Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 6
Primeiro a notícia boa ou a ruim?


Notas iniciais do capítulo

Até que não demorou tanto né... espero que gostem, me dediquei muito nesse capítulo :)



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            Eu estava curtindo a história de ser uma espécie de queridinha dos deuses, sendo filha de Poseidon, abençoada de Ares e Apolo e tudo o mais, mas não sabia o que ainda me esperava. Continuamos caminhando pelo espaço, procurando qualquer coisa que pudesse ser o tal “prêmio”, mas não encontrávamos absolutamente nada. Escalei uma árvore bem alta para observar o segundo grupo, mas não havia nada em que eles pudessem nos ajudar agora. Eles estavam igualmente perdidos procurando o prêmio. Escalei a árvore até o topo, para me isolar dos barulhos que me cercavam e pensar melhor. Sentei em um galho fino, porém resistente, e olhei ao meu redor. De início, só via neblina, embora eu não estivesse muito alto. Então um vento soprou carregando e neblina e pude ver o acampamento inteiro. Podia ver cada chalé, cada árvore, podia apontar a localização exata de cada construção, desde os banheiros até a casa grande. Então olhei para baixo e me dei conta de quão alto eu estava, e senti náusea. Vi pequenos pontos pretos movendo-se em desordem para todos os lados, como formigas em busca de comida. Mas eram meus amigos. Meu irmão. Lembrei que não havia avisado que subiria na árvore, e agora eles deviam estar preocupados. Santa burrice. No instante em que eu ia descer da árvore, olhei de relance para o espaço que tínhamos para procurar o prêmio e meu cérebro detectou um fato aleatório. Transtorno de déficit de atenção faz coisas com a minha cabeça. Engraçado, pensei. Aquelas árvores formam um Ômega tão perfeito que até parece que foi desenhado...

Nessa hora eu paralisei. Lembrei de que o início da “jornada” fora marcado por um alfa. E então, possivelmente, o fim dela seria marcado por um ômega. Porque não?  Minha cabeça estava a mil. Desci da árvore o mais depressa possível, querendo contar o que vi a Annabeth. Assim que eu estava a uns dois metros do chão, Sarah me viu e exclamou:

- Percy! Annabeth! Ela está aqui!

Saltei da árvore e caí em pé, toda suada. Os campistas estavam vindo correndo, liderados por Percy, que trazia uma expressão assustada no rosto.

- DEUSES! STEFANIE SWAN, NUNCA MAIS FAÇA ISSO COMIGO! ONDE É QUE VOCÊ ESTAVA? O QUE, HADES, VOCÊ ESTAVA PENSANDO QUANDO SUMIU SEM AVISAR A NINGUÉM? – Percy gritava comigo

- Acalme-se Percy! Eu só havia escalado aquela árvore ali – apontei para a árvore – para ver se o segundo grupo poderia me dar uma dica de onde procurar, como fez com os monstros.  Mas acabei indo alto demais. Não ouvia os gritos de vocês, vocês pareciam formigas lá de cima. Me desculpe.

Ele estava vermelho, de tanto correr para me procurar e de gritar comigo. Por fim, fez uma expressão que significava, claramente, que estava derrotado.

- Você não tem jeito mesmo né? Rebelde... parece até alguém que eu conheço – disse Percy, apontando para si mesmo. – Mas pelo menos achou algo que possa nos ajudar?

Assenti. Virei-me para Annabeth e despejei o que havia visto, o Ômega feito de árvores e minha suposição de que ali deveria ser o fim da jornada. Ela me ouvia atentamente, e quando acabei o relato ela assentiu.

- Eu não tinha pensado nessa possibilidade – disse ela – de o fim da jornada ser marcado por um Ômega. Muito bem pensado, parabéns Stef.

Enrubesci. Eu fora elogiada por uma filha da deusa da sabedoria. Que honra.

Como eu era a única que sabia do Ômega, eu liderei o grupo em direção ao prêmio. Mas eu esqueci que da altura em que eu estava, a distância para cobrir parecia pequena, diferente da realidade.  Quando os sátiros começaram a reclamar de dor nos cascos olhei para trás e vi que ninguém mais conseguia andar. Estalei os dedos e a onda de água doce veio novamente até mim, enchendo-me de energia novamente. Encharquei Percy também, e disse:

- Annabeth, eu e Percy vamos continuar procurando. Fique com o grupo, por favor.

