“Aquela matéria desencadeou um grande ataque de gritos de surpresa na escola. Não só a Garota Invisível tinha voltado com tudo, mas ela mudara seu assunto principal. Ela passou daqueles que todos falavam, para aqueles que nunca ninguém ouvira falar, e por isso era tão interessante"

"Claro, era um plano criado por mim"

"Dorcas? Como você entrou aqui?"

"Eu tenho meus contatos"

"E onde está James?"

"Moldando o barro. Soltando a trança. Fazendo número dois. No troninho..."

"Ok, já entendi"

-Eu não acredito!

-Olha!

-Que legal, como ela consegue fazer isso?

-Aquela desgraçada...

Comentários de todo o tipo envolviam a escola naquela manhã. E eles pareciam aumentar de volume quando eu passava. Grande parte dos alunos achou interessante a minha matéria, e aceitou o pedido de desculpas. Mas, como sempre, havia aqueles que nunca parariam de me detestar.

Marlene McKinnon era um deles.

Aparentemente, ela não gostou que eu mudei o assunto principal, que eram os populares, e começar a falar sobre uma coisa, com suas palavras, absolutamente sem nexo e irrelevante para a sociedade.

-Ela não sabe de nada – disse Dorcas – Ela só quer aparecer.

"GENTE, OLHA EU AÍ!"

"Dorcas"

"Quê?"

"Menos. Bem menos"

Com relação a James e Sirius, bem, eu não fazia ideia. Não vi nenhum dos dois até o terceiro período, e grande parte das aulas eles fazem comigo. Imagino qual seria o motivo do atraso.

-Hey, Evans! - gritou alguém do outro lado do corredor. Era uma garota que eu conhecia de passagem, e que se voltara contra mim quando todos descobriram a história da Garota Invisível. Ela levantou um exemplar do jornal – Bela matéria.

Vários alunos ficaram me observando depois disso. Eu havia feito tudo para não chamar a atenção. Roupas básicas, all star e cabelo solto, com uma fraja que não deixa ninguém ver nada (como diz Dorcas). Mas não parecia estar adiantando, pois eu atraia olhares curiosos onde quer que eu fosse.

-Me ajuda a cavar um buraco no chão? - pedi a Remus, enquanto sentávamos no fundo da sala de Geometria – Eu quero enfiar a minha cabeça em um.

Ele deu um sorrisinho, e voltou a copiar o meu dever. Olhei para a porta no exato momento em que James Potter entrou.

"Ele olhou bem fundo nos meus olhos, ajoelhou-se, e com um suspiro coletivo de todas as garotas da sala, ele me pediu em casamento... Alguém acionou uma lavanca tecnológica, e pétalas de rosas vermelhas choveram sobre os alunos..."

"Dorcas. Eu vou te atirar pela janela"

"Mas isso poderia ter acontecido!"

"Você nem estava lá!"

Ele me lançou um olhar, e deu um sorisso triste. Vi que junto com seus livros, ele carregava o jornal da escola. Sirius entrou atŕas dele, e sem disfarçar, mostrou o polegar para mim, sorrindo.

-O que tem entre você e Sirius Black? - perguntou Remus. Dei de ombros.

-Ele me ajudou com uma coisa. Com um conflito interno.

"Um conflito interno que Dorcas criara, para falar a verdade"

"Hey, nem vem! Se não fosse por mim, você nunca sairia daquela"

"Ai, tô brincando, sua fofa"

"É melho que esteja mes... Ai, Lily! Sai de cima de mim! Não, cócegas não! AHHH!"

Meu celular tremeu e eu dei graças á todos os deuses existentes que ele estava no mudo. Se não estivesse, provavelmente eu teria que lavar o fuca do professor com a língua. Abri a mensagem, de um número desconhecido:

"tmsq cv – J"

Franzi a testa para a tela do celular, o escondendo em baixo da classe. Mostrei para Remus, mas ele não reconhecera o número, e também não fazia ideia do que significava. Provavelmente era engano, mas para prevenir, mostrei para Dorcas no intervalo.

-É óbvio – disse ela – "Temos que conversar". E James mandou isso.

