Blackjack escrita por Kori Hime


Capítulo 1
A gata ladra


Notas iniciais do capítulo

Para a Nyuu_d, que me emprestou a capa da fic, e a Mariko ♥



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Os olhos da navegadora encheram-se de lágrimas ao ver aquele gigantesco bananawani dourado no topo do cassino de formato piramidal. Ela suspirou, animada para conhecer o interior daquele lugar mágico. Enquanto os outros fugiam dos marinheiros, Nami olhou de um lado para o outro, e achou que não ia ser mau algum dar uma passadinha por lá.

Ao entrar no cassino Rain Dinners, Nami sentiu seu coração disparar dentro do peito. Seus olhos brilhavam em direção aos jogos de mesas. Roleta, craps, blackjack e bacará. Além do pôquer. As máquinas caça-níqueis e videopôquer disparavam moedas e as pessoas eram tão bonitas, bem vestidas e com suas taças de champanhe na mão. Era um sonho aquele lugar.

Nami rodopiou pelo salão e estendeu a mão para alcançar uma taça de champanhe na bandeja que uma jovem loira carregava na mão. Mas a loira foi mais rápida e desviou a bandeja, fazendo Nami pegar o ar com a mão.

A navegadora olhou para a loira, com seus olhos castanhos irritados.

— Essa bebida é apenas para os convidados e não para funcionários. – Ela disse, séria, olhando Nami de cima a baixo. – Por que está vestida assim?

A ruiva deu uma olhada para suas roupas, a que Sanji havia comprado para ela.

— O que tem minha roupa?

— A apresentação das dançarinas é só mais tarde. Vá para o vestiário vestir-se adequadamente. – A loira começou a andar e Nami deu uma olhada no estilo dela. Usava um vestido apertado preto e com avental branco com babados somente para enfeite amarrado na cintura. Salto alto e um garter preto rendado na coxa. Nami observou a loira caminhar graciosamente pelo salão, oferecendo a bebida às pessoas e sorrindo (falsamente, na opinião da navegadora), jogando os cabelos com a mão livre.

— Tsc. Ela acha que eu trabalho aqui. – Nami girou os olhos e o barulhinho de moedas chamou-lhe a atenção novamente, fazendo a navegadora saltitar em direção as máquinas. Ela procurou uma moedinha, mas não achou. Também, aquela saia não havia bolso, só dava para guardar o clima tact preso no cós da saia. Ela fez bico, desanimada. Precisava de dinheiro. Para isso, precisava jogar. Mas nenhum cassino iria dar de mãos beijadas fichas para alguém sem dinheiro. Até que teve uma ideia.

Procurou pelo salão a loira com bandeja na mão, mas não a encontrou. Foi então para o bar do cassino, e ela estava lá preparando algumas bebidas para uns homens com segundas, terceiras e quartas intenções. Nami arqueou a sobrancelha, achando aquilo ridículo, ela se aproximou dizendo aos homens que estavam sendo distribuídas fichas gratuitas no cassino ao lado. Eles se entreolharam e saíram dali.

— Mas o que pensa que está fazendo? – A loira irritada, ordenou que os homens voltassem, mas eles já haviam ido embora.

— Estava apenas te ajudando, eles eram uns tarados olhando seu decote. – Nami cruzou os braços, cheia de si.

— Eu sei me cuidar muito bem, não preciso de uma dançarina para isso. E aliás, já mandei ir trocar de roupa. Não é o seu horário. Já basta eu ter que mudar de turno porque as dançarinas agora resolveram brincar de bargirl, tirando minhas gorjetas.

— Gorjetas? Você recebe bastante?

A loira olhou desconfiada para a ruiva.

— Sim. Mas não vou deixar vocês tomarem também esse turno. – ela apontou o dedo na direção de Nami. – Afinal, como você se chama? É nova aqui não é? Porque eu não me recordo de te ver antes no salão. Foi transferida?

— Na verdade... – Nami olhou uma movimentação no cassino, eram os homens da marinha a procura dela. A ruiva passou por debaixo da portinha do balcão do bar e ficou ali abaixada. A bargirl já ia mandá-la sai dali quando um homem vestido com o uniforme da marinha a abordou perguntando se ela havia visto um grupo de piratas fugitivos.

Ela demorou para responder, deixando Nami inquieta, até que ela deu um beliscão na perna da loira, que num sobressalto respondeu que não vira ninguém. Depois que o homem partiu, e ela disse que estava tudo bem, Nami se levantou, aliviada.

— Você é uma pirata!

— Olha, se quiser me entregar, fala mais alto. – Nami esbravejou, levando as mãos a boca logo depois, porque gritou. – Tenho que ir procurar meu capitão.

Por um momento ela esqueceu-se de onde estava, até o barulhinho de dinheiro fazer Nami recordar-se que entrou em um cassino. Mas ela precisava ir ao encontro de seu capitão.

