O local até que não era dos piores. O bar era daqueles antigos, onde as portas bastavam empurrar para que se abrissem, havia mesas e cadeiras em um canto e no bar tinha um cara enorme e gordo. O nariz era no formato de bico de pato, como todos os outros que estavam no local. Luffy havia entrado primeiro, erguendo os braços e deixando atrás da nuca. Sorria que nem um bobão com os olhos fechados. O chapéu de palha estava pendurado nas costas e a jovem princesa acompanhava-o do lado.

— OAHH, acho que vou comer mais um pouco! Shishi’

Vivi apenas sorriu, se perguntando para onde ia tanta comida. Foi com o capitão até o balcão, onde sentou-se e virou para o atendente, que secava alguns copos, com uma expressão vazia e melancólica. O bar não estava cheio, havia apenas umas três pessoas em um canto e duas no outro. Conversavam e não deram a mínima para os dois... A fama do Mugiwara ainda não havia chegado a tal lugar.

— Bom dia senhor... — Como sempre a princesa era educada, ao contrário do capitão, que batia na mesa e olhava para os fundos em busca de comida. — ... Tem alguma coisa para esse cara... — Apontou pro Luffy. — ... comer?

O atendente riu da cara dos dois e foi para trás do local. Vivi virou a face, encarando o menino.

— Luffy, guenta essa barriga um pouco!

— Ahh Vivi... eu estou com fome!

— Mas você acabou de comer... comeu quase um boi na tenda da Verdinha.

— Foi só metade do boi... — Ele fez bico, parecia um menino mimado. — Quero ele todo.

— Meu irmão sempre com essa fome toda... Oe! Traga mais comida! Quero também...

Luffy e Vivi viraram a face no mesmo instante, era o Ace. Estava sentado do lado da princesa, com os cotovelos sobre a mesa, apoiando a cabeça nas mãos. Continuava o mesmo que havia visto em Alabasta, o sorriso, os olhos fechados e as sardas no rosto. Estava com seu chapéu laranja e usava apenas a bermuda preta com sua adaga ao lado.

— Shishi’ Ace!

— Ace! Pensei que tivesse ido em outra direção... — Vivi virou a cadeira para conversar melhor com o pirata.

— Ah, sim. Resolvi passar nessa ilha para comer algo e procurar mais pistas... — Ele ajeitou o chapéu, perdendo-se um pouco em seus próprios pensamentos...

Vivi e o Luffy ficaram em silêncio, até serem interrompidos pelo barulho dos pratos sobre a mesa.  

— Aqui esta... 

— Oe vamos comer!

Vivi ficava impressionada de onde eles tiravam tanto espaço no estomago para comer tanta coisa, Luffy enfiava toda a comida na boca e engolia, as vezes sem mastigar. Já o Ace colocava a comida na boca, mastigava e dormia. Sim, ele dormia. Ás vezes caia no sono por cima do prato, já tinha visto isso antes, mas ver de novo a fazia rir ainda mais. Acordava-o sempre e ele voltava a comer como se nada tivesse acontecido.

— E vocês, o que estão fazendo nessa ilha? — Eles haviam parado. Pareciam estar satifeitos... Vivi não tinha comido nada, estava sem fome, afinal havia comido na tenda uma besteira e não tinha o estomago que nem os deles. 

— Viemos atrás de algumas coisas e comida para o barco, logo estaremos numa ilha maior... Shishi..

— E o Chopper foi seqüestrado... Estamos buscando algumas informações. — Por um momento percebeu o rosto de surpresa do capitão, com certeza ele havia esquecido.

— Posso ajudar... Coletei algumas informações... — Ace demonstrava estar disposto a ajudar, afinal era um companheiro da tripulação do seu irmão.

— Será uma ajuda bem vinda... parece que o pessoal aqui não gosta de falar sobre a Princesa... — Vivi comentou. 

— OE, OE, se for falar algo da Princesa Nora, melhor saírem daqui! Não quero encrenca para o meu lado! Vamos, vamos! Sei que não vai pagar mesmo! Piratas! — Era o atendente.

— Ei! Só por que somos piratas não quer dizer que não vamos pagar... — Vivi retirou algumas moedas, colocando-as sobre a mesa. Era menos do que valeria a comida, mas ainda sim, estava sendo honesta e pagando.

