dos trouxas, e permanecendo em observação, Harry e Rony tinham a semana de folga. Tempo que eles usaram para preparar as salas das Câmaras Subterrâneas. Quando Minerva McGonagall demonstrou algum interesse no objeto que estavam guardando, Harry disse apenas “coisas de Dumbledore” e isso foi o bastante para que ela não fizesse mais nenhuma pergunta.

Em Hogwarts eles tentavam não chamar muita atenção, trabalhando nos horários de aula, ou à noite quando era proibido aos alunos andar pelo Castelo. Mas, vez ou outra, estudantes topavam com algum deles ocasionando vários minutos de “pensei que fossem mais velhos” ou “li uma matéria sua no Profeta Diário” ou até mesmo “assine minha capa”. Logo, as notícias de que Harry Potter e sua turma estavam de volta se espalharam e a dificuldade deixou de ser apenas esconder a Varinha, para esconder a eles próprios.

No último dia de trabalho, depois de Hagrid finalmente conseguir enfiar Norberta na sala do alçapão, eles davam os últimos retoques nos desafios. Gina estava do lado de fora discutindo com Neville e Luna a proteção do corredor, conferindo os horários para que eles verificassem a moeda da AD. Caso alguma eventualidade ocorresse, aquela era a maneira mais rápida de se comunicarem.

Hermione estivera empolgada nas últimas horas, e dobrara a dificuldade do seu desafio. Ocupando agora duas salas, cada uma com uma charada a ser resolvida e decodificada em Runas Antigas. A garota acabou por convencer Harry a implementar parte do seu desafio na sua sala. A Varinha das Varinhas agora repousava numa caixa de madeira, com espaços vazios para que fossem inseridos os caracteres rúnicos, que eram a resposta do enigma da sala anterior.

Harry teve de admitir que passar por todas aquelas salas não seria possível sem que o bruxo em questão se desgastasse ao máximo. Principalmente a sua, a última câmara onde a caixa de madeira repousava no centro, guardando a cobiçada arma. Não era possível remover a embalagem, assim à única saída era enfrentar o enxame de Dementadores enquanto se inseria a senha na caixa. Um verdadeiro desafio à concentração e à resistência de qualquer bruxo.

– Pronto! – anunciou para os outros. Estava no meio da horda de Dementadores, mas estes não ousavam chegar perto. Seu Patrono galopava ao redor, impedindo as criaturas de avançarem.

Harry ouviu um berro, alguns xingamentos e o som de passos aumentando do lado de fora. Num instante a porta atrás dele se abriu e uma Hermione risonha e um Rony tostado conjuraram seus Patronos e adentraram a sala.

– O que aconteceu? – Harry perguntou se esforçando para não soltar uma sonora gargalhada. Rony tinha um rombo chamuscado aberto na camisa, a capa preta jazia em frangalhos queimados e o rosto estava preto de fuligem.

– O Hagrid e seu dragão de estimação. Isso aconteceu! – respondeu zangado enquanto se aproximava.

– O Hagrid estava fazendo carinho na barriga da Norberta, - Hermione começou a rir. – e eu não sei o que ele tinha dado de comer àquele animal, mas... – ela não conseguiu continuar, lágrimas brotavam dos olhos de tanto rir.

– Não é engraçado! – Rony a repreendeu, mas Harry pode vislumbrar um meio sorriso no seu rosto. – Nunca imaginei que peidos de dragões pudessem ser tão perigosos.

Harry olhou mais uma vez a cara preta de Rony, Hermione com as mãos no tórax sem conseguir parar de rir e desatou a rir também. A imagem de Hagrid acariciando o dragão, com Rony sendo queimado foi o bastante para proporcionar aos dois alguns minutos de risadas descontroladas. Logo o ruivo se deu por vencido, e se juntou a eles fazendo uma imitação grotesca de como tudo aconteceu.

– O fato é que, eu nunca mais fico na traseira de um animal daqueles. – ele finalizou sorrindo. Seus patronos ainda rodeavam o lugar, extremamente mais fortes pelos sentimentos felizes que tinham naquele momento.

