Ela não se afastou. Alguma coisa dentro dela a fez ficar. Piper queria aquele beijo. Precisava daquilo. Os lábios de Leo encostaram-se aos dela delicadamente, apenas um selinho. Ele ia se afastar, mas Piper o puxou novamente, aprofundando o beijo. Leo colocou a mão em sua nuca, fazendo com que ela estremecesse. Que sensação boa. Ele pediu passagem com a língua, ao passo que ela cedeu. Era a melhor sensação do mundo.

De repente, a sensação de felicidade e prazer foi substituída por uma imagem. Uma imagem não, uma lembrança.

Leo e ela estavam no terraço de um prédio. Era uma noite muito bonita. Dava para ver a cidade dali, após um extenso campo de uma escola. Escola Da Vida Selvagem, sua mente a informou. Valdez estava perto dela. Eles observavam o céu.

– Estou muito animada para ver as estrelas cadentes. – Piper disse.

– Eu também. Não acha que vão pegar a gente? Devíamos estar com os outros estudantes.

– Não! – ela pegou sua mão – Ninguém vai pegar a gente. Para de pensar no pior!

– Tá bom. Por você eu paro. – ele a abraçou por trás.

A filha de Afrodite estava bastante nervosa. A respiração de Leo em sua nuca a fez estremecer. Ela queria ficar ali para sempre. Ele olhou para o relógio.

– Está na hora. – Valdez sussurrou.

Eles olharam para o céu. Era coisa mais bonita do mundo. Estrelas cadentes cruzavam o céu. Várias rasgavam o céu noturno com seu brilho radiante. Um espetáculo.

– Faça um pedido. – Piper disse.

– Só tem uma coisa que eu poderia pedir nesse momento.

– O que?

Ele pegou sua mão e a girou como se estivessem dançando. Puxou-a mais para perto.

– Que você fosse minha essa noite.

Ela sorriu e passou as mãos por seu pescoço.

– Todas as noites que você quiser.

Leo sorriu e acabou com a única distância que havia entre eles. Sob a luz das estrelas, ela era dele. E ele era dela.

Piper se afastou de uma vez, ofegando. Ela caiu de uma vez no chão duro à beira do lago. O que havia acontecido? Aquela cena...ela já havia visto. Noite passada, para ser mais exata. Ela sonhou com a chuva de estrelas cadentes, os dois no terraço, o beijo...Será que aquilo era real?

– Pipes? O que foi? – Leo perguntou preocupado.

Ele estava com aquela ruga fofinha de preocupação. Seus cabelos estavam bagunçados e seus lábios estavam vermelhos. Há quanto tempo eles estavam se beijando? Ela sorriu, o que pareceu deixá-lo mais nervoso.

– O que aconteceu? Me fala. Eu fiz alguma coisa de errado?

– Não! Claro que não! – ela se aproximou e colocou sua mão sobre a dele.

– Então o que aconteceu? A gente tava tão bem e...

– É, estávamos muito bem.

Leo riu e corou um pouco.

– Tá, se eu não fiz nada de errado, se nós estávamos bem, então porque você se afastou dessa maneira?

– Dois motivos: primeiro – ela levantou o dedo – eu estava precisando de ar!

Valdez não pode se segurou e começou a rir. Piper também riu.

– E o segundo motivo?

– É que...eu me lembrei.

O filho de Hefesto ficou automaticamente sério. Ele a olhou tão profundamente que não foi possível desviar os olhos, que era o que ela queria.

– Como assim, Piper?

– Sabe aquele flash que eu te contei, que você achava que havia sido o Jason? Aquele em que eu estava no terraço, quando ouve uma chuva de estrelas cadentes?

Ele apenas assentiu.

– Pois é. Enquanto você me beijava, eu vi a cena novamente, só que dessa vez eu vi inteira. Era você lá, Leo. Não era o Jason. Nós vimos a chuva de estrelas e, sabe, nos beijamos.

– Então quer dizer que nós tínhamos algo antes de Hera modificar nossas memórias?

Ela deu de ombros.

– É o que parece.

Leo se levantou subitamente, seus olhos transmitindo uma fúria indescritível.

– Eu vou estrangular aquela deusa com um véu de casamento!

Piper se levantou rapidamente e segurou seu braço com força.

– NÃO! Você não vai fazer nada disso!

– Mas olha o que ela fez com a gente! Ela te fez sofrer por aquele filho de Júpiter e me fez ficar sozinho por não sei quanto tempo. Quero dizer, eu estava com a Hazel, mas isso não diminui a minha raiva! Nós dois sofremos demais enquanto poderíamos ter sido felizes juntos! Agora ela tem que pagar!

– Para de falar esse tipo de coisa! Hera pode estar nesse mesmo instante, sabia?!

– QUE ELA ESCUTE ENTÃO! – ele gritou para o céu. – Não tenta me impedir. Eu vou fazer ela pagar.

Leo puxou o braço e saiu andando com passos largos. Piper ficou nervosa. E se ele fizesse besteira? Talvez ficassem separados para sempre! O pensamento a fez entrar em pânico. Sem nem pensar, ela saiu correndo na direção dele. O alcançou rapidamente. Pulou em suas costas e o derrubou no chão, como a única maneira que ela tinha de o impedir de andar.

– PIPER, SAI DE CIMA DE MIM!

– NÃO ENQUANTO VOCÊ NÃO PARAR COM ESSA BESTEIRA!

– NÃO É BESTEIRA! SAI DAQUI!

