A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 18
Décimo quarto dia - Parte 2 (sim, finalmente)


Notas iniciais do capítulo

Socorro gente, me perdoem. Eu sei que faz 4 meses que a gente não se vê e que eu atrasei dois capítulos, mas aconteceu um monte de merda, no fim do caps eu vou explicar o que aconteceu e daí vcs pfvr me perdoem e não desistam da fic pq eu não pretendo desistir.

>>>OBS: eu tô terminando isso as 5 da manhã então se quem for lendo achar algum erro alguma coisa pode me mandar (por mensagem ou no comentário mesmo) que eu arrumo amanhã quando chegar em cas



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O ar fugiu de seus pulmões.

Perséfone deu dois, três giros até estar satisfeita com tudo o que havia visto, então fechou os olhos e respirou fundo. Sentiu o sol aquecer sua pele, sentiu o vento afastando suas mechas soltas, sentiu o cheio de grama cortada, sentiu a música de entrada atravessar-lhe o coração. Sentiu-se livre.

Estavam em um enorme campo aberto entre um penhasco e a imensidão verde se fundindo com a azul, com o pôr do sol se iniciando de plano de fundo. Sem árvores à vista, apenas flores delimitando o local da cerimônia.

Ah, o local. Muitos deuses e deusas sentados em cadeiras brancas, fitando o azul puro que o abismo revelava. Primeiro, não a notaram. Em sua terceira volta, todos já estavam virados para ela, de pé, as liras em movimento.

À última volta, antes de fechar os olhos, absorveu o altar. Baixo, a poucos metros do penhasco, com um grande arco de trepadeiras, tradicional dos casamentos do Olimpo. Não focou nas pessoas, mas sabia que estavam lá. Uma sacerdotisa ruiva estava no centro do altar, Perséfone não conseguiu reconhecê-la, mas notara um sorriso quando seus olhos voaram sobre os dela. Ao seu lado estava ele, ela sabia, mas não conseguira vê-lo. Talvez não o quisesse. Não haviam muitos padrinhos e madrinhas de casamento entre deuses, porém em cerimônias reais, alguns deuses eram predestinados a estarem no altar, fazendo com que Perséfone ainda percebesse mais uma deusa e um deus, cada um de um lado do altar.

Abrindo os olhos, seu olhar instantaneamente se fixou no dele. Sorriu.

 

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O ar fugiu de seus pulmões.

Ele não tinha adjetivos para descrever o quão bela ela estava, então não o faria. Mal conseguiu conter seu sorriso. Ela girara três vezes, maravilhando-o ainda mais. Com os olhos fechados, conseguia ser mais linda. Ele fechou os dele também. Sabia que tinha feito bem, tudo certo. O casamento tinha tudo para ser perfeito. E seria. Talvez pela primeira vez na vida do deus, algo daria certo.

“Certo”.

Hades abriu os olhos com o pensamento e focalizou no jovem deus sentado em uma das últimas cadeiras. Agora ele fitava a noiva, mas antes ele tentava parecer irritado, contrariado. Mas esse é Hermes, ele não foi feito para esperar. Chegara exigindo demais, querendo ir embora naquele momento. Mas Hades é Hades. A única escolha que o deus dos mensageiros pôde fazer foi acompanhar o casamento ou esperar de fora. Ele a levaria quando fosse hora.

No destravar de seus olhares, quando a deusa virou para pegar seu buquê e dar o braço à Afrodite, Hades vasculhou as cadeiras. Estavam todos lá, ao menos todos que ele fizera questão (e uns nem tanto).

A única ninfa amiga de Perséfone que ele achou confiável, que crescera junto com a deusa e não armaria nenhum escândalo. Ares com toda a fila de filhos que ele e Afrodite fizeram com tanto empenho. Nix e seus meninos. Hécate, por motivos de força maior, fora obrigada a sentar-se, mas para não ceder ao momento, se recolheu para uma das cadeiras mais afastadas, perto de Hermes. Se o casamento não fosse ao ar livre, ela estaria atrás de um pilar, amaldiçoando-os. Delta na primeira fileira, à frente de Atena, ambas sorrindo para a deusa que caminhava entre as cadeiras. Poseidon fizera questão de sentar ao lado da deusa da sabedoria, então uma cadeira estava vazia na segunda fileira, assim com a cadeira de Héstia ao lado de Delta.