– E então, acho que está tudo pronto. – Hermione se recompôs analisando mais uma vez a caixa.

– Está. – Harry confirmou. – É tudo que podemos fazer pra protegê-la.

– Então vamos logo embora. Antes que o intestino da Norberta piore. – Rony pediu um pouco preocupado. Harry achou graça, mas fez companhia aos amigos ao se retirar da sala.

Seu Patrono em forma de Cervo era o mais forte e liderava os outros dois espantando os Dementadores. Ao sair, os três desfizeram o feitiço e lacraram a porta no momento que as criaturas das trevas se precipitavam para a entrada como um enxame de abelhas. Eles se encaminharam por entre as salas, com Hermione a indicar a saída.

Harry estava orgulhoso do trabalho dos quatro. Sentia que fizera algo realmente útil, e que a Varinha estava mais protegida que nunca. Ou assim esperava. No meio de sua confusão de pensamentos sobre quem estaria atrás da arma, os lobisomens mutantes, Steven no hospital, o garoto só pode ouvir Rony lamentar baixinho.

– Eu gostava dessa camisa. Eu realmente gostava dessa camisa.

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Harry Potter olhava as amostras com cuidado.

Assim como todos os membros do Sétimo Esquadrão ali presentes, ele estava curioso pela sala da Equipe Quatro. Foram chamados ali pelo Ministro que decidira acompanhar de perto o progresso com o réu. Loren já repassara a todos as informações da sua última visita, incluindo o perturbador chamado do lobisomem por Harry. Ele não ficara assustado, apenas curioso. Pensava seriamente se os lobisomens mutantes não teriam algo haver com a tentativa de roubo da Varinha. Suspeitas que não podia dividir com os colegas.

Chris observava o homem amordaçado através da parede transparente. Ele parecia mais calmo, apesar de ainda se debater nas cordas. Loren tinha os braços cruzados impacientemente. Rony e Jessica faziam companhia a Harry ao olhar os vidrinhos com diferentes porcentagens de manchas amarelas. Siger estava ao lado do Ministro numa pose um tanto austera, ouvindo tudo com atenção.

O mesmo garoto que atendera Loren doutra vez, agora recebia os olhares acusadores do Ministro e a expressão fria de Siger ao relatar o avanço da missão de investigação.

– Foi tudo que conseguiram descobrir? – Kingsley perguntou sem esconder o tom de desapontamento em sua voz.

– Infelizmente, sim senhor. – ele respondeu um pouco sem graça.

– E enquanto ao Steven? – Siger se manifestou.

– A pedido nosso, o St. Mungus vem recolhendo amostras de sangue dele periodicamente. – o menino puxou uma caixa cromada da mesa e a abriu, recolhendo um vidrinho com o líquido rubro-amarelado. – Recebemos algumas ontem. Comparamos com as do lobo aqui, e bem... – ele apanhou a amostra que Harry estava observando momentos antes, comparando as duas lado a lado. – O caso é completamente diferente.

Harry observou as duas amostras atentamente. O sangue do lobo era escuro, e apenas algumas manchas amarelas se destacavam. Já o de Steven estava num tom entre vinho e amarelo. Mais pra uma mistura dos dois. O garoto engoliu em seco, atribuindo qual seria o significado daquilo. A substância já tinha se incorporado ao sangue de Steven. Ela fazia parte dele.

O garoto pôs-se então a explicar que o composto estava impedindo o veneno de lobisomem completar a transição. O único problema é que não se podia saber até quando Steven continuaria estável. Com um conta-gotas ele adicionou um pouco de um líquido transparente-azulado. O sangue se tornou instantaneamente de um amarelo vivo.

– Qualquer desequilíbrio e aí os dois vão passar a atuar. Tanto a substância, como o veneno lupino. – completou.

– Como assim desequilíbrio? – Siger observou o frasco.

