Slide Away escrita por letter


Capítulo 11
Capítulo X


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novinho em folha para vocês :3 Muito obrigada a todos que comentaram no último capítulo, fiquei super contente com a aprovação de vocês. Façam uma boa leitura :D



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Dominique estava errada, o que não era novidade. Virose mucosa não era nojento, não chegava a isto. Virose mucosa era repugnante. Não, repugnante talvez fosse pouco para descrever. Não havia palavras para dizer o quão repugnante e asquerosa era esta doença, e havia menas palavras ainda para verbalizar o que era contraí-la.

O quarto que fora interditado por dias por culpa de Roxanne, logo voltou a ser interditado por minha causa. Ou a culpa ainda deveria recair sobre Roxy, afinal, ela que me passara a tal doença.

Madame Pomfrey insistiu em dizer que eu devia ficar de cama tomando todas as poções que ela me prescrevera e sempre mandava pontualmente alguém a levar, uma dúzia de vezes diárias. Vez ou outra Lily, Hugo, Albus ou Dominique se revezavam para trazer as doses, mas nunca se demoravam.

O vírus se espalhou como diabrete por toda a escola. Metade dos alunos de Hogwarts estava de cama por conta disso. Madame Pomfrey não permitia nos abrigar aos seus cuidados na ala-hospitalar, temendo que espalhássemos o vírus para os alunos que iam parar na enfermaria por conta de outros problemas.

Desde o primeiro ano eu insistia em sonhar em como seria viver em uma Hogwarts aonde eu possuísse meu próprio quarto, e era por isso que eu tanto levava meu cargo de monitora mais a serio do que se consideraria saudável. Mas o fato era, no sétimo ano, o monitor chefe de cada casa, era honrado com um quarto individual, somente e apenas para si. Porém depois de passar dias e noites abandonada em meu quarto, me vi sonhando com as discussões de Lucy e Dominique, os exageros de Roxy, o escandaloso som que a velha vitrola do quarto produzia ao tocar toda a discografia de As Esquisitonas, as explosões que diariamente me acordavam, causadas pelas experiências exageradas de Roxy ao tentar melhorar roupa/cabelo/aparência. O ritual de Dominique de escrever no seu diário, Tony, todas as noites sentada no parapeito da janela, e os diálogos que nós quatro, eu, Domi, Lucy e Roxy tínhamos antes de dormir. Depois de todas as luzes se apagarem e as cobertas nos aquecerem começávamos a conversar, embora cada uma falasse de um assunto que as outras nunca entediam, uma conversa inteligível tomava conta da noite, e uma a uma, todas iam pegando ao sono.

Eu sentia muita falta.

Maldita virose mucosa. Eu não conseguia respirar, minhas vias nasais estavam tão entupidas quanto trafego aéreo de vassouras em Copa Mundial. Cada tosse ardia em minha garganta de forma insuportável, no começo imaginei que havia um gato arranhando minhas amídalas. A cada espirro, um líquido verde, espesso, mucoso e nojento escorria pelo meu nariz. Lembrei da altura que Scorpius caíra no chão e imaginei que se estivesse acordado para sentir a dor que provavelmente percorria seu corpo, tal dor poderia se comparar a que percorria o meu. Meus ossos, músculos e poros ardiam como se estivessem em combustão. Eu mal conseguia erguer um dedo, e estatelar os olhos, tamanha era minha fraqueza.

E havia a pior parte:

Os delírios.

Os delírios eram como sonhos, porém ocorriam quando eu estava acordada.

Eu não sabia julgar se era dia ou noite desde que o vírus se hospedou em mim, por isso, não sabia diferenciar os sonhos dos delírios. No começo, ver Hugo e Albus tirando fotos de mim, enquanto faziam pose ao meu lado eu achava que era parte dos delírios enquanto era realidade. E quanto o senhor Draco Malfoy aparecia ao meu lado de mãos dadas com minha mãe, que brigava comigo por invadir sua privacidade, eu imaginava que era realidade, enquanto era delírio.

Mas fosso delírio, sonho ou realidade, eu simplesmente odiava estar doente.

O ranger da porta denunciou que ela estava sendo aberta, e com muito custo e esforço abri meus olhos. Eu não poderia dizer se a luz que iluminava o quarto vinha do sol de inverno indicando que ainda era dia, ou se das velas e candelabros no quarto, indicando que já era noite.

– Trouxe sua poção – a voz atingia meu ouvido como eco, como se sua origem estivesse muito distante ou em outra realidade. Era difícil dizer quem falava.

Virei-me na direção a porta, e dela vi uma silhueta se aproximando. Estava embaçada, mas distingui cabelos loiros e rebeldes tomando forma.

