- Só você mesmo para fazer nós duas virmos na sua casa nesse horário. – Resmunga Madge.

- Porra Madge, tô mal, não reclama mais não. – Falo me sentando na minha cama e tiro meus saltos, meus pés estavam doloridos

- Desculpa Kat, pode falar, nós vamos te ouvir. – Madge fala com mais calma.

- Isso, a festa não foi legal? – Annie pergunta.

- Sem graça, tirando uma dança ou duas. – Falo suspirando. – Mas Peeta está com raiva de mim, e está na casa de um amigo em uma festa, mal se importou em falar comigo. – Falo fazendo uma careta.

Elas se entreolham.

- Kat... Peeta está em casa. – Madge fala com delicadeza.

Arregalo os olhos.

- Mentira...

- Juro por deus, ele nem ao menos saiu, eu estava em casa e sei bem disso.

- Porque ele mentiu pra mim então? – Pergunto me sentindo confusa.

- Ele é complicado Kat, talvez esteja mesmo chateado, e falou isso sem pensar.

- Bem... Se ao menos eu pudesse ir falar com ele, mas esse castigo é um saco. – Reclamo.

- Estou pensando aqui... – Annie começa.

- No que? – Pergunto.

- Ele está chateado, porque você não faz uma loucura? – Annie propõe.

Dei risada.

- Que tipo?

- Saí escondida, te damos cobertura Kat, e você pessoalmente fala as coisas para ele.

Ouvi aquela ideia, parecia ser absurda, mas eu curti.

- Certo, mas preciso me trocar...

- Não, vai com vestido de festa mesmo, vamos logo. – Madge fala.

Apagamos a luz do meu quarto, a casa estava bem silenciosa, saímos com facilidade e como o carro ainda estava do lado de fora, pedi para o motorista nos deixar na casa de Madge.

Assim que saímos, as meninas se sentaram no quintal.

- Vai lá Kat, a porta está aberta, ele provavelmente está no quarto e nossa mãe não está em casa. Boa sorte. – Madge fala.

Assenti com um pequeno sorriso no rosto e entrei. Eu me lembrava bem da casa, agora estava pouco iluminava. Subi as escadas devagar, para não fazer barulho. Ao chegar no andar de cima, parei em frente a porta do quarto dele. Estava fechada. Abri delicadamente.

- Madge, não enche. – Ouvi ele falar.

Evitei rir, coitada da Madge. Mas entrei de vez, ele estava deitado, lendo um livro.

- Não sou a Madge, mas muito legal na casa dos seus amigos. – Falo parando na frente dele.

Peeta levanta o olhar surpreso, e coloca o livro do lado.

- Katniss? O que você...?

- Surpreso? – Pergunto.

- Sim... Pensei que estivesse na festa.

- Estava, mas voltei, estava falando com sua irmã, que por acaso me disse que você estava em casa.

- Ah, mas você está de castigo que eu saiba.

- Estou também, e estou aqui por você, vim falar com você, para que você entendesse que...

- Eu já entendi na verdade. Só estava chateado por você estar lá com aquele cara.

Ele olhou para mim.

- Por isso que demorou séculos para me responder e mentiu pra mim?

- Tá que seja, foi mal. – Ele diz.

- Você só fala isso? – Pergunto incrédula.

- Sim, ué.

- Ok Peeta Mellark, então fique com o seu foi mal, porque eu vim aqui escondida para tentar resolver as coisas e você faz isso? Tá legal, passar bem. – Falo chateada e me viro para ir embora.

Pelo menos tinha tentado, mas não iria dar certo.

- Kat... – Ele tenta começar. – Vamos conversar.

- Não vamos conversar porcaria nenhuma, é melhor eu ir pra casa, corre risco do meu pai acordar e eu estar mais encrencada do que já estou. – Falo já de saída do quarto.

Desço as escadas aflita, mas ele segura no meu braço.

- É sério, vamos resolver isso. – Ele fala novamente. – Agi muito mal.

- Agora eu que não quero resolver nada e ficar foda se a vida, então por favor, me solte. – Falo.

Ele me fita sem entender.

