A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 5
Terceiro dia


Notas iniciais do capítulo

Bah eu sou muito linda né? Presentinho de Carnaval/volta às aulas pra vocês
Na real, esse capítulo eu terminei de escrever um dia depois de escrever o Segundo dia, mas né, não ia postar um em cima do outro, perde a graça sdiofaosfkadobfasd
Eu sei que ele não tá tão longo quanto os outros (acho que ficou até menor que o prólogo), mas é que teve bastante falas e acabou ficando comprido por páginas, não por palavras.
Não tem nada de muito "óhhhh", é só pra afofar a terra pro que vem depois (MUAHAHAH).
Ah e tem aquele avisinho ali dos moderadores que diz "Evite capítulos longos demais [...] Sugerimos postar capítulos com no máximo quatro mil palavras". Vamos fingir que foi isso que me intimidou e eu acabei escrevendo pouco.
Esse caps foi programado pra ser postado, então eu posso não estar online aqui quando acontecer, mas espero que gostem. Espero também que a programação funcione.
Aproveitem.



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As cores dos jardins de sua mãe pareciam mais vivas, o canto dos pássaros a fazia dançar, passear pelos campos saltitando como um pequena criança que recém aprendera a andar. Nunca se sentira tão leve. Via, mesmo que de longe, sua mãe cuidar de sua horta. Ergueu os olhos e mirou a fonte do calor que beijava sua pele: o sol. Sentia-se como uma flor, recém-saída de dentro de um caixão, reaprendendo a viver no mundo.

Correu e correu até cair nos braços e se deitar, olhando o céu. Agora, já de noite, ela contava as estrelas e torcia para que a lua cheia se mostrasse logo, para que iluminasse a face da jovem deusa com seu leve brilho prateado. Fechou seus olhos e respirou fundo os aromas que a cercavam. Quando abrira novamente os olhos, acordara.

Nada de céu, ou luz, apenas o pequeno brilho fornecido por uma vela postada no criado-mudo. Fitava o teto escuro, tão escuro que não conseguia distinguir se este era feito de madeira ou pedra. Se levantou, suspirando. Tirou a tiara para os ouvidos que Hades a dera na noite anterior. Realmente funcionaram, ela não ouviu nada durante o sono, o que explicava o maravilhoso sonho.

Esperou que não fosse tarde, que talvez ainda tivesse tempo para tomar um banho antes do café da manhã. Estava prestes a despir sua camisola quando ouviu alguém pigarrear às suas costas. Se virou com o susto.

–Mas o quê..?! - Certo que esperava encontrar Hades, podia imaginar que fosse uma coisa dele, a observar dormir, mas não, era Hécate, a deusa da magia.

–Bom dia. - A deusa se levantou sem esboçar nem uma tentativa de simpatia.

–Bo-om dia, o quê você... - Perséfone se sentou na cama.

–Você perdeu o horário do almoço.

–O quê? - Perséfone deixou seu tom de voz se elevar um pouco, o que fez com que Hécate franzisse o cenho.

–Me ouviu bem, perdeste o horário do almoço, dormira demais.

–Mas.. - Perséfone seguiu Hécate com o olhar enquanto ela se movia em direção a porta. - Não entendo, achei que ainda fosse de manhã.

–Que seja, não me importo. Fora Hades que me mandara aqui para ver se não havia acontecido nada.

–E.. e-ele está bravo?

–Não. - Hécate revirou os olhos. - Deveria ter ficado, ele preza muito a pontualidade, mas não me comentara nada.

–Ah.. por que ele não veio pessoalmente?

–Primeiro porque ele, obviamente, tem coisas mais importantes, e segundo, porque só Caos sabe qual o tamanho do fiasco que você faria e o encontrasse em seu quarto.

Perséfone se sentiu tentada a retrucar, mas era verdade, ela morreria de vergonha e raiva se soubesse que ele entrara no seu quarto, ainda mais com a distração que ela acordara, talvez acabasse despindo-se para o banho sem notá-lo. Claro que distraíra-se pois a porta deveria estar trancada..