– Domi? – perguntei. Minha voz estava fanha e cansada.

Uma risada se materializou no ar, atingindo meus ouvidos como sinos, ainda longe.

– Me confundindo com sua prima? Olha, se ela fosse no mínimo parecida comigo ela seria muito sortuda e não estaria solteira até hoje – à medida que a frase ia sendo narrada, a voz passou a soar melhor, quase compreensível.

Semicerrei os olhos quando a pessoa se sentou próoxima a mim, e com custo um Scorpius Malfoy se materializou ao meu lado, a beira da minha cama.

– Hyperion... Mais delírios com Malfoy – murmurei frustrada.

– “Mais”? Isso é no mínimo interessante.

Eu tentei murmurar um “vá embora” para a miragem, mas apenas um grunhido inteligível escapou de meus lábios. Outra risada, dessa vez compreensível.

– Não sou um delírio, Rose – a mecha de cabelo que estava grudada em meu rosto pelo suor, foi colocada para trás. Fechei os olhos cansada, eu não entendia o que estava acontecendo e não tinha forças para pensar na miragem que via – Rose, acorde. Rose. Rose. Rosinha, ou, Rose.

Abri os olhos, piscando várias vezes. Dessa vez Scorpius entrou em meu campo de visão, não estava embaçado. Cocei os olhos com as mãos.

– Você está mesmo aqui? – perguntei.

Ele assentiu sorrindo.

– Trouxe sua poção.

Scorpius estava com uma garrafa na mão direita, e tirou um cálice de cima da garrafa que servia para tampá-la. Encheu-o e estendeu para mim, eu queria pegar o cálice, mas minhas mão tinham tanta força quanto uma pena para se levantar sozinha. Scorpius pareceu ter notado isso, e levou o cálice a minha boca com uma mão, enquanto com outra segurava minha nuca para levantar minha cabeça.

Logo que engoli a bebida as coisas clarearam em minha mente.

– Você não devia estar na ala-hospitalar? – perguntei mais atenta, como se houvesse acabado de acordar.

– Saí alguns dias – ele deu de ombros.

– Se continuar aqui por mais tempo, irá pegar virose mucosa – alertei-o.

– Muito improvável. Ando tomando poções para evitar qualquer infecção ou coisa do tipo depois do acidente, elas me protegem contra outras doenças por enquanto – ele falou sorrindo.

Fiquei olhando-o por um longo tempo. Ele parecia saudável, estava pálido, mas não um pálido doente, seu pálido natural, e seus olhos estavam tão claros quanto eu me lembrava.

– Você ainda não acredita que estou aqui, acredita? – perguntou ele.

– Não – respondi. Beber a poção me deu ânimo para conseguir levantar os braços, me ajeitei na cama, sentando-me encostada na cabeceira, e assim que me senti confortável comecei a cutucar Scorpius, checar se era ele mesmo. Era sólido, isso era – Talvez você esteja – murmurei.

Ele riu novamente.

– Então você andou tendo muitas alucinações? – perguntou ele levantando uma sobrancelha.

– Você não faz ideia – respondi – Você está bem?

– Imagino que melhor do que da última vez que você me viu, e com certeza, muito melhor que você. Rose, você está pior do que o natural, e eu nunca imaginei que isso poderia ser possível.

– Estou sem forças para dizer o quanto você é idiota, Hyperion. E afinal, o que você está fazendo aqui?

– Primeiro, pare de me cutucar – quando percebi, ainda estava cutucando os braços de Scorpius, e me senti extremamente constrangida enquanto baixava a mão – Eu tenho que lhe devolver duas coisas.

De dentro de sua capa, Scorpius tirou um pesado livro e logo percebi que era o diário de Hermione.

– Por que o pegou? – perguntei.

Scorpius encolheu os ombros.

– Imaginei que você não precisaria ler o que está escrito aí.

– Você leu? – perguntei enquanto ele colocava o diário sobre o criado mudo – Quero dizer, leu o que eu não devo ler? – ele assentiu – Então o que era? – Scorpius ficou calado.

Eu iria perguntar o que era novamente, mas um espirro colocou para fora uma boa quantidade de mucosa que grudou bem na capa de Scorpius. Se o sangue não tivesse fugido do meu corpo, eu estaria queimando de tanta de vergonha.

Eu me perguntava o que ele faria se eu me escondesse embaixo da coberta, já que não havia um buraco por ali.

– Que nojo Weasley – falou ele tirando a capa.

– Desculpa – murmurei baixando a cabeça, limpando o nariz com o lenço que estava sobre meu travesseiro.