Aproveito e me solto de vez e saio dali apressada. As meninas estão no quintal conversando.

- Foi rápido hein. – Madge fala se levantando.

- Nada se resolveu, e se for por mim, não se resolverá. – Falo e entro no carro querendo chegar logo em casa.

...

Domingo foi um tédio, fiquei trancada no quarto, desliguei Iphone, notebook e tudo. Aproveitei pra ver televisão. No fim do dia, meu pai me avisou que segunda eu teria que ir no programa do Caeser, pois tinha sido convidada.

Segunda cheguei à escola, tentando me manter normal, mas minha vontade era chorar.

- Katniss, você nos deve uma explicação. – Começou Annie. – Deixou a gente plantada lá no quintal, e não atendeu nenhuma ligação.

- Vocês já devem saber bem o que aconteceu. – Falo sem animo.

- Ah por favor, não fiquem brigando assim. – Madge fala. – Vocês brigam muito por besteiras, sei que foi por causa da festa que você foi Katniss, acho que agora você tem que pensar que meu irmão está morrendo de ciúmes de você e quer alguma coisa mais séria, ele ainda acha que isso tudo é por causa da farsa lá do namoro na mídia. Eu conheço meu irmão. E pronto não era para falar mas acabei falando. É isso que está acontecendo com ele. – Madge concluiu.

A fitei incrédula.

- Então ele acha que tudo isso que aconteceu é uma farsa? – Pergunto tentando não me irritar mais.

- As vezes ele acha que sim, mas não leve para o lado negativo. Ele gosta mesmo de você, e eu sei que você gosta dele, dá para perceber isso facilmente.

- É verdade Kat. – Annie diz. – Depois que você saiu, ele só faltou quebrar tudo na casa deles. – Ela diz.

- Então que ele venha me pedir desculpas, porque apesar de tudo, eu não fiz absolutamente nada de errado. – Resmungo ignorando o que elas falaram.

 E saio andando com passos pesados.

- Tá nervosa Kat? – Alguém pergunta.

Me viro e dou de cara com Cato.

- Tô, por quê? –Pergunto arqueando a sobrancelha.

- Nada, foi o Mellark não foi?

- Não interessa. – Falo com firmeza.

- Pelo visto ele te irritou, você não merece alguém assim. – Ele diz.

- E porque motivo você acha que não mereço alguém assim? Cato, quando você servir de exemplo, conversamos. – Falo e volto a andar.

O sinal tocou, então fui logo pra sala, aulas chatas estão por vir.

[...]

Assim que acabou as aulas, fui logo embora da escola e não falei com ninguém. Passei o dia evitando boa parte, e nos intervalos ficando na biblioteca, em um canto que ninguém fosse me ver.

Nem passei em casa, porque o motorista me levou para onde acontecia o programa, ou seja, na agencia deles. Ao chegar, vi que meu pai estava lá já.

- Porque você está com a aparência tão cansada atualmente? – Ele pergunta olhando para mim.

- Nada, não to com aparência cansada. – Respondo com calma.

- E não quer comer nada antes do programa? Tem uns docinhos lá atrás, sabe com bastante açúcar do jeito que você gosta.

Cara eu gosto mesmo, mas só de pensar em doce, senti meu estomago revirar de um jeito louco.

- Acho melhor... Não. – Falo fazendo uma careta, só de pensar naquelas coisas, cheia de açúcar.

- O que você tem? Negando doce? Katniss você comeu no almoço?

- Sim... – O que era verdade. – Mas devo ter comido alguma coisa ruim, sei lá, não estou com fome. É melhor eu ir me preparar logo para esse programa e ir embora. – Falo mudando de assunto.

Ele me encara, como se fosse reclamar de alguma coisa, mas assentiu.

- Certo, mas tem uma coisa que precisa saber... É que...

Ele mal terminou e já ouvi me chamarem.

- Kat, venha logo, precisamos te arrumar.

- Já vou. – Falo indo em direção a equipe de preparação. – Depois nos falamos. – Solto e sumo.