–Eu usei magia para abri-la. - Disse Hécate, acenando com a cabeça para a porta, como se pudesse ler os pensamentos da deusa da primavera. - Agora eu vou, não tenho nada o que mais fazer aqui. Ah, e se quiseres comer, terás de ir falar com as cozinheiras, não creio que queiram te servir algo, mas podes tentar.

E com seu tom de voz seco e intimidador, a deusa da magia se retirou do quarto. A porta fechou-se atrás dela e trancou-se. Arrepios percorreram o corpo de Perséfone. Nunca fora fã de coisas muito... mágicas.

Tirando o fato de que podia estar se banhando em sua própria casa, não sentia como se pudesse reclamar de seu toalete. A banheira que ela se encontrava era grande o suficiente para pelo menos três pequenos deuses, o que deixava Perséfone, que era pequena, mais do que confortável boiando de um lado para o outro. O formato da banheira lembrava uma pedra preciosa. Um diamante cortado triangularmente, por exemplo. O material de qual era feito a banheira até lembrava diamantes.

Lavou-se e saiu, relutante, do banho. Vestiu um vestido laranja escuro, prendeu seu cabelo para cima, em um coque, deixando poucas mechas caírem sobre seus ombros. Procurou mas não encontrou nenhum par de brincos simples, apenas pares para festas, rolou os olhos.

“Homens. Óbvio que ele não lembraria de acessórios assim.”

Caminhou até o criado-mudo que portava o bloco de notas que Hades mencionara na noite anterior. Anotou algumas coisas que ela queria, começando com brincos, colares e pulseiras para o dia a dia, vestidos, com algumas especificações, como tamanho e um pedido para cores mais vivas.

Depois de terminada a lista, ela a deixou em cima da penteadeira e saiu do quarto, se dirigindo à cozinha. Estava faminta. Chegando lá, encontrou na mesa as cozinheiras sentadas. Quando notaram sua presença, levantaram rapidamente.

–Óh, minha senhora, perdão!

–Nós só estávamos..

–Por favor, misericórdia!

–Hades aprovou!

Perséfone, confusa com todas elas falando juntas, fechou a porta atrás de si e examinou o local. Percebeu que elas estavam apenas almoçando, e tentou acalmá-las. Quando conseguiu que todas voltassem a se sentar (não nas pontas da mesa, notou), explicou-lhes que apenas perdera a hora do almoço e queria saber se poderia fazer um prato para comer.

–Fazer um prato? Ora, querida, deixe-me a servir.

–Não, não é necessário, posso fazê-lo eu mesma.

–Não fale besteiras. Com todo respeito. - Disse a que parecia ser a mais velha. Ela se levantou e foi à cozinha. Minutos depois, trouxe um prato variado, contendo desde carne de gado a salada. Ela depositou o prato na beira da mesa que a deusa sempre se sentava, junto com talheres, um copo de suco e um prato de sobremesa. - Tomei a liberdade de adivinhar o que a senhora gostaria de comer, baseando-me em suas últimas refeições. Se a comida não lhe agradar, sirvo-lhe de novo.

–Imagina, não há necessidade. - No instante que Perséfone se sentou para comer, as servas levantaram, sincronizadas, levando seus pratos nas mãos. - Não, por favor, fiquem. Não precisam sair por minha causa, almocem comigo. - Não sabia se fizera aquilo por não querer ficar sozinha, ou por pena, ou vergonha do tratamento que estava recebendo. - Em casa, eu costumava ter as refeições com as ninfas que cuidam de mim quando minha mãe não se encontrava. Não vou me ofender, fiquem.

Depois de um longo minuto de trocas de olhares e pequenos sussurros, todas se sentaram novamente.

Lembrou-se que Hades tratava as servas delicadamente, ao contrário de seu pai, o que a tranquilizou. Ao menos ele não a repreenderia muito seriamente depois.