Ele ponderou um pouco e afirmou que qualquer coisa que desse força ao lado lupino do garoto seria considerado desequilíbrio. Ingerir carne por exemplo. Segundo o pesquisador do Quarto Esquadrão, eles haviam instruído os curandeiros do St. Mungus a não alimentá-lo com nada de origem carnívora, ou deixar que o garoto presenciasse qualquer tipo de violência, com medo da influência do seu psicológico na transformação. Mas, de qualquer forma aquele desequilíbrio iria eventualmente ocorrer.

– Em noite de lua cheia. – Loren completou pesarosa.

O menino fez um aceno de cabeça para confirmar. Harry imaginou Steven se transformando numa daquelas criaturas monstruosas e não conseguiu deixar de sentir pena por ele. Gui, o irmão de Rony, havia sido mordido pelo Lobisomem Greyback quando o mesmo não estava transformado, ganhando assim apenas um apetite incomum para carne crua. Já Steven, tinha veneno de lobisomem e uma substância desconhecida em suas veias. Era demais para uma pessoa só.

O investigador continuou relatando as descobertas sobre a substância. De acordo com as pesquisas, o composto fora criado para dar força além do normal ao usuário. No caso dos lobisomens aumentando seus dons. Velocidade, faro, visão, audição. Tudo aumentado desde que tomada periodicamente. Um dos efeitos colaterais era a dependência. E outro recentemente revelado pelas amostras de Steven, era o envelhecimento celular, o que explicava as manchas amarelas que o menino tinha agora nos olhos e os fios grisalhos no cabelo. Mudanças que tinham-no colocado em quarentena no hospital.

– Está falando de lipofuscina? – todos se viraram surpresos para Jessica. A menina corou e pareceu instantaneamente arrependida de ter se pronunciado. – Minha mãe é médica em Portugal. Às vezes a ajudo no hospital. Aprendi algumas coisas. – esclareceu.

– Bom, eu não queria usar termos trouxas, mas sim. – o menino esboçou um sorriso. Harry não pode deixar de pensar que ele parecia mais trouxa do que bruxo. – Lipofuscina é o pigmento que indica o tempo de vida da célula. Ele tem essa coloração amarelada. Coincidente com nossa substância misteriosa. – ele resumiu. – Os curandeiros disseram que momentos antes tinham visto Steven praticando feitiços com a varinha. O primeiro contato dele com a magia deve ter desencadeado a mutação.

– E ela vai continuar? – Loren perguntou temendo a resposta do garoto.

– Ah não. – ele respondeu um pouco afável. – Como eu disse, está estável por enquanto. O veneno de lobisomem fez bem a ele. Enquanto a substância envelhece as células, o veneno as restaura. A quarentena é só precaução. Exagerada em minha opinião. – finalizou.

Harry suspirou aliviado. É claro que estava preocupado com Steven. Um pouco de culpa ainda pesava sobre ele pelo ataque do garoto. E não ajudaria em nada se o mesmo se transformasse numa aberração mutante. Siger indagou o investigador sobre o destino do prisioneiro. Kingsley o interrompeu, dizendo que já que não era possível extrair mais nada dele, eles o levariam para Azkaban. Neste momento Harry viu a única chance de testar a ideia ousada que persistia em sua mente.

– Eu gostaria de falar com ele. – Harry se manifestou com uma determinação capaz de fazer todos os rostos se virar para ele descrentes. – Talvez eu possa descobrir o que ele quer comigo, ou quem está por trás disso. – acrescentou ao perceber que ninguém o levara a sério.

– Ele não fala nada Harry. – Loren argumentou. – Está louco.

– Ele vai falar. – o menino garantiu. Não sabia como, mas daria um jeito de confirmar suas suspeitas. Essa era a última chance dele, depois o homem seria enviado a Azkaban. – Só alguns minutos. – acrescentou meio suplicante.

– Já tentamos de tudo. – o investigador contrapôs. – Veritaserum não funciona ou qualquer coisa do gênero. O Terceiro Esquadrão já usou a Maldição Cruciatus. Ele não fala.

– Vou pensar em algo. – insistiu.

