Eu estava cansada e com pouco Chakra. Consegui descobrir qual veneno havia no corpo de Hiroku mas ainda não sabia a origem daquilo. Lembro-me de retirar o mesmo veneno do corpo do irmão de Gaara, Kankuro. O veneno havia vindo de um dos membros da Akatsuki que eu mesma me certifiquei de aniquilar. Como esse mesmo veneno estava agora em Hiroku eu não sabia. Ensinei Ino a lidar com o  veneno e como amenizar os efeitos dele, eu havia tentado mostrar como se faz para tirar o veneno do corpo de alguém mas Ino não conseguiu concentrar Chakra suficiente para manipular o antídoto por dentro do corpo de Hiroku, eu teria que fazer aquilo e isso levaria umas três longas sessões de cura. Eu já havia passado por uma sessão e estava completamente esgotada, pedi desculpas para Hiroku que já havia acordado bem melhor do que antes e me retirei do quarto deixando Ino ali, cuidando dele.

Eu deveria ter ido direto para o hotel onde estávamos mas não ia conseguir descansar naquela espelunca quente, o tempo nos campos perto da cidade estava maravilhosamente delicioso e eu não poderia desperdiçá-lo. Certifiquei-me de que houvesse sempre alguém do grupo perto de minha localização e me senti tranqüila ao saber que Kakashi-sensei e Hyuuga Neji estavam me protegendo a apenas alguns metros do lugar onde me sentei para repor minhas forças. Senti o vento fresco acariciar meu rosto e balançar meu cabelo rosado e logo adormeci. O que veio a seguir pode ter sido um sonho ou uma ilusão...

Estava escuro, naquele mesmo campo em que adormeci, e eu via uma silhueta em minha frente, uma silhueta estranhamente conhecida. Percebi quem poderia ser pelo andar e pelo jeito que seu cabelo se mexia com o vento apesar de estar um pouco mais longo que o normal, se mexia. A luz da lua brilhou na marca de seu clã e os olhos vermelhos me olhavam com ternura. Corri e o abracei.

Ele me abraçou forte e eu podia senti-lo sorrir, fui automaticamente para sua boca e o beijei em meio as lágrimas. Sasuke-kun estava agora retribuindo meu beijo e me abraçando forte como se estivesse com medo de me perder. Seu peso começou a cair sobre mim e ele saiu do beijo devagar se desculpando com uma voz diferente, mas ainda familiar. O sentei no chão, segurei seu rosto entre minhas mãos  e tive a maior surpresa de minha vida.

Não era o Uchiha que eu sonhava toda noite que estava em minhas mãos agora, era outro, o Uchiha mais velho, Uchiha Itachi.

Tentei acordar, de qualquer jeito eu queria acordar, não sabia o que estava acontecendo apenas me deitei no chão quando o senti vir em cima de mim segurando meus pulsos. Ele não parecia bem, estava morrendo. Seu olhar estava forte no meu e havia um sorriso fraco em seus belos lábios.

- Meu irmãozinho tem muita sorte – Ele parou e respirou fundo, estava com dificuldades para falar – Preciso de você Sakura, pode me ouvir por apenas um minuto?

Assenti com a cabeça, não conseguia dizer nenhuma palavra sequer diante aquele belo homem em cima de meu corpo, ele se sentou e me puxou para que eu me sentasse em sua frente, segurou minha mão e a acariciava, por que Sasuke não poderia ser mais assim como seu irmão? Tão carinhoso tão cuidadoso... E porque meu coração estava batendo assim por ele?  Algo estava muito errado.

- Isto é um sonho? Você está morto! Recebemos a noticia que Sasuke havia te matado, eu me lembro de ler junto com Tsunade-sama a carta que relatava sua morte, isso só pode ser um sonho! O que está havendo, porque não consigo acordar? O que aconteceu com... – Seu dedo calou meus lábios e ele sorriu.

- Você fala demais, Haruno Sakura. – Ele ria, estava debilitado e fraco, mas seu sorriso era o mais bonito e sincero que eu já havia visto até aquele momento – Isso não é um sonho, é uma ilusão! Estou morto sim, mas já havia deixado esse Genjutsu preparado nesse local para que você entrasse nele quando adormecesse aqui. Preciso de você, de mais ninguém, apenas você.

Respirei fundo e me acalmei, eu deveria ouvir o que ele queria, tanto trabalho para me pegar em uma ilusão previamente preparada para que eu me libertasse agora e o deixasse falando sozinho. Eu não iria fazer uma coisa dessas.