Que momento de dúvida. Mas Luffy era forte, e não estava sozinho, então...

— Eu me chamo Mariko. – A bargirl estendeu a mão. Nami apertou rapidamente e olhou por cima dos ombros dela para ver se mais marinheiros apareciam.

— Ótimo, Mariko. Já que agora somos amigas...

— Amigas?

— Podemos nos divertir um pouco. – Nami sorriu, piscando o olho.

— Hey! Não seja abusada. – Mariko puxou sua mão. – Eu nem a conheço para começo de conversa. Não sou esse tipo de garota fácil. Só porque é uma pirata procurada pela marinha, não vou cair na sua conversa.

Nami colocou as mãos na cintura. – Escuta você. Estou falando de outro tipo de diversão. Aquela ali.

Ela apontou para a mesa de blackjack, e seus olhos brilharam, assustando a bargirl.

— Sei. Quer jogar?

— Sim! E eu sou muito boa. Posso ganhar muito dinheiro e dar uma porcentagem para você. Se me emprestar algo para dar início nas apostas.

— Funcionários não podem apostar. – Mariko olhou novamente para a mesa. Kori, sua amiga, era o dealer entregando as cartas.

— Mas teoricamente você não vai e sim eu, se me emprestar.

— Vestida assim você não vai conseguir jogar nada aqui dentro, os seguranças estão de olho em tudo e todos, e afinal... – Mariko sussurou baixinho. – O Crocodile-sama não é alguém que costuma ser passado para trás, principalmente por piratas.

— Então ele é dono do cassino? – A vontade de Nami jogar naquele cassino aumento drasticamente. Ela iria tirar uma quantia muito justa das mãos do vilão. – Você tem alguma roupa que possa me emprestar? Assim ninguém vai achar que eu sou a dançarina do cassino.

Mariko suspirou, ela estava ajudando uma pirata, era isso mesmo? E por quê? Só porque ela era bonitinha. Ora essa. Isso não é motivo. Mas a loira arrumou alguém que ficasse no bar para cobrir sua ausência, aproveitando que já era o horário de seu descanso. Levou Nami até o vestiário e entregou para ela um vestido de festa que costumava deixar guardado no armário, caso fosse necessário.

Nami tirou a roupa ali mesmo no corredor do vestiário, deixando Mariko corada. O vestido vermelho ficou perfeito na navegadora. Era curto e deixava as longas pernas da ruiva bem destacadas, meias e o sapato preto que Mariko conseguiu com uma colega.

Logo, Nami estava no salão do Rain Dinners caminhando por entre as pessoas elegantes. Ela pegou uma taça de vinho da bandeja de uma outra jovem vestida igual Mariko e seguiu para a mesa de blackjack. Lá, ela sentou-se no banco, de frente para a ruiva que Mariko havia dito antes.

Nami tomou o vinho e logo apareceu alguém enchendo mais sua taça. Ela estava adorando aquele tratamento real.

As apostas foram feitas e as cartas entregues. No bar, Mariko conseguia ver muito bem o que estava acontecendo na mesa, ela preparou alguns drinks e quando menos esperava Nico Robin apareceu na sua frente. Aquela mulher dificilmente era vista ali no salão, somente quando Sir Crocodile visitava o cassino, mas normalmente eles ficavam no escritório, onde Mariko nunca fora antes.

A morena pediu uma bebida, e orientou como Mariko deveria prepará-lo porque ela não queria que ficasse muito forte. Ela olhou em direção à mesa de blackjack, e Mariko ficou gelada e pálida. Se ela reconhecesse Nami? E a denunciasse para a marinha? Ou pior, se Nami a delatasse? Afinal, não conhecia bem a ruiva, e ela era pirata. As histórias que ouvira, não eram nada boas sobre os piratas. Principalmente aqueles espertinhos.

— Ficou ótimo. – Robin disse, provando a bebida, mexendo o guarda chuvinha que enfeitava o copo. – Algum problema, Mariko-san?

— Não, nada não. Eu apenas estou um pouco cansada, fiz um turno de doze horas hoje.

— Sei. Descanse um pouco.

— Eu farei isso sim.

— Poderia, por favor, deixar esse bilhete para Kori? – Robin entregou um envelope branco nas mãos de Mariko. – É muito importante que entregue nas mãos dela.

— Eu o farei. Não se preocupe.

Mariko guardou o envelope no bolso do avental e aguardou que Robin deixasse o salão para tentar avisar Nami que a festa dela havia acabado, porque não iria de forma alguma ser denunciada por acobertar piratas. Precisava daquele emprego.

Quando ela olhou em direção a mesa, não conseguia ver mais a ruiva. Nenhuma das duas, aliás. A mesa estava abarrotada de gente. Ela se aproximou para ver o que era, e Nami estava lá, toda sorridente cheia de fichas. Kori entregava as cartas e mais uma vez, a pirata venceu a rodada.