Com um arrepio, Hades voltou sua atenção à deusa. O tempo parecia desacelerar, ao ponto dele se reafirmar que Cronos estava morto, enquanto ela deslizava no corredor até ele. Finalmente.

Ele não vira um fraquejar, um sinal de dúvida. Ela entrara de cabeça como ele.

 

Agora de olhos abertos, caminhando por entre os vários pares de olhos que a fitavam, Perséfone fixou o olhar nos rostos que não reconhecera. Héstia e Poseidon como “madrinha e padrinho”, irmãos do noivo e representantes dos Seis Grandes. Mas não os únicos.

A ruiva que ela não distinguira a deixara boquiaberta. Hera, sempre impecável, em suas vestes reais, sorria de olhos marejados para a pequena deusa. Um sorriso verdadeiro, de mãe. Mãe orgulhosa. Os olhos de Perséfone não conseguiram ser impedidos de lacrimejar.

Subindo no altar, precisando vencer apenas uma curta distância, seus olhos passaram pelos de Héstia e se fixaram nos de Poseidon que, antes, fitava o noivo com um sorriso que variava entre bobo e sacana, o mesmo que ele apresentou a ela, acrescido de uma piscada de olho. O sorriso da deusa se alargou.

Família, então. Não seria tão ruim com ela imaginara. Sua mãe não estava ali, e nunca estaria. E se estivesse não estaria daquele jeito, aprovando-a. Então a deusa estava agradecida por serem esses os presentes. Sem julgamentos, sem desaprovações, sem superproteção. Apenas uma futura rainha.

Afrodite apertou o braço da deusa e se inclinou para recolher seu buquê. Beijou-lhe a testa e limpou uma lágrima. Como a mais velha, talvez, e como uma das articuladoras de tudo aquilo, era ela a protetora da relação deles, escolhida pelos dois um dia antes. Com isso, seria ela a deusa a coroá-los, se a coroação fosse ocorrer, e a entregar-lhe as coroas de louros no final da cerimônia.

Um aceno leve de Hera com a cabeça para o conjunto de liras à esquerda do altar e todos se sentaram, a música suavizando-se. Ela sorriu para ambos antes de começar.

 

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Sem leitura de votos, costume presente apenas entre mortais e semideuses, a cerimônia voou e em pouco tempo, Afrodite já estava entre eles, de frente para Hera. As deusas retiraram as coroas de louro da mesa onde descansavam sobre amêndoas, símbolo da riqueza e da doçura, sempre presentes nos casamentos olimpianos. Cada uma alternou a coroa na cabeça dos noivos três vezes, em sincronia. Com as coroas em suas respectivas cabeças e as alianças entregues, a cerimônia poderia ser encerrada.

Passando de volta pelo corredor entre as cadeiras, o pôr do sol quase em seu fim, às suas costas, Perséfone estava de braços dados com Hades e sorridente. Quase chorara, mas fora forte. Afrodite, por outro lado, já se desmanchava e apareceria atrasada no banquete, a maquiagem retocada.

Os convidados entrariam antes e se sentariam, entrando Hades e Perséfone por último, o que dera ao casal um tempo a sós, em que nada fora dito. Dois olhares trocados e alguns beijos suaves depois, e eles saíam juntos dos campos que estavam.

 

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Sentada na ponta da mesa de banquete, de volta ao castelo, na sala de tronos, Perséfone não conseguia acreditar no que acontecera. Não era rainha ainda, mas estava casada, e a consciência disso a atingiu em cheio apenas no fim da janta, após inúmeras garrafas de vinho e risadas espalhadas pelo recinto.

Mesmo com tudo perfeito, convidados bem instalados, comida impecável, cerimônia emocionalmente abalante, algo parecia estranho, fazendo a deusa se erguer e sumir por alguns segundos, esperando que ninguém notasse. Parada na frente de um grande espelho que preenchia uma das paredes do hall pré-tronos, ela se fitava.

Não era hora de ter medo, dúvidas, problemas com certo ou errado. Estava feito. E ela não se arrependia. Apenas precisava se ver. E se viu mais madura, já. Mais segura. Sorriu ao vê-lo chegando e abraçando-a por trás. No fundo, sabia que Hades notaria, esperava, até. Agradeceu-o mentalmente por não fazer perguntas, nem parecer preocupado. Qualquer resquício de preocupação que ele tinha se esvaiu ao ver o rosto decidido dela caminhando até ele. Agora, ele era só alegria.

