Trintero escrita por Veves


Capítulo 11
Capítulo 8.5


Notas iniciais do capítulo

Continuação....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/249835/chapter/11

—Princesa. – olhei para o lado surpresa e vi um guarda estranhamente familiar.

—Nós estamos aqui por você. Iremos cuidar de você. – olhei para o outro lado e vi outro guarda e senti uma conexão com os dois absurda – Não se preocupe.

Olhei entre os dois, senti uma conexão, um respeito e uma confiança que não achei possível. Nunca tão forte... Não por alguém que nunca vi... Ou será que já?

—Quero vocês humanos. – rosnei a palavras e eles negaram.

—Não conseguimos...

—AGORA! – gritei altera – Se vocês vão cuidar de mim tem que poder se disfarçar... Se transformem... AGORA! Sejam humanos! Ordeno!

Eles me olharam surpresos e eu fiquei de frente, olhando, esperando. Eles rosnaram e se dobraram em dois com uma mão na barriga e logo caíram no chão, ajoelhados. Toquei em seus ombros, mandando mais força para a transformação acontecer. Ainda assim, a transformação foi tão devagar, tão dolorosa. Vi seus ossos se quebrarem, modificarem pela sua pele escamosa enquanto a mesma mudava a textura.

Eles começaram a rugir, e então gritos invadiram o silêncio da manha, lágrimas preencheram seus olhos com dor e desespero. Cheiro de medo invade meu nariz, junto com traição, provavelmente achando que eu ia mata-los.

Seus cabelos cresceram até o quadril. Um tinha o cabelo loiro feito o sol e outro negro feito à noite. Quando suas garras se separaram e se transformaram em dedos eles me olharam furiosos. O loiro tinha perfeitos olhos verdes, como uma floresta e o de cabelo preto olhos tão negros quanto seu cabelo que era destacado drasticamente pela sua pele pálida.

—O que você... O que você fez?! – o de cabelo negro gritou histérico.

—Acontece que... Quando um dragão consegue ser um dragashion, uma parte de vocês é humana. Só que vocês são fracos demais para conseguir alcançá-la sozinhos. – falei sem saber como sabia disso – Eu posso dar a oportunidade para que vocês consigam. Eu forcei a transformação, por isso ela foi mais dolorida que o normal... Entretanto agora já poderão fazer isso por vocês mesmo. Não irão mais precisar de mim.

Eles se levantaram, usando suas lanças como apoio. As lanças tinham quase o mesmo tamanhos dos dragashion, apenas um pouco maior, mas como humanos tinham uma diferença muito maior. Olhei para seus uniformes e pensei que deveriam mudar.

Olhei para o tecido deles fixamente. Senti sua textura com minha mente. Fechei os olhos e moldei na minha mente suas roupas e misturei as cores que elas tinham.

Quando abri meus olhos, minha cabeça parecia que ia explodir, mas ao olhar para eles, sorri satisfeita. O loiro um usava uma blusa de algodão branca, com jaqueta de couro grossa e com calça jeans preta e o outro vestia um blusão grande cinza e uma calça de couro larga preta.

—Melhor entrarem. – falei olhando para seus pés – Estão com botas dos guerreiros e não tem sentido se disfarçarem e ficarem aqui com essas lanças. Chamarei dois guardas para ficarem na porta, mas quero dois disfarçados comigo... Sinto que algo perigoso está para ocorrer.

Deixei meus instintos me guiarem e engoli em seco. Não poderia deixar o meu irmão me afetar. Agora não era apenas minha vida. Era a dos meus guardiões também. E eu ainda queria conhecer ele. Quero ver ele antes de ir. Antes de fugir. Antes de morrer e renascer nas cinzas como qualquer outra pessoa.

Entrei com a confiança de uma rainha, mas com o medo de uma criança.

—Senhora...

—Calem-se. – falei fria, tentando congelar meus sentimentos e olhei em seus olhos, sem demonstrar nada no meu olhar – Sentem-se na cama. Nomes.

—Sou do setor Dois. Macnisses e...

—Quero seus nomes. O primeiro. – falei e sentei em um banquinho – Quero saber o que vocês sabem. O que vocês protegem...

—Sou Mikael. – falou o loiro.

—Eu sou o Jean. – respondeu o outro – Chefe de operação setor Um... Pelo que eu soube sua memória foi apagada. Existem sete setores. Você e sua família não entram em nenhum deles. Somente os que guardas normais. Vocês são guardas da elite.

