Trintero escrita por Veves


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

a história está corrida, mas pelo simples motivo de que vai ter muita coisa lá para frente ok?? Foi curtinho esse, mas espero que gostem! *EDITADO*



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Capítulo um

Fiquei congelada no chão olhando para cima e então a criatura saiu de cima de mim, choramingando.

Sentei e me afastei dela. Olhei para o tigre branco, de olhos azuis e engoli em seco. Era apenas um filhote. Não tinha olhos vermelhos.

—Seus olhos... São azuis? – perguntei, como se ele fosse me entender – Isso Sophie. Fale com os animais agora. São melhores que pessoas... Tirando que eles não podem te entender... E agora falando sozinha? Boa garota!

Bufei com meu pequeno delírio de falar comigo mesma e olhei para o tigre.

Ele se aproximou devagar e então vi seus olhos mudarem para vermelho. Soltei uma exclamação, e o filhote parou hesitante.

Ele choramingou, e uma parte de mim... Não sei. Uma parte minha doeu. Estendi meus braços para consola-lo.

Algo no meu peito doeu, mas assim que ele correu nos meus braços, senti meu corpo vibrar de alegria. Quando ele me tocou, senti como se algo nos ligasse.

Arregalei os olhos assustada e pude sentir quando ele hesitou.

—Calma meu bebê. – acariciei o tigre filhote – Não é você.

Respirei profundamente e com ele em meus braços, o levei para o meu chalé. Simplesmente sentia-me como se eu não pudesse soltá-lo agora e nunca mais.

Sentei na cama, com meu vestido branco se espalhando pela cama e eu o apertei contra meu peito, sua cabeça no meu ombro e eu senti seu cheiro.

Mata. Floresta. Inspirei profundamente e me senti estranhamente feliz, como se um lugar de mim, aquela parte que era tão sozinha e obscura fosse completo e preenchido, mas também percebi que faltava algo... Mais um pedaço. Soube que ele se sentiu da mesma forma.

Eu adormeci e acordei com o despertador que ficava em cima do criado mudo ao lado da cama. O tigre estava em cima do meu peito e eu deitada com a barriga para cima.

Levantei com algumas dores, pois não estava acostumada a dormir nessa posição.

Ele gruiu, mas saiu de cima de mim e deitou no meu travesseiro.

Olhei para o criado mudo e olhei o horário. Seis e meia. Levantei, pegando o horário das aulas. Primeira...

Pelo visto, essa de hoje tinha um nome estranho, chamada de “Guardiões”. Não me importei em verificar as outras.

Olhei o mapa, onde tinha o nome das salas e suas localizações.

Suspirei e fui para o armário de madeira. Abri onde se pendurava as coisas e vi todas as minhas roupas e ainda mais.

Peguei um cabide e vi uma saia prega cinza, com uma camisa branca, com umas quatro finas linhas, se cruzando no pequeno bolso que ficava em cima do peito. Uma linha vermelha, uma verde, outra branca e a outra azul.

Tinha uma jaqueta cinza com fecho de botões dourados e o mesmo símbolo, com bolsos só na ponta da blusa.

Olhei e vi mais um monte desses conjuntos. Uns eram pretos, outros azuis marinhos e os outros cinza. Uns tinha saia, outros calças, outros shorts ou apenas bermudas. Uns casacos, outros, jaquetas e outros apenas coletes.

Rapidamente vesti o que tinha na mão e fui para uma sapateira aberta, onde vi todos os meus sapatos e mais alguns. Peguei um dos novos, preto, com salto. Ele era brilhante, com a ponta redonda e um salto não muito fino, mas com mais o menos uns dez centímetros.

Assim eu ficava com um metro e setenta e cinco. Peguei uma bolsa transversal preta, listrada com cinza e vi uns cinco cadernos e dois grossos livros. Tinha mais um estojo apenas e uma agenda. A bolsa já era minha, assim como o estojo.

Peguei o meu tigre e levantei-o, até estarmos olho a olho.

—Qual vai ser seu nome? – perguntei e pensei, até que uma pequena voz apareceu na minha cabeça – Zeus?

“Zeus.” a voz era de criança, um menininho que parecia sonolento “Meu nome é Zeus”.

—Você... Você fala?

“Meu nome é Zeus. Sou parte da sua alma.” ele falou, mas não vi a boca dele se mexer.

Coloquei-o na cama com cuidado e sentei no chão, olhando o horário. A aula ia começar às sete e meia. Tinha ainda, quarenta minutos. Poderia passar uns dias e me recuperar um pouco... E então ir.