O pesquisador fitou Harry em dúvida se o procedimento era permitido. Mas, lá no fundo concordava que se alguém merecia este privilégio, este alguém seria Harry Potter. Ele olhou para o Ministro em busca de algum sinal de reprovação e como não o encontrou fez um gesto para que Harry o seguisse.

– Por aqui. – conduziu-o até a parede transparente.

Harry sentiu os olhares perfurando-o. Inclusive o de Rony, que devia a esta altura estar perguntando que diabos ele pretendia com aquilo. O seu guia acenou para outros dois Aurores de porte avantajado e eles fizeram guarda na entrada. Harry percebeu que eles tinham braçadeiras com o número “3” gravado. Pensando bem até o garoto que o acompanhava usava uma com o número de sua equipe, “4”. Ele ficou pensando porque eram os únicos que não usavam algo para se identificar.

Os dois adentraram o quarto branco e a porta se fechou atrás deles.

– Preferia ficar sozinho se possível. – Harry pediu sabendo que já estava abusando da regalia.

– Como quiser. – o garoto se retirou.

A claridade da sala por um instante o cegou. Harry olhou para o homem na cadeira. Ele ainda não parecia ter notado sua presença. Os olhos estavam fechados e a boca amordaçada por uma chapa de metal. Ele fez um aceno de varinha e a placa desgrudou-se, libertando os lábios maltratados do lobisomem. Finalmente ele ergueu os olhos e contemplou a face de Harry. O garoto achou que ele estava até bastante lúcido quando ele voltou a berrar.

– Harry Potter! – gritava descontrolado. – Eu o peguei! Harry Potter! Está aqui! – se debateu nas cordas que o prendiam a cadeira. Os olhos girando nos eixos. - Harry Potter! Harry Potter!

Ele não ia falar nada pra Harry. Pelo menos nada útil. De uma coisa estava certo, esse lobisomem estava programado para capturá-lo. Ou matá-lo. Harry suspirou sabendo que os outros lá fora estavam com os ouvidos colados na parede escutando tudo atentamente. Ele sacou a varinha e murmurou:

Abaffiato.

O campo de força a prova de som se desdobrou a sua volta. Prostrou-se em frente ao homem alucinado e apontou a varinha para ele. O criminoso parou de gritar, permaneceu sossegado na cadeira olhando para Harry com medo nos olhos.

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– O que ele pensa que está fazendo? – o garoto do quarto esquadrão se precipitou para a porta no momento em que Harry apontou a varinha para o prisioneiro. Uma mão o impediu.

– Espere, está tudo bem. – Siger garantiu a ele e a todos os olhares confusos que pairavam a seu redor. – Potter só precisa de um tempo a sós com nosso convidado. Ele tem esse direito. – olhou para Kingsley buscando apoio. – O homem estava berrando o nome dele.

– Tudo bem. – consentiu o Ministro, de cara fechada. – Mas se as coisas saírem do controle, vamos intervir.

Siger concordou com um aceno de cabeça e o investigador pareceu convencido também, pois parou de resistir à pressão que o impedia de chegar à porta, deixando-se ser levado de volta a seu lugar.

– Está tudo sobre controle. – Siger respirou fundo esperando que estivesse dizendo a verdade.

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Harry assumiu uma pose que jamais teria coragem de interpretar na frente dos outros. Ou neste caso, sendo ouvido pelos outros. Ele apontou a varinha para o bruxo a sua frente e apoiou o pé na cadeira do mesmo, no vão entre suas pernas.

– O que queria comigo? – perguntou calmamente. O homem não respondeu e Harry permitiu-se elevar a voz. – O que queria comigo!? – repetiu com raiva.

Ele suspirou. Intimidar o homem não adiantaria de nada. É como Loren havia dito, ele estava louco. Delirando. Ficava balbuciando coisas sem sentido olhando fixamente para Harry. A única vitória que teve, admitiu com desgosto, foi fazê-lo parar de berrar. O garoto se pôs de pé novamente e caminhou de um lado para o outro, pensativo.

Ele não fala. E não importa o que eu fizer, ele não vai falar, pensou. Mas talvez, eu não precise fazê-lo falar.