—Guardas normais? – dei um riso incrédulo – Vocês são guardas tanto quanto minha família. Vocês tem o mesmo objetivo. Proteger nosso lar, as famílias do nosso reino.

—Mas sua família tem a vantagem de se transformar em humanos e habilidades únicas.

—Meu querido. – sorri e me inclinei para frente – Vocês... Qualquer dragão que consegue adquirir a transformação dragashion tem a possibilidade de se transformar em um humano. Só que é extremamente difícil. Nós da família real guardiã do palácio... Nascemos com a facilidade, pois nossos antepassados passaram por extrema dificuldade para conseguir fazer isso. O primeiro dragão a se tornar um dragashion também foi extremamente difícil, mas ele conseguiu... Porque vocês não conseguiriam virar um humano, quando já se encontram na metade da transformação? Habilidades se conquistam. Devem ser merecidas. As minhas... Sou uma Alfa. Posso comandar a transformação de qualquer ser... Mas ninguém ainda sabe disso... Apenas o que sabem é que sou uma curandeira para guerra.

Parei e tentei me lembrar como eu tinha todo esse conhecimento, mas era impossível. Enquanto eu falava, as palavras apenas saiam da minha boca de forma natural e mesmo antes de pensar cada palavra já estava na ponta da língua... Isso é totalmente estranho.

—Você... Perdeu a memória? – Mikael falou incrédulo.

—Sim... Mas não sei como sei disso... Eu apenas sei. – falei e me levantei.

—Podemos nos transformar em dragashion? Como? – Jean falou surpreso.

—Sintam seus batimentos cardíacos, sintam o ar que entram pelo seu nariz e chegam aos seus pulmões... Sintam sua pele, seus ossos, seus órgãos e os transformem. Voltem a ser como eram. Isso é só no começo... Depois será natural. Que nem a transformação de dragashion para dragão. Simples assim... Mas agora... Vocês serão meus mais novos dois melhores amigos... Melhor ainda que sejam duas pessoas maravilhosas para a vista. – dei um sorriso malicioso e olhei os dois de cima a baixo – Depois deixarei vocês escolherem duas pessoas que mais confiam para eu fazer o mesmo que fiz com vocês. Se não for da guarda, espero que sejam pessoas que valham a pena.

—Si... Sim. – Mikael falou envergonhado e eu ri.

—Não se preocupem. Eu preciso me distrair me acalmar, porque se não... Algo muito ruim irá acontecer... – coloquei meu dedo na ponta do nariz e suspirei – Preciso de um banho... Rolar na floresta no meu estado não é exatamente agradável.

—Claro. – Jean disse e sorriu – Mas se for por nossa causa, não precisa se importar.

—Ah! Eu me importo e muito. Estou suja e desconfortada por ficar perto de vocês nesse estado.

Mordi com força e meu maxilar ficou tenso.

Peguei umas roupas no armário e rapidamente fui tomar um banho.

As gotas caíram pela minha pele como um turbilhão de emoções estranhas... Desejos incompreendidos, dores e magoas inexistes, que não deveriam estar aqui. Senti-me como se tivesse sido traída. Como se alguém tivesse feito algo para mim. Raiva, dor...

Sentei no chão e comecei a chorar. Solucei, chorei até não aguentar mais.

Forcei-me a parar com esses sentimentos estranhos e terminei o banho. Com uma calça jeans e blusa, passei a mão no espelho para limpar o embaçado que ficou do banho quente e olhei meus olhos ainda vermelhos.

Ignorei a vergonha de deixar os dois me verem assim e fui até eles que pareciam incomodados.

—Querem comer algo? – perguntei tensa e eles negaram – Olha, se quisermos que isso pareça real, nós teremos que nos dar bem. Aqui teremos que eliminar as pragas que invadiram os corpos dos mais fracos. Eu preciso de vocês. Preciso que confiem em mim. Quero que se sintam bem comigo. É difícil?

—É estranho. – Mikael disse e suspirou – Nossa nova forma, os novos conhecimentos... Era suposto que você não se lembraria de nada e ainda assim sabe mais do que deveria.

—Tente me entender. Os dois. – olhei entre eles e inspirei profundamente – Existem problemas que eu não sei quais são. Eu sei que ninguém pode saber desse dom. Eu sei que ninguém sabe, mas não sei por quê!

