A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 21
Coré


Notas iniciais do capítulo

Pra continuar uma tradição que nunca deveria ter sido perdida, adiantei o capítulo pra postar no aniversário da minha rainha R. Melo (pra quem quiser dar os parabéns k) podem agradecer ela

Desculpem a demora, ele já tava pronto, mas eu queria ter tido tempo para escrever mais do próximo capítulo antes de postar esse para caso eu mudasse de ideia e algumas coisas -.-
enfim
aproveitem ♥



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Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete.

Uma por uma, Perséfone esmagou as sementes e as jogou fora. A sétima ainda estava em sua mão quando a mãe entrou no seu quarto, a convidando para almoçar. Ela sorriu, deu desculpas para se demorar mais um pouco, jogou fora a semente e seguiu a deusa. As primeiras ela ainda esperava até a noite cair para se desfazer, porém, desde o quarto dia ali, já à tarde tinha vontade de ficar e naquele sétimo dia de volta ao Olimpo, aproveitou o intervalo de almoço para fazer aquilo.

Lembrou-se do que ele disse antes de ela partir, que estar no Olimpo mudaria sua opinião, que talvez ela não quisesse mais voltar. Estivera certo? Será que Perséfone nunca mais teria coragem de voltar?

Estava indo bem com a mãe, Deméter estava diminuindo aos poucos sua paranoia, Perséfone já voltara a dormir sozinha em seu quarto, sair de manhã cedo sozinha para cuidar de suas plantações. Porém, assim que os últimos raios da carruagem-sol ameaçavam ir embora, a mãe se grudava nela, o medo de ter a filha levada por ele novamente estampado em toda a sua essência. 

Ele

Nem falar seu nome a deusa falava, como se a mera palavra fosse o suficiente pra convocá-lo para lá, e repreendia quem fosse perguntar à Perséfone como ele era, como tinha sido. Nem ela ousava perguntar, o que incomodava a jovem deusa profundamente. Se dividia entre pena de deixar a mãe sozinha com raiva por ela não querer saber o que acontecera. Perséfone não estava completamente decidida sobre ficar no Olimpo e a mãe se fechar para o assunto não ajudava em nada.

Queria ao menos desconstruir a imagem de Hades que ela tinha, explicar como era o castelo, as pessoas que conhecera, as emoções que sentia. Tinha quase certeza que Deméter achava que ela tinha ficado enjaulada, sem comida nem água, à mercê do Rei dos Mortos. Isso só deixava Perséfone mais furiosa. E se tivesse sido assim? Sua mãe ia deixá-la ficar remoendo seus próprios traumas sozinha? 

Suspirou, andando calmamente até a sala de jantar e se esforçando para não parecer brava quando chegasse. Uma parte dela entendia que estava querendo muito de sua mãe, que nem conversar sobre sexo com ela conversara. Tudo que Perséfone aprendera sobre relacionamentos, amor, sexo, contracepção, prazer… tudo fora com Hera. Era como se a mãe tivesse medo de conversar com ela sobre o assunto e instigá-la a fazer as coisas, incoerente com a insistência dela para que Perséfone conhecesse meninos e não acabasse solteira como a mãe. Deu de ombros. Estava cansada de esperar a iniciativa de Deméter para as coisas.

Almoçaram conversando sobre as plantações. Os mortais estavam em surto com a volta da fertilidade das terras. Se não por nada, o incidente todo ensinou aos mortais que eles precisam aprender a estocar alimentos e que trocas de estações podem ser bem mais drásticas do que eram antes.

Em geral, o tempo era sempre ameno, cômodo, e três meses por ano-mortal Perséfone assumia o controle dos afazeres da mãe e deixava a primavera aflorar. No início ela se empolgava pela simples reação dos mortais. Agora, anos depois, a verdade era que ela se magoava cada vez que ia trabalhar. Eles não apreciavam mais as cores. Nunca rezaram para ela. Por mais bonito que fosse, o trabalho dela não era essencial. Viveram, viviam e viveriam a eternidade sem precisar daquilo, até porque a polinização por si só Deméter já gerenciava muito antes da filha nascer.

