– Você não perdeu o jeito de garoto não é, Gaylor? - ela disse cruzando os braços. Nossa eu vi que ela com certeza superou o passado. Que garota madura. Palmas.

– E você não perdeu o jeito nojento não é? - eu disse franzindo as sobrancelhas me lembrando de todas as atitudes nojentas e pegajosas que ela tinha com Harry e querendo me dar um tiro por nunca ter percebido quem ela era. Qual é? Ela me provocou primeiro. Eu até daria uma de diplomata e falaria "nossa quanto tempo, como éramos ingênuas quando eu acabei com a sua infância... podemos tentar ser amigas de novo não é?". Mas ela veio com três pedras pra cima de mim...

– Acho que quem está perdendo alguma coisa aqui sou eu... - Harry falou coçando a cabeça de forma confusa.

– Você não é o único, meu irmão. - Matt disse atrás de mim.

– Não é nada Matt. Depois eu te explico. - eu disse ainda encarando Sophie.

– Ok...

– Vamos entrar? - Dora (que estava no carro pegando as malas e entregando para os empregados que foram nos receber) surgiu no meio de nós.

– Ah... eu estou esperando o Zack tia. Depois eu entro. - Matt disse.

– Ok querido. Mas cuidado porque o tempo está ficando frio. - ela disse de forma maternal e preocupada. Revirei os olhos.

– Vamos Harry. - Sophie puxou Harry pela mão como se ele fosse uma criança de cinco anos. Ela não tirava os olhos de mim até sair do meu campo de visão. É... aquele feriado não ia ser uma coisa agradável.

E eu fiquei ali sozinha com Matt. Ele sentou no jardim e deu dois tapinhas do lado dele sinalizando para eu sentar. E foi o que eu fiz. Enquanto Zack não chegava, eu expliquei detalhadamente o que aconteceu entre eu e Sophie na nossa infância, todas as brigas e provocações. Falei até sobre o aparelho de chá. E eu acabei descobrindo que Matt também não um fã número um dela. Ele disse que ele sempre sonhou em ter uma irmã que gostasse de esportes, mas que também tivesse seu lado feminino. Por isso decidimos que eu seria a nova irmã dele. Mas eu teria que praticar mais o meu lado feminino. Ele prometeu me ajudar com isso.

– Hey, Tay! - uma pessoa gritou. - Que saudade! - Levantei e dei um abraço forte em Zack. Eu devia estar de TPM. Tanta saudade e abraços sentimentais...

– A gente se viu no último final de semana Zack. - eu disse revirando os olhos soltando dele.

– Ah, me desculpa se eu senti saudades de implicar com você. - ele disse me dando um tapa fraco na minha cabeça.

Matt e Zack me levaram até o quarto que eu ia ficar. Me joguei na minha cama morta de sono, e acabei dormindo. Algum tempo mais tarde, acordei com a porta do meu quarto batendo. Ignorei esperando que a pessoa desistisse. A praga não desistiu.

– Quem é e o que você quer?

– O bicho papão e vim te atormentar. Abre logo essa porta Taylor. - levantei da cama e abri a porta.

– O que você quer, Harry?

– Quer tomar sorvete? - arregalei os olhos assustada. - Ah, não, não! Não sou eu que estou chamando. Ta todo mundo lá em baixo tomando sorvete, aí me mandaram vir aqui perguntar pra você. - ele explicou ficando vermelho. Pensei no assunto.

– Te pago dez dólares se você trouxer pra mim. - eu disse erguendo uma sobrancelha.

– Vinte.

– Quinze e não se fala mais nisso. - ele revirou os olhos.

– Já volto. - sentei na minha cama e algum tempo depois Harry voltou com dois potes de sorvete.

– Nossa. Dois? Não precisava. - eu disse com tom falso de alegria. Ele entrou no quarto e fechou a porta. - Harry, querido, você pode simplesmente me entregar o sorvete e ir embora. Não precisa fechar a porta...

– Haha. E você acha mesmo que eu só ia cobrar quinze dólares pra pegar o seu sorvete? - Ok, agora que estava confusa era eu. - Eu vou ficar aqui por um tempo. Até a Sophie começar a me procurar. O que não vai demorar muito, relaxa. - ele acrescentou quando viu a minha expressão de total e absoluto terror.

Não fazia parte dos meus planos passar a tarde trancada no quarto tomando sorvete com Harry... Ele sentou na do meu lado na minha cama e me ofereceu um pote de sorvete e uma colher. Abri meu pote de sorvete, mas estava faltando alguma coisa... e eu sabia o que era...

– Eu quero M&M.

– E daí?. - Harry disse com a boca entupida de sorvete de chocolate.

– Eu não tenho...

– Come sem M&M então - ele disse dando de ombros. Mas eu não conseguia.

– Harry, compra M&M pra mim?

– HAHAHA boa essa. Próxima piada.

– Ok. - dei de ombros. Levantei e abri a porta. - PESSOAL, ALGUÉM SABE AONDE ESTÁ O HAR... - senti a mão dele tapando a minha boca. - Argh! Taylor! Ok, ok, eu compro a porra do M&M pra você. - ele disse e andou até a janela, e a abriu.

– O que você ta fazendo? Você acha que algum passarinho vai cagar M&M por acaso?

– Haha. - ele virou de costas e olhou pra mim. - O que você ta esperando? - e com isso ele subiu pulou.

– HARRY! - corri para a janela e encontrei Harry em um dos galhos da árvore enorme que tinha ali. Ele desceu com habilidade pelos galhos da árvore até chegar ao chão. - Isso, muito bem. Agora vai buscar uma escada pra mim.

– Taylor, se eu chegar aqui e o sorvete estiver derretido... - ele disse em tom de ameaça. Revirei os olhos.

– Eu já vou. - entrei no quarto de novo, peguei o meu pote de sorvete e uma colher. Voltei para a janela.

Ok, era agora ou nunca. Tomei um impulso forte para trás e pulei. Pra minha total desgraça, meus braços eram pequenos demais e eu não consegui agarrar o galho da árvore. Fechei meus olhos e abracei mais forte o meu pote de sorvete esperando pela morte certa, mas nada. Não senti absolutamente nada. Só dois braços me segurando como seu eu fosse um bebê e o corpo de Harry muito apertado contra o meu.

– Me solta! - não foi o melhor que eu falei. Ele me soltou e eu cai com tudo no chão. Virou de costas foi andando. - Ei! Dá pra esperar?

– Não. - Ele continuou andando até uma casinha que tinha ali perto.

– Aonde você vai? - três batidas na porta e nada. - O que você ta fazendo Harry?

– Como você espera que a gente vá comprar a porra do M&M?

– Ah... - é... eu não tinha pensando nisso. - E como bater na porta de um estranho vai ajudar a gente a conseguir um carro? Cada carro nessa casa tem um motorista.

– Se você souber com quem falar... - e a porta abriu. Uma velinha de cabelos dourados, gorda e baixinha estava na porta. Tipo aquelas vovós que tricotam. Tinha aqueles óculos fundo de garrafa e tudo.