- Fico feliz que me entende – Itachi tosse sangue em minha frente, apesar de saber que isso é uma ilusão e que ele está morto eu ainda sinto vontade de deitá-lo e usar meus jutsus de cura para ajudá-lo, mas sabia que não iria adiantar mais nada agora. – Lembro-me de você pequenina, um broto de cerejeira, tão linda menina... – Mais tosse, mais sangue – Lembro-me de sua preocupação quando Sasuke ficava dias e noites treinando para me superar. Ele nunca reconheceu isso não é? Ele me falava de você sabia? Dizia-me que você o irritava e que falava de mais, mas o que o deixava mesmo bravo era o fato do pequeno coração de meu irmão bater estranhamente forte quando estava perto de você, ele nunca entendeu isso, sempre me perguntava se estava doente ou algo assim – Respirou fundo novamente – Ele sempre te amou, mas acho que o deixei cego com o desejo de vingança que o fiz criar para mim... Desculpe-me. – Mais tosse e um gemido de dor.

- Sasuke me amava? – Eu não podia acreditar no que ele havia me dito, Sasuke me ignorava desde criança...

- Tenho certeza de que ainda ama – Itachi me olhou sorrindo – Sakura, tenho que lhe pedir uma coisa, mas quero que me prometa que irá cumprir.

- Por favor, diga-me o que precisa.

- Preciso que você cuide dele, Sakura, preciso que mostre o caminho certo a se seguir. Ele está por aí, sozinho no mundo, pode se juntar com pessoas más e fazer mais besteira do que já fez! – Itachi respirou fundo e senti, pela sua expressão, que houve uma pontada forte de dor quando fez isso – Quero pedir ajuda a você e ao Naruto, sei que vocês são os melhores amigos que meu irmão já teve. Naruto entende a dor de meu irmão ao perder a família, ao crescer sozinho em um mundo injusto e sujo, e você, Sakura-chan, você é a mulher que ele ama, apenas você pode ajudá-lo a reconstruir nosso clã, o clã que tive que destruir por amor a minha pátria.

Lágrimas escorriam por minha face enquanto eu ouvia aquele pedido tão sincero, eu podia sentir o amor nas palavras de Itachi quando falava de seu irmãozinho tolo, eu podia sentir a verdade em seu pedido para cuidar de Sasuke e podia sentir o respeito que ele sentia pelo nosso país e por Uzumaki Naruto.

- Nada mais me fará feliz até eu conseguir cumprir esse pedido, Itachi-kun. Prometo agora, sobre teu sangue que irei levar seu irmão para o lado certo, que irei cuidar dele e de seu clã como se fosse minha vida e que nada vai me parar até ter a paz de volta em Konoha. Prometo que minha vida será toda voltada a esse objetivo e que sua morte não foi em vão.

Itachi apenas sorriu, levantou uma das mãos e bateu com o dedo indicador em minha testa, caiu ao meu lado e tudo escureceu, eu estava voltando para a realidade, mas ainda pude ouvir sua voz serena ao longe com um doce:

 – Obrigado –

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Voltei para o quarto de Hiroku e pedi para que Ino se retirasse, ela protestou um pouco dizendo que eu não havia descansado e que isso iria me fazer mal, mas eu apenas pedi para que ela saísse e comecei com mais uma sessão de cura, queria acabar com aquilo logo, queria ir atrás de Sasuke e cumprir com o que havia prometido à Uchiha Itachi.

Enquanto retirava cuidadosamente o veneno de Hiroku minha visão era turva, as lágrimas não paravam de escorrer e eu chorava como uma criança e imaginava onde Sasuke estaria agora e o que fazia naquele exato momento. Será que ele estaria pensando em mim?

Narrado por Uchiha Sasuke...

Andei por aquela floresta até me cansar e não encontrei os membros da Akatsuki que havia visto, esse negócio de morre- não- morre estava me dando nos nervos, só havia um membro da Akatsuki que eu queria que estivesse vivo, mas, infelizmente, eu mesmo havia matado Uchiha Itachi.

Eu estava pensando muito nela naquela tarde, Sakura não saia da minha cabeça e algo me dizia que ela estava perto, eu pensei ter sentido o Chakra de Kakashi-sensei alguns quilômetros atrás, mas voltei para verificar e não vi nada demais. Resolvi voltar para a vila, mas já estava tarde então me deitei em uma caverna para tentar dormir.

Tive sonhos róseos naquela noite.