Piper observava Frank e Hazel de longe. Ela não era uma filha de Afrodite “exemplar” digamos assim, mas sentia quando algo desse tipo estava para acontecer. Ela ficou tão feliz quando os viu reatando o namoro que deu pulinhos no mesmo lugar, coisa que não era típica dela fazer.

– Que felicidade toda é essa?

– Ah, é a vida. É linda, não acha?

– Nossa, Rainha da Beleza. Está agindo como a Drew quando vê algum casal novo junto ou quando compra maquiagem nova. Se continuar nesse passo, daqui a pouco estará trocando roupas com ela e fazendo as unhas enquanto lê uma daquelas matérias em uma daquelas revistas adolescentes.

– Deuses Leo. Vira essa boca pra lá. – ela deu um soco de leve no braço dele.

– Só estou falando o que acho. Sabe que sou direto com essas coisas. – ele sorriu – Enfim, voltando à pergunta inicial. Por que estava dando esses pulinhos aí?

– É que... – ela apontou para o casal que estava andando de mãos dadas, mas se arrependeu profundamente depois disso.

Mais que estúpida você é, Piper.

Ela sabia que Leo ainda não havia superado o lance com a Hazel, que gostava muito dela. Por que não havia se lembrado disso?

O amigo seguiu seu olhar e rapidamente seu sorriso se desfez. Os olhos castanhos do filho de Hefesto expressavam uma tristeza muito grande. Seu coração estava quebrado em pedaços e ele ainda não havia juntado todos eles. O que Piper havia acabado de fazer era basicamente enfiar mais fundo a faca e piorar suas feridas.

– Leo, me desculpa. Eu...

– Não Piper, não precisa se desculpar. Você não fez nada. Agora, eu preciso ir.

– Mas...

Ela não pode terminar a frase, ele já havia virado e estava a alguns passos de distância. Pensou em ir atrás dele, mas para que? Para falar besteiras e pisar na bola novamente? Ela poderia ir até Frank e perguntar o que ele faria, mas não queria estragar sua felicidade recém-conquistada. Ela não tinha ninguém para quem correr naquele momento.

Mas que beleza, hein? Quem manda você não ter amigos, Mclean. Agora vai ficar completamente sozinha, bem feito para você!

Essa vozinha insistia em falar em sua cabeça, tentar colocá-la para baixo. Mas durante esses últimos meses, ela havia desenvolvido uma resistência. Colocava uma espécie de “muro” para bloquear isso, essa sensação de não ser boa o suficiente. Normalmente funcionava.

Hoje ela estava cansada e triste, não podendo fazer mais nada a não ser concordar com o que a voz tinha dito.

– Vou ficar sozinha...

Piper começou a caminhar para refletir sobre o que deveria fazer para se distrair. Arco e flecha? Não. Canoagem? Não estava afim. Esgrima? Poderia até ser, mas ela havia deixado Katoptris no chalé. Não estava com vontade de ir pegá-la. Então ela apenas caminhou.

O dia estava ensolarado, mas com o clima agradável como sempre. Quíron nunca permitia que se que uma gota de chuva entrasse no Acampamento. Era outono e o chão da floresta estava repleto de folhas amareladas pelo chão. Espere. Floresta? Piper olhou para os lados e viu que estava entre muitas árvores, perto de um riacho. Como havia parado ali? Não se tocou que havia caminhado tanto. Ela estava sozinha e sem nenhuma arma. Meus deuses, e se algum monstro aparecesse? A garota resolveu voltar na mesma hora, já devia estar perto do jantar e estava escurecendo. Começou a caminhar e percebeu que não havia andado tanto quanto pensava. Estava apenas exagerando. Já podia ver a Casa Grande ao longe.

– Ufa, pensei que...

Sua fala foi interrompida por algo tapando sua boca e a arrastando para longe. Ela começou a gritar da maneira que podia e a se espernear para tentar se libertar. Quando conseguiu soltar um braço, algo bateu em sua cabeça. A última coisa que viu foram as primeiras estrelas que começavam a aparecer no céu. Depois disso, ela não se lembrou de mais nada.