—Meu bem?

Perséfone despertou com a voz da mãe a puxando de volta para a realidade.

—Olá. Desculpe, estou distraída hoje.

—Eu percebi. Algo de errado?

—Nada.

—Não minta para mim, querida. Eu te coloquei no mundo. Te conheço desde o dia em que você nasceu.

—E mesmo assim não quer saber como foram as duas semanas que passei fora. - Perséfone deixou escapar, a mágoa estampada em sua voz. 

—Não perguntei porque achei que fosse melhor para você não pensar mais no assunto. Sei que sequestros são coisas bem traumáticas.

—Primeiro que você deveria ter deixado eu decidir se falar sobre o assunto ia ser ruim ou não, segundo que fosse é minha mãe, se alguém pode consolar meus traumas é você. Esses dois pontos só provam o que eu imaginei, que você não pergunta porque você não quer falar sobre o assunto, porque tem medo..

—Medo do que, menina? De saber as coisas horríveis que você sofreu? Óbvio que tenho medo. Me culpo todos os dias de não ter te protegido naquela noite. Já está difícil o suficiente sem saber o que ele fez, onde ele te… tocou.

—Mãe, eu entendo isso. Você não precisa se sentir culpada, você não tem como estar comigo a todos os momentos. Eu sou adulta já, não preciso de vigia. E se você tivesse tido coragem de perguntar saberia que ele não me fez nada de mal. - Perséfone quase riu do susto da mãe, a face atônita quase uma escultura de tão fixa.

—Ele nem te tocou?

—Tocou. - Deméter se remexeu na cadeira e sua expressão trocou para asco rapidamente. - Não, não, mãe! Não assim. Não à força.

—O que? Você deixou que ele te tocasse? - As ninfas começaram a sorrateiramente se esgueirar nos cantos para ouvir a conversa. Deméter notou isso, baixou o tom de voz e se levantou. A filha entendeu, mimetizou ela e elas andaram até o quarto da jovem. - Então? - Deméter disse, fitando de pé a filha que estava sentada na cama. - Você não queria conversar?

—Sim, quero. E sim, eu deixei ele me tocar. Eu.. toquei ele também. - A deusa da agricultura fechou os olhos com força, segurando uma ânsia de vômito. Acenou para a filha que ela continuasse. - Ele não me machucou em nenhum momento. Eu fiquei no meu próprio quarto, ele mal entrou lá.

—Vocês… - Deméter colocou a mão na cabeça e se virou de costas. - ele e você… fizeram… - Perséfone entendeu, porém esperou. Formular a frase claramente fazia parte da aceitação de Deméter. - Você perdeu a sua virgindade? - Ela enfim, conseguiu falar.

—Não. - A deusa suspirou tão alto e se virou tão aliviada de volta para Perséfone que a jovem quase não segurou uma risada. - Nós nos beijamos, sim. - Deméter se torceu em asco novamente. - Tivemos oportunidade de… - quem diria, agora era ela quem hesitava. - transar. Eu não me senti pronta. 

A deusa mais velha era um misto muito confuso de alívio e nojo. 

—Melhor assim, meu bem. - Ela conseguiu dizer e se pegou ficando ainda mais confusa ao notar uma tristeza passear pelo rosto de Perséfone. - Não?

—Não sei. Talvez. Não teria sido ruim. Ele foi muito respeitoso comigo o tempo todo, sei que não faria nada que eu não quisesse e deixaria que eu… conduzisse. 

—Porém, vocês estariam para sempre ligados por isso. É bobo, eu sei, mas nós costumamos a nos apegar bastante aos nossos primeiros… - “romances” ela queria dizer. Se contentou com deixar a frase no ar. 

—Mãe, nós já estamos ligados. - A percepção de que talvez ninguém tivesse contato à Deméter a verdade sobre seu último dia no Submundo foi como um soco no estômago da deusa. Chegou a faltar-lhe o ar. A cara de confusa da mãe foi a estacada de um golpe que ela não estava esperando receber. - Mãe, eu.. Nós… aquele anel.. Na última noite que estive lá… - Os olhos das deusas foram juntos até o anel que repousava sobre o criado-mudo ela. Seu anel de casamento. - Nós nos casamos.