Entrando, cumprimento todos e eles começam cuidando do meu cabelo, fazendo um penteado elegante e tudo mais. Depois da maquiagem e por fim a roupa. Quando estou finalmente pronta, todos ficam satisfeitos e eu saio.

Passo pelos corredores e o programa já começou, só terei que esperar até me chamarem, a produção.

- E com vocês, a nossa querida estrela, Katniss Everdeen. – Ouvi a voz de Caeser e a portinha se abriu, revelando a luz do palco.

Programa ao vivo, odeio isso. Entro com um belo sorriso e aceno para a plateia que mandam beijos e corações, que lindos. Ao me virar para ver Caeser, paro no mesmo instante, ao lado dele, está Peeta. Ai meu corassaum, era só o que me faltava. Quando Caeser disse que nos chamaria os dois, pensei que era apenas modo de falar.

Volto a andar, para não desconfiarem de nada e cumprimento Caeser.

- Olá. – Falo de um modo simpático.

- Olá querida, sente se ao lado do seu namorado. – Ele fala simpaticamente.

Vou até Peeta e me sento do lado dele. Porque meu pai não me falou esse misero detalhe? Pelo menos entraria preparada psicologicamente.

- Então fãs, o casal é ou não é uma graça? – Caeser pergunta e todos gritam positivamente, balançando os braços e falando nossos nomes.

Gente, nunca imaginei que eles gostassem tanto de nós dois juntos.

- Certo, certo. – Caeser volta. – Acho que notaram que são queridos. – Ele fala.

- Realmente. – Peeta fala sorrindo.

- Bem... Então temos algumas perguntas de fãs. Se importariam em responder? – Caeser pergunta.

- Sem problemas. – Falo com calma.

- Bem, vamos começar... Há quanto tempo estão juntos? – Ele pergunta.

Ah pelo amor de deus, não sei gravar essas coisas, não.

- Faz várias semanas. – Falo.

- Certo, e Katniss, se caso você fosse chamada para fazer uma turnê mundial, você aceitaria? – Caeser pergunta.

Essa me pegou de surpresa.

Olho para Peeta automaticamente, ele parece ter ficado tenso com essa pergunta. Respiro fundo.

- Eu não sei exatamente. – Falo. – Agora passei a estudar em um colégio, e sei que acima de tudo, não quero parar com meus estudos. – Respondo, tenho certeza que meu pai adorou minha resposta.

Senti a mão de Peeta apertar a minha de leve. Por um segundo quis retribuir esse aperto simples de mão, mas eu estava ainda irritada, então permaneci do jeito que estava e fitando Caeser.

- Certo... E Peeta, você pretende seguir alguma carreira famosa? – Caeser pergunta.

- Acho que não.

- Ainda prefere a Arte?

- Sim.

- Ele é muito bom nisso. – Falo automaticamente.

- Sério? Poderia nos mostrar algum dia desses. – Caeser fala sorrindo.

- Com certeza. – Ele fala simpaticamente.

- Ótimo... Bom, agora o último pedido, de uma fã. – Ele diz.

- E que pedido seria esse? – Pergunto sorrindo.

Caeser sorriu.

- Um beijo do casal, já que eles vão a loucura.

Ah bom, era só o que faltava para fechar com chave de ouro. Um beijo, sendo que eu estou irritada ainda.

- Um beijo? – Pergunto para ver se tinha entendido mesmo.

Ele assentiu e a plateia começou a cobrar. Caeser continuou assentindo, éramos namorados né, teria que fazer isso. Fãs doidos viu. Viro-me para Peeta e percebo que ele está sorrindo.

E sem eu nem dizer mais nada, ele me puxa para um beijo, que no começo, tentei não me entregar por completo, mas estava complicado, então cedi de uma vez por todas porque eu queria beijar esse idiota.

Assim que nos separamos, o público ficou mais animado ainda.

- Muito obrigado, muito obrigado. – Caeser disse animado também. – Então é isso, muito obrigado pela presença dos dois, nos veremos ainda.

- S-Sim. – Falo ainda meio embolada. – Nos vemos... Depois. – Falo e me levanto.

Peeta se levanta também e se despede de Caeser e do público.

