A Luz Das Trevas escrita por Filha de Apolo


Capítulo 12
Nono dia.


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE!
Espero que não tenham esquecido de mim.
Tá aí o caps como prometido...
Espero que vocês tenham tido um bom feriado.
Aproveitem :D



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Acordara em tempo para o café da manhã. Seu corpo estava começando a se acostumar com a rotina. Vestira um vestido leve, simples. Se o dia fosse tão agitado quanto ontem, era melhor não estar com nada pesado. Nem havia feito tanto no dia anterior, porém estava acostumada a apenas dormir, comer e ficar zangada, então pensar e perambular pelo castelo eram atividades bem cansativas.

Estranhara quando não o encontrou já na mesa esperando-a. Em seu lugar, descansava um bilhete, escrito com uma caligrafia impecável:

Querida Perséfone, perdoe-me por não poder me juntar a você durante o café da manhã. A pressa me atingiu e o dia será longo.

Não se preocupe com sua reforma, continua tendo minha permissão para ir e vir.

Se precisares de algo, não hesite em me consultar.

Um bom dia.

Hades.

Suspirara e guardara o bilhete. Tinha algumas coisas para perguntá-lo, mas nada que não pudesse esperar. No pior dos casos, ficaria sabendo se ele gostara ou não de suas escolhas quando as visse. Fazer o quê.

Comera sozinha, mas não em silêncio. De pouco em pouco, alguma serva passava pela sala, pelo visto também ocupadas como o mestre, e trocavam poucas palavras com a deusa. Haviam se tornado próximas já. Perséfone nunca fora daquelas dondocas que tratam mal quem as cuida. Aprendera em casa a ser amigável com todos. Ninguém era melhor que ninguém. Mesmo os reis e rainhas.

Sorriu para si. Seria uma rainha em não muito tempo.

Quando terminou seu último gole de suco, já saiu voada para a biblioteca. Tinha muito estudo botânico para fazer. Não havia problema em errar uma planta que não crescia ali, mas ela não gostava do tempo que perderia, nem de ver as pobres plantas morrendo. Selecionara uma dúzia de livros e voltara para o seu quarto. Sabia que estudar deitada não era uma boa coisa, mas estava bem descansada e com um alto nível de animação, então talvez não dormisse tanto.

XxxxX

De todos os buracos que ele poderia, literalmente, ter se enfiado, Hipnos acabou por encontrar Tânatos nas forjas dos ciclopes, jogando conversa fora com os guardas da cela onde ele estava. Depois de muita conversa e alguns subornos, os gêmeos saíram de lá e foram parar nas estreitas e anguladas ruelas de Roma. Os comércios estavam se multiplicando todos os dias, os mortais cada vez mais gananciosos e (por que não dizer?) mais parecidos com os deuses.

Se sentaram na frente de uma fonte qualquer de água, dedicada às ninfas de Poseidon, e ficaram um tempo em silêncio.

–Você não acha que ele vai nos mandar para o Tártaro, não é? Quero dizer... tirando isso, não há nada muito terrível que ele possa fazer conosco.

–Não, acho que não. - Hipnos suspirou e olhou para o irmão. - Ela pediu pela nossa proteção. Claro que isso não significa que ele não irá fazer nada, mas as chances são que tenhamos só uma grande palestra e pequenas punições.

–Hum...

–Você sabe que não devíamos ter feito isso. Você não devia ter feito isso.

–Eu sei, eu sei. Mas eu não queria vê-lo fazer aquilo com ela. Ela é tão delicada, tão querida.

–Mas não seja tão pessimista, ele não é horrível. Ele a trata bem e está disposto a deixá-la confortável. Mamãe disse que ele a deixou fazer pequenas redecorações no Palácio. E também que ela aceitou se casar com ele.

–Como assim?

–Ah, sei lá, algo sobre plantas e cortinas.

–Não, Hipnos, o casamento.

–Oh, isso. Mamãe disse que ela parece estar ciente das consequências e que vai subir no altar de bom grado. Sabemos que o casamento ia acontecer de um jeito ou de outro, mas é até bom que ela queira.

–Se ela realmente quiser, ele pode estar forçando-a.

–Por favor, irmão, não vá por esse caminho. Você já se envolveu com mulheres o suficiente, não venha ter uma queda logo pela rainha. Até porque, mesmo que você tenha uma queda por ela, o que Hades sente vai bem além disso.

