A Neverending Farewell escrita por Nekoclair


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Uma fic para vocês, meus amores! Não é yaoi, mas eu amo ela profundamente. Espero que gostem.
Boa leitura.^^



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Hoje chegou uma carta de meu irmão. Desde um tempo depois de sua partida, recebo uma carta todos os meses, sem faltas ou atrasos.

Caminho para o meu quarto, calmamente, enquanto analiso o envelope que chegou pelo correio esta manhã. Meu olhar, um tanto melancólico, está preso ao papel. Graças à minha distração, acabo esbarrando com o italiano que corria apressadamente em direção à cozinha.

– Ah! Desculpe-me, Ludwig. – os seus olhos castanhos claros miram a carta, ao que ele abre um largo e inocente sorriso. – É mais uma carta de seu irmão?

–Ah, é sim... – digo, um tanto constrangido – Você poderia me dar licença, Feliciano?

O italiano volta a correr disparado à cozinha, deixando-me só no corredor silencioso. Depois de um breve e pesado suspiro, volto a caminhar até o quarto, adentrando-o e trancando a porta logo a seguir.

 Sento na cadeira, ligo o abajur e ponho a carta cuidadosamente em cima da escrivaninha. Abro o envelope com delicadeza e cuidado e dele retiro um pequeno papel branco, já levemente desgastado e amassado nas bordas. Começo a ler.

"Oito de dezembro de 1824.

                Meu querido irmão Ludwig. Como vão as coisas por aí? Eu estou bem, por isso peço que não se preocupe. Já faz um ano desde que fui embora de casa, mas não digo que sinto saudades ou coisa assim, quero dizer, eu não estou sozinho, Gilbird está sempre comigo! Bem, minha viagem mundo afora está incrível. Às vezes queria ter você aqui comigo, mas isso seria insensível de minha parte. Não poderei mais te escrever, irmãozinho. Sinto muito. Espero que você compreenda. Por favor, fique bem e cuide direito de todos que lhe são importantes, principalmente daquele italiano que está sempre grudado à sua sombra. Estarei sempre de olho em você. Adeus.

                                                                                                                             De seu incrível irmão,
Gilbert."

Levanto os olhos do papel após algumas leituras. Abro a gaveta da escrivaninha, retiro dela um envelope vazio, ponho dentro dele a carta de Gilbert, fecho o envelope e selo-o. Ergo-me da cadeira e ando em direção à porta de minha casa, encontrando com o japonês no meio do caminho.

– Vai a algum lugar, Ludwig-san?

– Ah... Não... Eu só ia... – fui tomado por nervosismo e constrangimento. Eu não queria que ele visse. Não novamente.

– Estamos em guerra. Não é o senhor é que vive nos falando para não sairmos muito na rua, para que não sejamos atacados de surpresa pelos Aliados, e...  – ele olha para minhas mãos, e, apesar de meus esforços para esconder a carta, ele a vê, deixando a boca entreaberta enquanto faz um breve silêncio. – Oh... Entendo. Mas volte logo, por favor.

– Kiku, obrigado por não contar isto ao Feliciano. – meus olhos passam a encarar o chão, de tão envergonhados. – Eu não sei se teria coragem de encará-lo se ele soubesse...

Ele levanta a mão, pedindo para que eu me cale. Obedeci enquanto fitava a profundidade negra dos seus olhos. Meu peito se apertava com força e eu me sentia um fraco, um inútil.

– Não se preocupe. Eu entendo o que você quer dizer... Afinal, todos nós temos os nossos momentos de fraqueza. – ele diz, antes de caminhar calmamente até o sofá. – Mas não demore, está bem?

Concordo, com um aceno positivo com a cabeça, e vou em direção ao átrio, os passos agora já mais acelerados. Pego um velho casaco pendurado ao lado da porta e escondo a carta, junto a um revólver, em um dos bolsos de dentro.

Eu saio e vou andando pela rua, apressado. Começa a garoar e gradativamente a chuva se torna mais forte. A água está gelada e meu cabelo loiro começa a ficar encharcado e despenteado, o que me desagrada um pouco. A rua se encontra vazia e silenciosa.

Entro em um pequeno estabelecimento de esquina localizado a meio quilômetro da casa onde nós, o Eixo, estamos reunidos para proteção e planejamento de estratégias de guerra. Dirijo-me ao balcão, evitando o olhar piedoso do atendente que já conhece minhas intenções.

– Bom dia, senhor Ludwig. Como vai?

– Tudo bem... – respondo, enquanto puxo a carta do bolso, com cuidado para não disparar a pistola.

– Veio trazer mais uma carta... Entendo. Vou cuidar de entregá-la no dia combinado, como sempre. – o atendente sorri. – Até mês que vem, senhor Ludwig.

– Obrigado... Até.

Saio e volto a caminhar pelas ruas frias e úmidas da cidade, com passos curtos e lentos. Ainda chove levemente, mas menos que agora há pouco. Apesar de as calçadas não estarem totalmente vazias, a atmosfera é reconfortantemente silenciosa. Vou para casa, acompanhado apenas da chuva e das memórias de meu irmão. Minhas expressões são sérias e impassíveis, mas meu peito dói muito por dentro. Ainda bem que chove, pois assim, ao menos, minhas lágrimas não passarão de meras gotas de chuva...


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Notas finais do capítulo

Não sei se deu pra entender direito, então vou dar uma rápida e curta explicação aqui no final.
A carta é antiga, mandado no ano de 1824. A fic acontece durante a segunda WW2. O Ludwig tem, todos os meses, remandado a última carta do irmão, para assim tentar mantê-lo vivo.
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E ai o que acharam? Não é yaoi, mas eu realmente queria escrever sobre a partida do Gil - se bem que isso é um tempão depois -ne.
Mereço reviews? Espero que sim. .-. Aceito elogios, críticas e sugestões.
Até uma próxima! BJJS!! ♥