–Então, eu me chamo Perséfone, e vocês? - A deusa puxou a conversa, limpando seus lábios com o guardanapo de pano. Seria bom poder ter alguém para conversar que não pudesse vaporizá-la no lugar. Puxou o prato de sobremesa enquanto as servas se apresentavam.

–Bom, eu me chamo Aella. - Disse a mais nova, que comia rapidamente, como se não comece há dias. - Sou nova por aqui.

–É minha filha. - Disse a que estava sentada à direita de Aella. - Me chamo Lydia. Nós cuidamos da limpeza do primeiro e segundo andares do palácio.

–Prazer, Aella e Lydia. - Disse Perséfone, com um aceno de cabeça.

–Eu sou Nitsa, e esse se empanturrando de sobremesa é meu irmão gêmeo, Lux. - Todas riram, enquanto Lux se limitou a soltar um sorrisinho irritado. A deusa nem havia notado que havia um menino entre elas. - Nós fazemos a limpeza do terceiro andar e da tenda dos Jurados

–Sou Hye. - Disse, sorrindo para a deusa. - Cuido mais dos papéis do Lorde Hades que precisam ser organizados, entregados ou recebidos.

–Sensato. Hye significa sabedoria, sabia? - Perséfone disse, sorrindo.

–Não me impressiona. - Hye disse, rindo, empinando o nariz.

–E eu, por fim, sou Delta – disse a mais velha, que havia servido Perséfone.

–Delta, como a letra?

–Sim, como a letra grega.

–Hum, diferente. - Sorriu. - Bom, Delta, parabéns pela escolha do prato, foi uma ótima combinação.

–É um prazer, senhora.

–Ora, não precisam me chamar de senhora, você está ótimo.

–Lady, então. - Disse Hye.

–Ao menos para parecer que a respeitamos. - Murmurou Lux, que logo depois levou um tapa da irmã no braço. - Ei! Eu estou certo, oras! Ela não quer ser tratada com total respeito, então a chamamos de Lady, o que camufla a intimidade mas não falta com a formalidade.

Todas ficaram atônitas, olhando Lux.

–Ele está certo. - A voz grossa preencheu a sala como um sopro de brisa. Ninguém havia notado que a porta havia sido aberta.

–Lorde Hades. - Todas as servas (e Lux) se ergueram rapidamente e se curvaram. - Nós só estavam...

–Conversando comigo, - Disse Perséfone, levantando-se e virando para encarar Hades. - não quis almoçar sozinha então lhes pedi que me fizessem companhia.

–Tudo bem. - Exclamou Hades, fazendo com que todos suspirassem aliviados. - Já terminou? Quero lhe mostrar algo esqueci ontem.

–Sim sim, claro. - Perséfone se virou para a trás, as almas já estavam perto da porta da cozinha. A deusa sussurrou um obrigada, piscou e sorriu para elas, que sorriram e acenaram de volta. Se virou e foi seguir Hades.

Caminharam até os fundos do castelo, passando pelo jardim, que definitivamente precisava de alguma flora alta que lhe preenchesse o espaço vazio. Nada como arbustos, pois esses não adiantariam sozinhos. Algumas árvores fariam o trabalho, deixando o jardim mais.. agradável.

Pararam na frente do que Perséfone acreditou ser a horta mais estranha que já havia visto.

–Não havia lhe explicado, acho, sobre as plantas que podem ser somente cultivadas no Submundo, com a ausência do sol. Achei que você se interessaria. - Os olhos de Perséfone brilhavam. Óbvio que ela se interessaria, amava flores.

Flor talvez não fosse o modo correto de se dirigir às plantas.

A deusa se agachou e ficou de joelhos, observando-as. Algumas mudas ainda não haviam desabrochado, mas as que já haviam, pareciam as flores mais lindas e brilhantes que Perséfone já havia visto. As plantas também continham um pequeno detalhe um tanto quanto diferente das outras. Como se fossem ostras, de alguns miolos das flores nasciam gemas, nem sempre pequenas, pedras preciosas.

–Como...

–Além do deus dos mortos, sou o deus da riqueza. Tudo que vêm do subsolo me pertence.

–Uau.