–Nah. Você não acha que ele...

–A ama? Talvez. - Hipnos deu de ombros levemente, pensativo. - Quem sabe? Dá para ver que ele está obcecado. E eu acho que essa obsessão é paixão.

–Paixão? Isso é doença! - Tânatos levantou e passou a andar de um lado para o outro, esbravejando.

–Nós já vimos pior que isso. Os cabeças do Olimpo, em geral, são estranhos para relacionamentos. Na verdade, até nós dois somos.

–Eu sei, eu sei. Eu só nunca acreditei que Hades conseguiria se apaixonar por alguém. Alguma coisa está errada aí.

–Você pode sempre perguntar para Eros.

Tânatos rolou os olhos para o irmão e ambos foram comer algo antes de decidir se iriam enfrentar seus destinos mais tarde ou adiar o inevitável..

XxxxX

Sentado em seu trono, ele apenas os observava e suspirava. Não entediado ou irritado. Desapontado apenas. Ambos já haviam murmurado pedidos de desculpa, mas Hades não os levara a sério. As desculpas viriam sim, mas somente depois de um longo sermão e algumas explicações.

–Não sei o que deu na cabeça de vocês para acharem que isso fora uma boa ideia. De mais a mais, não foi. Tanto que não funcionou.

Tânatos pigarreou e interrompeu o rei.

–M'lorde, apenas não funcionou porque ela quis voltar. - Hades se limitou a um sorriso de canto.

–Isso se você acreditar que estaria a salvo dentro do Olimpo. - Ele deixou as palavras pressionarem o ar, e continuou. - Eu iria voltar atrás dela, e eu iria voltar atrás de vocês.

Tânatos apenas pressionou seus lábios um contra o outro, calando-se. Pela próxima meia hora, ele dois ouviriam muito sobre honra, lealdade e proteção...

“Eu e sua mãe somos amigos há muito tempo, e é um ultraje não só para mim, mas para ela, que você me traiam. Conspiração de baixo do meu nariz. Quando ela engravidou e quis levar vocês para o Olimpo, eu não a impedi e, mais ainda, a acolhi quando ela foi expulsa de lá, e quando, alguns anos depois, vocês dois foram expulsos de lá também, eu os acolhi. Deixei quartos para vocês ficarem confortáveis, se sentirem em casa. Fiz pela mãe de vocês, pelos sacrifícios que ela já fez, para vocês retribuírem assim?

Nunca fui ruim para vocês, sempre com respeito, nunca fui tirano, não exigi formalidades exageradas ou extensas horas de trabalho. Pelo contrário, nunca cobrei nada de vocês. Você principalmente, Tânatos. Quantas vezes eu fui ver as Portas? Nenhuma. Agora, ambos quebraram minha confiança. Não tenho paciência nem tempo para isso, ficar cuidando de vocês como se fossem bebês, mas vou ter que fazê-lo, porque não posso confiar que não estarão conspirando com o Olimpo novamente...”

Por fim, com orelhas vermelhas e cabeças baixas, os gêmeos se levantaram para se retirar.

–Uma última pergunta. - O rei disse, fazendo-os fitá-lo por um momento.

–Sim? - Eles disseram em conjunto.

–Zeus sabia disso?

–Não. Somente Apolo. - Tânatos respondeu, franzindo o cenho levemente.

–Hum.. bom. - Hades acenou para que eles saíssem. Ele tinha uma pilha de papelada atrasada para colocar em dia.

Os dois deuses foram em silêncio até o quarto de Hipnos, apenas para avermelhar mais suas orelhas.

Nix estava sentada de braços cruzados esperando-os.

–Então... - Ela começou, e ambos suspiraram.

XxxxX

Orgulhosa de si mesma por não ter cochilado, Perséfone fechou seus livros e deixou-os de lado apenas alguns minutos antes do almoço. Restava-a tempo suficiente para trocar seu leve vestido por algo menos... transparente. Lentamente se acostumava com as cores mais escuras de sua vestimenta, mas, junto com essa nova decoração dos ambientes, talvez ela conseguisse mais vestidos um pouco mais claros.

Desceu em tempo de encontrar Hades chegando na sala de jantar. Ele a avistou e a cumprimentou com um aceno da cabeça e abriu a porta para ela passar. Quando ambos estavam sentados, ele perguntou sobre a manhã dela, a deixa que ela precisava para contar a ele todas as plantas, sem exceção de nenhuma, que ela havia estudado.