Os três se encaminharam para fora do estabelecimento, parando ao lado.

— Pelo que puder notar, o pessoal daqui não gosta que falem sobre a Princesa... — Vivi havia quebrado o silêncio.

— Sim, sim. Verdade... Mas ainda não descobrir o real motivo. Muitos dizem que ela é uma boa pessoa e outras que não passa de uma criança mimada e cheia de vontades. — Ace suspirou, olhando para os lados... As pessoas passavam e olhavam para eles. — Creio que aja algo mais... muito ruim por sinal.

— SUGOOOII ~ ! Olha! Balões!!! — Luffy apontava ao longe, seus olhos brilhavam.

— Luffy!!!!

Mais uma vez o capitão saiu correndo, uma multidão ia se formando e logo ele se misturou a ela. Vivi suspirou, levando a mão sobre a testa. Ace riu.

— Ele é sempre assim, neh?

— Sim... Precisamos saber o que esta havendo... Não consigo ver direito!

Ace puxou um cara pela blusa, perguntando-o.

— Oe, o que esta havendo?

— Desfile da Princesa... — O cara soltou o braço, colocando uma mascara preta e saiu correndo.

— Vamos chegar mais perto?

Ace concordou e os dois saíram correndo. Mas diferente do capitão, foram pelos cantos da rua, olhando a multidão que se formava. Havia enormes balões de ar, em formato de bichos. Muito fofo por sinal, a maioria tinha rosa e azul. No chão, havia algumas pessoas vestidas de fadas e princesa, rodopiavam com algumas fitinhas... E ao longe se podia observar um enorme carro no formato de um poney colorido. Em cima tinha uma menina com um enorme e tufado vestido rosa e acenava para todos, era a Princesa Nora. O pessoal embaixo acenava também, porém não sorria... E todos usavam mascaras pretas.

— Bizarro... Mas divertido. — Vivi sorriu, parando próximo a um beco, observando de longe.

— Sim... — Ace estava ao lado dela. — Ainda não confio nessa felicidade toda... — O carro ia se aproximando cada vez mais. — Vivi, olha!

Embaixo do carro havia várias gaiolas e dentro delas muito bichos presos. Bichos de várias espécies e desconhecidos... Todos estavam cabisbaixo e distante da jaula.

— Tem alguma coisa na jaula...

— Sim... espero que o Luffy não faça nada imprudente.

— Espero também... vamos segui-los Ace.

— Vem, vamos por aqui... por que ir por fora não dá... — Apontou com a cabeça em direção ao enorme carro, alguns marinheiros estavam perto da jaula.

Ace segurou na mão da menina e a puxou, adentrando o beco. Vivi corria junto com o pirata, o barulho da música e dos fogos logo ia sendo abafado. As paredes das casas iam ficando aos poucos mais estreitas, até que sentiu o seu pé pisar em algo fofo e desmoronar. Por sorte, o pirata havia puxado-a e a segurado nos braços. Caíram em um buraco não muito fundo, mas estava úmido e escuro. Ouviram um barulho e quando os dois olharam para cima, o buraco estava fechado.

— Droga! E agora Ace? — Vivi se levantou rapidamente, estava por cima do homem e depois o ajudou a se levantar.

— Não sei... vamos procurar uma saída... ou podemos seguir esses túneis. Quem sabe dê em algum lugar que estamos procurando... — Ele ergueu o dedo criando uma pequena chama, iluminando o caminho.

— É, vamos...

Os dois passaram a caminhar. Era um esgoto abandonado, não havia água ali e estava bastante escuro. O som era abafado e não dava para ouvir o que estava acontecendo do lado de fora. Vivi gritou, segurando o braço do pirata, ao ouvir um barulho de rato passando por baixo dos pés dela.

— Oe, Vivi... não precisa ficar com medo. Estou aqui... E é só um ratinho.  

Agradeceu por estar escuro, pois sentiu a face queimar um pouco, estava vermelha.

— Obrigada.

Sorriu, ainda agarrada ao braço do pirata, que mantinha o outro braço erguido, iluminando o caminho a frente.

— Para onde será que esses túneis vão nos levar?

— Só vendo...