Reticências De Uma Semideusa escrita por Bruna Jackson


Capítulo 13
Chapolin Colorado


Notas iniciais do capítulo

eu sei que vocês querem me matar pela demora, mas meu bloqueio criativo resolveu atacar mais uma vez T-T

espero que gostem desse capítulo, eu amei ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/249247/chapter/13

Tritão estava bem atrás de mim, me olhando mau humorado.

– O que foi? – perguntei.

Ele revirou os olhos.

– Nada, semideusa – ele disse “semideusa” com um certo nojo na voz, como se fosse alguma doença. – Estou aqui contra minha vontade para atender ao pedido do meu pai.

– É, fiquei sabendo – devolvi em um tom ríspido. – Mas fui informada de que Delfim viria me buscar, não você.

– É verdade – Tritão disse. – Mas Delfim teve que cumprir outras ordens e eu tive que ficar com esse trabalhinho.

– Você deve me levar até o Hudson, certo? – perguntei sarcástica.

– Sim – disse-me Tritão. – Mas não me peça mais nada. Vou cumprir o que me foi designado e nada além disso.

– Não é mais do que necessário – respondi.

Ele deu um sorrisinho de escárnio.

– Isso não é tão legal para mim tanto quanto é para você – disse-me.- Então vamos facilitar as coisas ok? Quanto mais rápido acabarmos com isso melhor.

Assenti com a cabeça.

– Vou precisar segurar sua nadadeira?* – perguntei irônica.

– Se você fizer isso serei obrigado a te mandar para a China, garota.

Sorri.

– Isso não seria um problema para uma filha do deus dos mares que tem GPS náutico, certo? - perguntei.

Ele revirou os olhos.

– Certo. Mas eu tenho que levá-la segura até lá então, vamos de uma vez que eu ainda tenho que visitar uma náiade que mora na costa brasileira. – disse-me.

– Hmmmm, e papai sabe disso?

– Sim. E se eu não tivesse contado... bom, ele é um deus, descobriria por si só – respondeu.

No fim das contas eu tive que segurar sua nadadeira. Sua ideia inicial era que fôssemos lado a lado, já que eu podia o acompanhar sem dificuldades, mas como seguimos pelo fundo do oceano, cada coral que passávamos me fascinava e eu parava para ver, enquanto Tritão seguia até o Hudson sem interrupções. Quando eu me via sozinha, eu o chamava e ele tinha que voltar para me buscar. Isso aconteceu cerca de seis vezes, até que ele resolveu segurar minha mão.

Quando chegamos ao Hudson ele parou.

– Pronto, você está no rio Hudson. Subindo essa pequena encosta você estará na cidade. Sua segurança a partir daqui é por sua conta. Boa sorte – disse-me meu meio irmão.

– Obrigada. Viu como não dói ser um pouco gentil de vez em quando? – perguntei.

– Engraçadinha. Vá de uma vez, seu tempo está contado – relembrou-me.

Assenti.

– Obrigada por tudo.

– Por nada Stef - disse-me com educação.

Ele virou as costas e saiu nadando, enquanto eu subia a pequena encosta que me separava da cidade.

Assim que eu pisei na estrada, cambaleei e fui parar no meio da rua. Eu estava um pouco tonta por causa da fome. Sem perceber que estava na estrada, fiquei ali. Até que ouvi uma buzina contínua e um grito.

– CUIDADO GAROTA!

Abri os olhos e virei-me. Um carro vermelho estava vindo em minha direção. Mas a voz não era do motorista, até por que quem dirigia era uma mulher. Era de alguém que passava na calçada.

Levantei-me um pouco zonza e tentei sair da rua, mas tudo o que consegui foi cair de queixo no chão e morder a língua. O carro se aproximava.

– SAIA DAÍ!

A voz gritou comigo de novo. Parecia a voz de Charlie, mas não era ele. Não podia ser. Apoiei uma mão no chão e tentei levantar, mas fraquejei. O carro se aproximava. Do outro lado da rua, carros passavam em fila. Eu seria atropelada de qualquer jeito.

De repente braços fortes me envolveram, passando por trás das minhas costas e dobrando meus joelhos. Fui levantada do chão. Eu não conseguia ver o rosto de quem tinha me salvado, minha visão estava escura. Quem quer que fosse que me carregava deu dois passos em direção à calçada e pulou. Eu esperei a queda, mas não teve queda. Eu estava voando. Arrisquei abrir os olhos. Pontos pretos dançavam em frente ao meu rosto, mas eu estava claramente voando. Olhei para a pessoa que estava me segurando e o ar fugiu de meus pulmões. Um garoto de cabelos loiros curtos e olhos azuis elétricos me analisava com a testa franzida. Ele não era musculoso, mas me segurava com força e não aparentava ter dificuldades quanto a isso. Desviei meu rosto de seu olhar intimidador e olhei para baixo. O sangue fugiu de meu rosto. O garoto me segurava a mais de cinco metros de altura do chão.

– AAAAAH – manifestei-me.

– Calma! – pediu o garoto. – Já vamos descer.

– Como você consegue fazer isso? – perguntei.

– Isso o que? - rebateu.

– Voar, dã. – respondi.

Ele respirou fundo e me mudou de posição no seu abraço, deixando-me em pé e segurando-me com uma mão só. Usou a mão livre para estalar os dedos bem alto.

– Eu não consigo voar. Nós estamos suspensos por um cabo aqui – ele disse.

Por um segundo eu consegui sentir a corda nos envolvendo pela cintura e o cabo de aço nos sustentando. Então olhei atentamente e me dei conta de que ele havia invocado a Névoa. Ele só podia ser um semideus.

– Ei, invocar a Névoa não é justo! – disse.

Ele estava perplexo.

– O que? Mas como você... – respondeu-me.

Eu sorri.

– Eu sou uma semideusa, garoto. Também sei utilizar a Névoa – disse a ele.

Ele sorriu, mostrando o aparelho com borrachas azuis.

– Aleluia encontrei alguém igual a mim – disse-me. – Vou pousar ali na calçada, podemos conversar?

Devolvi o sorriso.

– Claro.

Ele pousou na calçada e colocou-me sentada no banco da calçada. Tirou de dentro do bolso da jaqueta um pedaço de ambrosia muito pequeno e me ofereceu.

– Mas você vai ficar sem! Isso é perigoso para um... como nós – disse.

– Eu sei, mas você precisa mais do que eu. Eu consigo mais outro dia – assegurou-me.

Eu mastiguei o pedaço de ambrosia e me senti muito melhor.

– Eu quase esqueci de perguntar – disse-me ele. – Qual seu nome, semideusa?

– Stefanie. Sou filha de Poseidon – respondi. – E o seu ?

Ele tirou a jaqueta bege e amarrou na cintura.

– Meu nome é Peter – disse-me, estendendo a mão. – Filho de Zeus.

Eu apertei sua mão em cumprimento, enquanto descia o olhar para analisar sua camiseta. Tinha um desenho amarelo na camiseta vermelha, que seria impossível não reconhecer.

Ele usava uma camiseta do Chapolin Colorado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

mereço rewiews?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reticências De Uma Semideusa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.