—Você é o que? – perguntei assustada.

“Na sua vida passada, eu fui designado para ser uma parte dela...” ele falou hesitante na minha cabeça e então eu percebi que escondia algo de mim.

—O que foi? – pude ouvir minha voz tremula e meu coração bater forte, com medo.

“Bem... Parece que algo deu errado. Você ainda tem um ‘buraco’. Sua alma ainda precisa de mais um. Só assim você poderá sentir-se totalmente completa.”.

—Você é minha alma gêmea?

“Não.” o Zeus começou a andar pela cama e então parou e se abaixou, levantando apenas seu bumbum e seu rabo que acertou meu nariz “Sou seu protetor, como você é minha protetora. Nós somos protetores um do outro. E ainda falta um.”.

—Você pode ler minha mente? – falei empurrando seu rabo com delicadeza.

“Eu posso, assim como você. Eu não posso falar ou pronunciar as palavras pela minha boca, afinal, ainda sou um animal, com cordas vocais de animais, mas... Assim como você pode ler minha mente, eu posso ler a sua, não importa a distância uma vez que nós nos tocamos. A primeira vez que nos tocamos, não importa a distância, nós podemos nos comunicar.”

—Quer dizer que...

“Sim. Quando nós nos encontrarmos, com o outro protetor, nós poderemos nos comunicar com ele assim que tocarmos ele.”

—E como o nosso encontro aconteceu? Como você me achou?

“Senti o chamado da sua alma por perto e vim aqui. Quando o seu pé tocou a grama, sua alma procurou pelo seu guardião, me chamando com sua magia.”.

—Sério? Então foi isso? Minha alma chamando por você? – perguntei surpresa.

“Sim. Tão sozinha e triste. E agora, ainda no inicio, vai ser difícil nos separar.”.

Peguei-o e o acariciei. Beijei sua testa e sorri para ele... Mas então me lembrei. Ele estaria em perigo comigo... Mas é... Impossível me separar dele. Só o pensamento... Não! Simplesmente não!

—Vou te levar escondido na minha bolsa.

“Se você quiser, não precisa falar em voz alta. Nós podemos conversar mentalmente.”.

—Claro. – abri minha bolsa e o acomodei, colocando uma toalha de rosto felpuda que tinha em uma das três gavetas do criado mudo – Onde será que é o banheiro?

“Naquela porta.” – olhei para um pequeno corredor, vendo uma porta de madeira.

Entrei e vi uma banheira branca, com chuveiro e uma pia de vidro. O resto é um simples banheiro. Lavei meu rosto, escovei meus dentes.

Penteei meu cabelo loiro escuro, vendo a parte de dentro, onde pintei de preto. Ele era um pouco cacheado, não muito. Olhei para meus olhos redondos, de um mel bem claro, com grossos e compridos cílios. Meu cabelo batia no meu seio, em um corte desigual, bem repicado, com uma franja lisa que eu dividia ao meio na maioria das vezes, batendo na minha orelha.

Agradeço todos os dias em que acordo, por meu cabelo só começar a cachear na altura do queixo.

O espelho grande e redondo era circulado por metal prata brilhante, enfeitado com desenhos tribais. Abri o espelho e vi um armário de plástico que entrava na parede. Quase nem dava para perceber o armário.

Peguei um dos meus gloss que estava na segunda prateleira, e passei dando um brilho nos meus lábios já sentido o gosto de cereja. Guardei e olhei as cinco prateleiras, cheia das minhas coisas. Toquei a ponta do meu nariz arredondado, mas levemente arrebitado e suspirei nervosa.

—Bem, melhor eu ir! – pensei animada, mas com medo – Não tem outra coisa que eu possa fazer, não é mesmo Zeus?

“Sim.” – ele respondeu e percebi que tentava voltar a dormir... Ele não sabia de nada.

Consegui bloquear aquela parte assustada e sombria da minha mente da dele. Ele ainda era muito inocente para saber sobre aquele lugar... Muito indefeso para sobreviver lá... Nunca mais. Uma saudade bateu forte no meu peito, mas o medo de voltar também.

Meu pai nunca soube que eu fui para lá. E quando eles descobriram de quem eu era filha, vieram para me matar e a minha família. Todos morreram. Eu fugi com minha madrasta e então... Ela morreu.

Talvez... Talvez aqui Zeus estivesse mais protegido. Não poderia por ele em perigo. Não. Não vou pensar nisso agora.

Voltei para o quarto e peguei meu celular, apesar de saber que não ia usar mais ele. Meu último contato que eu podia manter morreu.