– Tudo bem, é plausível! – murmurou ele.

– Afinal Hyperion, o que você está fazendo aqui? – perguntei por fim, levantando o rosto para ele.

– Bom, segundo a lei da boa educação, como você ficou ao meu lado quando eu estava incapacitado, devo retribuir ficando ao seu enquanto está nessas condições. – Eu tinha quase certeza que essa lei não existia.

– E quem disse que fiquei ao seu lado? – perguntei.

– Deixe-me ver... Madame Pomfrey, Albus, Hugo, Theon, Dora, Lily, Elizabeth, Frank, Nina, a senhora minha mãe, o senhor meu pai, Pirraça, Fitch, Barão sangrento, Nick-quase-sem-cabeça, a Murta que geme, Elizabeth, Dominique, Lorcan, Lysander...

– Entendi! – exclamei o interrompendo, novamente sentindo a vergonha se alastrar por dentro de mim.

Scorpius fechou sua matraca, e por algum momento um silêncio caiu sobre nós. Eu comecei há contar os segundos, e quando perdi a conta decidi que o silêncio com certeza tinha se tornado constrangedor.

– Obrigada por vir – falei por fim.

– Não são muitos, os que têm o luxo de ter minha companhia, é verdade – disse ele dando de ombros – Mas também agradeço por ter ficado comigo.

– Você... hm... Se lembra de algo? – perguntei constrangida.

– Lembro de que antes de me estilhaçar no chão, eu apaguei – contou Scorpius.

– E não se lembra de mais nada antes de acordar? Que seus pais foram te ver e que... Bom, se lembra de algo? – perguntei.

– Me lembro dos sonhos – respondeu ele, desviando o olhar.

Certo, por que eu perguntei aquilo? De repente parecia errado pensar na hipótese de ter beijado-o, e eu não saberia dizer se estava agradecida por ele esquecer.

– Você disse que tinha duas coisas para me devolver – falei, antes que o silêncio recaísse novamente sobre nós.

– Disse – confirmou ele.

– E então? – perguntei.

Scorpius pareceu me avaliar por um minuto.

– Feche os olhos – ordenou ele.

– O que?

– Anda Rose, eu tenho de ir.

– Mas, Hyperion...

– Feche logo Rose.

Antes de fechar os olhos, os revirei para Scorpius. Quando os fechei tentei imaginar que tipo de coisa ele me entregaria que requeria que meus olhos estivessem fechados.

– Abra apenas quando eu mandar, tudo bem? – disse ele.

– Está bem!

Senti Scorpius abrir ambas minhas mãos sobre as cobertas, lado a lado, e logo senti algo sobre elas, era leve, muito leve.

Eu estava prestes a perguntar se já podia abrir, uma vez que ele já colocara o que quer que fossem sobre minhas mãos, mas assim que abri a boca, minhas palavras foram caladas pelos lábios de Scorpius.

Não foi como selar os lábios rapidamente com o fiz na ala-hospitalar, com um belo Scorpius adormecido. Foi realmente um beijo. Não durou muito, mas durou o suficiente para que eu pudesse sentir todos os detalhes dos lábios de Scorpius, enquanto nossas bocas se sincronizavam uma com os movimentos da outra.

Quando ele se afastou continuei de olhos fechados. Ele me mandara abrir apenas quando dissesse que eu podia abrir, e como uma boa Weasley que era, lhe obedeci.

Mas os segundos foram se passando, e continuaram a se passar, e por fim abri os olhos, mas Scorpius não estava mais em minha cama, ou em qualquer lugar do quarto.

Com tristeza imaginei que realmente fora uma alucinação tudo o que ocorreu, e uma infelicidade sem tamanho tomou conta de mim, mas notei algo sobre minhas mãos.

Era leve, pois era um pequeno pedaço de pergaminho enrolado.

Quando o abri uma caligrafia miúda e desengonçada dizia:

“Eu me lembro disso. Lembro que você me deu um beijo e que eu precisava devolver.

Quando melhorar, sabe onde me encontrar.

S. H. M.”





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Notas finais do capítulo

Bom, a Paula vem depois deixar os recadinhos dela para vocês, a gente nunca costuma se encontrar melhor só fds D: triste a vida. Mas enfim, espero que vocês tenham gostado do capítulo, e por favor, não deixem de comentar, beijinhos.
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Isto não é uma miragem!! Sim, eu finalmente tomei vergonha na cara e vim fazer meu papel de beta e deixar meu recadinho aqui pra vocês!! Como todo mundo leu o capítulo e comentou, só passei pra dá um oi e agradecer as pessoas que lembraram de mim nos reviews!! Muito obrigada a vocês e até depois ^^