—Como tem tanta certeza? – Jean deu um riso – Você não se lembra. E se nós falarmos algo?

—Eu sei. E vocês não vão falar nada. Vocês me são fieis. Vocês me conhecem. Sinto isso e sei que me são leais. Sei que me protegeram, sei que dariam suas vidas pela minha e não por ser quem sou, mas pelo que sou. Sua confidente, sua protetora, sua companheira e acima de tudo sou sua amiga. Amiga dos dois. Nós somos como irmãos. Temos união mais do que meu próprio irmão, o qual eu ainda não conheço muito. – falei e olhei em seus olhos – Não fiquem tensos. Sei que nos conhecemos... Não me lembro de nossas missões, nossas aventuras, mas vocês sabem quem eu sou e todos os glamoures que já usei. Vocês me conhecem como ninguém e eu estou confiando que isso seja verdade.

—Bem... A Curandeira sempre nos surpreende, não? – Jean riu e cutucou o Mikael – Mesmo sem memória continua a mesma exigente, convencida e sabichona, não?

—Minha pequena curandeira. – Mikael fala sério, com pesar – Por que não nos falou do seu dom? Nós achamos que seu dom era a cura.

—Pequena curandeira? – perguntei surpresa.

—Seu apelido. – Mikael se levantou e me abraçou com força – Quis tanto fazer isso. Você não sabe o quanto.

—Bem... – o abracei de volta e engoli em seco – Isso é um pouco estranho.

—Sim... Nós não nos abraçávamos muito. – Jean me tirou dos braços de Mikael e me rodeou – O seu guardião é bem possessivo.

—Guardião? – perguntei nervosa e meus guardiões rosnaram, ciumentos – Como...

—Um amigo seu. – Jean se afastou e olhou aos meus guardiões com um sorriso no rosto.

—Ciumentos. Muito. – disse e dei os ombros.

—Isso vai ser complicado. – Mikael disse tenso e Jean concordou com um suspiro.

—E como.

—Oi. – chamei os dois e eles voltaram a me olhar – Quero que fiquem com suas armas mais discretas e quero que me treinem. Sei algumas coisas, mas sei que não é o suficiente. Eu quero que me treinem.

Os dois me olharam surpresos e Jean deu um sorriso convencido.

—Nunca achei que isso aconteceria.

—Como?

—Se pode dizer que você nos jogava no chão.

—Literalmente. – Jean completou rapidamente, estranhamente animado.

—Sim ele é sempre assim. – Mikael riu da minha careta.

—Vamos começar já... – congelei e andei para trás, olhando para porta – Algo... Algo está vindo! Tales! Zeus! Junto!

Eles ficaram ao meu lado rapidamente e Mikael e Jean se levantaram sem hesitar. A porta é arremessada e cai em cima do Mikael e do Jean. Eles voam pelo quarto e quebram meu armário.

Rosnei olhando para frente e vi a Laura e a Bianca.

—MORRA! – Laura grita com uma voz grossa e masculina.

Os olhos da Laura estavam totalmente brancos e o da Bianca também. Elas avançaram e riram para mim.

Meus guardiões pularam em cima delas e empurraram para fora do chalé. Corri atrás deles e logo vejo a Bianca e a Laura em pé e os protetores delas brigando com os meus.

—Você morre hoje Sophie. – Bianca rosna e eu recuo, surpresa – Não reconhece mais seus amigos, mi corazón?

Mi corazón...

—Murilo?! – arregalei os olhos surpresa e me forcei a ficar em pé.

—Sabe... As Pragas... Nós... Temos um corpo nosso, mas sempre podemos entrar em outros, para nos alimentar de suas vidas.

—Como?

—Nós podemos nos transformar na brisa e entrar pelos poros das pessoas. Algumas têm escudos, como os dragões e não conseguimos... Outras são tão fáceis que nem teria que me transformar completamente. Nós nos alimentamos da vida dos nossos hospedeiros até sairmos e eles morrem, enquanto nós no rejuvenescemos. Seus pais nos procuraram para fugir. Agora queremos o que eles no devem.

—O que é?

—Você.

—Não, não pode ser.

—Não era mesmo. – ele respondeu e sorriu – Mas eles nos prometeram a chama de sua mãe, a de seu dragão, mas quando descobriram para o que queríamos se negaram e então resolvemos destruir o que mais prezam. A filha destinada a trazer paz no reino.

