Trintero escrita por Veves


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/249835/chapter/3

Passou-se uma semana. Uma semana e eu vi como as aulas não são como deveriam ser. Eu tinha aula de feitiços. Aula de feitiços?

Não sabia se deveria continuar aqui...

Eu ainda não fiz nenhum amigo, pois eu não posso... E meu jeito de agir é estranho para as pessoas daqui. E mesmo aqueles que só conseguiram agora seus animais são mais “normais” do que eu.

“Não ligue” – olhei para o Zeus, nervosa – “Amanhã é uma nova semana!”.

Virei de lado na cama e suspirei.

Eu tive aulas de esgrima, luta, costura, de feitiços, aula com os protetores, criaturas místicas e estudo da ilha. Nós estudamos a historia dos nossos antepassados, os feiticeiros, feiticeiras. Eu já sabia que não era humana, mas...

Sou uma fada por parte de mãe e meu pai tinha sangue de dragão... E não é só isso.

Agora eu entrei em uma aula extra, para controlar a “Chama do Dragão” que agora reside em mim e que parece crescer e crescer. Antes minha parte de dragão que estava adormecida, agora acordou e eu não sei o que fazer. Eu tenho que ficar até às três horas, as quartas e sextas feiras no ginásio. Só têm mais um aluno comigo, que resolveu faltar nessas duas aulas.

Os dois felinos pularam sobre mim, ficando na minha frente.

“Durma. Amanhã é um novo dia.” – Zeus disse e eu bufei – “Seja forte.”.

“Vocês dois estão ficando cada vez mais lindos.”

“Nós paramos de envelhecer quando ficamos adultos... Na verdade, só envelhecemos até chegar à idade do nosso guardião e então seguimos o ritmo daquele que vive mais tempo” – falou Tales.

“Isso quer dizer que quem tiver uma tartaruga...”.

“Viverá mais de cem anos.” – confirmou Zeus.

“Ótimo saber” – falei e então fechei os olhos “Cada dia aprendendo mais... Boa noite.”.

Por favor, que amanhã seja diferente.

~*~

Olhei para meu professor e arregalei os olhos.

—Como assim?! – grite brava – Mas eu ainda...

—Você já mostrou ser melhor do que todos em apenas um mês de aula. Quem decidiu que você vai para a segunda etapa não fui eu. Foi o diretor. Todos os professores concordaram. E não grite comigo mocinha!

Olhei para as duas garotas que eu tinha resolvido fazer amizade semana passada e elas se viraram, sem sequer me dar “tchau” ou qualquer outra coisa. Elas saíram da sala, como se estivessem aliviadas!

Senti o chão se abrir em baixo de mim e eu caí no chão com as pernas para os lados e agradeci por estar usando o moletom da escola.

Sinto dois focinhos molhados e gelados em cada lado do meu pescoço. Olhei para meus felinos e eles choramingaram.

—Estou bem. – levantei e acariciei a cabeça deles ao mesmo tempo – Eu não vou aceitar isso! Simplesmente...

—Então vá falar com o diretor, mas nessa hora, seu material já foi trocado.

Corri para minha carteira e peguei minha bolsa, onde só tinha um caderno e um estojo.

Com ela no ombro, corri para meu armário no terceiro andar. Os meus felinos correram ao meu lado. Eles já estavam bem grandinhos.

 Abri o armário e procurei pelo meu material da primeira etapa, mas só tinha material da segunda. Tudo novo em folha.

Senti lágrimas, vindo à tona.

“Não chore.” – fala Tales.

“Você esta certo... Muito bem.” – suspirei secando as poucas lágrimas que saíram e então comecei a subir as escadas.

Parei no nono andar e passando pelos corredores, parei em uma porta muito diferente das outras, que é pintada de um leve azul, com a maçaneta vermelha e uma placa verde, escrita em branco o nome do diretor. Cores da escola.

Não é bonita, mas ainda assim, tem um significado. Azul paz, vermelho força, verde natureza e branco a pureza. Não sabia que significava isso até umas semanas atrás. Para mim era a representação da natureza, o que poderia servir também, segundo o meu professor.

Bati na porta e abri-a, sem esperar por resposta.

—Diretor, eu... – eu parei de falar, vendo o velho diretor conversando com um garoto de cabelos pretos e olhos verdes – Desculpe, mas...

—Tudo bem, acabamos. Entre. – assim que o diretor falou isso, percebi um clima tenso no ar, o olhar de raiva do adolescente e assim que entrei completamente na sala, eu vi um tigre gigante, deitado no espaçoso sofá de couro que ficava no canto da sala – Esse é o meu filho Paolo. Paolo, essa é a...

—Sophie. – o garoto o cortou e me olhou com assombro – Não era bem o que eu esperava.

—E o que você esperava? – perguntei curiosa, mas rapidamente me arrependi por perguntar isso – Esqueça. Não vim jogar papo furado.

—Realmente, não é como eu imaginava. – ele falou e percebi um sorriso no seu rosto e de repente a tensão toda se foi.

Ignorei-o e passei por ele até a mesa do diretor, espalmando minhas mãos pela mesa de madeira dele.

Seu cabelo preto já bem grisalho estava penteado para trás e o paletó preto, o fazia parecer um homem de negócios.

—Eu não quero mudar de etapa. – falei brava – Agora que eu comecei a me dar bem com o pessoal da minha turma?!

—Você não teve contato com nenhum dos seus outros colegas. – ele falou carrancudo – Eu não acho que você teve uma chance de ver outros alunos. Só estudava e ia para seu chalé, ignorando a todos. Nem comeu na escola! Você simplesmente foi um dia e pegou comida!

—Desculpe, mas eu simplesmente não quero! Só agora que eu consegui ter alguma...