-Como é que você tradiziu isso? - perguntei surpresa.

-Em que mundo você vive? - ela riu – Todo mundo fala assim.

"Só os aliens como você", pensei, mas não quis pronunciar, com medo de levar um soco.

Meu celular tocou novamente, e eu e Dorcas grudamos as cabeças para ler a mensagem.

"Depois da aula, no campo – J"

-Lily – começou Dorcas – Ele te ama – encarei ela, meio rindo – É sério, olha o jeito que ele escreve!

-É um celular, Dorc's. Só tem um jeito de escrever – respondi. Ela deu de ombros e se virou para ir para o refeitório. Fechei a porta do meu armário e me virei.

Dando de cara com Marlene McKinnon.

Livros voaram pelo corredor, e bolinhas coloridas que eram meus bottons se espalharam pelo chão quando caímos uma em cima da outra. Marlene ficou por baixo, e ela me olhava com ódio. Várias pessoas riam. Eu ia me levantar, mas ela segurou meu braço e sussurrou em meu ouvido:

-Isso não vai ficar assim, Garota Invisível. Se você acha que pode fazer idiotas subirem de nível, tudo bem. Mas vai ter volta.

Olhei para ela, sorrindo.

-E você acha que eu tenho medo de você?

Levantei-me, recolhi minhas coisas e fui para o refeitório, sem olhar para trás.

"Não entendi"

"Nossa, Dorcas Meadowes não entende alguma coisa. Que novidade..."

"To boiando"

"McKinnon estava com raiva porque achava que, com minha ajuda, todos da escola acabariam com a mesma classe social. Todos virariam populares, ou melhor, não haveriam mais populares. E isso era o fim da picada"

"Ah... Mas por que picada? Estava acontecendo uma infestação de mosquitos, por acaso?"

-Lily?

Me virei e deparei com Mackenzie Fanny, uma das garotas da minha matéria. Ela tinha um incrível talento com música, e eu decobri (bem, Dorcas descobriu) isso no seu blog.

-Posso me sentar?

-Claro! - respondi, sorrindo – Junte-se á mesa dos brinquedos quebrados.

-Olha, eu queria dizer que eu achei muito legal você ter escrito aquela matéria – ela olhava para a sua bandeja enquanto falava – E acho que você está absolutamente certa nos quesitos de popularidade – ela olhou em volta para se certificar que não tinha ninguém olhando – E depois que você escreveu sobre minhas músicas, muitas pessoas que eu nunca tinha visto na vida vieram falar comigo, como se fossem meus melhores amigos.

Eu ri.

-Não se preocupe, eles são assim – falei – Sempre se metendo na vida dos outros.

Mackenzie Fanny era uma pessoa incrível. Ficamos conversando o resto do almoço (o que deixou Dorcas com um pouco de ciúmes) e descobrimos que temos muita coisa em comum.

Conforme o dia ia passando, eu ia ficando cada vez mais nervosa. A hora do meu encontro com James estava chegando, e eu não sabia exatamente o que ele queria. Me xingar? Pedir desculpas? Não, pedir desculpas que não é. Eu que devia fazer isso, não? Mas eu já o fiz. Então... PÁRA AGORA SE NÃO DÁ CONFUSÃO!

O sinal de final da aula bateu, e todos os alunos saíram correndo como se eles fossem batatas rolando a ladeira, ou javalis fugindo de uma onda gigante de Ki-suco.

A escola estava praticamente vazia, e eu passei no banheiro antes de seguir para o campo de futebol, para prevenir qualquer feijão no dente ou cabelo fora do lugar. Fui pegar o celular no bolso traseiro do jeans, e percebi que ele não estava lá.

"Eu entrei em desespero. Meu precioso havia sumido! Tentei me lebrar de onde ele pudesse ter caído, mas a única resposta que me veio á mente foi improvavel demais para acreditar.

Mas as tragédias não paravam por aí.

Quando fui sair do banheiro, a porta não abria. E aí eu tive certeza. Tinha alguém tentando me ferrar. E eu já sabia muito bem quem era.

McKinnon."