Eu vazo logo na frente, tonta, não por causa do beijo, eu realmente me senti tonta, zonza, tudo de ruim. Enquanto andava, me apoiei na parede, enquanto tudo girava ao redor.

- Katniss? Está tudo bem? – Era a voz de Peeta.

- Não... – Falo tentando me manter em pé.

Ele se aproxima rapidamente e me segura.

- O que você está sentindo? – Ele me pergunta, parecia preocupado.

- Tontura, me ajuda. – Falo devagar.

Ele me ajuda até a salinha da entrada e me ajuda também a se sentar em uma das cadeiras, ele foi e me trouxe um copo de água, e com as mãos tremulas, peguei e tomei.

- Aconteceu a mesma coisa na piscina não? – Ele pergunta se sentando do meu lado.

- Sim, eu não tinha comido, e ficar no sol não ajudou, tenho certeza. – Falo e termino de tomar a água.

- Mas hoje você não ficou no sol, e vi você no refeitório, almoçando.

- Deve ter sido alguma coisa na comida. – Falo.

- Alguma coisa que te deixou tonta? Na comida? – Ele pergunta como se não estivesse acreditando.

- Eu to falando sério, não precisa ficar com essas preocupações, eu estou bem, quem nunca se sentiu indisposto? – Pergunto.

- Duas vezes. – Ele diz.

- Você sabe bem o porquê da primeira, e a segunda provavelmente deve ter sido isso que falei. – Digo com firmeza.

- Bom... Se você diz, mas se acontecer de novo... Acho melhor você ir em um médico. – Ele fala.

- Médico? Pelo amor de deus né, não to morrendo não.

- Isso é sério Katniss.

- Tá, tá esquece isso, porque não me disse que ia participar do programa? – Pergunto mudando de assunto.

- Você estava nervosa o suficiente para eu não falar com você. – Peeta falou.

- Ainda bem que você sabe. – Resmungo. E ele deu risada. – Porque está rindo?

- Porque você é bem engraçada quando está nervosa. – Ele diz.

- Que coisa mais nada a ver. – Falo. – Mas já vou embora. – Falo me levantando ainda me sentindo tremula, mas preferi ignorar.

- Já?

- Não vou ficar na agencia pra sempre né.

- Não precisa ser ignorante. – Ele fala e se levanta também.

Por uma vez, parei para pensar no que Annie e Madge falaram hoje mais cedo. Depois que você saiu, ele só faltou quebrar tudo na casa deles.

- Desculpa. – Solto e sinto algumas lágrimas, nem sei por que, tô muito sensível, credo.

- Kat? – Ele chama. – Não precisa ficar assim, eu que tenho que pedir desculpas. – Ele fala e me abraça. Sinto-me bem melhor e retribuo o abraço delicadamente.

- Tudo bem, não aguento mais isso, briga, volta, briga, volta. – Falo no meio do abraço. E agora senti que as lágrimas caiam com mais intensidade, estava me sentindo péssima.

- Eu também não aguento mais isso. Vamos parar? Acabar logo com isso. – Ele pergunta e me fita.

Ao ouvir aquilo era como se tudo estivesse quebrando por dentro. Tudo mesmo, como se vários pedaços de vidros saíssem cortando tudo pela frente.

- P-Parar? – Pergunto ainda tentando digerir aquilo. Realmente tinha chegado a aquele ponto? – Peeta... – Nem consigo terminar direito, que volto a chorar só que bem mais intensamente.

Peeta arregala os olhos.

- Kat, não. – Ele diz e começa a enxugar minhas lágrimas. – Não quero terminar com você, quero parar esse praticamente namoro forçado, e começar uma coisa totalmente séria. – Ele diz e sorri.

O encaro incrédula.

- Seu idiota. – Falo enquanto seco minhas lágrimas também. – Como pode me fazer passar por isso? – Pergunto e lhe dou um leve tapa no ombro.

Ele riu.

- Foi mal, não foi intencional, mas você aceita? Digo, aceita namorar comigo, pra valer? – Ele pergunta e sorri.

- Mais é claro que eu aceito, acha que eu chorei a toa? – Pergunto formando um sorriso.