Slide Away escrita por letter


Capítulo 26
Capítulo XXV


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores! Eis aqui para vocês o penúltimo capítulo de Slide Away, como prometido postei ele mais rápido, pois houve muitos comentários no último postado (a maioria de ameaças conta minha pessoa, mas tudo bem). O capítulo vai especialmente para Loreline Potter que fez uma recomendação maravilhosa, a qual nem sei como agradecer *-* E para todos os outros leitores que sempre comentam :3 Espero que gostem.



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        Não é vontade de sumir ou de desaparecer, é apenas uma pequena vontade de poder correr e chegar a um lugar seguro onde a entrada é permitida apenas para você, e nesse lugar você encontrar todas as coisas que mais gosta – não as que mais te deixam feliz, mas as que mais te deixam e em paz. E que talvez você pudesse ficar lá, não por uma hora ou um dia, mas por tempo o suficiente para acalmar o seu espírito e sua mente, tempo o suficiente para você conseguir se conformar e aceitar o que quer que fosse, e quando você saísse desse seu lugar e voltasse a encarar o mundo real você o encontrasse no lugar, não quebrado como o deixara, e todos os problemas dos quais estavam fugindo talvez estivesse concertados, ou quem sabe quando você voltasse você acabasse descobrindo que tais problemas nunca existiram, por que às vezes simplesmente você não foi feita por encará-los, você escolheu não encará-los.

        Mas o seu paraíso individual não existe e o mundo é cruel demais para permitir a você desaparecer.

        Eu sentia que a gravidade havia deixado meus pés, não de forma positiva como ocorrera quando eu beijara Scorpius pela primeira vez, mas de uma forma negativa como se não houvesse qualquer lugar para eu apoiar. Eu queria correr, fugir, desaparecer, mas tinha medo de me mover e cair em um buraco e não conseguir sair de lá.

        Uma parte de minha consciência estava ciente de que me chamavam, me observavam, mas eu não via quem falava comigo, muito menos o que a pessoa falava comigo, eu estava focada em respirar e tentar controlar minha mente que viajava a meses atrás quando eu simplesmente queria me desfazer de minhas pelúcias e lembranças de uma infância feliz e me deparara com aquele diário, com o enorme “secreto” bordada a capa a frente e as letras H.J.G. timidamente assinadas em baixo.

        Admito que fora divertido e até excitante em um primeiro momento mergulhar nas lembranças de minha mãe e poder dividir elas com Scorpius, por mais perturbadoras que tais lembranças poderiam ser elas se tornaram uma ponte para eu chegar em Scorpius, algo que ambos podíamos dividir apenas entre nós, o nosso ponto de acesso. Admito que uma parte de mim realmente ficara feliz por poder viver esse tipo de aventura, e quem diria que borboletas no estômago e a sensação de coração vindo a boca realmente existiam? Sim, eu provei delas e pela primeira vez me permiti ver Scorpius Hyperion Malfoy como alguém que valia a pena, alguém que vivia de uma máscara imposta por si mesma feita para esconder sonhos, desejos, medos e diversas qualidades. Permiti-me imaginar um futuro e até sonhar em poder estar todos os dias ao seu lado.

        Quanto tudo começara a ficar tão difícil? Quando as coisas se complicaram tanto até chegar a esse ponto?

        Então simplesmente não podíamos ficar juntos? Morreríamos? Nossos pais morreriam? Essa ideia era tão ridícula que sem conseguir me controlar entrei em um acesso de risos.

        - Rose? – pude ouvir a voz de minha mãe embriagada pela confusão me chamar.

        Mas eu não conseguia responder, pois estava curvada sobre mim mesmo rindo, gargalhando.

        - Ela está bem? – a voz de quem perguntara pertencia ao senhor Malfoy.

        - Me diga você já que você é o curandeiro aqui! – exclamou mamãe se aproximando de mim, pude ouvir os passos dela se aproximando embora não a visse, lágrimas de riso subiram aos meus olhos durante meu acesso interminável de gargalhada – Filha... – e então mamãe colocou uma de suas mãos em meu ombro e instantaneamente me afastei engolindo qualquer indício de risada.

        - Não me toque – me ouvi dizer de forma dura.

        - Rose... – papai levantou assustado da poltrona de vovô Weasley diante da situação.

        - Não me toque – repeti afastando alguns passos de minha mãe – Não me toque – falei novamente, andando mais alguns passos – Não me toque – voltei a repetir e quando dei por mim eu não estava simplesmente afastando alguns passos de quem quer que seja, eu estava correndo escada abaixo da casa de meus avôs, de soslaio pude ver Hugo e Lily se separarem assustados de o que parecia ser um beijo para me encararem, pude ouvir alguém gritar meu nome. Seriam meus pais? Talvez Dominique em algum lugar pela casa ou Albus? Não importava – Não me toque – eu repetia enquanto corria pelos gramados da Toca dos Weasley e tão logo ou não tão logo assim eu já estava longe dos alcances das vozes que me chamavam, longe o suficiente para cair sobre meus próprios joelhos.

        A única coisa que se fazia audível aos meus ouvidos era o pequeno som da água correndo no riacho que havia próximo aos morros, e minha voz que escapulia involuntariamente de minha boca, pronunciando incansavelmente de forma quase inteligível “não me toque.”

        Eu não podia acreditar que isso estava acontecendo. Eu sempre fora Rose, a esquisita nerd que nunca se interessara por qualquer garoto. Depois de ter beijando Frank Longbottom forçadamente no terceiro ano e sentir aversão ao ato imaginei que eu estava fadada a não ser do tipo de garota que se interessa por garotos. Não que eu fosse como Lucy, apenas como se eu fosse alguém que não nascera para criar vínculos com outra pessoa dessa forma, quando eu chegara a essa conclusão realmente fiquei chateada, mas aprendi a aceitar e até ver lados positivos nisso. E então eu me apaixono... E o garoto pelo qual eu me apaixono é o único garoto em todo o universo que eu não posso ter. Por que tão irônica você, vida?

