Slide Away escrita por letter


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

Aí meus deuses, vocês realmente não tem noção de quanto fiquei feliz com os seus review de ontem, por isso em agradecimento, capítulo hoje!
E olha que eu nunca fui de postar dias seguidos, então aproveitem, viu? Eu realmente acho que esse capítulo está um tanto melhor, mas isso quem julga isso são vocês. Boa leitura.



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Diziam que mamãe era uma das bruxas mais inteligentes de sua idade quando mais nova, e eu nunca duvidei disso, porém quando consegui destravar o cadeado de seu diário com um simples “Alorromora” quase duvidei de suas capacidades, afinal, qualquer bruxo seria capaz de abri-lo. Mas havia o fato de que mamãe morava com meus avôs que eram trouxas, e isso bem poderia explicar o cadeado.

Quando o abri prendi a respiração por um segundo e olhei de soslaio para Dominique que ainda estava no parapeito da janela com Tony ao colo, imaginando se ela também sentira o ar pesado que tomara conta do quarto repentinamente, mas se Domi sentiu, não mostrou quaisquer sinais disso.

Passei novamente a mão sobre a capa dura prestes a invadir a adolescência de minha mãe, e olhar por esse ângulo parecia uma coisa muito errada de ser fazer, mas se eu pensasse pelo lado de que havia uma biografia que fora publicada há vários anos sobre o “trio de ouro”, que descrevia com detalhes adicionais toda a vida de meus pais e do tio Harry, eu não estava realmente invadindo a infância e adolescência de minha mãe, apenas lendo uma edição especial e mais confiável da vida de eles três.

Apaguei-me a esse pensamento e abri o diário antes que a coragem fugisse de mim, e me vi dando um suspiro ao ver uma foto de mamãe, papai e tio Harry em seu primeiro ano colado na contra-capa. Mesmo para a idade, mamãe aos onze anos era dona de uma perfeita caligrafia desenhada à tinta. Já na primeira pagina estava datado agosto de 1991, onde uma jovem Hermione escrevia que comprara o diário naquele momento, pois um senhor que se intitulava bruxo acabara de sumir dentro de sua lareira, mas não antes de entregar uma carta a ela e lhe dizer que ela também era uma bruxa.



“Papai e mamãe estão mergulhados em orgulho no andar de baixo, e eu estou assustada diário, muito assustada. Confesso que sempre soube que havia algo de errado comigo, e que nunca encontrei uma razão lógica para explicar o que era, mas magia? É algo incrível eu confesso, mas o quão improvável isso é? Eu quero acreditar que é verdade, mas e se não for? E se isso for um sonho? Mas se eu escrever isso hoje e ler isso amanhã saberei que não é um sonho”



Por um momento abaixei o diário e me senti mal pela jovem Hermione. Cresci ao lado de bruxos, e mesmo antes de vir para Hogwarts cursei o primário em uma escola de crianças com pais bruxos. Nunca imaginei de verdade como é a vida para um trouxa que descobre a magia. Eu nasci tendo conhecimento da magia, e as primeiras palavras que pronunciei foram feitiços. Eu podia imaginar mamãe assustada com toda a mudança que ocorria em sua vida em um piscar de olhos. Jovem de mais para ter certeza de como li dar com a situação.

Folheei o diário de Hermione – por um motivo não estava conseguindo pensar na garotinha assustada como minha mãe – e descobri que a partir do dia que descobriu que era bruxa, Hermione não ficou um dia se quer sem escrever. Havia dias onde estavam escritos apenas pequenas frases, ou lembretes, e em compensação havia dias em que meia dúzia de páginas não era o suficiente. O fato era: tinha anotações de todos os dias de sua vida até o ano novo do ano de 2006.

Eu estava com no mínimo seis mil páginas sobre as mãos e de um segundo para outro aquilo deixou de ser uma leitura casual sobre acontecimentos marcantes da vida de Hermione Granger e se tornou um desafio do qual eu resolvi aceitar.



“31 de outubro de 1991

Quando acordei hoje senti uma estranha inquietação dentro de mim, no começo eu pensei porque hoje era hoje, dia das bruxas, e era irônica a maneira como eu iria comemorar esse dia – com bruxaria. Mas o que eu imaginei que seria apenas mais um dia especial, como estava sendo todos em Hogwarts, se desandou logo pela manhã. Na aula de feitiços aprendemos um simples feitiço de levitação, o que foi bastante fácil, mas eu ser a única da turma a conseguir executá-lo chateou todo mundo, como sempre chateava. As pessoas não entendem diário, eu me esforço bastante para aprender, e quando consigo não é que gosto de jogar na cara dos outros, é que gosto de provar a mim mesma que consegui, pois quando vim para Hogwarts o meu maior medo foi não conseguir acompanhar as outras crianças que cresceram ao lado da magia, mas por fim eu consegui, e isso pareceu errado para todos. Especialmente para Ronald Weasley, que fez questão de citar todos os meus defeitos, e explicar que era por causa deles que eu não tinha amigos. Mas se não fosse por isso eu não teria passado a tarde toda tentando controlar o choro no banheiro das meninas, e não teria encontrado um trasgo que tentou me matar, e Harry Potter e Ronald Weasley (consumido pela culpa, tenho certeza) não teria me salvado, e bom... Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro, e derrubar um trasgo montanhês de quase quatro metros de altura é uma dessas coisas.

