Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 31
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

depois de quase um mês, feliz ano novo! kkkkkkkkk
eu sei que eu demorei pra postar e vcs acham isso um saco. vou tentar terminar a história antes que as aulas comecem, pq depois que começarem... vai ser difícil eu ter tempo pra escrever. bom, espero que gostem desse cap, eu gostei de escrever :3



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Afastei uma lágrima teimosa do meu rosto. A Sra. O’Leary estava ao meu lado, respirando com a língua para fora, como se estivéssemos brincando. Enterramos Peter no mesmo lugar em que ele havia caído. Não desenhamos uma cruz sobre a terra negra; desenhamos um raio, que deve representar bem o seu pai. Escrevemos seu nome, algumas homenagens e desenhamos um tridente e um martelo. Então resolvemos ficar alguns instantes em silêncio, e a cadela infernal acordou, veio trotando até o nosso lado e sentou, esperando que começássemos a brincar.

– Vamos embora – disse Erich. – Deixem espaço para ele fazer a sua transição.

– Ele está certo – falou Nico. – vamos sair daqui.

Quando chegamos ao pavilhão de julgamentos (que ficava a dez passos de distância), vimos uma alma posicionar-se à frente de três jurados. Era Peter. Ficamos ali para ouvir seu destino.

– Não teve grandes feitos durante sua vida – dizia o juiz que estava na ponta esquerda – mas, em seus últimos momentos de vida, foi herói. Deu sua vida, embora não tenha sido por espontânea vontade, para salvar seus amigos.

– Devemos sentenciá-lo aos Campos de Asfódelos – resmungou o juiz da direita. – Quero ir logo para casa.

– Eu acho – disse o juiz do meio – que ele deveria ir para o Elíseo.

– E eu acho que você é muito molenga para um juiz – disse o da direita. – Cada herói que aparece por aqui você quer mandar para o Elíseo.

– E de cada cem heróis que por aqui passam, é raro você me deixar mandar um para o Elíseo. Deixe de ser tão chato, pelo amor de Hades! – o juiz do meio se zangou.

– Tenho que concordar com ele desta vez. – comentou o juiz da esquerda.

Os três trocaram olhares fulminantes por um tempo.

– Tá – cedeu o juiz da direita. – Façam o que quiserem. Mas a papelada para o Elíseo é maior.

– Você vai para o Elíseo, garoto. Aproveite sua estadia lá. Se quiser, pode tentar renascer qualquer dia desses. – disse o juiz do meio, completando o julgamento.

Uma pequena pilha de folhas apareceu no colo de cada juiz, junto com uma caneta de bronze. Eles começaram a preencher o necessário e assinaram, fazendo as folhas desaparecerem.

Procurei Peter pela sala, e vi que ele já estava longe. Chegou aos portões que os separavam do Elíseo e parou. Virou-se para nós e vi suas órbitas vazias brilharem, como aconteceu com Erich. Então ele abriu os pesados portões e entrou, fechando as grades atrás de si. E essa foi a última vez que eu vi Peter.

– Stef – chamou Haley – Acho que devemos ir antes que Hades chegue.

Como se fosse uma deixa, Hades chegou.

– Muito bem, semideuses! Recuperaram aquele pedaço de papal sagrado. Agora, me entreguem.

– Tá louco? – perguntou Charlie.

– Como? – perguntou Hades.

– Acha mesmo que vamos entregar o pergaminho para você e sair de mãos vazias daqui? Depois de tudo o que passamos? Depois de perdermos Peter?

– Acho – disse o deus.

– Pai, deixa isso pra lá. – pediu Nico.

– Não, Nico. Não vou deixar isso pra lá. Já deixei muitas vezes. – Hades conteve sua raiva. – Me entreguem o pergaminho nesse instante e vou deixá-los partir.

– Quer o pergaminho? Vem pegar, então – eu disse.

O deus riu. Foi a única vez que eu vi Hades rindo.

– Não me desafie, garota. Sabe que eu posso matá-la em um piscar de olhos.

– Não vai conseguir tão fácil. Vai ter que passar por todos nós antes de conseguir o pergaminho – disse Haley.

– Ah, vou conseguir isso bem fácil. Posso matar todos vocês sem sair do lugar. Sabem disso.

– Você quer uma alma? – perguntou Erich. – Leve-me, então. Em troca, deixe-os partir.

– Uma boa oferta – disse Hades, depois de pensar um tempo. – Você será muito útil para mim, Bristow. Eu aceito.

– Não, Erich! – tentei impedir.