Gostaria de rever os outros, mas... Bati meus olhos no horário em cima dos aplicativos do celular e arregalei os olhos. Olhei para o do criado mudo. Engoli em seco e sai correndo, parando apenas para trancar a porta.

Ignorei o pensamento que ameaçava aparecer na minha mente. Não. Não podia.

Segui o mapa, que estava gravado na minha cabeça e corri para a escola.

Olhei para um largo prédio. Ele tinha outro ao lado, com uma ponte ligando os dois, feito de ferro. Ele devia ter apenas uns vinte andares... Não totalmente reto.

Ele era ondulado, com as beiradas redondas, janelas grandes e bonitas, com cortinas beges, não se destacando muito, dos dois prédios brancos. Em algumas dava para se perceber pequenos vasos, com rosas ou tulipas. No ultimo andar, só vi apenas árvores.

“Como será que eles deixam isso tão branco?” – pensei.

O segundo prédio, parecia uma onda desafiando a arquitetura humana. Até as janelas eram curvadas.

Olhei para o mapa que estava na minha mente e soube que eu tinha que entrar no primeiro prédio.

Entrei correndo e subi as escadas que estavam no salão principal, que eram grandes e feitas de mármore branco. O corrimão era dourado com detalhes pretos.

Quando cheguei ao segundo andar, olhei para baixo, vendo o primeiro andar através de um circulo oco que era percorrido com grades iguais ao corrimão. Olhei para cima e vi que seguia o mesmo esquema.

Voltei a correr, tendo que subir mais três andares, fazendo o mesmo percurso, o corrimão não parava, seguia um fluxo perfeito, da escada, pelo circulo, até a próxima escada.

No sexto andar, eu estava ofegante e passei correndo pelos corredores cheios de armários com portas de metal pintadas de vermelhos, entretanto algumas personalizadas.

Os armários não eram muito largos, mas compridos.

Não parei e abri a uma porta de madeira rapidamente e vi uma sala grande, cheia de alunos e um monte de animais do outro lado, separados por apenas uma grade. Os animais estavam agitados.

Engoli em seco, mas a grade já havia sido aberta e vários alunos ficaram de braços estendidos e cada animal veio. Percebi que muitos já eram adultos.

Poucos alunos ficaram sem. Sobraram vários filhotes e alguns adultos. Os alunos que não receberam animais estavam nervosos e com medo. Que estranho.

—Vocês que não receberam seus guardiões, vão passar uma semana na floresta da ilha. Assim eles virão até vocês. – todos agora olhavam para mim e eu entrei devagar, hesitante e então o professor olhou na minha direção – Sophie! Finalmente se juntou a nós!

Andei para o meio da sala com medo e então pelo canto do olho, vejo algo pequeno, vindo à minha direção.

Viro a tempo de ver um pequeno jaguar totalmente preto, vindo à minha direção. Ele me pulou no meu colo e com a surpresa eu caí no chão e toquei-o imediatamente.

“Estou enjoado! Vou vomitar” – pensou Zeus rolando pela minha bolsa e o vi vomitar no chão cinza da sala.

“Sou Tales!” – olhei para o jaguar com medo estampado nos olhos e ele saiu de cima de mim, devagar e com medo – “Desculpe.”.

Sentei, direito, arrumando a saia e peguei o Zeus, usando a toalha para limpar sua boca.

“Você este bem?” – pensei preocupada.

“Sim” – abracei com força o Zeus, e olhei aos Tales que choramingava.

—Venha. – falei e estendi uma mão minha, enquanto a outra segurava com delicadeza o Zeus – Não vou abandonar você.

Ele correu e pulou em mim. O Tales esfregou sua cabeça na minha mão. Sorri e senti mais alegria do que nunca. Agora, pela primeira vez, parecia que as coisas iam melhorar.

—Sophie. – levantei meu rosto, com um sorriso gigante no meu rosto e vi meu professor com um rosto de espanto – Esse tigre é seu? E os dois são filhotes?!

Assenti confusa e me levantei, trazendo meus dois felinos comigo.

—Têm algum problema eles serem filhotes, ou eu ter um tigre?

—Tigres são raros. Aqui mesmo, quem só tem o tigre é o filho do diretor... E o tigre dele não é albino. – respondeu com uma carranca profunda na testa – E dois? É tão raro, que nessa escola, só têm um aluno que têm.

Arregalei os olhos e com um medo desconhecido.

—Eu vou ter que me separar deles? – perguntei mesmo sabendo que se fosse proibido eu me negaria ser separar deles e fugiria.