Ela o fez se virar e prendeu suas mãos no chão, de modo que ele não podia fugir facilmente.

– Olha aqui, você não vai fazer isso, senhor Leonardo Valdez! Já pensou no que pode acontecer? Por mais que você produza fogo com as mãos e isso te dê alguma vantagem, ela é uma deusa! Você não vai ter a mínima chance. Já pensou que ela pode nos separar novamente? É isso que você quer? – era chantagem, mas a única coisa na qual Piper pensou no momento.

– Não, Pipes! É claro que eu não quero que ela separe a gente!

– Então para de falar besteira. Você não vai ao Olimpo, nem nada disso. Eu vou sair de cima e você não vai sair correndo ou algo do tipo. Me entendeu?

Ele assentiu.

– Já vi que será uma namorada mandona, Rainha da Beleza.

Piper ficou meio sem jeito. Namorada? Leo se aproveitou do momento de descuido da garota e a empurrou para o chão, de modo que ele ficasse encima dela.

– Agora você está em desvantagem!

– Ei! Sai de cima de mim!

– Não. A gente tem que definir.

– Definir o que, seu idiota?

– Obrigada pelo elogio. – ele mordiscou a orelha dela – Temos que definir com o que fazer, sabe, com a gente. Não podemos ignorar o que aconteceu hoje.

– Eu não quero ignorar.

– Que bom, porque eu também não quero. Tudo o que eu quero fazer agora é ficar ao seu lado. Tudo bem, agora eu estou encima de você, mas isso é só detalhe.

Piper riu. Como ela podia gostar daquele bobo? O bobo mais maravilhoso do mundo.

– É, só detalhe mesmo. Também quero ficar ao seu lado. É só o que eu quero.

Ele beijou de leve seus lábios. Era doce. Singelo. Especial.

– Então vamos dar uma chance para nós dois? – ela perguntou.

– Sempre. Mas...que tal fazemos isso ser mais divertido?

Piper franziu a testa.

– Como assim?

– Sabe...namorar escondido.

Mesmo estando deitada no chão e com um garoto encima dela, Piper colocou as mãos na cintura.

– Leo Valdez, não vai me dizer que você está com vergonha!

– NÃO! – ele gritou – Claro que não, Pipes. É só que eu queria fazer uma coisa divertida, sabe? Ter aquela emoção e tal. Mas se você não quiser, eu vou entender. Tudo o que eu quero é estar com você e te fazer feliz.

Ela pensou por um momento. Bem no fundo, alguma coisa a dizia para aceitar. Parecia mesmo bem emocionante. Quem sabe não seria legal?

– Humm...tá bom! Eu aceito! Só não sei se alguém já nos viu, sabe? Estamos nos beijando, rolando e pulando no meio do lago faz bem uma meia hora.

Leo olhou em volta.

– Não há ninguém aqui. Você é toda minha.

– E você é todo meu.

Eles se beijaram novamente.

~Meia hora depois~

– Leo, já acabamos. Quíron disse que o serviço acabava às 17 horas.

– Ainda bem! Cansei de pintar canoas pelo resto da minha vida!

Ele deixou o pincel de lado.

– Não pode ser pelo resto da sua vida, porque nós só pintamos nove das trinta e quatro. Temos muito trabalho pela frente.

– Eu só quero tomar um banho e dormir!

– Então acho que vou comer seu pedaço de pizza... – ela o estava provocando.

– COMIDA! – ele se levantou rapidamente.

– Seu esfomeado. – Piper riu e se levantou também.

Eles caminharam até o pavilhão do refeitório. Antes de se separarem, ele sussurrou para ela.

– Se lembre, é um namoro escondido, viu?

– Não sou eu que vivo gritando pelo Acampamento, ok Valdez?

– Touché.

Ela riu e foi para fila de campistas. Piper se serviu de pizza vegetariana. Fez sua oferenda e foi se sentar.

– Suco de laranja, por favor. – ela pediu ao seu copo. Sim, ela dizia ”por favor” para o copo.

Durante o jantar Piper não pode se segurar. A cada cinco minutos ela olhava para a mesa do chalé de Hefesto. Quando ela o fazia, Leo estava olhando também. Ele sorria e voltava sua atenção para a comida, mas daqui a pouco a olhava novamente. É, aquilo seria bem divertido.

A fogueira foi bem legal. Eles cantaram músicas de Acampamento. O fogo estava bem alto e brilhante hoje, maior que o normal. Piper tinha a impressão de que a sua felicidade era o motivo disso. E a felicidade de Leo também, quem sabe.

Ela resolveu ir embora mais cedo. Estava cansada do dia cheio de trabalho e emoções. Despediu-se de suas irmãs e foi. A noite estava clara, a Lua brilhando bem alto no céu. Os chalés ficavam tão bonitos iluminados pela luz da Lua, cada um com seu jeito único, assim como cada campista que morava naquele Acampamento. Estava abrindo a porta de seu chalé quando alguém a puxou para o lado e colocou-a contra a parede.

– Sério, você precisa parar de me assustar assim! Como chegou aqui e eu não te vi? – ela sussurrou.

– Você é desatenta.

– Eu estava pensando. Não prestei atenção. Afinal, o que está fazendo aqui?

– Vim te desejar boa noite, já que você saiu mais cedo.

– Ah. Boa noite, Garoto de Reparos.

Ele começou beijando seus lábios, depois desceu para seu pescoço. “Esse garoto vai me levar à loucura” Piper pensou.

– Boa noite, Rainha da Beleza. – ele sussurrou.