—___________

—Boa tarde.. 

—Boa tarde, senhor. - Delta o cumprimentou com um sorriso caloroso. Melhor que os sorrisos de pena que ela andava lançando para ele nos últimos dias. - Bom ver que o senhor vai comer na mesa hoje.

—Bom humor, ãn? - Hades ergueu os olhos de seu almoço e fitou a deusa na porta. - Aquele ar melancólico combina com você, mas já estava ficando exagerado. - O deus revirou os olhos e acompanhou de canto a deusa se sentar ao lado dele.

—Ainda é cedo, Hécate, por favor não faça eu me arrepender de deixar meus aposentos.

A deusa bufou com o desaforo. Almoçaram em silêncio. No fim da sobremesa que a deusa reunião a coragem que precisava para ser forçada a fazer o que tinha vindo fazer.

—Me desculpe. - Hades ergueu a cabeça, o cenho franzido, à espera de complemento. - Pelo meu comportamento. Deixei minhas ambições tomarem controle das minhas ações. E estava, sim, com um pouco de ciúmes. Nos damos bem e trabalhamos bem em sintonia, não queria que nada estragasse isso.

—Ela nunca ficaria entre nós desse modo, você sabe bem disto.

—Eu sei. Entra aí a parte da ambição. Mas, enfim, isso não vêm mais ao caso. Só… me desculpe.

Hades ponderou por alguns segundos, enquanto as servas retiravam a louça da mesa.

—Por que? - Vez da deusa fitá-lo em confusão. - Por que pedir desculpas? 

—Ora, porque sim…

—Vamos lá, você não é assim, pedidos de desculpas inocentes e espontâneos não fazem o seu tipo. - A deusa bufou de novo e cruzou os braços. Sustentaram olhares até ela desistir e fitar a mesa.

—Nix me convenceu. - Hades deixou-se exalar um “ah, sim” de compreensão e apoiou a cabeça para trás, fechando os olhos. - Isso não quer dizer que o pedido não é genuíno.

—Uhum…

—É sério, Hades. - Ela se inclinou e pegou uma das mãos dele nas suas, fazendo-o tornar a abrir os olhos e fitá-la. - Eu não achei que você fosse sofrer tanto. - Foi a vez dele desviar o olhar para baixo. - Você não tem muitos amigos, não vá me negar essas desculpas.

—Queria ter esse luxo, porém você está certa. Eu lhe perdoo. - Ele deixou ela beijar-lhe a mão em reverência e correspondeu o sorriso que ela deu.

—Você sempre foi o mais benevolente dos reis, sabe?

—Sei, se fôssemos mortais você já estava exilada.

—Uhum. 

Se ergueram e estavam tomando cada um seu rumo no corredor quando ele a chamou.

—E Hécate?

—Sim?

—Eu também não achei que fosse sofrer tanto.

 

—________

A deusa nem sabia se isso era de fato possível ou fora apenas a sua imaginação, mas sentia o cheiro do ódio se aproximar do palácio enquanto caminhava em seus jardins após o almoço. Suspirou, já cansada da conversa que iria ter quando viu todas as suas plantas morrerem em frente aos seus olhos.

Você os casou?— Deméter gritou da entrada dos jardins, sua força estremecendo até os bancos de mármore ao lado das plantas mortas. Acenou discretamente para sua ninfa assistente para que entrasse no palácio. Se virou com calma, vestindo a frieza e a elegância de rainha que ela sempre teve. 

—Sim. - “De quê adianta mentir?

—Eu sabia. Ela me disse que tinha sido uma sacerdotisa, mas no momento em que me contou eu sabia que tinha sido você. 

—Então por que perguntar? - Talvez não fosse o melhor momento para afrontar a irmã, mas uma coisa que Hera aprendeu durante seus anos de mandato é que não deve permitir que subam o tom de voz para falar com ela, independente de quem seja.

—Eu tinha uma pequena esperança de que você não fosse trair a sua própria irmã, Hera. 

