Thiago Narrando

 Eu e a Ana estávamos andando no cemitério quando o celular dela tocou.

-Eu não quero atender Thi! Eu tenho medo!

-Queria poder atender por você.

 Falei aquilo sinceramente e escutei a Ana mumurrar algo que distingui que foi “Duvido”. De repente veio uma ideia maluca na minha cabeça

- Ana, talvez você possa tirar proveito disso.

-Como?                 

-Você vai atender e falar pra ele o que te ditar e depois você vai me falar as respostas.

  Ela balançou a cabeça começando a ficar desesperada..

-Eu não quero Thi. Eu to com medo! Não consigo ouvir a voz dele, meu coração... Ele se quebra.- Ela terminou a  frase com um suspiro.

-Você vai ter que confiar em mim. Você vai dizer que antes de fazer o que ele quer você quer algo em troca, ou seja, a resposta para terminar com o ciclo.

-Mas... - Ela olhou nos meus olhos por alguns segundos e depois atendeu- Alô?...- Ela olhou dentro dos meus olhos e continuou com as lagrimas começando a escorrer - Só se você me der algo em troca... Não, me diz como terminar esse ciclo!... Por favor, me diz ou... ou você não me ama mais?... Tem que fazer o que?... –Desligou

   Olhei para ela que continuava chorando, ela gostava mesmo dele e ele a abandonou, idiota.

-Pode ir me contando tudo o que ele falou.

-Temos que trazer quem fez o pacto, jogar ele no caixão junto com a Juana e queimá-los.

 Ela suspirou de novo tentando parar de chorar.

-E agora? Ele disse quem que começou tudo?

Ana tinha se controlado bastante, mas eu ainda via que o olhar dela estava triste. Ela percebeu que eu tentava sondar os sentimentos dela e abaixou a cabeça, escondendo seus olhos de mim.

-Não deu tempo. Mas deve ser alguém que ela amava tanto que se matou por ele.

-Isso é verdade.

Ela respirou fundo novamente e levantou a cabeça mais calma.

-Na maior parte das vezes as pessoas fazem isso por ciúmes, matam a outra porque acha que pode perdê-la. Eu li isso a muito tempo, mas nesse caso faz sentido.

-Do jeito que você fala sim. E como foi a mulher que morreu nos resta o Fernando e o filho.

-Mas e a filha? Pode ser ela também.

- Ela tem só 13 anos, porque teria ciúmes da mãe?

 Ela balançou os ombros meio que concordando comigo.

-Então é melhor contar o que descobrimos para a Nina, liga para ela.

Peguei o telefone e liguei para minha irmã

-Oi Thi!

-Escuta Nina, descobrimos como acabar com o ciclo.

-Como vocês descobriram?

-Fiz a Ana atender o telefone e falar que em troca de se matar ela queria saber como terminar isso.

-Deu certo?Como faz?

-Deu. Tem que jogar quem fez o pacto no caixão com a Juana e queimá-los. Ele não disse quem é, mas já ajuda. Eu e a Ana estamos desconfiados que foi o Fernando ou o Breno.

-Acabamos de chegar aqui na casa dela. Depois eu falo com você se descobrirmos algo!

-Ta bom!- E desliguei

Ana tinha andado enquanto eu estava distraído falando com a minha irmã. Quando a encontrei ela estava de frente a um tumulo, não entendi o porquê até me aproximar e ler o nome de quem estava la era José Dias.

Parei do seu lado e ela me olhou.

- É meu pai! Depois que ele morreu que minha mãe se casou de novo e... Vamos dizer assim ela foi para um lado e eu para o outro. Queria que ela tivesse ido no lugar dele. -Ela disse isso como se não ligasse por tudo que aconteceu, mas dava para perceber que ao fundo de sua voz fria estava uma raiva grande.

-Não sabia. Sempre pensei que sua mãe estivesse morta.

  Ela deu um sorriso de canto e nem precisou falar para saber o que significava. Ela realmente queria que sua mãe estivesse morta e seu pai vivo.

-Você tem muita raiva da sua mãe.

-Esta tão na cara assim?

Fiz que sim com a cabeça e ela deu uma risada curta.

-Eu amo muito meu pai e sinto sua falta em muitos aspectos.

-Eu imagino. Também sinto falta dos meus pais.

- A Nina me contou o que aconteceu com vocês.

Ela me olhou mordendo o lábio e me deu um abraço rápido e meu coração acelerou.

O que esta acontecendo comigo?

Depois voltamos para o hotel sem falar nada.