—Para que...

—MATA ELA! – a Laura rosna e eu senti sua essência e soube que eu não conhecia.

—POR CIMA DO MEU CADAVER! – olhei para o lado e vi a Morango e Pimenta.

—Cachorras imundas! – Pimenta completa com nojo – Ajudem os guardiões dela.

Morango e Pimenta se jogam contra as duas eu me afasto surpresa, vendo os animais delas lutarem juntos aos meus.

Olho para frente e vejo o professor Allan vindo junto com o Peter e sorrindo abertamente.

—Não... Pragas! – rosnei e tentei me transformar, mas senti como se algo impedisse minha transformação.

—Trabalhei nesse feitiço desde que soubemos da sua chegada aqui. – Peter disse e apontou para baixo – Agora filtra na sua pele e impede sua transformação por um dia.

Olhei vendo uma gosma verde que eu não tinha nem sentido ou visto e a vi sumir. Senti algo no meu corpo e rosnei na sua direção.

Juntei o meu fogo e lancei na sua direção. Rapidamente ele se transformou em um nada e vi apenas uma brisa que ia livremente pelo ar, até se transformar de novo e estar parado perto da luta do Tales.

—Tão belos, não? – Peter sorriu e logo vejo seus protetores chegando por trás deles – E agora terá que enfrentar nós quatro.

—Você que terá que nos enfrentar! – ouço rugidos e vejo o Mikael e Jean transformados em dragashion, com as roupas um pouco rasgadas.

—Como ousa atacar nossa escolhida seus imundos! – Jean rosna e vi fúria nos seus olhos negros.

Eles pulam na direção das pestes, mas os seus protetores avançam no Jean e no Mikael.

—Você terá que nos enfrentar. – Allan sorriu como sempre, mas um sorriso macabro.

Olho para o lado e vi o Derek se aproximando e gemi. Mais uma peste?!

—Sabe Allan... Esse seu sorriso sempre me fez querer vomitar e sua falsidade sempre me fez querer arrancar sua garganta fora! – Derek rugiu e pulou em cima do Allan.

Algo acerta meu peito e eu arfo com dor, sendo jogada na varanda do chalé.

Olhei o Peter e engoli em seco, vendo uma bola de energia na sua mão.

Levantei usando a parede como apoio e me mantive firme com a mão na janela.

Antes mesmo de conseguir me recuperar ele jogou uma bola de energia na minha direção e eu fui para trás sentindo dor ao atravessar a janela. Parecia que tinha entrado milhões de agulhas da minha cintura para cima. Tentei pensar pelo lado positivo, afinal eu tinha caído na cama.

Peter pula pela janela sorri.

—Você vai morrer. – ele grita e vejo uma fraca luz começar a se formar na sua mão.

—Não. Você vai. – pulei em cima dele e acabamos do lado de fora novamente.

—Acha que pode comigo. É quase impossível de nos matar diretamente. – ele riu e sumiu, virando uma brisa.

Sentido sua energia, fiz que nem com o fogo. Inspirei a brisa que ele se tornou e juntei todo o ser dele no centro do meu corpo e o queimei com minha chama. Assim que terminei, me senti incrivelmente suja, mas extremamente aliviada... Afinal, ele tinha morrido.

Olhei para o Derek que agora se encontrava na forma dragashion e tava com a mão, melhor dizendo, a garra dentro do corpo do Allan, atravessando suas costas. Com nojo, medo e assustada o vejo tirar o coração do corpo do Allan e esmagar com uma facilidade que me fez ter vontade de vomitar quando o sangue fluiu pelas suas mãos.

Olhei para a Pimenta e para a Morango, vendo que tinha matado a Bianca e a Laura, mas que agora lutavam contra o que apareceu no próprio corpo Murilo. O outro estranho parecia desmaiado no chão... Até Derek ir até ele e fazer o mesmo que fez com o Allan.

Olhei para o Mikael e o Jean e percebi que davam o golpe final nas bestas do Allan e do Peter.

—Ajudem a Pimenta e a Morango! – gritei desesperada, mas logo vejo o Murilo sumir.

—Vocês vão me pagar! – ele berra e sua energia some com o ar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fim do capítulo oito!!! Espero que estejam apreciando ~~ hehe



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trintero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.