Bedroom escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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Nami gostava de ficar sozinha às vezes; tudo bem que na maior parte do tempo, os rapazes do bando não permitiam tal luxo, porque faziam tanto barulho que era como se estivessem ali, no quarto, com ela. Mas, naquele momento em particular, os mais barulhentos estavam tirando uma soneca depois do almoço. Chopper estava na enfermaria, Franky enfiado na fábrica. Sanji lavava a louça. E Robin estava na biblioteca.

Os demais dormiam. Incluindo Zoro, é claro, ela imaginava, já que era o hobby favorito do espadachim.

Então a garota aproveitou para dar um tempo para si mesma. Depois de um bom banho, ela foi passar uns cremes para a pele, tratar do cabelo, ainda úmido do banho, com um bom condicionador sem enxágue. Agora que estava com fios longos, deveria redobrar o cuidado para que continuassem tão bonitos quanto antes. Cuidou das unhas das mãos e dos pés, pintou-as cautelosamente com uma cor neutra.

Depois de tudo pronto tratou de colocar um vestido branco leve e olhou-se no espelho, contente com o que via. Depois de secar os cabelos, pulou na cama e abraçou o travesseiro, sentindo o cheiro gostoso que vinha dele.

Abriu os olhos e espiou seu baú de tesouros logo ali ao lado da cama.

Havia bons motivos para que os garotos jamais fossem permitidos no quarto das meninas. Eles poderiam fuçar em coisas que não deviam. Além do mais, suas joias favoritas estavam ali. Claro que ela não achava que eles fossem roubá-la. Eles tinham amor à vida. Mas era instintivo.

Mas, naquele dia, ela estava com vontade de abrir uma exceção. Exceção porque estava com saudades. Dois anos era demais e uma semana perto dele já parecia um martírio sem poder estar perto, buscando ser o mais discreta possível. Pensava Nami que o amor era proibido a bordo, mas também pensava que talvez todos apoiassem a relação. O problema era caso brigassem. Poderia afetar o equilíbrio de todo o bando e isso não era desejável.

Então, nos dois anos, Nami tomou a decisão de interromper aquilo. Morria de saudades, era verdade. Queria tanto vê-lo. Pouco antes de todos serem transportados para ilhas diferentes, Nami já estava com vontade de dizer a ele que o que acontecia entre eles poderia ser um problema para o bando. A separação foi dolorosa, mas talvez tenha sido boa nesse aspecto.

Mas, depois de vê-lo chegando com os outros, não podia evitar. Estava com tanta saudade que doía. Seu corpo ansiava por um abraço.

Levantou-se e abriu uma fresta na porta, espiando o deque gramado do Sunny. Viu Zoro deitado contra a árvore do balanço. Ele dormia. – Ei. – Chamou, mas ele nem se mexeu. – Zoro. Zoro, acorda. – Chamou novamente, mas ele nem deu sinal de vida. Então, voltou para o quarto, pegou um copinho de plástico que havia usado para beber água no dia anterior, debruçou-se no parapeito e atirou na cabeça do espadachim.

Ele acordou assustado, colocando a mão numa das espadas, mas ao ver Nami na porta do quarto, acenando para ele, revirou os olhos. – Isso é jeito de me acordar?

– Vem aqui. – Fez um sinal com os dedos.

Zoro ergueu uma sobrancelha. Olhou em volta, espiando para ver se havia alguém por ali, mas estavam todos em outro canto, ocupados com outra coisa ou com seus sonhos. Levantou-se, bocejando, e caminhou pelo deque. Subiu as escadas e parou diante da porta. – O que você quer?

– Entra.

– Tem certeza?

– Vem logo. – Ela puxou-o para dentro. Zoro cambaleou pelo quarto e parou estável perto de um dos sofás que lá havia. Nami olhou para ver se ninguém via lá, então fechou a porta. Robin não voltaria tão cedo para lá, conhecendo a mulher como conhecia, sabia que ela ficaria por mais muitas horas lendo na biblioteca. Ainda mais com a saudade que estava de seus livros.

Zoro ficou olhando, esperando que ela fizesse algo. Não estava a fim de fazer e tomar um soco na cara.

Nami atirou-se na cama, com os pés na cabeceira, e a barriga para baixo. Zoro observou-a, franzindo as sobrancelhas com suspeita. Ela era sempre difícil demais de interpretar, então o espadachim optava por esperar alguma movimentação antes de agir. Pelo menos às vezes era bom ter cautela.

– Nunca entrei aqui. – Zoro disse, olhando em volta, observando seu reflexo no espelho da penteadeira.

– Pois se considere com sorte. – Ela virou de barriga para cima e esparramou os braços para trás, esticando-se toda. Os cabelos laranja e compridos escorreram pela borda da cama, tocando o chão. – Eu também nunca entrei no quarto dos meninos, mas não sei se quero. Deve ter cheiro de carne, bebida e metal.

– Metal?

– Franky. – Ela riu. – Coitado, é brincadeira.

– O único que devia feder era o Brook, já que tá morto mesmo, mas não.

– Vocês não fedem.

– Menos mal. – Ele coçou a cabeça. Estava deslocado ali, por algum motivo. Não se sentia à vontade para sentar no sofá, muito menos na cama de Nami. Viu o baú dela, com joias vazando pelas bordas. Nem fechado estava. – Por que não compra um baú novo?