—Ah, pelos céus, Deméter, sem drama. Eu não “traí” você. Eu casei a sua filha com um homem bom e justo, independente do que você pense dele. - Deméter bufou e armou-se para gritar novamente, a deusa se adiantando para continuar sua fala. - Além do mais, ele também é meu irmão. 

—Ele é um homem, Hera! Ele sequestrou ela! Como pôde? Você teve a chance de protegê-la e não o fez! Eu confiei em você, deixei você conviver com ela desde pequena, para isso?

—Olhe bem como fala, irmã. Você me “deixou” conviver com ela? Ao que me diz respeito, é você quem mantém ela em cativeiro. Antes de me ensurdecer, ouça a sua filha. Ouça a si mesma. 

—Como ousa? - Agora as deusas estavam há poucos metros de distância. Das plantas mortas se erguiam raízes. Deméter estava há tempos esperando para descontar essa raiva em alguém, Hera nunca achou que seria nela. - Quem é você para julgar como crio a minha filha? Você é uma mãe terrível.

Eu sou a sua rainha. - A voz da deusa ribombou junto com os raios que agora cortavam os céus às suas costas. A fúria pegou Deméter de surpresa. Ela estava tão cheia de si que claramente não esperava que ninguém discordasse dela. - Eu que lhe perguntou como ousa vir aqui me ameaçar e desrespeitar assim? Minha maternidade não lhe diz respeito, embora você saiba muito bem os motivos de eu criar alguns de um jeito e outros de outro. Eu sou, acima de tudo, deusa do casamento, então não me venha duvidar das minhas capacidades de julgamento. Faço meu trabalho muito bem. Hades será um excelente marido e não há nada que você possa fazer agora que anule essa união.

O silêncio pairou entre elas, os trovões ainda iluminando em feixes os olhares mortais que elas trocavam. Mesmo sem ter como revidar, Deméter não baixara os olhos, não perdera a postura. Hera quase abriu um sorriso. Notou apenas naquele instante a pequena deusa que saía do meio das plantas e caminhava lentamente até elas.

—Mãe? - A voz doce de Perséfone um alento aos ouvidos da rainha. - Vamos para casa. Hera está certa, você precisa começar a me ouvir. Não aconteceu nada de ruim comigo, ele não é como você imagina. Nós conversamos antes do casamento, eu tive todas as oportunidades para ir embora. Ela não me protegeu porque não tinha do quê proteger. Eu me casei porque quis.

—Chega. Você é uma criança, Coré. - A jovem estremeceu, há anos que sua mãe não lhe chamava assim. A lembrança atingiu em cheio tanto a filha quanto a mãe.

 

“- Coré, meu bem, venha almoçar. - Deméter chamou, em pé na porta dos fundos do palácio, o braço estendido, esperando a jovem correr para dentro, como sempre. Porém, naquele dia ela não veio. A deusa a chamou duas, três vezes. Impaciente, pôs se a vasculhar as árvores, achando que a menina estava pregando uma peça. 

—Você vai ficar bem. - Deméter ouviu uma deusa sussurrar ao fundo, no caminho que dava para os pomares. Um pânico tomou conta dela quando percebeu que talvez a pequena Coré tivesse se machucado. A deusa não conseguiria se perdoar se ter deixado a filha tão solta tivesse levado ela a injúria. 

Suspirou de alívio ao ver a menina sentada em uma pedra, sem nenhum machucado grave à mostra, e reconhecendo a titânide que a consolava era Reia.

—Mãe? - Deméter chamou. Ambas viraram. - O que houve? - Deméter notou que os olhos da menina estavam um pouco inchados, como quem recém chorara. Coré acenou um “oi” para ela e sorriu, tranquilizando por pouco tempo o coração palpitante da deusa. Logo notou que Reia tinha em mãos uma romã aberta ao meio. Para alívio de Deméter, nenhuma semente estava faltando, porém uma das metades brilhava como o melhor e mais abençoado dos frutos enquanto a outra estava murcha, a casca amarelada.