Ela assentiu rapidamente. Eu e meu irmão partimos em busca daquela droga de prêmio, em silêncio. Nenhum de nós se sentia a vontade para começar uma conversa. Então somente prosseguimos, silenciosamente. Como já havíamos derrotado todos os monstros e autômatos, tomei a liberdade de transformar Alfa e Ômega em acessórios novamente. Percy transformou Contracorrente em caneta e a colocou o bolso, imitando-me. Após andar por cerca de meia hora e não achar nem o final da jornada, nem o Ômega nem o prêmio, Percy se jogou no chão, de costas, e ficou ali deitado. Fiquei o encarando alguns segundos, parecendo uma idiota, e ele não falava nada. Resmunguei um “vou subir a árvore” e me pus a escalar a bendita árvore o mais rápido que conseguia. Quando cheguei alto o suficiente, olhei para baixo e vi o tal Ômega. A três quilômetros de distância. Atrás. Havíamos passado do prêmio e nem percebemos. Desci da árvore e disse a Percy para voltar.

- Caminho errado? – perguntou ele, sarcástico.

- Pra variar – respondi.

Caminhamos até meus pés implorarem por descanso. E escalei outra árvore, sem dar folga a eles. Percy me esperava exatamente no centro do Ômega. Tudo o que tínhamos que fazer era procurar por todo o espaço da forma geométrica. Desci da árvore e mandei Percy chamar os outros campistas. Finquei minha espada no chão como um sinal de que ali estava o Ômega, para ninguém passar por engano, e fui procurar. Esquadrinhei o local por uns bons quinze minutos, sem achar nada, até que ouvi barulho de gente conversando. Os campistas chegaram. Graças aos deuses! Corri até minha espada, retirei-a do chão e fui de encontro aos outros meios-sangues.

- Achou alguma coisa? – perguntaram Percy e Annabeth ao mesmo tempo.

Engoli o riso.

- Nada, por enquanto. Se nos dividirmos, a tarefa ficara mais fácil. Então faremos o seguinte: nos dividiremos em quatro grupos; dois vão procurar das extremidades do Ômega  para o centro, e dois vão procurar do centro para as extremidades. Assim que os dois grupos de cada lado se encontrarem, nos reuniremos aqui no centro, onde tem um “xis” no chão.

- Hã, Stef, não tem xis nenhum no chão – disse Percy

Cortei a terra com minha espada, fazendo um grande xis.

- Agora tem. Nos encontraremos aqui, alguém achando o prêmio ou não.

Todos concordaram. Nos dividimos em quatro grupos e fomos procurar o prêmio. Fiquei no grupo de Annabeth, e fomos para o centro, procurar para o lado direito. Procuramos por todos os cantos, debaixo de cada pedra, atrás de cada folha, em cada buraco no chão. Nos galhos de cada árvore, nos troncos, ninhos de aves. Nada. Fiquei desapontada. Após cerca de uma hora procurando sem encontrar nada, demos de cara com o grupo de Charlie, que vinha da ponta direita para o centro. Olhei-o com a expectativa de que ele tivesse encontrado; mas ele sustentou meu olhar por um instante e abaixou a cabeça. Movemo-nos em silêncio até o local com o xis para esperar os outros dois grupos. Percy não demorou a chegar com o outro grupo. Estavam de mãos vazias também. Annabeth e Percy começaram a discutir a possibilidade de tentar retornar ao começo, procurar um alfa ou coisa do tipo para sairmos de lá. Não fiquei por perto para ouvir o debate. Comecei a correr em direção a entrada da jornada. Mas não fui longe. Só corri mesmo por que queria chegar depressa. Quando eu não conseguia mais os ouvir, virei para trás, em direção ao Ômega. Sentei-me no chão e fiquei olhando aquele amontoado de árvores que não faziam sentido algum se olhadas de baixo. Encarei o céu, as estrelas, constelações e movi o olhar novamente para um ponto mais baixo, onde estavam as árvores que formavam o Ômega. Quando focalizei exatamente o centro da letra grega, uma réplica bem menor se formou lá, distante, com um ponto dourado reluzindo ao centro. Você se esforçou muito, disse-me uma voz em minha cabeça. Por isso lhe dou essa chance. Você pode achar que não, mas é digna de tudo o que recebe. Seu prêmio lhe aguarda no ponto dourado, o único lugar que você ignorou esse tempo todo. Mas todos os heróis possuem fraquezas. A voz deu uma risadinha e parou de falar. Quem era aquela mulher?