Ele via isso como uma qualidade, essa vontade de conversar que ela possuía. Talvez fosse apenas com coisas que ela se empolgava, mas igual, ela era jovem, se empolgaria com várias coisas.

Quando já estavam perto da sobremesa, Nix se juntou a eles. Elas então conversaram entre si. Hades se retirou logo quando terminou sua sobremesa, deixando-as a sós. Perséfone esperou a outra deusa terminar de almoçar para saírem juntas. Iriam dar um passeio nos jardins, a jovem deusa sedenta por uma opinião feminina porém, quando descobriu que Hipnos e Tânatos estavam de volta, Perséfone se desculpou com Nix e foi vê-los. Tinha desculpas e explicações a pedir.

Hipnos não estava em seu quarto e, pelo que ela ouviu das servas, ele fora trabalhar a mando de Hades. Tânatos, no entanto, ela encontrou sozinho em seu quarto, tirando algumas vestes de seu armário e as reorganizando.

–Boa tarde. - Ele não estava a esperando, por isso se surpreendeu quando ouviu sua voz. Ela sorriu envergonhada para ele.

–Boa tarde, Perséfone. - Seu tom era sério, e ela sabia que ele estava chateado com ela.

–Me desculpe, viu? - Ela não ia enrolar, tentar puxar conversa. Ela não era assim, e eles também não eram tão íntimos a ponto de deixar para trás.

–Eu sei que você disse que voltou por nós, mas não é verdade.

–Claro que é! Você sabe que ele ia nos alcançar, e eu não podia deixar vocês em perigo!

–Ah, por favor! Nós íamos chegar no Olimpo. Eu vi o medo nos seus olhos, Perséfone, e não era medo dele. Era medo de voltar para casa. Eu me arrisquei por você!

–Eu nunca lhe pedi nada! Quem disse que eu queria voltar? Que eu estava pronta para voltar?

Silêncio.

Eles se olharam nos olhos por longos minutos.

–Eu só quero entender o porquê. Não só de você voltar. Minha mãe disse que você aceitou casar com ele!

–Porque eu quis, Tânatos! - Uma lágrima escorreu pela maçã do seu rosto. Perséfone esperou ela cair para continuar. - Você não me conhece! Não sabe como era! Ficar aqui não é mais um castigo, talvez nunca fora! É uma aventura para mim.

–Aventura?! Você está decidindo seu futuro, menina! Acha que é um jogo? Que você pode voltar atrás depois, se divorciar? Não é tão fácil, e você sabe que não. Se não, você acha que sua madrasta ainda estaria aguentando Zeus!?

–Eu não sou estúpida! Sei o que o casamento significa, e eu estou pronta para assumir essa responsabilidade. E sei mais, sei que se não o fizer, vou passar o resto da vida querendo ter feito! - Silêncio novamente. Dessa vez, ela caminhou até o lado da cama em que ele havia se sentado e sentou-se com ele. - Obrigada por querer me proteger.

Com isso, ela beijou-o no rosto e saiu, sem esperar o que ele tinha para dizer. De algum jeito, ela o sentia como um irmão. Até mais, pois não tinha essa relação com nem um quarto de seus irmãos, esse instinto de proteção. Não entendia como havia se conectado a Tânatos, mas apenas suspirou aos seus pensamentos. Não precisava entender, não faria diferença.

Ela foi receber as flores provisórias que chegaram para serem testadas nos vasos e já aproveitou para avisá-lo que encomendaria mais vestidos. Pediu para Caronte encontrá-la mais tarde para ela pode entregar a ele os desenhos dos vestidos e a lista de plantas que ela tinha certeza que não morreriam ali, que ela deixara no quarto.

Ele concordou e partiu, deixando-a para mover e remover terra de um lado para o outro. O que ela fez, durante metade da tarde, até parar para trabalhar nos vestidos que ela pediria. Era rápido, talvez conseguisse terminar até o jantar. Ainda tinha o catálogo de cores que Nix a emprestara para fazer seu primeiro pedido, e o usou para escolher os tons de cada modelo que desenhara.