Ficaram alguns minutos de pé, ele com o rosto fundo nos cabelos dela, inspirando cada aroma que ela carregava enquanto acariciava a cintura da deusa. Perséfone sorriu e assentiu quando ele a convidou para cortar o bolo.

 

De volta à sala, pararam em frente ao bolo. Três andares de mel, sésamo e marmelo. Hades pediu a atenção do salão e começou a agradecer pela presença de todos, sendo interrompido por Perséfone, que decidira agradecer ela mesma a algumas pessoas que haviam ido vê-la.

Por fim, cortaram o bolo e serviram o primeiro pedaço. Eles concordaram entre si que a pressão para decidir quem seria o primeiro era besteira, mas igual decidiram em comum acordo.

—Para fugir de algumas tradições, o primeiro pedaço não vai, não, à minha esposa. Nem a mim. - Hades disse e sorriu diante de reações diversas – E sim ao meu querido sobrinho, Hermes.

O silêncio pairou por momentos e alguns “o quê?” puderam ser distinguidos. O deus se ergueu do seu lugar e fora buscar seu pedaço. Hades se delongou ao entregá-lo o prato.

—Isso por ele ter vindo exclusivamente para estragar o casamento e vai acabar tendo que ficar esperando, bebendo e comendo de graça às minhas custas até o dia amanhecer. Hermes apenas não evitou e sorriu, dizendo que faria esse sacrifício.

 

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A conversa cessou um pouco com o bolo. Ele estava maravilhoso então as pessoas não faziam questão de conversar, e sim de comer, todos em seus lugares. Na mesa de Hades e Perséfone estavam os mais íntimos: Poseidon, Héstia, Hera, Atena, Afrodite e Ares (seus filhos sentaram em outra mesa pois mais quatro deuses não caberiam numa mesa só com todos eles). Aos poucos o bolo foi acabando e a conversa foi recomeçando.

Héstia levantara para conversar com Delta, Ares e Afrodite foram dançar e Hades fora cumprimentar os convidados que ele não cumprimentara antes do bolo, restando na mesa Atena e Poseidon, que levantara de seu lugar para sentar-se ao lado da deusa da sabedoria, e, do outro lado da mesa, Perséfone e Hera conversavam.

—Você vai ser uma rainha maravilhosa, meu bem – A deusa dissera. Perséfone sorriu e perguntou se ela estava falando sério, que esse era um dos medos da jovem. Ser esposa ela conseguiria tranquilamente, mas ter um exército de monstros mortos para liderar e uma infinidade de almas para organizar já era mais complicado. - Claro, querida, não é tão ruim assim. Se bem conheço Hades, ele vai fazer todo o trabalho duro por um tempo, até você se acostumar com o sistema para só então te introduzir nas pequenas tarefas e, quando você notar, já está lado a lado com ele debatendo sentenças.

—É um trabalho pesado, mãe. Não sei se consigo decidir a eternidade de alguém. - Hera pegou as mãos da deusa entre as suas.

—Pense em Hades, querida, que vêm carregando esse fardo sozinho por éos. Se ele conseguiu, jovem, começar tudo isso sozinho, você conseguirá ao lado dele. Você não terá que fazer as piores decisões, pode deixar para ele. O que ele vai esperar de você é o companheirismo, não que você resolva todos os problemas do submundo. Isso ele já o faz sozinho. Você é a única coisa que ele não tem. Amor, querida.

Perséfone apenas sorriu, limpou uma lágrima e abraçou a deusa. Hera era seu exemplo de rainha a seguir. Embora muitos implicassem com ela, no começo, logo depois que ela se casou com Zeus, ela não era tão rígida, o tempo a maltratou – por meio das traições do marido – mas ela sempre fora uma rainha impecável. Era ela quem resolvia tudo no Olimpo, e não Zeus. Ele apenas posava para ser o rosto de tudo, mas ele apenas errava nas decisões que tomava sozinho.

Enquanto as deusas continuavam a ter um belo papo de mãe para filha sobre responsabilidades, Poseidon incomodava Atena para eles dançarem.

—Poseidon, eu não danço. Muito menos com você.

—Nah, que isso, estamos numa situação incomum, não faz mal você abrir uma exceção.

—Eu não abro exceções. Muito menos para você.