—Ninguém sabe quem você é por que você vive no seu chalé? – olhei brava para o Paolo e ele sorriu – A maioria das pessoas... Não, todas. Todas as pessoas vivem ou aqui, ou na aldeia. Eles evitam o chalé o máximo, a não ser que estejam com seus amigos.

—Eu não tinha amigos... Eu comecei a ter amigos semana passada! – gritei brava e então o Zeus mordeu de leve minha perna – Pare com isso Zeus!

“Não desconte nele sua raiva! Você está sendo criança e irracional!” – ele fala bravo.

—Você tem razão. – acariciei sua cabeça e olhei para o Paolo de novo e suspirei – Você não tem nada a ver com isso, mas...

—Sim, você tem razão, mas vou falar uma coisa agora! – ele agora gruiu bravo e apertou um dedo na minha clavícula – Você não tem amigos de verdade na sua turma, sabe por quê? Primeiro você é melhor do que eles já mais serão. Segundo, a sua turma tem uma velha reputação de serem todos falsos e maldosos. Terceiro você demorou quase um mês para fazer uma amizade e deixa-me adivinhar quem eram elas... Laura e Bianca... Não é mesmo?

—Sim. – falei nervosa.

—Elas são as mais falsas que tem. Você realmente acha que vai ter alguma amizade lá?! Você deveria agradecer ao meu pai por isso! – ele gritou bravo e então meus felinos se aproximaram rapidamente e com graça, rosnaram para ele.

Vejo o movimento do seu tigre. Ele se aproximou rapidamente eu arregalei os olhos.

“Se afastem agora!” – falei em um tom de voz, que não se dava para discutir e eles se afastaram um pouco, e eu me coloquei na frente deles.

“Não.” – rosnou Tales e eu o segurei no lugar.

—Se afaste. – rosnei para o Paolo e ele arregalou os olhos surpreso, mas se afastou e seu tigre junto.

—Bem, eu vou indo... Papai. – ele falou a ultima parte sarcástico e então me olhou – Eu gostei de te conhecer. Sabe controlar os seus, mas pelo visto seu jaguar é esquentadinho.

—Não te interessa. Fora. – levantei a lateral do meu lábio.

Ele riu, mas saiu da sala, com seu tigre. Seu tigre parou na porta e me olhou. Passou seu olhar para o Zeus e então arregalou os olhos. Saiu correndo.

—Eu sempre tenho que te chamar duas vezes em! – ouço a voz do Paolo se distanciar com risos sendo solto por ele.

Soube que ele tinha assustado ao seu tigre, provavelmente gritando na sua mente, chamando-o para seu lado.

—Desculpe meu filho. Terminou com a namorada... Ela foi expulsa da escola, na verdade, por roubar os alunos. – o diretor fala e vejo tristeza em seus olhos – Ela roubou mais de cinco vezes! Eu a avisei! Eu dei mais chance que o normal e só por isso ela continuou. Ela continuou por ser namorada do meu filho, mas quando eu decide expulsar, ela terminou com ele e agora ele veio reclamar comigo.

—Sério? Mesmo ele sabendo...

—Não. Ele não sabia o que ela fazia. – o diretor me olhou e arregalou os olhos – Nem fale para ele. Eu não sei por que tem contei! Então...

—Tudo bem, eu não vou falar nada e...

—Acho que devo te pedir desculpas. Não deveria ter feito isso, mas se...

—Não! – rapidamente me afastei e olhei pela mesa de madeira – Eu acho que ele tem razão. Eu acho que...

—Você vai para a segunda? – olhei para os olhos verdes do diretor e assenti – Ótimo!

—Você é igualzinho a ele. – sorri.

—Vou levar como um elogio. Todas as garotas o amam. – falou o diretor com um sorriso e então ouço a porta se abri e viro para ver uma mulher pequena e molhada entrar na sala – Essa é minha guardiã.

—Não tem que ser um animal? – perguntei e a mulher deu um risinho.

—Ela é um tubarão. – falou o diretor – Ela usa mágica para se transformar em algo terrestre, assim como todos os protetores aquáticos. Eles têm que viver ao lado do seu protetor, mas sempre tem que dar uma volta no mar ou no rio para se acalmar.

—Sou Rita e... – ela olhou incerta para o diretor e ele assentiu – Namorada do diretor.

—Namorada? – minha boca ficou aberta e eu olhei para meus protetores.

“Existe relatos sobre pessoas se apaixonarem por seus protetores... Mas só quando eles adquiram a forma humana. Mas também não são todos os casos... E é muito difícil, nós conseguimos adquirir forma humana.” Respondeu Tales a minha pergunta não pronunciada.

—Bem... Depois da morte da mãe do Paolo, eu acabei me apaixonando pela Rita. – falou o diretor e sorriu – Pode ser até estranho, mas não deixa de ser verdade. Eu gosto muito dela.

—Não julgo...

—Tudo bem, tudo bem... – ele riu divertido.

—Bem, eu vou. – falei – Obrigada.

—O horário está na porta do seu armário. – falou o diretor e eu assenti.

Sai da sala e percebi que a Rita já estava seca, assim como seu vestido amarelo. O cabelo loiro ia até a cintura, em um liso perfeito e tinha olhos bem redondos, parecendo de um tubarão e quando sorriu, percebi que o dente era levemente mais afiado do que o dos humanos.

Engoli em seco e sai da sala, mas ela segurou meu braço e seus olhos mostravam tristeza.

—Não tenha medo de mim. – ela falou com uma voz tão suave que eu me assustei.

—Desculpe... É só que é tudo tão novo. Eu ainda nem me acostumei com as aulas de feitiços! Eu só entendo os meus. – falei tocando meus protetores.

Ela não falou nada e eu saí apressada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado >.< Deixem sua opinião.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trintero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.