Você Se Lembra? escrita por Samantha Grace


Capítulo 13
Você me perdoa por fazer tudo errado às vezes?


Notas iniciais do capítulo

Genteeee, desculpa ter demorado! Nem me toquei que passei 5 dias sem postar!Foi um recorde.Dedico esse capítulo a Giu Grecco Horan e a Annie DiAngelo, pelas lindas recomendações*-*



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Assim que ele gritou, Piper desembainhou a adaga de seu cinto e se virou. Onde antes estavam a criança e a velha agora tinham duas criaturas horrendas. Da cintura para cima eram vagamente humanos. A mais alta Piper pode reconhecer que era a velha. Tinha alguns cabelos brancos ralos em seu couro cabeludo. Os olhos tinham mudado de cor. Eram perturbadores. Da cintura para baixo, ela tinha duas pernas que pareciam o corpo de cobras. Aquela era uma das criaturas mais feias e nojentas que Piper já havia visto. O mesmo havia ocorrido com a criança, só que ela tinha cabelos negros longos.

- Abaixe esssssa coisa, semideusa. Não vamossss brigar. Entreguem-sssse de uma vez.

- Vovó – a pequena puxou a manga da blusa de sua avó – Podemosss matá-losss logo? Estou com fome. E desssa vez será que eu possssso...

- Nem pensssse nissssso! Da última vez, você quase ossss deixou essscapar. Eu vou fazer tudo desssa vez. Apenassss asssssista.

- Massss...

- Não me contradiga!

Enquanto as duas criaturas discutiam, Piper olhou para Leo pelo canto do olho. Eles entraram em um acordo silencioso. Precisavam agir naquele instante, e já tinham uma ideia do que iam fazer.

Antes que os monstros pudessem voltar sua atenção para eles, a garota se jogou para cima da dacraneae mais velha. Tentou golpear tudo o que via. O monstro gritava e tentava jogá-la para longe. Piper fez um grande corte em seu rosto, mas isso tirou seu apoio. Foi jogada contra uma coluna de mármore. O gosto de sangue invadiu sua boca.

- PIPES! – Leo se levantou de onde estava, escondido atrás de uma planta grande.

- FIQUE ONDE ESTÁ!

Mas já era tarde demais. A velha avançou para cima de seu amigo. A possibilidade de Leo estar em perigo fez uma descarga de adrenalina passar pelo corpo de Piper. Ela se levantou e jogou-se nas costas da agressora. Foi lançada para longe novamente, mas dessa vez caiu agachada. Tirou a franja dos olhos.

- Protegendo o namoradinho, semideusa? Tudo bem, podemossss cuidar dele depoissss. Venha, você será um ótimo lanche.

O mais certo e lógico teria sido correr para longe e tentar distraí-la até Valdez arranjar alguma solução para tirá-los dali. Mas ela já estava cansada de fugir, sempre se escondendo no escuro. Em vez disso, correu diretamente para aquele demônio. Já havia virado uma questão pessoal. Ela tinha de matá-la.

Piper usou toda a sua força. Golpeava o monstro de todas as formas possíveis, mas aquela coisa era mais forte que parecia. Desviava e tentava agarrá-la a todo momento. A filha de Afrodite não gostava da sensação de ter aquilo perto de si. Era mais horrenda ainda de perto. Tinha olhos parecidos com de gato, seus dentes afiados que poderiam estraçalhá-la facilmente. Em um momento de desleixo, Piper cortou a mão da dracaneae.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – ela segurou o pulso, que agora estava cheio de pó do que um dia havia sido sua mão.  – VOCÊ ME PAGA, SEMIDEUSA! VOU PARTIR VOCÊ EM MILHARES DE PEDACINHOS, COM MUITO PRAZER.

A garota foi imprensada contra a parede. Tentou livrar-se, mas o monstro a segurava com muita força. “É o fim”, ela pensou.

- AH, NÃO VAI MESMO! NÃO VAI MACHUCAR MINHA AMIGA!

- Leo... – ela murmurou.

Valdez subiu em um banco próximo. Ele segurava alguma coisa nas mãos.

- O que vai fazer contra mim, garoto? Jogar pedrinhas?! – a velha riu secamente, olhando para o que ele segurava.

- TALVEZ! PIPER, CORRA!

Ela conseguiu se soltar e saiu em disparada. Leo lançou o que segurava no monstro. Um gás amarelo explodiu. Piper caiu no chão, colocou a cabeça entre as mãos. Ela ouviu um chiado e um grito alto. Parecia algo se desfazendo. Após alguns momentos, a garota finalmente conseguiu olhar.

Onde estava a criatura antes agora estava uma poça de um líquido verde gosmento. Era nojento. O ar cheirava a pólvora e algo a mais que ela não conseguiu identificar. Leo se aproximou correndo, abraçando-a bem forte.

- Você está bem? – ele disse, a voz abafada por estar com o rosto no ombro dela.

- Estou. O que foi aquilo?

- Uma bombinha que eu construí. Mas isso não importa agora. O que importa é que você está bem.

- E você? Tudo bem? – ela disse, inspecionando seu rosto para ver se havia alguma marca.