–Deixei, enquanto você almoçava, um grande vaso com umas três ou quatro mudas de âmbar. Elas precisam apenas de um pouco de água todos os dias. Você poderá cuidar delas em seu tempo livre. Se quiseres, pode vir aqui cuidar do jardim, deixo para você escolher. Se não o quiser fazer, tenho quem o faça, apenas imaginei que fosse gostaria de mexer novamente com plantas e...

–Obrigada. - Perséfone se virou e fitou nos olhos. Podia abraçá-lo naquele momento, mas então lembrou que ele a raptou. Manteve uma distância segura. - Eu adorei. Vou cuidar delas enquanto estiver aqui, podes deixar comigo.

–Ótimo, bom..

–Ah, e desculpe por me atrasar para o almoço, meu relógio biológico ainda não se regulou.

–Tudo bem. Posso pedir para que lhe acordem quando for perto da hora do almoço. Ou mais durante a manhã.

–Não se importa que eu não tome café da manhã contigo? Porque eu realmente preferiria dormir até um pouco mais tarde...

–Eu entendo. Claro que não me importo, já estou acostumado.

Caminharam em silêncio de volta ao palácio. Hades se despediu dela e disse que voltaria a trabalhar. Perséfone não encontrou outra coisa racional a fazer se não ir para a biblioteca e se enterrar lendo pergaminhos antigos e livros.

Até o fim da tarde, Perséfone já havia lido provavelmente tudo que havia sobre mitos, histórias macabras de mortais que fizeram crueldades com outros mortais, até mesmo sua própria família, para impressionar os deuses, o que apenas resultou em punições severas. A maioria dos mitos acabava no Mundo Inferior, assim como as guerras sobre as quais ela também lera. Começava então a entender a superlotação dos Campos que abrigavam as almas. Eram muitas mortes desnecessárias, fúteis.

Tentou achar algo que mencionasse as almas que ela conhecera no almoço, mas talvez não fosse nada memorável. Talvez devesse apenas perguntá-las, certo que nem todas se negariam a contar-lhe suas histórias, e ao menos uma saciaria sua curiosidade. Desde ter visto Hades julgar a alma na Tenta dos Jurados, despertara uma vontade de querer saber todas as aquelas histórias, poder julgar também. Mas sabia que não podia. Seria mole demais e mandaria todas as almas para os Elísios ou para os Asfodélios.

Ouviu uma batida na porta. Ergueu os olhos e encontrou Delta, parada na porta. Quando essa notou que Perséfone havia a percebido, sorriu e se aproximou.

–O senhor Hades me pediu para lhe avisar que daqui a uma hora o jantar será servido, então se a senhora.. - A serva parou um pouco, pensou e continuou. - Se você quiser se arrumar antes da janta, ou guardar algum livro, posso lhe ajudar e depois levá-la a sala.

–Ah sim, sim. Nossa, como o tempo passou rápido.

–Talvez você só tenha almoçado muito tarde. - Delta comentou, sorrindo.

Recolheram alguns livros e anotações que a deusa separou para levar para o quarto.

–Finalmente desistiu de tingir os vestidos?

–Uhum. - Perséfone não conseguiu segurar a risada. - Eu sei, aquilo fora terrível.

–Uma péssima ideia, se me permite dizer. - As duas riram enquanto arrumavam as coisas em uma escrivaninha no canto do quarto. Perséfone podia jurar que aquilo não estava ali mais cedo. Notando sua confusão, a serva a explicou.

–Lorde Hades achou que gostaria de algum lugar para poder escrever e organizar suas coisas. Sabe como é, moças são naturalmente bem... espalhadas. - Perséfone riu e assentiu com a cabeça.

–E ele está certo. Eu tendo a fazer várias coisas ao mesmo tempo, ou ao menos tentar, e acabou bagunçando tudo em minha volta.

Não entendia o porquê, mas se sentia tão bem conversando com Delta. Ficaram juntas até a janta, quando ela levou a deusa até a mesa e se retirou, apenas para voltar depois com um suco de uma mistura estranha de frutas. Ela sussurrou que tinha certeza que ela gostaria da bebida. Perséfone sorriu e experimentou. De fato, era deliciosa.

