Cheguei em casa quase pulando de alegria, tirando todo o cansaço da escola e logo em seguida do programa. Meu pai já tinha voltado e estava sentado no sofá da sala vendo alguma coisa no notebook, quando percebeu que eu tinha chegado, olhou pra mim.

- Castigo suspenso, mas só espero que não apronte mais coisas desse tipo. – Ele disse.

- Aw, sério? Obrigada, claro que não vou aprontar, sério, obrigada, obrigada, obrig...

- Tá bom já entendi, e Katniss, Finnick está lá em cima, acho melhor você ir falar com ele. E mais tarde conversaremos sobre algumas ofertas que uns estúdios fizeram.

- Tudo bem. – Falo e antes de subir a escada. – Obrigada. – Sorri e saí pulando pelos degraus porque sou uma pessoa feliz.

Chegando lá em cima, não fui para o meu quarto, e sim para o que meu primo Finnick estava ficando. Bati na porta e fiquei esperando ele abrir.

- Oi Katniss, eu dei uma sumida esses dias...

- Sério, nem percebi. – Falo com uma pontada de ironia.

Finnick riu.

- Ah, ta brava comigo?

- Não, mas acho que a Annie deve estar.

Finnick balançou a cabeça de um modo negativo.

- Imagino mesmo que ela esteja.

- Não entendo o que aconteceu, sei que seu pai está por perto, pode me dizer o que está acontecendo? Além de você ser meu primo, ela é uma das amigas mais próximas que eu tenho. Gostaria de ajudar.

- Tudo bem, entra. – Ele falou fazendo espaço para que eu passasse. Entrei no quarto dele, ele fechou a porta e nos sentamos.

- Então...? – Pergunto.

- Bem, meu pai está mesmo na cidade, ele queria que eu voltasse para minha cidade, quer que eu volte a participar dos programas de televisão e volte a ter uma vida artística de volta. Ele praticamente me obrigou a isso.

Arqueei a sobrancelha.

- E o que aconteceu? Você negou.

- Neguei sim, sabe que eu sempre ando com a Annie e tudo mais, muitas fotos nossas já caíram na internet e já estão colocando ideia que somos namorados. – Ele falou, não parecia incomodado com aquilo. – Porém meu pai também sabe, ele e minha mãe disseram que eu não queria voltar por causa dela. Que por parte é verdade.

- Awn que fofo, e então?

- Quando me neguei, eles falaram que foi tudo culpa dela, e que iriam mandar ela sumir da minha vida, porque só estava atrapalhando, então eu discuti muito com eles. Por isso me manti afastado, não queria alimentar mais as esperanças deles em falar com Annie, tive medo do que eles podiam falar e a fazer se sentir culpada por algo que não fez.

Fiquei pasma com cada palavra que ele estava falando, era demais, e uma coisa muito cruel. Agora entendia porque os pais dele quase nunca vinham aqui em casa, acho que meu pai não gostava muito deles, só de Finnick, que sempre foi super gente boa.

- Não acredito que eles falaram isso Finn! É horrível.

- Também achei, então esses dias foram de pura discussão, até que eu disse que nunca mais voltaria pra cidade de onde vim, que se eu quisesse iria continuar fazendo o programa na televisão, e que nunca mais vou falar com eles, deixaram de ser meus pais. Eles ficaram pasmos, acho que não vão ousar falar com Annie.

Respirei aliviada.

- Menos mal, você sabe que pode ficar aqui, pra sempre até. – Falo sorrindo.

- Obrigado, e eu já falei com seu pai, está tudo bem.

- E quanto a Annie?

- Vou continuar afastado dela.

- O que? Finnick, você não pode fazer isso, ela gosta muito de você, dá até um aperto no coração.

- E o que você sugere que eu faça?

- Explica à situação, eu tenho certeza absoluta que ela vai entender e eu fico muito feliz por você ter feito a escolha certa Finn. – Falo.

- Tem toda a razão, obrigada pro ouvir Kat, vou voltar a ir para o colégio e amanhã mesmo vou falar com a Annie.

- Por nada, agora vou ir tomar um banho, to morta de cansaço.

- Ok, até mais.

Sorri e saí do quarto dele, indo diretamente para o meu, pelo menos mais um resolvido, agora eu não estava mais de castigo, namorando oficialmente, Madge e Gale já estavam juntos, Finnick ia se acertar finalmente com Annie, tudo parecia estar perfeito. E eu esperava que continuasse ainda assim. Sem nenhum problema.

...

No outro dia, acordo. No dia anterior, meu pai me falou sobre o que o estúdio queria. Queriam que eu gravasse 3 músicas para a trilha sonora de um filme. Juro que fiquei quase pulando de felicidade. Sério, tudo estava indo muito bem mesmo.