Voltou rapidamente e empunhou a varinha para o homem. Havia feito aquilo poucas vezes, e sem querer. Duvidava que agora que era seu verdadeiro objetivo, ele não conseguisse as informações de que necessitava. Concentrou-se, apertou firme o cabo da arma, fitou os olhos castanhos do louco e murmurou:

Legilimens!

Instantaneamente foi sugado pelos olhos desvairados num mar de escuridão. Flashes e mais flashes de memórias indistintas passaram diante dele, se misturando e adensando a sua volta. O garoto não conseguia se fixar em nenhuma, e atribuiu isso ao estado decadente do homem. Mas ele tinha de insistir, tinha de tentar.

Seus passos vieram pesados na mente do homem. Harry tentou inutilmente agarrar alguma lembrança, mas esta sempre lhe escapava entre os dedos. Jamais vivenciara algo assim, estava num mundo de sonhos, numa mente louca.

O garoto tentou desfazer o feitiço e o pânico o atingiu quando não foi capaz. Muito mais que estar preso ali, Harry temia ficar louco também.

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– O que o Harry está fazendo? – Rony perguntou com uma cara confusa.

– Lendo a mente do prisioneiro. – Siger adivinhou pelo modo como o garoto estava parado de olhos fixos nos do adversário. – Só não sei o que espera encontrar lá.

– Eu não recomendaria que ele tivesse feito isso. – o menino do quarto esquadrão engoliu em seco. – A mente deste homem já estava muito fraca pela dependência da droga, e agora muito mais depois das sessões de tortura. Temo que ele não vá resistir.

– E o que vai acontecer se ele morrer com o Harry na sua mente? – Loren perguntou colando as mãos na parede enfeitiçada. Desejava por tudo no mundo estar no lugar do companheiro, vasculhando a mente do criminoso atrás de uma salvação para Steven.

– Eu não sei o efeito que a substância restante no sangue dele pode causar no sistema neurológico... – o garoto se atrapalhou. – Talvez...

– Desembucha. – Loren o guinchou pela camisa fazendo-o encará-la nos olhos. Todos os outros presentes demonstraram o mesmo nível de curiosidade e preocupação.

– Eu acho melhor o Sr. Potter descobrir o quer que seja na mente daquele homem antes que ele morra. – ele se soltou do aperto da garota. – Ou talvez as coisas possam ficar perigosas para ele também. – finalizou desviando o olhar dos visitantes.

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Flutuando na névoa.

Foi o único modo que Harry encontrou para descrever aquela situação. Os flashes de memórias ficavam cada vez mais rápidos e confusos. Todos eles numa estranha coloração amarelada. As poucas imagens que faziam algum sentido no começo, agora tremeluziam com uma estranha interferência. Deste modo o garoto apenas se deixou vagar, parando de tentar entrar numa das lembranças, esperando a correnteza o levar para o filme certo.

Não sabia se estava delirando também. Mas não tinha vontade alguma de continuar, ou desistir. Não tinha vontade mais de nada. Estava paralisado naquele redemoinho de recordações pulsantes. Não importa quem ele era, ou o que procurava. Poderia ficar ali para sempre, mas algo na sua mente lhe dizia que a viagem estava chegando ao fim.

Harry então se lembrou de que corria perigo. Alguém estava tentando matá-lo. Mas por quê? Um objeto... Uma arma. Ela. A Varinha das Varinhas. Lembrou-se de como ele e seus amigos a tinham escondido em Hogwarts, e a face dos companheiros foi o impulso que precisava para se libertar da névoa paralisante. As pessoas que estavam em perigo por conta dele. Pessoas que os ladrões poderiam usar para atraí-lo a uma armadilha.

Rony, o ruivo atrapalhado. Hermione, a bruxa mais inteligente que conhecera. O Sr. e a Sra. Weasley e todo o restante da família ruiva que o acolhera tão bem. Até mesmo os Dursleys, sua antiga família trouxa. E Gina. Sua namorada, aquela que também sempre estaria ao seu lado.