– Foi meu primeiro baú, nele eu guardo as minhas coisas favoritas. O restante do tesouro fica lá embaixo.

– Entendi.

– Zoro, senta aqui – ela girou novamente para ficar de barriga para baixo. Ajeitou a franja.

O espadachim olhou-a com suspeita. Ela estava dócil demais, era estranho.

Caminhou pelo quarto e sentou-se no chão, escorando-se na cama. Nami apoiou o queixo nas mãos e sorriu fechado, olhando para ele com doçura. Era bom olhar para ele em silêncio, de vez em quando. Zoro era tão bonito e agradável de se olhar, até quando roncava e babava. Nami gostava de olhá-lo o tempo todo. Gostava até de espancá-lo se isso significava ficar por perto.

– O que você quer? – Ele repetiu, procurando dar ênfase à pergunta. Não gostava de ser feito de idiota.

Nami baixou os olhos, em seguida um pouco a cabeça, sentindo o rosto esquentar; o que diria? Estava com saudades. Queria vê-lo. Queria ficar por perto. Sentir o cheiro que ele tinha, que por sinal, continuava exatamente o mesmo de antes. Mas seria tão clichê e vulnerável da parte dela que não podia aceitar dizer uma coisa dessas.

Ao invés disso, decidiu inverter o jogo (que sequer havia começado).

– Sentiu minha falta?

Zoro corou, depois virou a cara e bufou. – Me chamou aqui pra me encurralar? Dispenso!

– Só queria saber. – Ela tilintou os brincos dele. – Se não sentiu, só falar.

O espadachim não respondeu. Olhou em volta, analisando os objetos. Havia livros na mesinha entre os sofás. Não havia nenhuma roupa espalhada, deviam estar bem guardadas dentro do armário logo ali. A penteadeira era cuidadosamente organizada, com coisas para lá e para cá, talvez para que elas soubessem o que era de quem.

Nami olhou a nuca de Zoro e ficou a pensar mais um pouco. Poderia falar. Nunca havia demonstrado fragilidade para ele. Pelo contrário, sempre foi durona, apesar de carinhosa. Zoro talvez ainda nem soubesse se ela realmente sentia tudo aquilo por ele, ou não. Porém, tanto tempo longe despertou um sentimento diferente na navegadora. A afeição transformou-se e agora ela queria abraçá-lo e dizer que nunca queria ficar longe.

Talvez por ter ficado tanto tempo afastada dele, havia entendido o tamanho da falta que Zoro fazia a ela.

Então, arrastou-se pela cama e passou os braços pelo pescoço do espadachim, abraçando-o. Apoiou o rosto contra o dele e pôs as mãos em seu peito, por dentro da roupa que ele vestia. Zoro não se moveu. Olhou para baixo para ver as mãos bem tratadas de Nami invadindo o tecido verde.

– Você sentiu minha falta. – Ele concluiu.

– Talvez. – Ela virou um pouco o rosto e roçou o nariz no ouvido dele, depois aproximou os lábios dali. – Um pouquinho, vai.

Zoro se arrepiou com o sussurro. Há tanto tempo não a sentia por perto que pareciam anos. Bem... Foram anos. Pareciam mais com décadas.

Ele pôs uma das mãos no pulso dela e acariciou de leve a pele macia. Ela tinha um cheiro tão bom, uma pele tão quente, e sua voz ali perto o deixava desarmado. Assim era até injusto.

O espadachim virou-se no chão, ficando de lado para ela, e Nami recolheu as mãos brevemente, cruzando-as embaixo de si. Zoro olhou-a e suspirou. Ela podia ser mais fácil, menos birrenta, talvez. Podia admitir logo. Ok, talvez ele tivesse a mesma dificuldade que ela, não poderia culpá-la. Estavam os dois no mesmo barco... Sem duplo sentido.

Eles se olharam um breve momento e Nami deu um sorrisinho. Zoro sorriu também.

– Ok. Eu senti sua falta. – Zoro admitiu de uma vez após um instante de silêncio.

Nami tombou de leve a cabeça. Então, esticou-se um tanto e beijou-lhe o rosto, um beijo silencioso e longo, permitindo-a sentir o calor da pele de Zoro contra seus lábios. O espadachim fechou os olhos e mexeu um pouco a cabeça, aconchegando-a.

Ela se afastou e o olhou com as bochechas ligeiramente rosadas e um sorriso no rosto.

Zoro ergueu a sobrancelha.

– Só isso? – Ele bufou.

Nami abriu a boca com indignação e tascou-lhe um tapa no ombro, girando na cama. Zoro riu e massageou o local atingido, embora nem estivesse doendo. A navegadora cruzou os braços, aborrecida, e fez uma carranca. O rapaz pegou-lhe nos cabelos e beijou sua testa. Nami ergueu os olhos castanhos e grandes para ele.

– E você, só tem isso a oferecer?

– Bom, eu não tenho dinheiro pra comprar joias, então...

– Você já me deve uma boa quantia! – Nami sentou-se e se arrastou para sentar junto dele. Zoro olhou-a de baixo. – Nem gaste com isso, economize para me pagar.

– Ainda com essa história? – Zoro suspirou, derrotado. – Nem quero saber quanto os juros acumularam nessa dívida.

Nami sorriu e bagunçou os cabelos dele, agora um tantinho mais compridos.

Iria cobrá-lo para sempre, porque assim Zoro não tinha como fugir. Nunca.



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