—NÃO! Claro... Claro que não! – ele grita depressa e então toca meu queixo e levanta meu rosto, tocando meu queixo com um dedo – Se você se separasse deles, e ainda agora que acabaram de se conhecer, poderia ser que você entrasse em uma depressão profunda.

—Eu não sei nada... Só o que o Zeus me contou. É comum eu falar com eles? Eu posso falar com os outros? – falei e ouço risos.

Virei e vi alguns alunos rindo, outros de olhos arregalados e outros cochichando.

—Não. – o professor deu um riso agradável e então puxou meu rosto na sua direção – Eles são seus protetores. Você só pode falar com quem são seus protetores. Os outros, não podem ouvir vocês conversando, assim como vocês também não podem ouvir eles.

Assenti e olhei para os meus dois filhotes e então para os outros animais, já adultos.

—Por que os meus são filhotes?

—Quanto mais novo for seu animal, quer dizer que mais forte será o laço entre vocês. E pelo visto, os seus, são quase recém-nascidos. – disse o professor parecendo enfeitiçado – E isso é difícil de ocorrer também, mas não tão raro. O filho do diretor conheceu seu protetor desde que o tigre saiu da barriga da sua mãe tigre. O que tem dois também desde filhotes, mas não sei direito a historia dele.

—Sério? – perguntei nervosa – Que série eles estão?

—O filho do diretor está na terceira etapa, o que têm dois protetores, está na segunda...

—E eu na primeira? – falei carrancuda – Etapa?

—Exato. – ele disse e então acariciou os filhotes nos meus braços – Bem, nós vamos treinar com seus filhotes...

—Como?

—Nós vamos treinar com seus protetores. Vocês devem ser um só. – ele falou e então olhou para todos – Vamos para o ultimo andar.

—A sala de treino? – vários falaram.

O professor não deixou ninguém discutir, apenas saiu da sala e todos se apressaram atrás dele.

Vi alguns funcionários liberarem os animais e soube que eles foram para a floresta. Pude sentir a liberdade deles. A energia de alegria que emanavam era tão forte que era impossível não sentir.

No ultimo andar, não tinha corredor. Só tinha uma parede que ficava um pouco longe da escada. A parede circular tinha apenas uma porta de madeira, e pela primeira vez eu vejo uma maçaneta dourada, com pequenos rubis a sua volta. Quando entrei, vi uma gigante estufa... Bosque? Bem, o piso... É pura terra, marrom... Avermelhada. Olhei para frente e para os lados.

Tinha um monte de árvores, plantas, mato e flores, mas sem teto, com a luz do sol entrando.

Apertei meus felinos no peito.

“Também estamos com medo” falou Tales.

Olhei para ele e tentei dar um sorriso reconfortador, mas saiu mais uma careta.

—Se separem. A prova vai iniciar. Simplesmente corram com seus protetores e esperem.

Todos os alunos correram para o meio da mata, sem saber o que teriam que esperar. Eu olhei para o professor que apenas acenou com a cabeça.

Entrei no “bosque” e caminhei lentamente. Aqui tinha um ar sinistro.

Tinha tantas árvores que tornava o local escuro e eu nem conseguia ver direito.

“Animais têm visão noturnas mais aguçadas, certo?” – perguntei mentalmente.

“Sim.” Respondeu Tales.

“Nós iremos te ajudar, apesar de ainda sermos muito dependentes de você, pois ainda somos filhotes” completou Zeus.

Assenti e então comecei a ver melhor. Olhei para o Zeus e vi seus olhos ficarem vermelho.

Soube no mesmo instante que eu estava com a mesma cor de olhos que ele.

—Estou usando...

“Para evitarmos chamar atenção, vamos falar na mente. E sim, você está assim, pois eu estou dividindo meus olhos, minha visão com você.” – falou Zeus na minha cabeça.

Assenti e então ouvi algo.

“Estão vendo, ou melhor, ouvindo alguma coisa?” – perguntei nervosa.

“Estamos vendo, mas...”.

“CORRA!” – assim que ouço o Tales, arregalo os olhos, mas não discuto.

Começo a correr e ouço passos atrás de mim... Sinto o chão tremer a cada paço da criatura. Corro mais e mais rápido. Alguém passa pela minha frente, também correndo e eu caio de cara no chão, com meus animais rolando pelo chão.

Ouço ela se aproximar e soube que se eu corresse agora, ela não me alcançaria, mas não poderia deixar eles para trás. Não hesitei.