A imagem de três crianças derrubando um trasgo montanhês se materializou de forma engraçada em minha mente, e eu percebi que nunca soube como realmente eles três viraram amigos. Eu sabia que meus pais não se agüentavam, mas nunca imaginei que Rony havia feito Hermione chorar por uma tarde inteira.

Mas um pouco mais de leitura aleatória me mostrou que não foi só uma vez que Hermione chorara por causa de Rony. Aconteceu várias vezes, ao terceiro ano quando Harry e Rony decidiram não falar mais com Hermione, ao quarto ano quando Hermione começou a sair com o famoso ex jogador de quadribol Vitor Krum, ao sexto ano quando Rony começou a namorar Lilá Brown e principalmente ao sétimo ano, em que Hermione não viera a Hogwarts, e abandonara tudo para ajudar tio Harry.

É meio inacreditável imaginar que eles dois – Rony e Hermione – levaram sete anos para namorar. Ela que escrevera tudo aquilo não entendeu que desde o quarto anos estavam perfeitamente apaixonados um pelo outro, e eu lendo suas próprias palavras entendi.

– Rose, Frank está te chamando lá em baixo – avisou Lucy sem me olhar duas vezes, entrando ao quarto, jogando-se em sua cama e puxando para perto de si uma revista adolescente.

Olhei para lado e percebi que não me dei conta de ter visto Dominique abandonar o parapeito da janela, nem que atrás da vidraçaria o sol já havia se escondido e a lua já estava alta.

– Obrigada – agradeci fechando o diário e o colocando em baixo do travesseiro.

O Salão Comunal da Grifinória estava bastante agitado agora, principalmente por alunos do primeiro ano, excitados de mais com toda a novidade do primeiro dia de aula, causando um estardalhaço aos ouvidos.

Frank Longbottom II estava de pé próximo a lareira, rodando sua varinha entre os dedos.

– Oi Frank – cumprimentei sorrindo, mas logo deixando o sorriso de lado ao ver as feições sérias de Frank – Está tudo bem?

­- Não sei, me diz você, o que houve para perder a reunião da monitoria? – em geral Frank era sempre bem humorado e engraçado, mas quando se tratava do assunto de ser monitor ele adquiria uma postura completamente séria, pelo fato de ser o primeiro de sua família a ser escolhido como monitor, e pelo fato de que no ano seguinte eu seria sua concorrente para assumir o cargo de monitora chefe da Grifinória.

– Meu Merlin, eu esqueci completamente – levantei o braço para ver as horas no relógio de pulso e quase não acreditei quando vi que os ponteiros indicavam que já eram exatos dez da noite – Merlin... – balbuciei escandalizada, como eu não vi à hora passar?

– Tudo bem, que não se repita – avisou Frank de forma mais branda – Porém não esperamos você e fizemos todo o cronograma do trimestre, não podíamos adiar.

– Me desculpe de verdade Frank – pedi estendendo a mão para pegar o cronograma que Frank me entregava.

Desde o ano passado, quando assumi a monitoria eu nunca perdera uma reunião, o que me dava diversas vantagens como escolher parceiro de monitoria, os horários e as regiões do castelo para patrulhar. Durante três trimestres consegui o que eu queria, fazer rondas apenas pelas manhãs antes das aulas começarem, e somente nas torres.

Mas pelo que se mostrava no pergaminho com o cronograma do trimestre, eu teria de passas três meses fazendo rondas após o toque de recolher, nas masmorras, com...

– Malfoy?! – minha voz saiu um tom mais alto do que eu queria, mas não me importei – Desde quando eu tenho que patrulhar com Malfoy?

– Desde quando ambos faltaram ás reuniões. Sinto muito Rose – disse Frank, mas eu tinha certeza de que ele não sentia nada, pois segundo o cronograma ele iria patrulhar as torres, pela manhã, ao lado de Nina De Lefebvre, sua namorada da Corvinal.

– Não há possibilidades de troca? – insisti

– Bom, tem possibilidade, mas apenas no próximo trimestre. Podemos voltar a falar sobre isso em dezembro – sugeriu Frank abrindo um grande sorriso – Mas agora acho que você tem trabalho a fazer.

– Mas...

– Boa noite, Rose – Frank mergulhou em um mar de crianças e desapareceu de vista, me deixando sem escolhas, a não ser encarar uma fria masmorra, com um frio Scorpius Malfoy.

