Slide Away escrita por letter


Capítulo 23
Capítulo XXII


Notas iniciais do capítulo

Começando o ano com um capítulo quentinho para vocês :D Espero que aproveitem.



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      Era a bebida, o álcool. Não havia outra explicação, com certeza era a bebida.

        Eu me sentia imersa em um sonho, como se cada atitude que tomava e palavra que eu dizia não fosse real.

        Scorpius me propusera meu presente de aniversário e eu havia dito sim, eu teria dito sim em outras circunstancias?

        - Uma vez que somos maiores de idade, nunca nos encontrarão, a não ser que queiramos – falou ele no momento em que adentrávamos a mui antiga e mofada mansão dos Black – Será que vão saber que estamos aqui? – pergunto Scorpius que andava a frente, olhando de soslaio para trás para se certificar que eu o estava acompanhando – De qualquer forma não importa – falou ele abanando a mão em um gesto de indiferença – Assim que amanhecer nós vamos direto ao Gringotes, pegamos uma boa quantidade do ouro em minha conta e desaparecemos de Londres por mundo a fora.

        Assenti, vista por outros olhos poderia parecer loucura a ideia, mas vista por mim era perfeita. Nunca permitiriam que Scorpius e eu ficássemos juntos, não da forma que queríamos e desejávamos, mas se estivéssemos longe, se estivéssemos em um lugar onde nenhum conhecido poderia nos encontrar, poderíamos ficar juntos tanto quanto o tempo nos permitisse.

        - Seu pai... Ele já deve saber que você está fora de Durmstrang – comentei ao chegar a sala onde todos os objetos e mobílias estavam cobertos por uma lona negra e a poeira se acumulava emitindo um odor nauseante.

        Scorpius tirou seu casaco de couro negro e o jogou sobre uma cadeira abandonada ao lado da lareira. Ele me lançou um olhar de pesar, e eu podia jurar que algo brilhou em seus olhos, mas Scorpius balançou a cabeça como se quisesse afugentar a ideia.

        - Mas amanhã cedo isso já não importara mais, certo? – perguntou ele puxando a lona de um sofá almofadado e se jogando sobre ele, acenando a cabeça em um gesto convidativo.

        - Scor... Isso está certo? Abandonar tudo e todos? – perguntei.

        - Eu não sei Rose. Você acha certo? – ele perguntou.

        Deitei-me ao seu lado no sofá, pousando a cabeça sobre seu peito. Pensei por um momento.

        - Não, não acho certo – respondi sinceramente.

        - E então porque você disse sim quando eu te perguntei?

        Ergui a cabeça, apoiando o cotovelo em seu peito para que eu pudesse sustentar o seu olhar.

        - Por que... Eu te amo? – sugeri.

        - Espero que sim – respondeu ele sorrindo – Entendo que você não consiga responder perguntas de cunho tão simples Weasley, não é sua culpa, claro, mas sim da genética...

        - Fique quieto, Hyperion – o interrompi esmurrando de leve seu ombro com a mão livre – E você?

        - Eu o que? – perguntou ele arqueando uma das sobrancelhas. O que era totalmente irritante, uma vez que eu nunca conseguira fazer aquilo.

        - Você acha certo? – perguntei, mas ansiava mesmo era perguntar “você me ama?”

        - Totalmente – afirmou ele sem culpa – Faça o que deseja independente dos outros, esse é meu lema.

        - E deixar tudo para trás? – suspirei – Dominique precisa de mim... Hugo, agora que descobriu tudo também precisa. E o meu pai? O que ele vai dizer, o que ele vai pensar?

        - Rose, se você não quer ir comigo apenas fique – falou Scorpius em um tom que sugeria que isso era obvio de mais – Não estou te obrigando a ir, mas acredite, não são só eles que precisam de você. E você pode tentar ser, mas você não é uma heroína Rose, não consegue resolver nem seus problemas e quer tentar resolver o dos outros? Deixe que cada um aprenda a viver a vida que tem e viva a sua – falou ele.

        Eu estava divida entre responder Scorpius, esmurrá-lo por sua grosseria, sair pela porta e aparatar de volta para Hogwarts e beijá-lo.

        Por fim, quando escolhi a ultima opção isso pareceu surpreendê-lo.

        - Não é moral nem ético fugirmos... Mas é o que eu quero – falei quando afastei meus lábios dos dele.

        Isso pareceu alegrar Scorpius, e logo ele me puxou para si, pressionando novamente seus lábios contra os meus para um beijo envolvente e avassalador.