Procurei por cada um deles e os agarrei no colo. Ouço um rugido. Olho para trás e vejo um dragão, com escamas vermelhas, dentes brancos bem pontudos, e os olhos ansiosos.

Corri. Ouvi o rugido dele e soube que ele iria soltar o fogo. Joguei-me em um buraco, com os dois em baixo de mim.

Fechei os olhos e senti o fogo passar por cima de nós. Meu pulmão queimava.

“Vocês vão ficar aqui, que eu vou leva-lo para outro lugar!” pensei e então comecei a me levantar, mas o Tales me mordeu.

“Não se atreva a nos deixar!” Tales grita na minha cabeça “Somos um só!”.

“Então vamos nos ajudar!” olhei para o Zeus e assenti.

Sai do buraco correndo e ouvi os paços do dragão. Virei de olhos arregalados. Não daria para fugir dessa vez. Gritei tão alto quanto pude.

“CAMPO DE PROTEÇÃO!” os dois gritaram juntos e eu senti uma energia incrível fluir pelo meu corpo e se projetar para fora.

O dragão cambaleou e o fogo, se espelhou em mim, mas sem realmente me queimar. Eu pude sentir o calor. Eu sentia em cada parte do meu corpo, mas isso não me machucou, não queimou. Campo de proteção... Ele me protegia.

Suguei o fogo para dentro de mim, todo ele, como se o estivesse respirando. Olhei para o dragão, que soltou de novo o fogo e eu inspirei todo o fogo.

Algo em mim se acendeu. Eu não sei como não fiquei queimada e muito menos como eu conseguia colocar todo aquele fogo dentro de mim.

O dragão parou, cheirou o ar e então avançou para mim, com apenas sua cabeça. Farejou meu corpo e rosnou, mas se afastou dando as costas.

“Você tem o fogo dos dragões em você.” falou Zeus e eu fiz uma careta de confusão “Ele jogou o fogo em você”.

“Explique...” pensei.

“Simples.” Falou Zeus “Você agora tem o poder do dragão. O fogo do dragão!”.

“E porque eu teria o fogo do dragão?”. – fingi inocência.

“Você o sugou. Você sugou o poder dele, fazendo ele seu e o dragão te reconheceu como um de sua espécie e ele não ataca sua espécie sem uma provocação.”

“Quer dizer, que agora eu posso soltar fogo pela boca?” perguntei mesmo sabendo a resposta.

“Você controla o fogo do dragão. Pela boca, pelo corpo... Depende da pessoa... Se você possuir só precisa aprender. É raro de se acontecer, mas já aconteceu antes. Ocorre se um dos seus descendentes tiver algum sangue de dragão. E é raro, pois os dragões não se misturam e raramente vão para fora de suas colônias.” Tales fala e então parece sorrir “Você divide esse poder com seus protetores”.

“Vocês também soltam fogo pela...”.

“Não.” Zeus me cortou rapidamente “Você divide sua energia conosco, assim como nós dividimos com você. E se você conseguiu absorver o fogo do dragão, quer dizer que você ainda pode absorver o poder de outros seres.”.

“É temporário?” – isso pareceu novidade para mim.

“Ás vezes.” continuou Zeus “Ás vezes, não. Ás vezes, você nem pode ter o poder. E então, isso pode apenas servir para uma única coisa, ou seja, te impedir de sofrer danos.”.

Olhei em volta e vi um enorme leão vindo à nossa direção. Arregalei os olhos, mas logo vejo uma menina atrás dele.

—Nós vimos o que você fez. Foi incrível. – ela sorriu e eu sabia que ela não era da nossa turma – São poucos descendentes de criaturas.

—Na verdade... – falei hesitante, mas assim que ouço alguém atrás de mim estico minha mão na direção do barulho, uma linha fina de fogo sai dela.

—È o seu professor! – a voz grita e eu vejo meu professor desviar do fogo – Não faça isso!

—Desculpe, mas... – apertei a palma da minha mão e o fogo cessou – Eu não sei controlar isso. Nem tive a intenção... Não quis que o fogo saísse da minha mão!

—Eu vi o que você fez. Foi incrível. – falou o professor e então olhou para a menina – Ela é uma grande garota, não é mesmo?

—Claro. – a menina sorriu para mim e acariciou seu leão que em resposta ronronou em prazer – Nos vemos por ai garota.

Ela sumiu por entre as árvores e eu olho para meu professor. Ele apenas sorriu.

—Você tirou dez. Vocês viraram um, compartilhando o poder.


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Notas finais do capítulo

Reviews? ^^ XX



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