A patrulha dos monitores se resumia em andar por toda uma área designada procurando alunos fora da cama, alunos perdidos, ou irregularidades de quaisquer gêneros. Não era uma tarefa difícil, porém eu nunca gostara de andar pelas masmorras, Albus era o único motivo de me fazer descer até lá, já que não todas as salas de aulas que havia por lá estavam interditadas.

A contra gosto me arrastei escadarias abaixo, tentando lembrar a mim mesma que tudo isso era minha culpa, me envolvi de mais com a leitura do diário de Hermione, mas mesmo assim não me perdoaria por perder uma reunião da monitoria.

– Weasley – cumprimentou Scorpius saltando de um vão entre as paredes de um corredor que dava a masmorra, olhei para cima tentando imaginar o que Scorpius fazia dentro de uma parede, mas decidi que era cansativo de mais pensar nisso.

– Hyperion – cumprimentei.

Sem dizer mais qual quer palavra começamos a fazer nossa ronda, passamos por todos os corredores das masmorras, inclusive alguns que eu não sabia que existia. Para mim era uma parte do castelo um tanto desconhecida, e para ter certeza de que não ficaria perdida me grudei ao lado de Scorpius disfarçadamente.

Até aquele momento eu esqueci que não havia jantado, ou comido qualquer coisa durante toda à tarde, mas um ronco estrondoso do meu estômago me lembrou disso, e arrancou uma olhada de esguia de Scorpius que estava fazendo o favor de ignorar.

Mordi o lábio enquanto sentia minhas bochechas corarem, na mesma hora que Scorpius soltou uma rouca risada.

– Não precisa ficar com vergonha Weasley, é só fome – disse ele dando de ombros.

Por um momento olhei para Scorpius sem conseguir tirar os olhos dele ou piscar. Afinal, não é todo dia que um Malfoy perde a oportunidade de tirar uma com sua cara, e resolve ser legal.

– Pessoas com seu porte físico sentem fome a cada minuto – falou Scorpius.

– Eu não jantei palhaço – retruquei tentando esquecer que eu quase cogitei a hipótese de Scorpius ser legal.

– Parar de comer não vai adiantar muita coisa, você ainda vai continuar assim. Precisa tirar a cara dos livros e ir fazer exercício físico – graças a Merlin eu tinha auto-estima o suficiente para ignorar Hyperion e ter certeza de que eu estava em muito boa forma, obrigada.

– Vou me lembrar disso quando sua vida estiver por um fio e você estiver implorando para que eu o ajude – garanti.

– Pobre e iludida Rose, isso nunca vai chegar acontecer.

– Continue e acontecerá mais rápido do que você planeja – percebi que fome associada a uma boa dose de passar parte da noite ao lado de Scorpius me causava uma crise de mau humor.

– Tente não se atrasar na próxima reunião – pediu Hyperion com seu humor azedado.

– Peço o mesmo – eu não tenho certeza se aquilo foi bem um diálogo, mas eu tinha certeza que três meses seriam tempo de mais para suportar aquilo.

Depois de uma ronda que não deu em nada, apenas em uma bruta alteração do humor, agradeci satisfeita por poder voltar ao calor das torres. O Salão Comunal estava deserto, e apenas o crepitar do fogo se fazia audível. No dormitório Domi, Lucy e Roxe dormiam tranquilamente, e antes que eu pudesse pensar em talvez tomar um banho, desfazer as malas ou comer algo, eu saltei sobre a cama e automaticamente minhas mãos foram em busca do diário fechado em baixo do travesseiro.

Abri o diário bem ao meio em qualquer página aleatória, eu estava prestes a mudar de página e voltar para o inicio do diário, porém uma palavra me chamara atenção: Malfoy.

Eu tinha plena consciência que em tempo de escola, Draco Lucius Malfoy, tirara boa parte de seu tempo para piorar a vida de meus pais e meu tio. Era de se esperar que Hermione retratasse isso em seu fiel diário, mas quando vi o nome meu coração deu um salto, e minha mente se dirigiu a Scorpius. Dei por mim levantando o diário mais próximo aos olhos e voltei para o começo do parágrafo que citava um suposto Malfoy.

“... Como isso pôde acontecer diário? Em um momento estávamos discutindo, com as varinhas postas as mãos, eu tinha certeza que um duelo iria acontecer, mas quando dei por mim, estávamos ofegando, centímetros de distância um do outro e a única coisa que eu sei é que... ah diário, eu beijei um Malfoy!”



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Notas finais do capítulo

Então pessoal, esperto que tenham gostado desse capítulo, não deixem de me falar o que acharam e o que esperam sobre os acontecimentos, por isso comentem, favoritem, recomendem :3 E vou propor o mesmo esquema de ontem, se vocês comentarem, eu posso postar o próximo amanhã *o* k Beijos e muito obrigada por estarem acompanhando, ♥