         Uma mão tocando meu ombro me tirou instantaneamente dos meus pensamentos.

        - Não me toque! – exclamei em um berro.

        - Sou apenas eu – avisou uma conhecida e rouca voz, virei o pescoço e me deparei com as olheiras profundas de olhos com as íris cor chiclete.

        - Teddy...

        - Tudo bem eu ficar aqui com você? Quero dizer, ambos estamos passando por uma barra, então seria muito justo lamentarmos um para o outro.

        - Você sabe? – perguntei olhando-o sentar-se ao meu lado.

        - Não – admitiu ele esboçando o que deveria ser um sorriso – Mas se você quiser me contar – ele deu de ombros.

        - Eu não conseguiria se tentasse – admiti sentindo o peso da verdade.

        - Tudo bem – falou ele.

        - E você? – eu perguntei.

        - Levei um belo murro do Gui, acho que mereci.

        - Você mereceu – admiti.

        - Eu estraguei tudo.

        - Você estragou – admiti novamente.

        - Rose, você é a melhor pessoa que eu poderia ter encontrado para desabafar, muito obrigado.

        - Desculpe... Eu só não estou em meu melhor para tentar ajudar – Teddy assentiu, ele parecia ter envelhecido meio século – Haverá casamento? – Teddy deu de ombros.

        - Eu faria qualquer coisa para Vic me perdoar... – murmurou Teddy, e isso soou em meus ouvidos com uma velha piada de humor negro.

        - Não qualquer coisa – falei pensando em o que raios minha mãe fez para meu pai a perdoá-la – Nunca qualquer coisa.

        Teddy me fitou por um momento, me analisando.

        - Rose, você terá de encarar isso alguma hora – avisou ele – E quanto mais cedo, melhor, pois mais rápido você vai se livrar disso.

        Comecei a abrir a boca pronta para contestá-lo, afinal Teddy poderia ter todos os problemas do mundo e achar qualquer outro uma banalidade, mas ele realmente não fazia ideia do que eu estava encarando.

        - Alguém morrerá se eu quiser ficar com Scorpius – contei sombriamente – Mas eu já estou morrendo por não poder ficar.

        Teddy franziu o cenho. É claro que ele não entendia.

        Teddy abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. Esse é daqueles típicos problemas que você conta a alguém para aliviar a tensão, mas a tensão apenas aumenta ao perceber que ninguém pode ajudá-lo.

        - Ei! – berrou alguém as nossas costas. Era Hugo. Ele estava vermelho e ofegante – É a Domi – avisou ele – Estão a levando para o hospital.

        Minha primeira reação foi olhar para Teddy, mas ele já não estava ao meu lado, ele estava correndo, passando por Hugo e se disparando a frente.

        - O que aconteceu? – gritei de volta a Hugo que já voltava pelo caminho que viera. Mas ele não respondera, muito menos me ouvira.

        Diferente da forma como covardemente eu fugira da casa, a volta demorou e pareceu se arrastar. Eu sentia minhas pernas latejando e meu peito queimando tamanho era o esforço que eu fazia para manter o ritmo e chagar na Toca.

        E então quando eu cheguei aos gramados da Toca, pude ver o pandemônio.

        Carros do ministério chegavam por todos os lados. Tio Harry conversava com projeções de outros bruxos, Teddy gritava com James e Fred II, Albus brigava por qualquer motivo com sua mãe, e estrondos que indicavam que havia pessoas aparatando e desaparatando ao fundo da casa eram totalmente audíveis.

        Apressei-me para dentro da casa e me deparei com vovó chorando, Lily estava ao seu lado, acariciando seus ralos cabelos grisalhos e murmurando palavras para acalmá-la. Lucy estava sentada aos pés da escada, fitando o nada.

        - O que aconteceu? – perguntei em um sussurro para não alarmar mais vovó.

        Lucy me colocou em seu campo de visão.

        - Dominique começou a passar mal – contou Lucy – E na situação dela não se pode aparatar, ou usar a rede de flu, ou ir de vassoura para o hospital, e então tio Harry pediu alguns carros do ministério e agora ele terá de responder algumas perguntas.

        - Tais como? – insisti.

        - Porque meia dúzia de alunos está fora de Hogwarts é um dia letivo, ou porque a sobrinha de dezessete anos, de Harry Potter, está sendo levada ao hospital ás pressas.

        Soltei uma gargalhada seca.

        - Qual seu problema? – perguntou Lucy incrédula.

        - Quem diria que as coisas poderiam piorar? – sugeri.

        - Cale a boca, Rose – falou Lucy se levantando – Você não pode ter um namorado, realmente uma grande coisa perto de tudo o que está acontecendo.

        Albus abriu a porta violentamente causando um estrondo. Vovó levantou os olhos para ele, perplexa – assim como Lily ao seu lado.

        - Vocês duas – ele apontou para mim e para Lucy – Vamos.

        - Onde bobão? – perguntou Lucy.

        - Para o hospital, não podemos deixar Domi na mão.

        - Al, mamãe falou que ninguém pode ir... – começou Lily ficando do sofá.

        - Somos maiores de idade – falou Albus.

        Lucy não esperou ele falar duas vezes, é claro que ela estava apenas esperando a deixa perfeita para ir para o St. Mungus.

        - Vamos lá – chamou Lucy me olhando e indo para o lado de Albus. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3 Não deixem de dizer o que acharam, comentem, recomendem, favoritem, me façam bem feliz para eu postar mais rápido o último capítulo antes do epílogo ♥3