- Tudo bem.

- Leo, e aquela criança? Digo, o monstro com a velha?

Eles olharam em volta. Estavam sozinhos. Nenhum segurança, nenhum consumidor, ninguém. Apenas os dois. Incrível não terem causado um tumulto. A Névoa devia ser bem forte ali.

- Acho que fugiu. Não era dos monstros mais corajosos que eu já vi.

- Cala a boca, ela ainda pode estar aqui. – Piper pegou a mão dele – Vamos, temos de voltar para o Acampamento o mais rápido possível.

Ele não discutiu. Piper e Leo saíram correndo. Atravessaram as portas automáticas do shopping e foram direto para o terreno baldio. O Pégasus estava lá, relinchando para a grama. Talvez reclamasse que os torrões de açúcar tinham um gosto melhor. Valdez montou no cavalo alado e ajudou Pipes. Tinham de sair dali rápido.

- Para o Acampamento. AGORA!

O garanhão não discutiu. Alçou voo com uma grande velocidade. Piper estava agarrada a cintura de Leo. Ela não tremia. Ele acariciava sua mão. O toque dele era muito bom. Mesmo que não quisesse admitir, aquilo a acalmava. Era como se aquela simples ação a trouxesse de novo para a Terra, que a mentisse com os pés no chão. Sua mão na dele. Seus dedos nos dele.

Logo chegaram ao refúgio dos semideuses novamente. Era perto do fim de tarde, provavelmente os outros ainda estavam em suas atividades regulares. Talvez não os vissem. Tomara que não. O Pégasus entrou silenciosamente no estábulo, chamando o mínimo de atenção que um cavalo alado pode chamar.

- Muito bem, amigão. – Leo acariciou o dorso do animal – Você foi ótimo. Obrigado. Prometo que vou recompensá-lo com torrões de açúcar extras. Quem sabe umas cenouras?

O garanhão relinchou baixinho em concordância.

- Ufa, ainda bem. – Piper sussurrou – De volta para casa. Será que Quíron nos viu?

Leo abriu a boca, mas não foi a voz dele que foi ouvida.

- Ah, eu vi sim! – Quíron apareceu nas portas do estábulo.

Ele estava visivelmente zangado. Seu rosto estava contorcido em uma careta de reprovação, os braços cruzados sobre o peito. Piper realmente não estava planejando aquilo.

- Quíron, nós...

- Meu poupe de suas desculpas, Valdez. Eu notei que vocês haviam desaparecido quando vi que havia um Pégasus faltando para a aula de equitação. Will ficou sem cavalo hoje, sabiam?

Os dois abaixaram a cabeça, envergonhados.

- Qual nosso castigo? – ele murmurou baixo.

O centauro suspirou.

- Agora que o campeonato de canoagem acabou, as canoas precisam de uma pintura. Estão descascando e horrorosas. Estava procurando por alguém para me ajudar a pintá-las, mas não precisarei mais disso. Vocês dois farão o trabalho.

- Quantas canoas? – Leo perguntou.

- 34.

- 34?! Vai levar uma eternidade!

- Não reclame disso, Valdez! Estou sendo muito bom, é um castigo leve. Deixarei dessa vez passar, pois o certo seria contar ao Sr. D e ele decidira a melhor punição. Mas como essa é a primeira transgressão de vocês, eu mesmo decidi o castigo. E vocês irão cumpri-lo.

- Mas...

- Sem “mas”. Começam amanhã de manhã. Passem na Casa Grande para pegarem os materiais que precisam.

Ele virou de costas e saiu sem dizer mais nada. 34 canoas. Amanhã de manhã. Belo final para uma ida ao cinema.

- MAS QUE DROGA! – Leo chutou uma pilha de feno.

- Se acalme! Não é nada demais. Nós demos conta de dois monstros hoje, canoas não serão nada demais.

- Como você pode ser tão legal?! – ele a segurou pelos ombros – Esse era para ser o dia perfeito, Pipes. Eu estraguei tudo e agora vamos ser pintores!

- Você não estragou nada. Não foi culpa sua aquelas duas coisas terem aparecido. E o dia foi maravilhoso. Não acha que eu gostei dos doces? Não acha que foi legal ver você ficando todo molhado de refrigerante dentro do cinema?

- Essa última parte não foi legal. – ele cruzou os braços para parecer emburrado, mas não conseguiu segurar o riso.

- Esse é o Leo que eu conheço. Sempre com um sorriso no rosto. – ela sorriu – Até mais, Valdez.

Piper ia embora, mas ele a segurou pelo pulso.

- Você me perdoa? Por fazer tudo errado às vezes? – Leo sussurrou em seu ouvido, fazendo-a estremecer.

A filha de Afrodite se virou e olhou-o nos olhos.

- Não há nada a ser perdoado. Você é o melhor. – ela deu um beijo em sua bochecha e irrompeu para fora dos estábulos.


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Notas finais do capítulo

Quíron do mal! Obrigada pelas reviews que vocês mandam, me impulsionam a continuar com o romance da Rainha da Beleza e do Garoto de Reparos *-*



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