Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 33
Confissões


Notas iniciais do capítulo

não demorei sequer um mês u-u
gente, tá no fim, sos, o que vai ser da minha vida agora? D:
nos vemos nas notas finais, e ouçam a música que eu coloquei ali no meio.
AH, esse cap eu dedico pro meu filhote lindo que fez aniversário ontem. te amo nath, aproveita esse cap *-*
nos vemos nas notas finais ;)



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Acordei com alguém me cutucando. Virei-me e vi meu irmão com uma cara meio emburrada.

– Que foi agora? – perguntei, mal humorada.

– Bom dia pra você também, maninha – respondeu. – Acabaram de levar suas coisas daqui e estão perguntando quando você vai pra lá.

– Hã? – eu não havia entendido nada.

– As caçadoras, Stef. Acorda! – sua expressão fechou um pouco mais.

– Ah, claro! Como pude esquecer... Por que você está com essa cara?

Ele revirou os olhos.

– Você é a primeira irmã que meu pai me manda. Acha que eu estou feliz em saber que você vai sair de perto de mim? Que prefere sair correndo pelo mundo em vez de ficar aqui comigo? Eu já tive que passar por isso três vezes... Bianca, a primeira delas, morreu – sua voz tremeu um pouco. – Thalia veio depois, e agora você. Já não basta Thalia, Ártemis precisa tirar você de mim também.

Atirei-me nos seus braços.

– Não fica assim – pedi. – Eu vou ficar bem, vou me cuidar. Thalia vai cuidar de mim. Prometo que mando mensagem todos os dias, ok?

Ele pareceu aceitar melhor.

– Tá, agora você deve ir. Tome um banho e se troque, elas estão te esperando na arena.

Fiz o que ele pediu, e tasquei um beijo na sua bochecha antes de sair. Fui encontrar as caçadoras, que treinavam arco e flecha com alguns bonecos de palha. Sequer tomei café da manhã; fiquei treinando com as garotas até a hora do almoço. Discutimos uma tática de jogo, onde eu ficaria guardando o punho de Zeus que tinha a bandeira e todas as outras avançariam. Almoçamos, treinamos mais um pouco e a hora da disputa havia chegado.

As palmas das minhas mãos suavam enquanto Quíron não determinava o começo do jogo. Quando começou, armei meu arco com uma flecha e fiquei calada, ouvindo os primeiros sons de briga. Então um galho estalou ali por perto, e instintivamente apontei meu arco naquela direção.

(N.A.: escutem essa música aqui https://www.youtube.com/watch?v=ktWIawYjaEY)

– Apareça – disse.

Então, com as mãos para cima, Charlie saiu da sombra das árvores.

– Calma aí – pediu ele. – Só queria ver como você estava. Ouvi dizer que havia virado caçadora.

– É isso aí – respondi, orgulhosa.

– Podemos sentar e conversar? – ele perguntou.

– No meio da Captura da Bandeira? – olhei para ele como se estivesse louco.

– Sim, qual o problema? Se alguém estiver chegando você pode armar o arco e atirar antes que dê um passo.

É, aquilo fazia sentido.

– Tudo bem – respondi.

– Quem chegar ao topo do punho por último vai ter que beijar um sapo – provocou.

Subimos com dificuldade, mas sentamos no topo ao mesmo tempo, rindo. Olhei ao redor para verificar se alguém estava por perto, mas não tinha ninguém. Observamos a copa de algumas árvores mais baixas e o sol que mostrava todo o seu esplendor no céu. O silêncio estava agradável, mas servia de pretexto para Charlie criar coragem para falar o que ele queria.

– Por quê? – perguntou ele, repentinamente.

– Hã? – fiquei confusa.

– Por que entrar para a caçada?

– Ah, isso. Pra falar a verdade, achei uma ótima opção na hora. Peter havia morrido e eu estava abalada ainda, e pensei que nunca mais ter que sofrer por um garoto era uma ótima ideia. Eu não teria mais contato nenhum para poder chorar por eles, por sua morte ou por suas ilusões. E a imortalidade é uma oferta tentadora – respondi, dando de ombros.

Ele assentiu.

– Muitas caçadoras desistem da caçada por terem tomado atitudes precipitadas – disse ele, após alguns segundos em silêncio.

– É sério?

– Sim, tenho duas irmãs como exemplo – respondeu. – Claro que seus namorados foram atrás delas e... – ele se interrompeu. – Nada, esquece.

– Não, continua – pedi.

Suas faces coraram.

– Bom, eles foram atrás delas e disseram que jamais iam desistir delas e essa baboseira toda. Elas quase morreram, de tão lindo que acharam aquele discursinho, e estão casadas com eles hoje. Se eles não tivessem corrido atrás... bom, Zeus sabe o que seria delas.

Ficamos em silêncio. Ele aproximou-se de mim e nossos braços roçaram. Os barulhos de confronto haviam se afastado, e ouvíamos nossa própria respiração. Até que as peças se encaixaram.

– Charlie – engoli em seco. – Aonde você quer chegar com isso?

Ele respirou fundo.