Após me arrumar, chego ao colégio.

- Oi Kat. – Escuto Peeta assim que ele chega e me dá um abraço.

Abraço ele forte.

- Oi, sabe eu não estou mais de castigo. – Falo e sorriu.

- Ai meu deus, começou grude, grude. – Madge falou se aproximando de mãos dadas com Gale.

- Sério? Podemos ir fazer alguma coisa hoje. – Ele falou sorrindo.

- Ah nem vem Madge, vai pro seu grude, grude e me deixa. – Falo e volto minha atenção a Peeta. – Sim, é uma boa ideia. Só não dormindo fora. – Falo um pouco mais baixo.

Ele assentiu.

- Pode deixar, não quero que fique de castigo de novo.

Sorri e vi Finnick entrar, ao mesmo tempo que Annie, que pareceu surpresa ao vê-lo, parando imediatamente de andar.

- Perdi alguma coisa? – Madge perguntou olhando para a mesma direção que eu.

- Sim, você nem vai acreditar, mas eles vão se acertar. – Falo feliz. – Eu meio que conversei com Finnick ontem.

 - Tão vendo como minha namorada é demais? – Peeta fala ainda me abraçando.

- Own, sou nada. – Falo igual uma idiota.

- Ah, mas que bom então, fico feliz, assim já posso organizar o jantar entre casais. – Madge disse contente.

- Ah é mesmo. – Gale falou.

Assenti, vi que Annie e Finnick começaram a conversar, então o sinal tocou e fomos para a sala. Depois Annie contaria tudo, ou Finnick, ou até mesmo os dois...

...

No fim do dia, em vez de ir para casa, eu fiquei na escola, me lembrei de um tal curso de Artes que me inscrevi uma vez. Fazia tempo que eu não ia, me lembro que a última vez que fui, odiava Peeta, agora as coisas eram totalmente diferentes. Quem diria?

Corri, como sempre atrasada para a aula, chegando lá, todos já haviam começado, o professor me olhou surpreso.

- Katniss? Pensei que não fosse voltar mais, da última vez...

- Mudei de ideia professor, espero que não tenha problema nenhum...

- Problema nenhum, sempre será bem vinda, sei que teve alguns problemas com sua dupla antigamente, se quiser... Posso mudar.

- Não, claro que não. Fico com a minha antiga dupla mesmo. – Falo.

O professor me olhou como se não estivesse entendido, mas deixou eu entrar. Fui até o final, onde Peeta estava, pintava um quadro e parecia muito concentrado.

- Voltei a ser sua dupla chata. – Falo sorrindo.

Peeta também me fitou como se não estivesse entendido.

- Sério isso? Fico feliz.

- Fica mesmo? Antes você odiava.

- Você sabe o que me fez mudar. – Ele disse colocando o pincel na mesinha de apoio que tinha.

- Sei mesmo? O que foi? – Pergunto.

Peeta se aproximou de mim e sussurrou.

- Gostar de você.

Aquilo me fez sorrir e querer soltar fogos de artificio.

- Bem, então eu fico feliz. – Falo.

Peeta sorriu.

- Silencio agora, que vou explicar o que eu quero que vocês façam nessa aula. – O professor falou. Deixei minha bolsa no chão e prestei atenção.

Xxx

2 semanas depois.

Annie e Finnick voltaram. Isso foi incrível, agora todos perambulavam como casais. Como não estava mais de castigo, passava praticamente o tempo livre com Peeta, o que foi mais do que perfeito.

Madge marcou aquele famoso jantar entre casais que ela queria fazer há séculos. E eu não sabia mais o que vestir.

Olhei minhas roupas, muitas roupas por sinal, mas era como se não tivesse, porque não sabia o que vestir. O jantar ia ser na casa dela mesmo. Porém eu estava me sentindo muito estranha esses últimos dias, como se alguma coisa tivesse mudado, e eu estava começando a me assustar e a fazer ideias.

Acabei achando uma roupa básica, tomei banho, me arrumei e fui para casa de Madge.

- Como sempre, atrasada. – Madge disse assim que abriu a porta.

- Desculpa, não sabia o que escolher. – Falo meio atrapalhada e entro na casa dos Mellark.

- Como você está? – Madge perguntou me fitando.

- Eu estou bem, porque não estaria?

- Não sei, meio que... – Madge pareceu buscar as palavras. – Esquece. – Disse por fim – O jantar está ótimo, eu fiz questão de fazer, para vocês verem meus dotes na cozinha, tenho certeza que vai adorar.

Já era possível sentir o cheiro e se eu falasse que era ruim, estaria mentindo, estava delicioso.