—Sua menina cresceu, Deméter. - A deusa franziu o cenho e só entendeu ao se aproximar das duas. De perto, agora ela conseguia ver o fino feixe de ícor que escorria na pedra que Coré estava sentada. Lá voltava sua palpitação. Seguiu o caminho do dourado sangue até encontrar sua fonte. A intimidade da menina. Coré atingira a puberdade divina.

Se aproximou, sorriu para tentar confortar o olhar ansioso que a filha lhe lançava e se inclinou para pegar-lhe as mãos. Coré as encolheu e Deméter entendeu o porquê. Estavam sujas. Vermelhas como sangue humano. Seu olhar varreu o ambiente e se fixou novamente na romã aberta, seu suco pingando no chão da mesma cor das mãos da pequena deusa. Olhou confusa para a própria mãe, esperando uma explicação.

—Vá se lavar ali no rio, querida. - Reia disse à menina, que prontamente, como se as duas já tivessem conversado sobre isso, se levantou e foi. Parou perto o suficiente para conseguir continuar ouvindo a conversa. - Deméter, o futuro dela está traçado e se inicia desde já. Pressenti que isso aconteceria há alguns dias, consultei as Parcas e venho em nome delas. 

—Que futuro, mãe? A romã não é o símbolo da morte? O que você quer dizer com “inicia desde já”?

—Não, a romã é o símbolo do Submundo, não da morte. Não, não é a mesma coisa. - Reia complementou ao olhar de desdém de Deméter. - Ela está predestinada para coisas maiores do que o Olimpo imaginou e você deve prepará-la para isso.

—Não. Minha filha não tem nada a ver com o submundo. Ela vai reger a primavera comigo, não vai a lugar nenhum. Coré..

—Deméter. - A titânide interrompeu. - Não discuta comigo, eu sou apenas a mensageira. Aqui, tome. - Ela conjurou um pedaço de tecido onde se lia, bordado em dourado: Περσεφόνη

—Per.. Perséfone? - A voz da deusa falhou ao terminar a palavra. As sombras das árvores ao redor das duas pareceram se intensificar, mudar de posição. Um vento gelado soprou os cabelos de Deméter para o lado. - O que quer dizer?

—Você sabe bem.

—”Aquela que destrói a luz”. O que isso tem a ver com minha pequena Core?

—De hoje em diante, esse será seu nome. 

—Não. Não vou permitir. O quer que isso significa, Coré é a mais alegre das deusas menores, não pode ser ela, você se confundiu…

—Eu não me confundo, criança— o tom de voz antes compreensivo e sensível, agora imponente e impaciente. - Está feito. Eu já expliquei a ela que alguns deuses e deusas trocam de nomes ao crescer, pois sua essência se altera com o tempo. Nem todos nascem prontos para seus afazeres. Ela entendeu, gostou do nome.

—E a romã?

—Estava aos pés dela quando cheguei. Ela disse que colheu de uma árvore com os galhos invertidos. Procurei e não achei. Disse que se abriu quando ela fez menção de morder e que suas metades ficaram assim logo após se abrirem em suas mãos. 

—Não pode ser. - Deméter levou as mãos à cabeça. Reia repousou uma de suas no ombro da filha, trazendo de volta seu tom leve e compreensivo.

—Não tire conclusões agora, meu bem. Você sabe que o futuro sempre nos surpreende. Lhe peço apenas que não fuja dele. A única coisa boa que podemos aprender de seu pai é que o sofrimento segue aquele que tenta escapar do predestinado. A crie com confiança, ela precisará para dominar o poder que cresce dentro dela. Adeus. - Reia inclinou-se e beijou a testa da filha antes de acenar para a pequena deusa e desaparecer em um feixe de luz. 

Deméter suspirou e deixou as lágrimas lavarem seu rosto. Quando se acalmou, levou a pequena para dentro de casa e trancou a porta. Não se importava com o que Reia achava. Não iria acreditar na mulher que deixou que cinco de seus filhos fossem comidos vivos para só então salvar alguém.

Era o fim dos passeios sozinhos da filha. De agora em diante, ela ficaria sempre perto.

Core ou Perséfone, ela seguiria sendo sua filha. Ninguém a tiraria de lá.”


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Notas finais do capítulo

Espero encontrar alguém nos comentários ♥



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