Erguera os olhos e sorrira delicadamente ao encontrar o olhar de Hades.

–Olá. Como foi o trabalho?

A pergunta, por mais simples que fosse, pegara Hades de surpresa. Por que ela se importaria com algo assim?

–Foi como sempre é. Normal. Duro, cansativo às vezes, é verdade, mas em geral, tranquilo.

–Eu estava pensando – disse, entre garfadas -, deve ser emocionante e difícil, ter de avaliar a vida de alguém. Por um lado, você vê todas as aventuras que o mortal passou, por outro, você deve decidir o destino da pessoa para a eternidade.

–Ah sim. Depois de um tempo, você não acha mais as “aventuras” tão.. aventurantes. Com a minha idade, há pouco que me impressione realmente, já vi tanta coisa.

–Hum, mas então sua vida deve ser monótona. A melhor parte do dia é quando você descobre algo novo, vivencia uma nova experiência.

–Interessante, claro, mas eu me acostumei.

–E julgar? Se torna mais fácil com o tempo?

–Não, nunca. - Hades terminou de comer e bebeu o último gole de sua taça de vinho tinto. - Sempre é massacrante a escolha. Posso dizer que não ficou mais tão indeciso como no começo, mas ser justo sempre requer que você analise diversos pontos de vista, como lhe expliquei ontem.

–Sim, sim. - Perséfone também terminou sua janta e seu segundo copo de suco.

Um silêncio se estendeu no ar até ambos terminarem suas sobremesas. Hades apreciou a tentativa da jovem de começar uma conversa, e funcionou, mas ele receava que fossem brigar novamente. Taças não eram tão baratas para se perder uma a cada refeição.

–Imaginei que não tivesses ido almoçar por causa de nossa briga.

Perséfone limpou a boca e sustentou o olhar do deus.

–Não, não, apenas dormi demais. Aquele.. ãn.. presente que você me deixou funcionou maravilhosamente. Dormi como uma criancinha.

–Ótimo! Ajuda com o problema dos gritos, não?

–Sim, e eu já nem os noto muito durante o dia, acho que estou me acostumando.

–Ficou contente de saber que dormistes bem. - Perséfone enrubesceu com o comentário dele. Não sabia o que responder, não queria ofendê-lo, não queria comentar que dormira tão bem que sonhara com sua casa. Decidiu não comentar nada. - Vou me retirar, se não se importas. Estou exausto, fui acordado no meio da noite com um contratempo, mal dormi.

–Ora, quer os tampões de volta? Quero dizer, a tiara... Ah, não sei como chamar aquilo.

–Não há necessidade, tenho os meus, mas obrigado. Apenas vou me recolher cedo e estarei novo amanhã. Boa noite.

–Boa noite. - Perséfone sorriu enquanto ele saía.

Estava de tão bom humor, talvez da noite bem dormida, das novas amizades, que nem se lembrou de exigir saber o porquê de estar ali. De amanhã não passaria.

“Augh, talvez ele deve ter ido dormir mais cedo apenas para que eu não pudesse interrogá-lo! Ora, como sou ingênua. É óbvio que é isso, deve estar fugindo de mim, deve ter deixado perder a hora do almoço de propósito! Ah, mas é óbvio!”

Quando menos percebeu, já estava na frente do quarto de Hades, batendo em sua porta.

–Quem deseja? - A voz sonolenta de Hades soou do outro lado da porta, com um pequeno toque de raiva em seu tom.

–Sou eu.

A porta se abriu instantaneamente, mostrando a Perséfone um Hades sem camisa, apenas com um uma calça de dormir, se é que panos amarrados com o intuito de esconder a pele embaixo deles pode ser chamado de calça. Perséfone quis se autoflagelar por soltar um pequeno som ao vê-lo.

–Sim?