—Ha, agora está só mentindo na minha cara. Houve um tempo que você abria exceções sim, e pra mim sim, e por mais que você escolha esquecer, está lá.

Atena só revirou os olhos. Passado era passado, não? Ela se levantou e ergueu a mão para o deus, que sorriu.

—Se dançar contigo vai te fazer parar de falar, eu aceito.

—Ai meu bem, você é muto ingênua mesmo de pensar que eu sou capaz de calar a boca. Parece que nem me conhece. - A deusa riu e caminhou com ele até a pista de dança. Era uma música lenta, péssimo momento para dançar, mas azar, era melhor dançar junto dele do que uma música rápida que ela não conseguiria dançar direito.

 

XxxxX

 

Ela ainda era uma criança por dentro – e pelo visto ele também – então o casal de recém-casados passou um bom tempo ao redor da mesa redonda do canto do salão tentando adivinhar o que eram os presentes que estavam nela.

Estavam mexendo na caixa do que aparentava muito ser um conjunto de vinho com taças quando uma serva chamou-os para a hora de sua valsa.

As pessoas se afastaram da pista de dança e formaram um círculo. Perséfone franziu o cenho ao ver Poseidon ao lado de Atena, ambos rindo. Deu de ombros mentalmente: sempre quisera que eles ficassem juntos mesmo, algum dia aconteceria.

Hades conduziu-a durante a dança toda. Dançaram sozinhos por duas músicas, depois outros casais foram entrando na pista e com o tempo foram trocando de parceiros. Perséfone dançou com Poseidon enquanto Hades dançava com Héstia.

—Você está linda, menina. Perdeu a cara de bobo do meu irmão.

—Não perdi não, e obrigada, tio.

—Você queria mesmo se casar, meu bem? - O deus perguntou com preocupação genuína em seus olhos entre uma música e outra. Perséfone sorriu verdadeiramente e acenou com a cabeça.

—Até você, tio? Já, o quê, a quinta vez que vez que me perguntam isso hoje? Você, Atena, Héstia, Hera, Afrodite...

—Não adianta nada você me dizer isso, eu ainda quero a resposta, querida.

—Eu quero sim ser a esposa dele, tio. Óbvio que não desde o começo, quando ele me raptou, mas a ideia não me pareceu mais tão ruim com o passar do tempo. Eu gosto dele.

Hades estava chegando, então Poseidon sorriu, deu um beijo na bochecha da sobrinha e sussurrou “era isso que eu queria saber”. Piscou o olho e se afastou sob o olhar desconfiado de Hades, que foi até a esposa e a tirou para dançar novamente. O deus do mar foi até Atena, que estava sozinha com uma taça de champanhe, já mais alterada do que normalmente ela ficaria em festas do Olimpo, e passou o braço por sua cintura e roubou-lhe um beijo no pescoço, como ele fazia antigamente.

O soco no estômago que ele levou valeu a pena.

 

XxxxX

 

A última dança de Hades fora com Hécate, deixando Perséfone bem desconfortável, mas se ela iria governar aquele lugar, ia ter que aprender a lidar ocm a deusa da magia. Estava no caminho para se sentar em sua mesa quando uma mão correu pelo seu braço e provocou uma série de arrepios. Um, pela mão no braço. Dois, pelo pensamento de saber quem era e três pela certeza de quem era quando ela se virou para encará-lo.

—Boa noite, pequena.

A sensação dos arrepios vieram primeiro porque depois só o que Perséfone conseguiu sentir foi a força da palpitação do seu coração contra sua caixa torácica. “Péssimo momento para ex-namorados aparecerem, não?”. Perséfone ia matar Afrodite.

—Boa noite.

—Quem diria que aquela menina que não sabia lidar com um relacionamento sério conseguiria caçar uma coroa, uh?

—”Caçar”? Eu não cacei nada.

—Eu sei, eu sei. Tu fostes sequestrada. Mas tivestes a chance de voltar ao Olimpo e fugistes.

—Eu não vou ter essa conversa com você. Não vai ser você, de todos, que irá questionar as minhas decisões. Eu não era imatura? Pois culpe a imaturidade, eu não me importo.

—Essas bochechas vermelhas e os teus olhos me contam outra história.

—Você nunca soube me interpretar, não finja que aprendeu com o tempo.