- Huum, já estou com fome. – Falo sorrindo.

Madge pareceu feliz, chegamos a cozinha onde tudo já estava perfeitamente arrumado, todos já estavam sentados e cozinhando.

- Sempre atrasada. – Annie diz e sorriu.

- Faz parte do charme. – Falo e dou risada.

Sento-me ao lado de Peeta, que me recebe com um beijo e esperamos o jantar.

- Tá com cara de ótimo. – Gale fala.

- Tá mesmo, to morrendo de fome, mas só espero que a Katniss não coma tudo.

- Que isso, calunia contra mim? Eu tenho um bom apetite apenas. – Falo sorrindo.

- Põe bom nisso. – Peeta fala rindo.

- Ai ai. – Annie disse.

Madge riu e serviu a todos. Comecei a comer, de fato, estava perfeito, mas conforme eu ia comendo, parecia que um bolo ia se formando na garganta, e aquilo começou a me fazer mal. Meu estomago parecia estar rejeitando. Parei de comer de repente. Sentia que nada estava bem.

- Katniss... Está tudo bem? – Gale pergunta.

Todos já tinham percebido que eu tinha parado de comer tão de repente. Não respondi, mas só de olhar para a comida, a vontade de vomitar veio rapidamente.

Empurrei a cadeira para trás e saí correndo da cozinha. Sabia que tinha um banheiro embaixo, me enfiei lá dentro e coloquei tudo pra fora. Depois me livrei daquilo, me sentindo perplexa e assustada.

- Kat, vou entrar. – Ouvi a voz de Madge do lado de fora.

Ela não demorou muito para entrar e parar do meu lado. Olhei para ela um pouquinho, e já dava para ver sua expressão preocupada.

- Imagino que você não tenha desculpa para o que acabou de acontecer. – Madge falou.

Arregalei os olhos.

- Passei mal.

- Eu sei, e um mês atrás você desmaiou, e Peeta me disse que duas semanas atrás você sentiu tontura. E agora passou mal. Eu não sei o que você deve estar pensando, mas...

- Madge... Por favor, não me fale disso.

- E você quer ignorar isso?

- Fale baixo. – Pedi, tentando não começar a tremer.

- E você quer ignorar isso também? – Ela perguntou, mas abaixou o tom de voz.

- Ignorar o que? Eu só quero acreditar que estou bem, e apenas passei mal, não posso me permitir pensar de outro jeito.

- Mas fingir que nada está acontecendo não vai ajudar em nada só piorar.

- Madge como você sabe disso? Quero dizer, acha que...

- Porque eu sou sua melhor amiga né. Sei quando as coisas estão estranhas e já andei percebendo essas coisas.

Meus olhos se encheram de lágrimas.

- Você... Você acha que eu realmente possa estar grávida? – Após perguntar levei as mãos ao rosto, e comecei a chorar mesmo.

- Oh Kat... Eu acho que sim, tenho quase certeza.

- Eu também. – Falei em meio às lágrimas.

Senti Madge me abraçar com forma. Abracei-a também, e todos os problemas começaram a rondar na minha cabeça.

- Não fica assim, vamos procurar se informar, e se for mesmo verdade...

- Tudo vai piorar. – Falo. – Meu pai vai me matar, tenho uma carreira, tenho 16 anos, em pouco tempo faço 17, mal sei cuidar de mim mesma, e agora...

Madge parou de me abraçar e me fitou.

- Não fala isso, as coisas podem se ajeitar.

- Sério mesmo? Porque eu acho que não.

- Eu acho que sim, e sempre terá o meu apoio, de Peeta e de todos seus amigos aqui presentes.

- Não! – Falo meio desesperada. – Você não vai contar isso pra Peeta.

- O que? Katniss, isso é sério.

- Por isso mesmo, não conte.

- Kat eu não posso...

- Você pode, só até eu ter certeza e ver o que eu faço da minha vida.

- Mas isso não é certo.

- Madge eu tô pedindo por favor, você precisa me ajudar.

- Kat...

- Se é minha melhor amiga mesmo, não vai contar. – Falo apelando por esse lado, não podia contar agora mesmo.

- Sou sua melhor amiga, mas Peeta é meu irmão. – Ela disse e fez uma pausa. – Porém não conto, até termos certeza, ok? Porque você não vai poder esconder se for mesmo verdade.

- Obrigada Madge... – Falo e dou um abraço nela. – Quando sair daqui vou passar em uma farmácia e...

- Eu vou com você, não quero que esteja sozinha, como não quer contar. – Ela disse.

- Obrigada novamente. – Falo, me sentindo mais leve, mas ainda com um peso por dentro e uma preocupação horrível começando a crescer na minha cabeça.