Sentada na biblioteca, revirando livros de tecidos e formas, ela se pegou pensando num detalhe muito importante que até agora não cogitara. Seu vestido de noiva. Poderia desenhá-lo se achasse livros sobre noivas. Olhou com desconfiança para as prateleiras de Hades, mas decidiu permanecer otimista. Eram tantos livros, algum tinha de ser sobre casamentos.

XxxxX

Mil e duzentas almas julgadas depois, Hades resolveu parar o trabalho para fazer logo o que precisava fazer. Caminhando pelos corredores, anotou mentalmente que deveria contatar Zeus de alguma forma. Não podia mandar uma Mensagem de Íris, ele ou não receberia, ou acabaria mentindo para ele para não levantar suspeitas. Hades parou na frente da porta alta de madeira e suspirou. Tinham de se casar antes que seu irmão traísse o acordo que fizeram.

Bateu duas vezes na porta. A deusa veio abri-la e eles ficaram se olhando por um tempo. Ela gesticulou para ele entrar e fechou a porta atrás dele. Ela se sentou na cama e acenou para que ele sentasse com ela, mas Hades preferiu a cadeira da penteadeira.

–Hécate, você sabe o porquê de eu estar aqui.

–Sei.

–Você estava mesmo envolvida?

–Sim. - Ela não tinha o mesmo olhar culpado dos gêmeos. Pelo contrário, o olhava com astúcia, desafiando-o.- E não me arrependo.

Ele se lembrou dos beijos e suspirou. Ela era uma mulher bonita, não precisava ter feito aquilo. Feitiços do amor nunca foram a cara dela, e ainda assim, lá estavam eles.

–Por quê? Te acolhi com toda hospitalidade que eu tinha, nunca lhe deixei faltar nada.

–Porque sou sua amiga, Hades. Me importo com você. Está cometendo um grande erro casando-se com essa criança. - O deus revirou os olhos, bufou levemente e se levantou.

–Ela não é uma criança, Hécate, e eu não estou cometendo erro algum.

–Está sim! Eu esperava mais de você. Não sabia que seria tão fraco a ponto de ser levado por uma Flecha de Eros.

–Preciso lhe lembrar do feitiço que usou?

–Aquilo foi necessário, eu precisava criar uma distração.

–Mas se sabia que ia funcionar, tinha de esperar que as Flechas, que são, com todo respeito, bem mais poderosas que suas poções, fossem funcionar também.

Hécate pareceu se ofender por um momento, mas continuou.

–Você não entende, não é? Não é só sobre o amor, Hades. Ela não pode ser sua rainha.

–E quem pode? Você? - Ela não respondeu. Não precisava. Baixou os olhos rapidamente e os ergueu para encará-lo mais um vez. - Nós somos velhos amigos, e só. Se algum dia lhe dei algum mísero motivo sequer para acreditar que lhe queria desde jeito, foi um engano. Não me importam os sentimentos que você acredita ter por mim, somos adultos e eu quero crer que você vai deixar essa loucura de lado.

–Não se gabe, Hades, há éons não sinto... sentimentos por você. Mas como você mesmo disse, somos velhos amigos, nos daríamos bem lado a lado na Sala de Tronos.

–Hécate, isso não está aberto para discussão. O casamento está marcado e vai acontecer. - Ele se dirigiu para a porta para sair. - Tenha um bom dia.

Vendo a porta bater atrás dele, Hécate bufou. Não conseguia acreditar que seu plano de se desfazer da insolente tinha falhado. Não só ela voltou, como queria se casar! Teria de achar um outro jeito de mudar as coisas.

XxxxX

Naquele momento, pensando melhor, Zeus concluiu que era impossível tolerar as gritarias de Hera. E assim, lá estava ele, considerando descer até o Submundo para conversar com seu irmão. Era uma péssima ideia, claro, mas Hades já estava se arriscando o suficiente mantendo Perséfone com ele, não sequestraria Zeus nem nada.

Por via das dúvidas, levaria alguém junto. Assim que ele conseguisse juntar a coragem para ir. Não era medo, na verdade. Ele só não queria perder sua honra. Nunca precisou se deslocar para conseguir o que queria. Se alguém precisava de algo, esse alguém vinha até ele. E se Zeus precisasse de algo, alguém também iria até ele. Bufou.

Ele não conseguia pensar em nada que Hades pudesse querer tanto que o fizesse libertar Perséfone. Se é que ela estava mesmo presa. Ele viu quando ela entrou na carruagem dele. Aquilo não foi coerção. Ela foi por livre e espontânea vontade.