Auch.— O deus tocou a bochecha dela com seus delicados mas calejados dedos e sorriu. - Você continua linda.

—Obrigada.

—Pena que...

—Não.

—Você nem sabe o que eu ia dizer, pequena.

—Eu sei sim, e se não for o que eu imagino, de igual maneira eu não me importo. Inclusive achei que você estivesse envolvido nisso. - O deus suspirou e pareceu incomodado.

—Antes fosse. Não tem magia envolvida. Não minha, pelo menos. Se há flechas, são todas de minha mãe. Eu nunca faria isso contigo.

—Eros, meu bom rapaz, obrigado por comparecer - Hades disse, descansando a mão no ombro do jovem.

—O prazer é meu, tio. E parabéns pela noiva. - O deus disse, sorridente, apertando a mão do rei. Perséfone aproveitou para agradecer rapidamente e se esgueirou para longe, procurando alguém que lhe salvasse. Hades fechou o sorriso quando a deusa virou as costas.

—Eu não vou lhe perguntar o porquê da conotação péssima ao fato de Perséfone se apaixonar por mim, com flechas envolvidas ou não. Você é um moleque e não soube valorizar Perséfone quando teve a chance, então faça um favor a si mesmo e não se ridicularize fazendo cena aqui.

Eros encheu o peito de ar e ia começar a discutir quando Hades o interrompeu.

—Não comece. Ambos sabemos que você pode até tentar me ofender e dizer que eu não sou digno dela, ou me acusar de usar quaisquer truques que você acredite que eu precise ter usado para ela querer ficar comigo. A verdade é que não é porque ela não quis você que ela não irá nunca mais querer alguém na vida.

—Eu sei disso, mas ela querer você já é abusar da sorte.

Hades sorriu.

—Eu não vou me indispor com você em respeito a sua mãe, com a qual você deveria ter essa conversa. Ela vai te explicar melhor do que eu - e sem tanto ego envolvido – o porquê de ser eu aqui hoje e não você.

—Eu não raptei ela.

—Nem precisou disso para ela fugir de você. Boa noite. - Hades sorriu sadicamente e deu as costas para o deus quando ele iria recomeçar a falar. Já não tinha mais idade para discutir com crianças, já se rebaixara demais discutindo como um adolescente com o moleque que de fato Eros sempre foi.

 

XxxxX

 

Sua camisola de hoje era vermelha e contrastava com a sua pele. Pequenos furos por sua extensão deixavam seu corpo quase à mostra e seu decote chamava a atenção até mesmo da própria deusa. Presente de casamento da deusa do amor, obviamente.

Perséfone se fitava no espelho sem ainda acreditar muito bem. Colocara seu robe por cima enquanto Hades não chegava no quarto. O deus havia ficado para se despedir dos últimos convidados e acomodar Hermes que, bêbado, dormiria ali.

A deusa se recolheu aos aposentos relativamente cedo, ainda faltavam umas duas horas para a festa realmente acabar, então havia cochilado em seu vestido de casamento mesmo, abraçada no travesseiro de Hades, e acordara com um beijo dele em sua testa e sua voz suave avisando que já, já estaria de volta. Levantara, então, para se trocar.

A maquiagem ainda em sua face a fazia parecer mais adulta. Ou teria ela de fato amadurecido em tão poucas horas? Será que casar causava isso? Perséfone deu de ombros e se sentou na cama.

Ele não demorou muito, entrou devagar acreditando que ela estava dormindo. Sorriu ao vê-la sentada, abraçando seus braços. Estava frio demais para ela estar vestindo somente aquilo, então ele puxou as cobertas para ela se deitar enquanto explicava que Hermes resistiu em ficar ali até acabar passando mal da bebida e desmaiando na cama de um dos quartos de visitas. Em outro estavam Atena e Poseidon – um quarto com duas camas de casal, ele esclareceu ao olhar intrigado da deusa.

Hades trocou rapidamente de roupa no banheiro e se escorou, vestes cobrindo apenas sua pelve e suas coxas, na porta para observá-la. Ela, olhando-o fixa porém delicadamente, tirou seu roupão, balançou seus cabelos livres e se deitou. Assim que ela se cobriu, o deus apagou as luzes, deixando apenas as velas de cabeceira, e deitou-se também.