Preciso continuar, pensou. Preciso descobrir quem está atrás da Varinha de Sabugueiro.

Reunindo toda a determinação que ainda lhe restava, Harry lutou para se desatar das correntes da névoa. Ele subiu pelo redemoinho, certo de que o que procurava estava no final daquele túnel de imagens turvas e amarelas. Talvez a única lembrança intacta, ou razoavelmente decifrável. Sem esperar mais um segundo sequer, saltou no abismo e aterrissou num lugar curioso.

Ele não podia enxergar com clareza, aquele estranho brilho amarelo distorcia os detalhes da cena, mas o que viu foi suficiente. Um enorme galpão de paredes cromadas, cheio de tanques transparentes com criaturas estranhas, tubos luminosos, frascos de poções, e equipamentos trouxas.

– Pegue o garoto. – disse uma voz. – Traga-o pra mim. – Harry percebeu que a voz se dirigia a ele.

O garoto não conseguiu distinguir o orador da frase, tudo que viu foram dois olhos cinzentos flutuando numa névoa amarela. Eles lhe pareciam estranhamente familiares, mas não se lembrava de onde poderia conhecê-los.

– Pegue Harry Potter. – ecoou a voz. – Essa é sua missão.

A névoa amarela começou a tomar conta do ambiente. Apagando tudo na lembrança. Mas não antes que Harry visse o exército de lobisomens atrás dele, se transformando e esperando uma liderança. O garoto olhou horrorizado para suas mãos, e viu enormes garras em seu lugar. No reflexo do tanque a sua frente ele encarou seus olhos amarelos.

Depois disso, o mundo se dissipou. Tudo virou um borrão amarelo.

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– Temos de entrar! – Rony atravessou o Sétimo Esquadrão, empurrou o investigador do Quatro para o lado indo em direção à porta. Lá dentro do aposento o prisioneiro se debatia em convulsão, e Harry tinha caído de joelhos ainda com os olhos focados.

– Não podemos interromper! – o menino do Quatro tentou impedi-lo. Os dois membros do Terceiro Esquadrão bloqueavam a porta. – Pode ser perigoso para o Potter!

– Escuta aqui seu imbecil! Meu amigo está lá dentro na mente deste louco. – Rony se virou furioso. – E você vai me deixar tirá-lo de lá. Agora!

– Libere as portas Auror. – Kinglsey ordenou se aproximando. Siger vinha a seu lado e o restante do Sétimo Esquadrão logo atrás.

Os guardas da entrada se entreolharam confusos, sem saber se obedeciam ao líder do Quatro ou a ordem do Ministro. Aos poucos pareceram se dar conta de quem realmente pagava seus salários e abriram a porta para os visitantes.

Rony correu até o centro da sala, olhando o homem espumar pela boca se debatendo loucamente. Harry estava de joelhos, o olho vidrado e a varinha ainda apontada. Ele segurou o amigo, sem saber o que fazer.

– Temos de fazer algo! – Loren irrompeu ao seu lado.

– Não podemos deixar o Harry assim. – Jessica sacudiu o bruxo tentando fazer com que ele se libertasse.

– Siger... – Chris pediu.

O chefe deu uma olhadela para o Ministro e sacou a varinha.

– Saiam da frente. – ele ordenou. Os meninos evadiram rápido. – Avada Kedrava!




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Notas finais do capítulo

OMG! Avada Kedrava no final, é eu sou cruel. Mas e então? Como ficou? Eu particularmente gostei. Me deu trabalho a parte da substância que realmente existe, então, yes, tem uma explicação lógica pra tudo.
Sei que adiei com Steven, mas o prox. capítulo é todo dele. Gostaram do esconderijo? Da pose de Harry? Comentem. Até mesmo quem não se pronunciou até agora, hehe^^ Espero que tenha ficado legal.
Mil beijos e até a próxima. Cruzem os dedos por Steven. E Por Harry tbm né?
*Dica: Ah, putz já dei dicas demais. Sério que vocês não sabem quem é o espião? KKKK'



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