        Logo eu já não estava deitada ao seu lado e sim sobre ele, sentindo seus dedos correrem dos meus cabelos por minhas costas, sentindo seus lábios deixarem os meus e explorarem meu pescoço e as áreas próximas a ele, causando arrepios incontidos por todo meu corpo.

        Eu conseguia sentir seu coração tamborilar sobre meu peito, acelerado ele batia.

        Meus dedos vasculhavam a camiseta de Scorpius, procurando pelos botões que a mentiam abotoada, prontos para abri-la.

        Era o álcool ou era o desejo que agiam?

        Suas mãos vagavam livre por todo meu corpo, dispostas a explorá-lo o quanto lhes era permitido, e eu não sentia a mínima vontade de afastá-la, mesmo sabendo que elas invadiram os limites impostos a muito antes.

        A sensação de ter meu corpo sobre o de Scorpius me proporcionava uma vontade inexplicável de também o explorar, aproveitar cada pedacinho como se fosse meu.

        Quando consegui desabotoar o último botão da camisa de Scorpius me afastei para que pudesse tirá-la, e notei que Scorpius me olhava com um sorriso e um brilho nos olhos que eu nunca havia visto.

        - Você tem energia quando quer Rose – falou ele ofegante – Agora entendo o que meu pai viu em sua mãe.

        Palavras erradas a se dizer.

        Senti que um jato de aguamenti estava sendo jogado sobre mim, e toda a sensação de utopia em que eu estava imersa como se tudo fosse um sonho se afastou abruptamente me trazendo de volta a bruta realidade.

        Sentei-me sobre Scorpius, o fitando com incruelidade, puxando de volta para o meu ombro nu a alça do sutiã e da blusa que Scorpius havia afastado.

        E então ele entendeu que havia quebrado todo o clima que pairava sobre nós.

        - Desculpe... Eu não quis dizer isso...

        - Surpresa: você disse – me levantei e me afastei de Scorpius.

        - Nossa como eu fui tão... – ele balançou a cabeça se ajeitando no sofá – Desculpe, sério... Eu não sei por que eu disse isso...

        - Mas eu sei por que – respondi me virando para ele – Por que desde o inicio tentamos entender o que seu pai viu em minha mãe e vice-versa. E talvez seja por isso que estamos juntos, talvez estejamos esperando encontrar um no outro o que nossos pais encontraram, tentando entender, porque até um ano atrás não nos suportávamos, e agora eu estava sobre você tirando sua roupa! – exclamei, e à medida que as palavras saíram, eu percebi o quão verdadeiras elas eram, percebi que era exatamente isso que acontecia.

        - Não... – sussurrou Scorpius – Eu a implico todos esses anos por que eu sempre... sempre fui atraído por você. E você também, você sempre foi atraída por mim. Não estou falando isso por falar como falo sempre, não para me exaltar... Mas porque você sabe que é verdade. Os diários apenas uniram o que estava predestinado.

        - Predestinado? – perguntei incrédulo – Isso não existe Scorpius, não existe destino, apenas escolhas.

        - E você escolheu estar aqui, não por qualquer outro motivo além do porque você realmente gosta de mim, talvez até me ame. E eu escolhi isso também, escolhi você.

        Joguei-me sobre uma lona que cobria uma poltrona de frente o sofá onde se estendia Scorpius com sua camisa desabotoada, e uma nuvem de poeira se levantou sobre mim, ardendo meus olhos e deixando minha visão turva.

        - Rose? – ele chamou.

        Cocei os olhos, tentando afastar o ardume que tomara conta deles os deixando marejados.

        - Eu não quero fugir Scorpius... Quero voltar para Hogwarts – falei por fim – Não vou deixar Dominique sozinha, não agora. Nem meu irmão, o mundo dele se revirou depois dessa noite e logo minha família irá descobrir não só sobre a gravidez de Dominique, mas também sobre minha mãe e seu pai... E nossa, iremos entrar em colisão. Não posso fugir e deixar todos esses problemas atrás, parte deles é minha culpa e eu vou ter de encerá-los.

        ­- Rose, você não entende... Não vamos poder ficar juntos... – começou Scorpius a protestar.

        - Vamos sim, uma vez que todos saibam do porque a proibição de nossos pais, eles vão nos apoiar, eu sei que vão.

        - Mesmo se apoiarem, se ficarmos aqui... Não vai ser possivel! – exclamou ele.

        - E por que não?