Não me dei ao luxo de ficar sentada e pensando. Memorizei a localização do ponto dourado, pois alguma coisa me dizia que quando eu saísse do lugar em que eu estava ele sumiria. Eu estava certa. Comecei a correr e cheguei lá rapidamente. Afastei alguns meios-sangues com empurrões e nem pedia desculpas. Um desses empurrões fez Percy cair de costas em uma pedra. Isso eu não deixaria passar. Meu irmão não. Ainda correndo, estalei os dedos para que a onda fosse até Percy, para que ele não se machucasse. Percebi que o ponto dourado estava exatamente no meio, daquela distância que eu observava quando a voz falou comigo. Isso significara que estava no topo de uma árvore. Quando me aproximei de uma árvore, usei o impulso da corrida para pular e agarrei um galho mais baixo. Subi como um macaco, rápido, passando de galho para galho. Finalmente sentei um pouco para pensar, ofegante. Onde, Hades, eu deixei de procurar? Me perguntei. O que foi que eu esqueci? E havia aquele zumbido bizarro. Que droga. Olhei para o lado e vi que estava a poucos centímetros de um ninho de marimbondos. Obrigada, ó voz que não sei a quem pertence, por me avisar que vou ter que enfrentar meu maior medo se quiser pegar uma droga de prêmio. A voz riu de mim. Mentalmente, mandei-a calar a boca, o que adiantou. Coloquei meu gorro da invisibilidade, peguei minha espada e meu escudo e cutuquei o ninho. Que caiu. Se espatifou no chão. E que tinha pelo menos seiscentos inquilinos raivosos atrás de um ser invisível. Comecei a correr, mas estava exausta e pesada. Presumi que minha espada, por ter sido usada para cutucar o ninho, deveria estar com o cheiro delas. Joguei minha espada longe, e, assim como previ, os marimbondos foram atrás dela. Não sabia por quanto tempo isso ai durar, então voltei rapidamente ao ninho de marimbondos procurando o prêmio. Eu não encontrava absolutamente nada. Ó voz irritante e suprema, rezei, porque não me ajudas agora? Mas ela não respondeu. Eu a havia mandado calar a boca. E ela me obedecera. Olhei para os céus e gritei, frustrada, um simples “por que?”. E nesse momento a luz do luar reluziu em alguma coisa pendurada na árvore. Bingo. Escalei os galhos e peguei o prêmio. Mas não tive tempo de comemorar. Os marimbondos perderam o interesse na minha espada e vieram em minha direção. Minha primeira reação, obviamente, foi correr e gritar por ajuda.  Meus amigos vieram me socorrer, mas não havia muito que eles podiam fazer. Até que tive a brilhante ideia:

-FOGO! SARAH, FAÇA FOGO MÁGICO!

Sarah estava atordoada com minha gritaria, mas assentiu e fez o que eu pedi. Todos os marimbondos que por ali passaram morreram queimados. Quando o fogo se extinguiu, Sarah desmaiou. Danny foi socorrê-la, e os outros se aproximaram de mim para ver qual era o prêmio. Eu levantei o objeto para analisa-lo. Era um pergaminho, dentro de uma espécie de proteção feita de vidro resistente. Abri a proteção e retirei o pergaminho. Uma frase estava escrita em grego antigo, mas não havia problema para mim. Simplesmente comecei a ler:

- “Parabeniza-os a filha de Zeus / por enfrentarem com bravura e coragem / ao lado de amigos seus / um desafio em nossa homenagem;”

“De todos que aí estão / agora três terão de sair / em uma difícil missão / que terão um prazo para cumprir;”

“ A filha do deus do Mar / e o filho do deus ferreiro  / vão seguir, acompanhar / um sátiro guerreiro;”

“Terão sete dias para procurar / o pergaminho de Apolo / encontrar e devolver / colocando-o junto a seu colo;”

“Corram meios-sangues / façam o que é certo / antes que Apolo se zangue / e liberte sua raiva, desperto”.

Todos ficaram quietos. Pensando sobre o que eu acabara de falar. Era uma profecia. E deveria ser mágica, pois assim que terminei de ler, os escritos sumiram, e em seu lugar apareceu um simples “boa sorte”.

Tomamos o caminho de volta ao Alfa, algo me dizia que a saída era lá. Quando chegamos ao ponto de partida, desenhei um Alfa na cerca-viva que nos separava do pavilhão, e a porta se abriu. Assim que isso aconteceu, meu anel-espada reluziu em uma luz cinza, e quando a luz cessou, eu tinha um anel em forma de coruja. Tirei-o e o joguei para cima, e quando o peguei, estava segurando minha espada de bronze celestial com punho de couro, Alfa. Não, errado. Algo estava diferente. Na lâmina tinham dizeres dos dois lados; de um, “Filha de Zeus” e do outro “Filha de Poseidon”. Em grego antigo. Então essa era a explicação para a voz na minha mente. Essa era a pessoa que eu, desonrosamente mandei calar a boca. A filha do deus dos Céus.

Atena me dera sua bênção. 


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Notas finais do capítulo

gostaram? odiaram? quero rewiews ^^



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