Talvez se ele conseguisse convencer Deméter disso, ele teria menos dois irmãos para se preocupar, pois Hades certamente nunca mais apareceria no Olimpo e Deméter acharia um jeito de encerrar sua existência. Deu de ombros. Ah, essas coisas acontecem.

Foi despertado por um pigarreio. Se virou para fitar os olhos azuis esverdeados mais bonitos do Olimpo. E também os que ele mais temia. Sorriu.

–Se eu fingir minha morte, não tenho que fazer nada.

–Claro, porém - Ela suspirou e ajeitou as túnicas dele com um movimento rotineiro. - você é imortal.

–Eu sei.

–E já tentou isso antes. - Ambos sorriram juntos.

–Eu sei.

–Duas vezes.

Ele gostava desses momentos. Ela não tentava testar sua imortalidade esganando-o. Não estava chorando, xingando-o, gritando. Estava com a razão, como sempre, mas pelo menos dessa vez a razão não era sobre alguma coisa terrível que ele fizera.

Pelo menos não diretamente contra ela.

Hera sentiu o momento e beijou-o. Era incrível como, mesmo depois de tantos anos de mágoas, ela continuasse assim. Aproveitando cada chance que eles tinham de serem o casal no começo. O que existiu no pequeno período antes da festa de casamento, da coroação, e depois, até uns éons após a lua-de-mel.

–Não sei o que fazer.

–Sabe sim.

–Não quero fazer isso.

–Você tem duas opções: conversar com Hades ou conversar com Deméter.

–Eu odeio quando você tem razão.

–Eu sempre tenho razão. - Ela sorriu provocativamente e saiu da varanda que eles estavam para o quarto. Zeus suspirou e se encostou na grade que circundava a varanda.

–E se eu fizer Deméter falar com Hades? - Ele disse, com um tom de voz mais elevado para que ela ouvisse do quarto.

–Ia ser engraçado. Quando acontecer, me chame para assistir.

XxxxX

O jantar fora bem calmo.

Não conversaram muito. Hipnos, Tânatos e Nix se juntaram a Perséfone e Hades, então a mesa não estava realmente silenciosa, já que a tensão no ar parecia estar gritando. Não houve nenhum estresse, pelo menos até o final da janta.

Durante a sobremesa, Caronte chegou para pegar as encomendas de Perséfone, o que fez com que a deusa terminasse de comer rapidamente e voasse até o seu quarto para pegar as suas anotações. Isso deixou o clima mais tenso, mas nada que os olhares mortais de Nix para seus filhos não conseguisse conter.

Caronte riu da situação e comentou que era quase possível ver rabos se criando da coluna dos gêmeos para se enfiarem de baixo de suas pernas. Sorte que Perséfone chegou logo após o comentário.

–Aqui estão. Obrigada. - Ela sorriu para ele quando ele fez uma pequena reverência ao pegar os papéis de sua mão. - São os vestidos, as plantas e os fertilizantes que eu preciso... Obrigada, novamente.

O barqueiro somente acenou a cabeça e saiu. Hipnos e Tânatos aproveitaram para sair atrás dele. Nix tomou seu chá lentamente e depois saiu da sala para deixar os noivos a sós.

Perséfone murmurou sobre estar muito cansada e Hades logo levantou para abrir a porta e acompanhá-la até seu quarto. Ela teve de sorrir para isso também. Não estava acostumada com tanta gentileza de deuses que eram tão importantes quanto ela ou até mais.

Claro que viraria rainha, mas isso não quer dizer que teria mais poderes.

Ou quer?

Fez uma nota mental de perguntar para Hades em algum outro momento. Naquele, queria apenas continuar caminhando silenciosamente ao lado dele.

Se deitou logo que ele a deixou em seu quarto. Havia achado um livro sobre casamentos, e o leria até adormecer. Não sabia se iria algum dia se casar outra vez, então queria que esse fosse perfeito. Talvez fosse apenas coisa de jovem, mas por algum motivo pressentia que Hades também queria que tudo saísse perfeitamente.

O jeito que ele a olhava... ele não se casaria com mais ninguém.


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Notas finais do capítulo

Oie.
Então, espero que tenham gostado e que comentem as partes boas e ruins *-*
Até dia primeiro de julho, quando vou postar o próximo... beijinhos, amo vocês.
Brigado por não desistirem da fic