Ele nem precisou procurá-la, por mais que o quisesse imensamente após tanta exposição de pele. Quando ele notou, ela já estava virada para ele e seus lábios já se encontravam a uma pequena distância. Os olhos caramelo o fitavam intensamente. Ele não conseguia entender o que era aquilo que eles carregavam. Dúvida? Curiosidade? Ela cobriu a distância entre eles antes que ele pudesse descobrir.

Beijavam-se calmamente no começo e foram aprofundando os beijos. Hades evitou tocá-la até maiores confirmações de que podia fazê-lo. Confirmações que ela fez questão de dar ao colar seu corpo contra o dele e deliberadamente pegar uma das mãos do deus e pousá-la sobre a lateral de sua coxa, erguendo-se levemente para que ele pudesse passar o outro braço por baixo dela e abraçar sua cintura.

O deus de fato gemeu ao tocá-la e continuar avançando seu toque. Perséfone não conseguiu conter uma risada de surpresa, desfazendo um pouco a tensão sexual do quarto.

Continuaram por o que Hades acreditava ser uma hora completa, as coisas esquentando imensuravelmente, quando, em uma das pausas para respirar, seus olhares se fixaram novamente e agora ele reconheceu a mudança que vira nos olhos da deusa. De curiosidade para insegurança rapidamente. Ela não estava pronta e sabia que se continuassem talvez acabassem terminando o que começaram. Ele sorriu e beijou seu rosto levemente. Ela entendeu e suspirou aliviada. Ia pedir desculpas, mas sabia que não precisava. Só ela sabia o quanto seu corpo queria e por enquanto ela estava satisfeita.

Hades a trouxe para perto de seu corpo novamente e a beijou ternamente. Sorriram ao partirem os lábios e fitaram-se por alguns segundos. Suas mãos se encontraram e cada um pôde sentir a aliança do outro por entre os dedos. O anel de Perséfone era lindo, uma grande porém modesta pedra triangular de garnet azul brilhando entre seus dedos. O de Hades era uma aliança lisa, também de garnet.

—Boa noite, minha rainha. - Foi a única coisa murmurada no silêncio entre eles. Perséfone sorriu majestosamente e beijou Hades uma última vez antes de virar-se para dormir. O deus a cobriu com seus braços e enterrou seu rosto nos cabelos dela, seus corpos encaixados como seus corações.


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Notas finais do capítulo

Oi amorzinhos, então, sorry. Primeiro, eu tô fazendo med na federal do meu estado, então assim, eu tô me fodendo inteirinha, saí de casa, tô morando sozinha total tendo que fazer tudo e tal então não me sobrou tempo pra nada, eu mal consigo me organizar pra jantar, imagina pra ter tempo pra lazer. Esse próximo semestre não vai ser muito diferente porque além da carga horária normal eu vou pegar monitoria mas igual eu vou tentar escrever agora nas férias e postar.
Daí assim, aliado a isso (e o porquê de eu contar isso aqui é porque vocês merecem explicações né, eu estou há duas semanas de férias e não consegui escrever nada), meu pai faleceu mês passado, então assim, tá foda. Minha cabeça não está nem um pouco legal e eu não consegui nem tempo nem cabeça pra escrever, apesar de até ter uma horinha aqui e ali perto do fim do semestre e agora nessa metade das minhas férias.
E eu não escrevi tipo no meio do semestre antes de ficar insuportável porque era esse capítulo sabe, e eu pesquisei tanto sobre e quis fazer bonitinho o casamento deles então eu não quis tentar correr e postar só por postar (daí né cá estamos nós 4 meses depois).
Enfim, era isso. Eu sei q no fundo vcs não querem saber mas eu conto porque né teve gente linda fofa maravilhosa que se preocupou e veio falar comigo no privado então né ♥
E não, NÃO, não vou desistir da fanfic. Vou escrever que nem um bicho até o final das férias pra tentar postar mais um caps que tá atrasado e guardar pelo menos mais um, mas não garanto nada, ainda tenho que estudar pra prova de monitoria e para uma cadeira do semestre que vem que vai me foder.
Era isso
mamãe ama vocês e tava morrendo de saudade daqui
por favor comentem o que vocês acharam porque eu amei escrever esse caps

OBSOSBOBS: gente to louca pra escrever Posena 2 alguém me segura não aguento esses dois, ia fazer o 2 sobre outra coisa mas acho que vou fazer sobre o tempo que eles se conheceram e porque a Atena virou donzela awn amo



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