Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 28
Erich


Notas iniciais do capítulo

OLÁ
eu sei que atrasei muito com o capítulo. bom, ele estava escrito há, vejamos, umas três semanas no meu caderno (é o que acontece quando a inspiração vem durante a aula...), mas não passei pro computador, então não postei.
espero que gostem ^^



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Nico estava demorando para voltar, e não suportei o silêncio que se seguiu. Comecei a falar com Erich.

- Então, sargento – disse. – Conte-me sobre sua vida.

Ele olhou-me e respondeu.

- Eu entrei com 23 anos no exército americano. Sempre gostei desse negócio de guerras e era muito patriota. Lutei em algumas guerras e sempre estive do lado vencedor. Infelizmente perdi muitos amigos.

- Meus pêsames – falei.

Ele assentiu.

- Como você morreu? – Assim que fiz a pergunta, senti-me um tanto insensível. – Ah, desculpa. Não precisa responder se não quiser.

Ele riu.

- Não, tudo bem. Eu fui proteger o resgate de um piloto americano que foi abatido sozinho. Ele era um grande amigo. Infelizmente, eu estava sozinho, mas defendi até ficar sem munição. Então sentei em um canto e puxei uma foto da minha família que estava no bolso do colete. Assim que os inimigos chegaram, atiraram, e não tive como me defender. Mas foi uma morte heroica.

- Concordo. Muita coragem a sua – comentei.

- Obrigado. Assim que cheguei aqui, fui julgado e condenado aos Campos Elíseos. Bom, parece que acertei mais do que errei nessa vida... Mas logo ofereceram-me a oportunidade de proteger Hades, já que eu servi ao lado vencedor em minha última batalha. – continuou – Como senti que não podia recusar e que eu queria, de certa forma, fazer isso, aceitei. Passei os últimos... – ele franziu o cenho, tentando lembrar há quanto tempo estava ali. – Bom, os últimos muitos anos aqui.

Então resolvi perguntar o que me intrigava.

- Por que você nos ajudou? Bom, não estou, de jeito nenhum, reclamando. Mas, por quê?

Erich olhou para seus pés translúcidos, e sua imagem tremeluziu por um momento.

- Bom, eu... não sei exatamente – respondeu. – Nunca fiz isso. E vocês não foram os primeiros a visitar Hades. Mas foram os primeiros que senti que eram determinados o suficiente para enfrentar o deus. Pude sentir isso, ver estampado em seu olhar. Mas o cansaço estava vencendo, e não sairiam de lá vivos sem uma intervenção. Quando tive a oportunidade, ajudei, e fui forçado a deixar meu cargo para não ser mandado aos Campos da Punição. Não me arrependo de nada.

Assenti.

- Erich, muito obrigada. Você tem razão, não teríamos conseguido sair de lá sem a sua ajuda. Gostaria de nos acompanhar na missão? – perguntei.

Ele sorriu.

- É o que eu mais quero – disse.

Nesse momento, Nico abriu uma porta lateral do palácio e saiu, com um copo grande de café fumegante. Aproximou-se em passos largos e sentou-se ao lado de Erich, entregando-me o copo. Agradeci com um gesto de cabeça.

- Então – disse Nico – qual é o próximo passo?

Levei o copo aos lábios e dei um gole, quase queimando a ponta da língua. Engoli e assoprei o líquido, tentando esfriá-lo.

- Conhece a Sra. O’Leary? – perguntei.

Ele assentiu.

- Sabe dizer onde ela está?

- Claro que sei – respondeu. – Está no pavilhão do julgamento, ou muito próxima a ele.

- Pode nos levar até lá? – perguntei, tomando mais um gole do café.

- Claro, sem problemas. – disse Nico.

Tomei o resto do café em longos goles e deitei-me entre Charlie e Peter. Nico e Erich estavam de guarda. Em alguns momentos, virei para Charlie, que dormia de boca aberta e peguei no sono, embalada pelo ritmo de sua respiração.

Sonhei que estava em um deserto, e o calor me fazia suar, encharcando minha camiseta. O céu estava azul e sem nuvens, e um sol se apresentava orgulhoso com seu brilho. Então tudo ficou escuro, e o sol tornou-se vermelho. Segundos depois, explodiu em chamas, que se derramaram sobre a Terra, abraçando-a. Tentei me mover, mas meus pés estavam presos ao chão. As chamas alcançavam minha roupa e minha pele, começando a queimar com um calor morno, já que eu tenho herança genética de Poseidon. Assim que o calor tornou-se insuportável, uma voz conhecida ribombou pelo deserto.

- Você tem apenas mais um dia, Stefanie. – disse a voz. – E é isso que acontecerá com o mundo caso você fracasse.

Não conseguia mais respirar por conta das chamas.

- Não falhe- avisou a voz.

Acordei com um sobressalto, encharcada de suor e ofegando.

- Você está bem? – perguntou Erich.

Assenti. Haley acordou.

- Vem, vamos ao banheiro – disse ela, depois de me avaliar por um momento.

- Nico, tem banheiro por aqui? -perguntei.

Ele assentiu e levantou batendo em seu jeans para que a poeira caísse. Dirigiu-se para a porta lateral e entrou, eu e Haley seguíamos em seus calcanhares. Minha mochila fazia barulho a cada passo que eu dava, e fiquei com medo de que isso chamasse a atenção de algum servo de Hades. Chegando ao banheiro, Nico empurrou a porta e fez sinal para que entrássemos.

- Posso usar o chuveiro? – perguntei.

- Fique a vontade – respondeu-me. – Vou ficar na porta, qualquer coisa é só me chamar.

Entrei e vasculhei minha mochila, separando roupas limpas. Haley me estendeu uma toalha. Despi-me e entrei no box, tomando um banho rápido. Enquanto isso, relatei meu sonho a Haley, que ouviu atentamente e resmungou algo que não entendi. Vesti-me e voltamos ao jardim com Nico, onde os garotos ainda dormiam. Prendi meu cabelo em uma trança e fui acordá-los. Já estava na hora de partirmos. Cutuquei Peter, que virou o rosto exibindo uma face marcada pela mochila e metade do cabelo completamente arrepiado.

- Bom dia, Bela Adormecida – disse, com um meio sorriso.

Peter resmungou qualquer coisa e levantou, espreguiçando-se, enquanto aproximei-me de Charlie. Ele estava sonhando com algo que o perturbava, pelo que pude perceber de suas expressões faciais. Agachei-me ao seu lado e apoiei minha mão no chão.

- Não... por favor, não – sussurrou Charlie.

Ele segurou minha mão e a apertou, e senti um choque na mesma hora. Charlie deve ter sentido também, pois acordou sobressaltado.

- Ai – disse ele, segurando a mão e me olhando. – Pegou pesado, hein?

- Mas não fui eu – disse.

- Tudo bem – falou. – Acontece sempre.

Ele puxou uma camiseta limpa de sua mochila e virei-me de costas para que ele pudesse trocá-la. Reuni o pequeno grupo para planejarmos algo antes de deixarmos a segurança provisória dos portões de Hades.

Quando todos, inclusive Erich e Nico estavam em um semicírculo esperando instruções, olhei para o rosto de cada um deles e o memorizei. Zeus sabe quanto tempo mais terei ao seu lado. Engoli em seco, afastando o pensamento, e prossegui.

- Bom, o plano é o seguinte...


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Notas finais do capítulo

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