– Não tenho nenhum tipo de experiência com isso – disse, cuidadosamente. – Então me desculpe se eu disser coisas sem sentido. Lembra-se daquele dia em que eu montei a canoa de bronze no seu escudo?

Assenti e levantei o braço, exibindo minha pulseira e seus pingentes. Charlie sorriu.

– Olha, você não arrancou! – ele sorriu e tocou o pingente de coração. Sua mão escorregou do pingente para o meu pulso e depois para a minha mão, que ficou segurando. – Enfim, pela distância que estávamos da margem eu conseguiria jogar você para a areia e pular depois. Sem dúvidas eu conseguiria. Mas não sei o que aconteceu, de repente eu estava com a ideia fixa de que tinha que deixar com você alguma coisa que a lembrasse de mim. Algo pra te dizer que mesmo longe eu estava perto, mesmo que fosse apenas para te proteger. Eu queria que não fosse tão rápido, que tivesse acontecido tudo mais devagar, mas tudo começou quando Peter chegou. Eu fiquei tão possesso quando ele te salvou e eu nem sequer estava por perto pra tentar fazer algo. Eu morria de ciúmes todas as vezes que vocês estavam perto, não podia suportar a ideia de vocês ficarem juntos, não estava certo. Quando ele morreu, senti-me um pouco mal por ter ficado feliz com isso, mas nada mais estava entre nós. Então você entrou para a caçada, e essa deve ser minha última chance...

Sua voz falhou.

– Continue – pedi em um sussurro.

– Minha última chance de dizer que te amo – terminou.

Meus olhos estavam cheios de lágrimas.

– Mas Charlie...

– Eu sei – ensaiou. – Você não gosta de mim.

– Charlie – repeti.

– Tudo bem, eu entendo, não vou te forçar a nada. Aliás, desculpe por ter tomado seu tempo, eu vou embora e...

– Charlie, presta atenção em mim! – pedi.

Ele ficou quieto e me olhou.

– Quer saber o motivo real para eu ter entrado para a caçada? – perguntei.

– Não tem a ver com imortalidade e com tudo o que você disse antes?

Pensei por um instante.

– Bom, tem. Mas é meia verdade. O que você não sabe é que eu gostei de você desde que abri os olhos na Casa Grande quando cheguei aqui. Apeguei-me a você durante o tempo que convivemos, e ao Peter também. Mas ele morreu por minha causa, e fiquei triste por isso, e tudo o mais. Eu não queria me aproximar demais pra não correr o risco de deixar isso acontecer com você também, e virei caçadora. Além do mais, eu não sei o que você poderia ter visto em mim – confessei.

Ele passou seu braço pelos meus ombros.

– Tá de brincadeira? – perguntou. – É óbvio que eu me arriscaria por você, eu levaria um tiro por você se fosse preciso. E quanto ao que eu vi em você... Além de ser a guerreira mais destemida que eu já conheci, você é tão bonita que isso deveria ser crime – confessou ele.

– Acho que eu vou chorar – disse. – Ninguém disse nada tão fofo pra mim em toda a minha vida.

– E então, o que você diz? – perguntou.

– Não sei, eu... tenho a caçada, e não posso me apegar aos garotos, nem sequer deveria estar aqui, e...

– Você diria o que, se não estivesse na caçada? – indagou-me.

– Eu pularia em você, te daria o abraço mais apertado que você já sonhou em receber e diria até perder o fôlego que eu... – interrompi minha fala. Foco na caçada, Stef!

– Que você... – disse ele com uma voz que indicava que ele estava sorrindo.

– Que eu... te amo – confessei.

– Então não fuja – pediu.

Ele colocou a mão sob meu queixo e virou meu rosto para o seu. Então me beijou. Os segundos pareceram minutos, os minutos pareceram horas, e nos afastamos apenas quando o ar se fez necessário. Ouvi vozes femininas ecoando em minha mente, dizendo “eu sabia que ela não ia durar muito tempo na caçada” e “ainda bem que ele tem atitude! Adoro garotos com atitude, ela não podia ter ficado na caçada!”. Beijamo-nos novamente, e não vimos o tempo passar. Barulhos de galhos quebrando encheram meus ouvidos e ouvi gritos de comemoração antes que eu pudesse me desvencilhar do abraço de Charlie.

– Boa ideia pra distração, Charlie! – gritou um cara.

Encarei-o, meus olhos faiscando.

– Você não ousaria... – comecei.

– Claro que não, Stefanie – disse, sorrindo. – Claro que eles aproveitaram a situação muito bem, mas eu te amo de verdade. E agora você está do lado vencedor.

Sorri e comemorei com todos.

O único que não parecia muito contente com tudo isso era meu irmão. Mas ele teria que se acostumar.


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Notas finais do capítulo

I'LL TAKE A BULLET FOR YOU IF IT COMES TO THAT *-*
amo essa música, e vcs? combina com eles *-*
bom, acho que o próximo capítulo será o último, não chorem. vou tentar não chorar também. mandem reviews, estou aguardando *cara de gato de botas*



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