        Scorpius pareceu pensar por um minuto, seus olhos acinzentados me fitavam com tamanha intensidade como se quisessem dizer algo que não podia ser pronunciado com a boca.

        Ele balançou a cabeça e soltou um pesado suspiro.

        - Tudo bem... Apenas espere até o amanhecer antes de voltar para o mundo real – ele esticou uma de suas mãos para mim, para que eu me levantasse, andasse até ele e a pegasse – Eu só quero deitar ao seu lado e acordar ao seu lado, apenas uma vez – falou ele, sua voz falhava, como se houvesse algo que ele queria esconder nela.

        Levantei-me e andei até sua mão, segurei-a firme.

        - Vamos nos deitar e acordar ao lado um do outro até que você se enjoe disso – prometi.

        - Quem me dera – respondeu ele com um humor frio.

        Deitei-me no sofá ao seu lado, aninhando meu corpo de encontro ao dele. O sofá era estreito e para que ambos coubéssemos nele tínhamos de ficar muito próximos um do outro, tão próximos que eu conseguia sentir seu coração batendo de encontro ao meu peito.

        - Boa noite, Rose – sussurro ele selando meus lábios com o seu.

        - Boa noite, Scorpius – respondi de volta – Obrigada por esse presente de aniversário.

        Ele não respondeu, apenas sorriu e continuou a me fitar.

        Contemplando seus olhos aos poucos caí no sono, com o ultimo sopro de consciência que havia em mim surrando o quanto era maravilhoso dormir em seus braços, mergulhando em seus olhos.

        A claridade que a luz do dia proporcionava incomodava meus olhos, mesmo com as pálpebras fechadas, e assim acordei. Porém, quando abri os olhos não me deparei com os cinzentos olhos de Scorpius, enfeitados por cílios quase transparentes me fitando. Deparei-me com um par de olhos tão grandes quanto um pomo-de-ouro, com as pálpebras caídas pela idade e de uma coloração verde as quais olhos humanos não poderiam atingir.

        Um agudo grito de surpresa escapuliu-se de minha boca.

        Scorpius acordou assustado, se levantando ta abruptamente que fui arremessada do sofá para o chão.

        A criatura a minha frente possuía um nariz enorme como uma tromba e orelhas pontudas, trajava trapos amarrados na cintura, como uma espécie de tanga.

        - Monstro não queria assustar o jovem casal de adolescentes... – resmungou o elfo doméstico limpando o nariz com o punho.

        - Monstro? – perguntei em um misto de surpresa. Era de conhecimento geral que meu padrinho Harry á muito herdara um elfo doméstico, mas este estava tão velho e rabugento que Harry o mandou para uma colônia de Elfos, embora sempre que precisava o chamava para lhe auxiliar e algumas vezes no ano o visitava, quando eu era nova de mais para me lembrar já fui com Harry visitar Monstro, mas depois de ele me tacar um pedaço de tronco por eu tentar puxar seu nariz tentei apagar ele da memória. Nesse momento vi que a tentativa de esquecer fora em vão.

        - O que você está fazendo aqui? – Scorpius perguntou com incruelidade na voz.

        - Monstro morava aqui – respondeu o Elfo – Harry Potter chamou Monstro, pediu para que Monstro encontrasse a mestiça filha da sangue-ruim e o garoto Malfoy.

        - Não a chame assim! – ordenou Scorpius sacando a varinha de seu bolso.

        - Tudo bem – falei me levantando do chão – O Monstro tem uma visão da época de nossos avós... Quantos anos você tem mesmo Monstro? – ele deveria ser muito velho, afinal, serviu os pais do falecido padrinho de meu padrinho.

        - Monstro não irá responder a mestiça ruiva, apenas levá-la para Toca dos Weasley.

        - A Toca? – perguntei sentindo meu coração falhar.

        - Sim, os Weasley, Potter e Malfoy aguardam o jovem casal adolescente.

        Olhei para Scorpius e ele parecia tão surpreso ou mais do que eu.

        - Monstro não tem o dia inteiro.

        - Ainda temos tempo de fugir? – perguntei com um humor negro á Scorpius, sentindo uma onda pavor e pânico tomar conta de mim.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto eu não vou ter muito tempo para dedicar mais as fics, por isso estou escrevendo bem depressa o final de Slide Away e espero postá-lo bem depressa também, e quero muito que vocês comentem nos capítulos dizendo o que estão achando, e também para eu saber quem está lendo, mtt obrigada pessoal.