– Stefanie – disse Erich – nós dois sabemos que eu não vou ser útil pra você lá em cima. Fiz minha parte aqui, mas aqui devo ficar. Devo receber meu segundo julgamento e ser convocado por Hades novamente, mas vou aceitar. É o que eu gosto de fazer, afinal de contas. Eu acho isso melhor do que passar a eternidade no Elíseo. Pelo menos sei que os ajudei a sair daqui, assim como Peter, embora não sendo do jeito que vocês queriam.

Erich virou-se para Hades.

– Jure pelo Estige que vai deixá-los em paz.

– Juro – respondeu Hades. – Se forem embora rápido, não os farei mal.

E desapareceu, junto com Erich. Eu gostaria de assistir seu julgamento, mas não havia mais tempo para isso.

– Então – chamou Nico – precisam de um guia até lá em cima?

– Seria bom – respondi, distraída.

– Mas estamos meio sem tempo – lembrou Charlie.

– Ah, claro. Vocês podem viajar nas sombras, se quiserem – falou Nico. – Estão com a Sra. O’Leary, e ela vai conseguir transportar vocês três até o acampamento sem problemas. Já viajaram nas sombras alguma vez?

– Sim, e nem me lembre disso – Haley pediu. – Fico enjoada só de lembrar.

– Bom, então é o seguinte – Nico dirigiu-se à mim e Charlie – Agarrem-se à cadela com todas as suas forças. Se caírem, vão ficar perdidos na escuridão. Nenhum pedaço de vocês vai se descolar, embora a sensação seja parecida, então não tentem verificar se seus membros estão no lugar. É o máximo que posso fazer por vocês. Subam na cadela, vou dizer a ela aonde ir.

Assentimos. Mesmo sendo enorme, quase faltou espaço nas costas da Sra. O’Leary para nós três. Haley foi à frente, sentando antes da coleira da cadela infernal, e segurando com força em seus pelos. Eu fui logo atrás, segurando nos elos da coleira, e Charlie por último. Como seus braços eram longos e eu era pequena, ele conseguia passar os braços ao meu redor e segurar a coleira também. Quando estávamos prontos, Nico deu um tapinha na pata da Sra. O’Leary e ela jogou-se em uma parede, num canto que ficava escuro. Então viajamos.

Não tinha nada mais emocionante do que aquilo. Adrenalina corria pelas minhas veias, meus cabelos voavam e um grito de emoção perdeu-se em minha garganta, tamanha era a velocidade. Quando paramos, estávamos no lado de fora do acampamento, bem próximos ao pinheiro de Thalia. Haley colocou a mão sobre a boca e correu para dentro do acampamento. A cadela infernal desabou e começou a roncar, enquanto Charlie sentou-se no chão com a cabeça entre os joelhos, esperando que o enjoo passasse. Meu olhar foi atraído por alguma coisa branca que se movia perto de algumas plantas com espinhos. Ouvi um relincho.

Me ajuda, me ajuda! Socorro! Alguém aí? – outro relincho.

Corri na direção do barulho e encontrei um Pégaso branco, com olhos verdes como os meus. Suas asas estavam enroscadas nos espinhos, e manchadas com seu sangue. Ele relinchou outra vez.

Isso machuca, me tira daqui!

– Tá, fica calmo. Vou cortar isso com a minha espada, não se mexa.

Quando ele se aquietou, joguei meu anel para cima e peguei minha espada. Cortei alguns galhos e os removi com cuidado das asas do pégaso.

– Qual é o seu nome? – perguntei.

Não tenho nome. Sou um Pégaso não domado.

Tirei os últimos espinhos de suas asas.

– O que eu posso passar nesses machucados?

Eu devia saber? Não sou médico.

– Achei que soubesse. Vem, vamos ao acampamento. Quíron vai saber melhor o que fazer com você.

Ele tentou protestar, mas me seguiu assim que eu comecei a andar. Busquei Charlie, que ainda estava meio tonto, e acordei a Sra. O’Leary, que veio atrás de nós com a língua pra fora. Quando passamos pelo pinheiro, vi Percy correr em nossa direção.

– Stef! – ele me abraçou – Eu disse que nada ia acontecer. Já devolveu o pergaminho?

– Na verdade, passei aqui antes, estou indo ao Olimpo agora – respondi.

– Preciso ir junto? – Charlie perguntou.

– Não – dissemos e Percy, ao mesmo tempo.

– Se você está se sentindo mal, fica aqui – respondi.

Percy me olhou.

– Viagem nas sombras?

Assenti. Ele reprimiu um sorriso.

– Sei como é, também fiquei assim na primeira viagem.