–Ãn.. - Ela não conseguia raciocinar, estava ocupada demais se maravilhando. Ele não era como Apolo, ou Poseidon, ou Ares. Ele era magro, não tinha um abdômen super definido. Talvez só um pouquinho. Seus ombros eram largos e cicatrizes saíam deles, passavam pelo meio da barriga e uns também iam parar nas costas. Ele havia tomado banho antes de deitar, Perséfone imaginou, pois seu cabelo estava molhado, reforçando a cor de seus olhos.

Podia ver que ele estava dormindo, seu rosto estava amassado de um lado, assim como um de seus braços. Seus musculosos braços. Não se lembrava de ter notado todo esse porte físico por cima das roupas. Teve de suprimir um suspiro.

Desviou o olhar de Hades e tentou enxergar o quarto atrás dele. Pôde ver pouca coisa, pois assim que ele notou o que ela fazia, se postou mais para perto dela, bloqueando seu campo de visão. Mesmo assim, conseguira identificar paredes de um vermelho vinho, uma cama bagunçada, com lençóis cor de sangue e travesseiros brancos. Uma porta entreaberta ao fundo do quarto mostrava o banheiro dele, bem parecido com que ela tinha em seu quarto, tirando o fato que ela nem conseguia ver o final da banheira dele..

Hades pigarreou.

–Perséfone?

–Ah sim, eu vim aqui para você cumprir sua promessa!

–Quê? - Hades esfregou os olhos, tentando lembrar de alguma coisa.

–Ontem, antes de brigarmos na janta, você disse que hoje eu entenderia o porquê da minha estadia aqui!

–Hum, isso..

–Estou esperando! Achou que só porque conseguiu se esquivar de mim o dia inteiro eu ia esquecer de te cobrar isso?!

–Em minha defesa, quem acordou tarde foi você, e eu não prometi nada.

–Prometeu sim! E você deixou que ninguém me acordasse!

–Eu mandei te acordarem. E as palavras “eu prometo” não foram pronunciadas. Se tivessem sido, aí você poderia me cobrar, porque eu nunca quebro minhas promessas.

–Não importa! - Perséfone agitou os braços em sinal de frustração. - Eu quero saber agora! - Hades ergueu uma sobrancelha.

–Amanhã.

–Não!

–Sim.

–Não e não!

–Sim.

–Você está só me enrolando!

–Eu prometo.

–Não me venha com essa, eu já vi muitas promessas serem quebradas.

–Já viu isso em mim?

–Não, mas...

–Então estamos combinados. Amanhã.

–No almoço! - Ela gritou enquanto ele dava as costas a ela e fechava a porta na sua frente.

–Boa noite, Perséfone.

–Ugh! - Grunhiu a deusa, revoltada. - Boa noite. - Disse, quase como um rosnado. Saiu pisando firme e voltou para seu quarto.

Hades suspirou, deitando de volta na cama. “Isso não vai acabar bem”. Ecoou a voz de sua consciência. “Que Caos me ajude.”


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Notas finais do capítulo

Ah, eu sei, vocês queriam mais taças voando hoje né? Coitado do Hades, ele é rico mas não pode ficar gastando dinheiro assim.
E eu sei que vocês todas conseguiram imaginar direitinho a parte dele sem camisa :3

espero os reviews/comentários de vocês e peço de novo que dêem uma divulgada na fic. Não por nada, só que é bom ter novos leitores.
Não precisam ficar divulgaaaaaaaaaaando exaustivamente, claro, essa parte é minha kkk, mas se tiverem algum amigo que goste de Hadéfone, me façam esse favor ;) OIASNDIOSNDSOANID
Beijocas, amo vocês

ahhh, e obrigadão a Debby Chan (http://fanfiction.com.br/u/91647/), amei tua recomendação, viu? *uuuuuuuuuu*
e um obrigada especial também a minha linda e magavilhosa (com G) Filha de Atena (http://fanfiction.com.br/u/126786/), que vocês já devem ter ouvido falar [bastanteaté], por ser minha ~beta~ isaonfidaofdifk t amo, minha Afrodite dpofanisifkasd



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