Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 20
Todos Cuidam de Mim


Notas iniciais do capítulo

dessa vez eu nem demorei, né? *u*
em compensação, o capítulo é minúsculo e-e'
foi mal.
nos vemos nas notas finais? ;)



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- Ah, tudo bem então – disse, desnorteada.

Descemos do ônibus com nossas mochilas e fomos até o outro ônibus. Chequei meu relógio e eram dez horas da noite. Pelos meus cálculos, deveríamos chegar ao Central Park por voltas das cinco horas da madrugada. Abri um pacote de bolachas que eu trazia na mochila e comi enquanto estávamos na fila para entrar no ônibus. Eu separava cada bolacha do recheio, comendo-os separadamente. É muito melhor assim. Charlie reprimiu um sorriso quando me viu fazendo isso. Assim como Peter.

Quando entramos no ônibus, pegamos o último banco, onde ficávamos lado a lado. Fiquei entre Charlie e Peter, que sabiamente estavam quietos. Tombei a cabeça no ombro de Peter, que não hesitou em passar o braço pela minha cintura. Ouvi Charlie bufar. Adormeci antes mesmo de o ônibus sair do lugar.

Sonhei que estava novamente no Mundo Inferior. Dessa vez, apressei-me em olhar para a direita, onde eu vira o pergaminho de Apolo no outro sonho. Vi que um cão infernal preto guardava o pergaminho. Ele tinha uma coleira de identificação com dois ossos de metal cruzados. Seus olhos estavam vidrados, e logo atrás do monstro estava o pergaminho dourado, flutuando com todo o seu esplendor. De algum modo, senti que alguma coisa se aproximava de mim, mas antes que eu conseguisse me virar para ver, recebi uma pancada na cabeça e desmaiei, assim como no primeiro sonho.

Acordei sobressaltada, suando frio. Eu estava com a cabeça deitada no colo de Peter, e as pernas ocupando o resto do banco. Charlie estava ajoelhado, me encarando com as sobrancelhas franzidas. Sua mão estava apoiada em minha testa, como se verificasse minha temperatura. Peter ajeitava meu cabelo teimoso a cada cinco segundos, e Haley vasculhava as mochilas em busca de Néctar.

- O que houve, Stef? – perguntou Charlie, numa voz tão baixa que mal passava de um sussurro. – Pesadelos, novamente?

Assenti, sentindo-me uma criancinha. Fiz bico, tentando reprimir as lágrimas, que por algum motivo que estava fora do alcance da minha compreensão, insistiam em encher meus olhos.

Charlie tocou meus lábios e se aproximou. Eu senti que isso acabaria mal, então virei meu rosto para cima, encarando o rosto preocupado de Peter. Encontrei seus olhos azuis e me fixei neles. Acalmei-me sem ele precisar dizer uma palavra sequer.

- Você acha que consegue nos contar seu sonho, Stef? – perguntou Peter, delicadamente, enquanto ajeitava meu cabelo pela milionésima vez.

Assenti e contei aos três meu sonho, parando somente para tomar um gole do néctar que Haley finalmente havia encontrado. O gosto de morango me acalmou mais ainda, e eu me senti tão bem quanto se estivesse debaixo d’água.

- Então... você encontrou a Sra. O’Leary – disse Charlie.

- Senhora o que? – perguntei.

- Sra. O’Leary é o nome do cão infernal do seu irmão, Percy. Ele herdou a cadela do próprio Dédalo, quando este morreu, alguns verões atrás. Ela estava fazendo uma ronda pelas fronteiras do acampamento alguns dias atrás, quando de repente sumiu – respondeu ele. – Percy sente muito a falta dela, além de se sentir um tanto culpado por ter perdido a cadela que jurou não abandonar.

Ela imaginou como seu irmão estaria. Ele pareceu tão equilibrado no acampamento que ela nem sequer cogitaria a possibilidade de ele estar mal.

- Mas por que ela estaria guardando o pergaminho de Apolo? Por que ela não o traz para nós? – perguntei.

- Como você mesma disse, Stef – Charlie respondeu – ela estava com os olhos vidrados. E isso significa que ela só pode estar sob efeito de algum encanto ou magia.

Estudei a possibilidade e convenci-me de que Charlie estava certo. A cadela do meu irmão não faria isso por vontade própria.

- Acho melhor deixarmos Stefanie dormir – disse Haley. – Ela precisará de todas as energias quando entrar no Mundo Inferior.

Todos assentiram. Havia um banco para duas pessoas vazio bem à frente. Charlie e Haley estava indo para lá quando Peter pediu:

- Charlie, faz um favor pra mim?

Ele virou-se para encarar Peter com uma expressão desgostosa.

- Se estiver ao meu alcance... – respondeu.

- Bom, se você der um passo à frente e se abaixar, certamente estará ao seu alcance – brincou Peter. – É a Stef. Eu não consegui dormir absolutamente nada no caminho para cá com o sono agitado dela. Você pode cuidar dela até chegarmos lá? Preciso dormir também.

Estava escuro o suficiente para eu não ver a expressão de Charlie, mas ele certamente sorriu.

- Claro, cara. Durma um pouco, pode deixar que eu cuido da Stef – respondeu ele, feliz.

Peter delicadamente me colocou sentada e segurou-me, assegurando-se que eu não cairia até Charlie tomar o lugar dele. Logo após, senti que Charlie segurou minha cintura e Peter soltou-me, e eu deitei nas pernas do filho de Hefesto. Não era tão macio quanto um travesseiro, mas certamente era melhor que dormir com a cabeça sobre minha mochila. Suspirei baixo, ajeitando-me no banco. Encolhi as pernas no banco e adormeci novamente, esperando não ser um incômodo para Charlie. Ao contrário do que eu havia pensado, não tive sonhos dessa vez. Acho que os deuses já haviam dito a mim mais do que eu poderia me dar ao luxo de pedir. Acordei com uma freada brusca do ônibus.

- STEF, ACORDA, AGORA! – Charlie berrou.

Dei um pulo, sobressaltada, metamorfoseando meu anel e minha pulseira em tempo recorde. Segurei minhas armas e olhei para a frente, focando o inimigo.

E não era nada do que eu esperava. 


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Notas finais do capítulo

é, ficou muito curto. mas eu achei muito fofinho *-*
mereço reviews?



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