– Acho que eu sou a única que gostou de viajar nas sombras – comentei.

Percy mostrou a língua. Nesse momento ele se deu conta da presença do Pégaso e da Sra. O’Leary. Abriu um sorriso e jogou-se em cima da cadela.

– Garota, quanto tempo! Stef, como você...

– Ela estava sob algum encanto ou algo desse tipo, guardando o pergaminho de Apolo no Mundo Inferior.

Contei os detalhes a ele, que prestava atenção em tudo. Charlie de vez em quando acrescentava alguma coisa que eu esquecia, até relatarmos tudo. Deixamos Peter de fora da história.

– Mas... esse tipo de encantamento só pode ser desfeito matando quem está sob efeito... ou sacrificando alguém. Quem... Haley? – perguntou ele.

– Temos que queimar uma mortalha para o filho de Zeus – disse Charlie. – Peter nos ajudou muito na missão.

Percy assentiu.

– Vou falar com Quíron sobre isso. Vamos à Casa Grande, aí já resolvemos o problema de todo mundo. A mortalha, seu mal estar – apontou para Charlie – e as asas do seu Pégaso.

No caminho, alguns campistas passaram voando por nós em seus Pégasos, provavelmente na aula de equitação. Acenei para Blackjack e senti o Pégaso-sem-nome suspirar atrás de mim.

– O que foi? – perguntei.

– O que foi o que? – perguntou Charlie.

Nada. É que... deve ser legal isso.

Voar com os campistas? – perguntei.

É. Na verdade, ter um dono, sabe? Não contar com a sorte pra conseguir comida. Você tem noção de quanto é difícil conseguir açúcar? – ele parecia indignado.

– Mas você parece saudável – Percy comentou.

Mais um filho do mar? – ele bufou – É, um caminhão que carregava legumes tombou esses dias. Aproximei-me e comi alguns enquanto o pessoal estava distraído. Na verdade, comi muito. Mesmo que eu não goste.

Se quiser, eu posso ficar com você – arrisquei.

Você faria isso? – ele pareceu surpreso.

– Claro que sim. Deve ser legal ter um Pégaso – falei.

E qual seria o meu nome? Por favor, se você me chamar de Branca de Neve eu saio voando daqui e você nunca mais vai me ver.

Tá bom, Snow – disse.

Snow?

Não gostou?

Gostei. Snow está ótimo.

Sorri. Chegamos à Casa Grande e falamos com Quíron. Ele passou uma pasta prateada nos cortes de Snow, deu um remédio para Charlie e providenciou que a mortalha fosse feita. A cerimônia seria feita no final da tarde, quando eu voltasse do Olimpo. Ele sugeriu que eu dormisse por uma ou duas horas no chalé e partisse com Snow. Mas o Pégaso me confidenciou que se eu lhe desse um pedaço pequeno de ambrosia, ele estaria pronto para partir.

Fui até o chalé, tomei banho e troquei de roupa. Peguei um pedacinho de ambrosia e estava saindo quando meu irmão chegou.

– Eu sabia que você não ia dormir – disse Percy.

– É que eu não vou conseguir descansar antes de entregar esse pergaminho. Vou dar um pedaço de ambrosia pro Snow e estamos partindo.

– Quer companhia? Estou sozinho, e Blackjack está cansado de ficar aqui. Ele não deixa ninguém além de mim montar, e confesso que tenho faltado às aulas de equitação – ele disse.

– Tudo bem. Os estábulos ficam muito longe? – perguntei.

– Não, mas não precisa se preocupar. Ele fica de guarda do lado de fora durante o dia. Só pra encher o saco mesmo.

Ei! – Blackjack reclamou.

– Coitado, Percy! Ele merece atenção também.

Concordo plenamente. Gostei dela, chefe.

Ele riu. Pegou um relógio na mesinha ao lado da fonte e ajeitou no pulso.

– Vamos? – chamou ele.

Assenti. Caminhamos até o pinheiro de Thalia, onde os Pégasos nos esperavam. Dei ambrosia para Snow, e Blackjack ganhou um cubinho de açúcar. Montamos e os Pégasos começaram a voar, quase me derrubando. Consegui me ajeitar e partimos em direção ao Olimpo.

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N.A.: leiam as notas iniciais E as notas finais. por favor. e comentem, se tiverem conta. isso me deixa feliz :3


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Notas finais do capítulo

fiquei bolada no último cap. achei que a morte do Peter ia render algumas lágrimas e alguns reviews revoltados. ninguém gostava dele? :'(
espero reviews nesse capítulo u-u
ah, se perceberem algum erro, me avisem ;)



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