— Nossa, mas que sorte ela tem! – Alguém disse.

— Sim. E ela é tão linda. – Um homem ao lado de Mariko esticou o pescoço para ver a mulher sentada no banco.

— Eu ganhei de novo? – Nami juntou as mãos ao lado do rosto, fazendo uma carinha de surpresa. – É a primeira vez que jogo, e estou ganhando todas.

Mariko girou os olhos, cutucando a ruiva de cabelos curtos. Nami olhou para trás com um sorriso gigantesco, lendo os lábios de Mariko. Era hora de deixar o cassino. E ela estava cheia de fichas. Um dos seguranças do cassino acompanhou Nami e as fichas para que fosse trocado pelo prêmio em dinheiro.

O dinheiro foi entregue dentro de uma pasta de couro com um código de segurança para abrir. Nami estava saltitante com sua maleta de dinheiro e já ia dar o fora dali quando teve o braço puxado para dentro do banheiro feminino, assim o segurança não pode acompanhá-la.

— Onde pensa que vai com o meu dinheiro? – Mariko prensou o corpo de Nami na parede fria do banheiro, olhando a pasta nas mãos dela.

— Nosso dinheiro. Eu disse que ia te dar uma porcentagem.

— Sim. E você já estava fugindo com ela.

Nami riu. – Imagina.

Ela trancou a porta do banheiro para que nenhum intrometido entrasse ali. Levou a pasta até a pia do banheiro e antes de abrir, deu uma olhadinha no espelho. O dinheiro estava bem organizado, e Nami pegou algumas míseras notas entregando para Mariko.

— Só isso?

— Sim, você me deu pouco dinheiro, não tenho culpa de não ter apostado mais alto em mim.

— Eu quero 50%.

— O QUÊ?

— Sim! Eu mereço a metade. Já que despistei Nico Robin. Ela poderia ter reconhecido você.

— Nico Robin?

— É a mulher de confiança do Crocodile-sama. Aconteceu algo estranho para ela aparecer e me entregar um bilhete, mas isso não vem ao caso. Quero a metade do dinheiro.

— Mariko, você é muito linda, mas não.

— Hey!

Nami trocou de roupa, porque Mariko havia levado as roupas dela para que trocasse. O Clima Tact estava ali também. A loira queria saber para o que servia aquilo, mas não teve tempo de Nami explicar.

— Tem marinheiros por todos os lados. – ela fechou novamente a porta do banheiro.

— Se você fosse magra, poderia passar por aquela janelinha. – Mariko apontou para a janela.

Uma veia saltou na testa de Nami, que ficou brava.

— Espera. – A ruiva deu uma espiadinha pela fresta da porta. – Vá na frente e faça alguma coisa para chamar a atenção deles. Eu vou escapar, nos encontramos lá fora.

— Não sei se posso confiar em você.

Nami fechou a porta novamente e olhou para Mariko, ela mexeu nos cabelos loiros da bargirl e colocou uma mecha atrás da orelha dela.

— Confie em mim. Estarei lá fora.

Mariko não sabia porque, mas ela confiava na pirata. Mesmo dizendo que não.

A loira saiu e disse ao segurança que Nami estava passando mal por isso precisava de um médico, o homem partiu atrás de um. Enquanto isso, ela apertou o botão de alarme contra incêndio e no meio da confusão, Nami saiu do banheiro, agarrada a pasta de dinheiro. Mas na saída deparou-se com alguns marinheiros. Mariko apareceu atrás dela.

Próximo dali vinha Luffy, correndo. Atrás dele estava Smoker. Quando o capitão viu sua navegadora, ele esticou os braços e alcançou ela. Nami gritou, mandando-o retornar porque no impacto sua mala caiu. Mas Smoker estava chegando perto.

— Meu dinheiro! – Nami lamentou, pendurada no ombro de Luffy.

A navegadora deu um soco na cabeça de seu capitão, quando ele parou de correr, escondidos atrás de uma parede.

— Nami, teremos mais dinheiro depois.

— Mas aquele era especial. – Ela ficou emburrada. – Tomara que a Mariko tenha pegado o dinheiro.

— Quem?

— Ninguém. Vamos encontrar os outros, e se dermos sorte, voltar aquele cassino.

Mariko estava no vestiário, guardando a pasta de dinheiro que havia recuperado naquela confusão. Kori chegou atrás dela, perguntando o que estava acontecendo que o cassino parecia uma loucura.

— Uma pirata apareceu.

— Pirata? – Kori sentou-se no banco, e tirou os sapatos, estavam apertando o pé.

— Ah! Tenho um bilhete para você. – Mariko entregou o envelope para Kori e depois deu uma olhada na pasta, ela precisava de uma senha para ser aberta. Mas nada que umas boas batidas com um martelo não resolvessem.


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