Skinny Love escrita por Brus


Capítulo 31
Capítulo 30 - Entre Mortos e Feridos


Notas iniciais do capítulo

Oi gente (: como estão vocês? hehe eu estou ótima, apenas cansada, são 3:08 da manhã de um domingo, BUT WHO CARES? FÉRIAS SÃO PRA ISSO



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A maior parte do dia seguinte se sucedeu por uma sessão interminável de lágrimas inúteis, sorvete de flocos e filmes dramáticos. O tempo não ajudou em nada. Começou a chover. Se já não estivesse nublado ontem, eu diria que a meteorologia estava seguindo meu temperamento.

Não usei minhas pernas para nada. Eu fiquei apenas deitada chorando, como uma completa inútil. Só me levantei para tomar um banho rápido e o telefone tocou.

Era a transportadora, dizendo que havia chegado com meus móveis. Eu não havia trazido muita coisa. A maioria dos móveis (sofá, mesa de jantar e mais alguns outros) eu havia vendido.

Fui obrigada a sair e ir até meu apartamento para autorizar a entrada dos móveis. Fiz o caminho mais curto que conhecia, admito que me perdendo algumas vezes, porque iria morar em uma parte não muito conhecida por mim em Nova York... De qualquer jeito, consegui chegar lá quase ao mesmo tempo que a transportadora.

O prédio era alto e com uma estrutura sólida, com quatro janelas brancas de vidro em cada andar. Apenas dois apartamentos por andar, fazendo com que ele fosse grande o suficiente para um casal. As sacadas com portas duplas de vidro e moldura também branca dava para um quadrado um pouco maior que o meu anterior, dando espaço para um vaso grande de plantas ou uma cadeira. A fachada era de tijolos avermelhados, porém de aparência nova. Na calçada haviam algumas árvores altas e verdes que davam ao prédio uma aparência mais Manhattan que Nova York.

Abri a porta do meu apartamento e me deparei com um lindo nada. Bem, não nada nada, porque havia uma mesa de jantar de vidro com quatro cadeiras, um pequeno sofá de couro marrom escuro, um tapete e uma mesa improvisada pequena com uma televisão. Ao lado haviam algumas pilhas pequenas de livros grossos e dvd's, como se o morador ainda não tivesse encontrado lugar para colocá-los. Na sacada (que estava sem cortina) havia um vaso de planta que estava quase morrendo. Devia ser o presente de alguma amiga dele pela casa nova. Ou ele é gay e Holly não sabe.

O apartamento cheirava a perfume amadeirado e desodorante masculino, claro.

– Moça, - a voz de um dos homens me despertou - aonde eu ponho isso?

Indiquei aos homens aonde colocar cada objeto que eles traziam. Infelizmente ainda teria que providenciar uma cama, pois me desfiz da minha (muitas lembranças). Mas não me importaria de dormir no sofá.

Olhei ao redor e procurei alguma identidade do meu secreto companheiro de apartamento. Infelizmente não encontrei nem uma foto de carteira. Nenhum porta retrato ou alguma roupa espalhada pela casa... nada que me desse dicas de quem era ele.

Apenas o perfume. Oh sim. Eu conhecia aquele perfume há quilômetros de distância. Mas é claro que não era possível que eu tirasse conclusões sobre quem ele era apenas pelo perfume, afinal milhares de pessoas do sexo masculino possuíam aquele mesmo perfume.

Quando os - poucos - móveis acabaram, paguei a transportadora e voltei para o apartamento de Holly .

Fui para a cama novamente, dessa vez dormindo até o outro dia. No dia seguinte, eu queria ir para o meu apartamento, mas Holly (que havia acabado de chegar) implorou que eu ficasse com ela até o seu primeiro dia de trabalho.

Enquanto ela arrumava algumas coisas em sua nova casa, dei a desculpa de estar entediada e fugi para o carro que aluguei. Encostei minha cabeça no banco e fechei meus olhos respirando fundo e prendendo o ar.

A verdade era que desde que Holly chegou, ela vinha agindo de forma estranha. Eu a sentia me olhando esquisito algumas vezes, e eu podia jurar que ela estava se segurando para não me perguntar de minuto em minuto se eu estava bem. Eu sabia que ela não estava fazendo por mal, e eu a amava por isso. Mas naquele momento, o que eu realmente precisava era ficar sozinha. Ela sabia que havia algo de errado comigo. Mas se continha para não me perguntar o que era.

Olhei para o banco do carona e vi o envelope amarelado. Peguei-o, retirei o laço grande e vermelho que tinha o meu nome gravado em uma caligrafia grande, elegante e dourada. Abri as abas do papel, e li seu conteúdo.

Liguei o carro e parti para o shopping mais próximo. Estava na hora de comprar um vestido para casamento.

***

Eu estava dentro do provador me espremendo em um vestido que eu achei bonito o suficiente para a ocasião e com um preço acessível para as minhas atuais condições financeiras que não eram lá uma das melhores desde que eu decidi me bancar sem o auxílio dos meus pais, mas meu telefone decidiu começar a tocar a música que Holly havia colocado como toque especial somente para ela.

Vesti o vestido até um ponto em que meus braços estivessem livres e peguei o celular.

– Olha, eu não ligo se você está passado por uma crise pessoal e precisa de um tempo sozinha, ou se você não que falar sobre isso. Mas SUMIR POR DUAS HORAS ENQUANTO EU ESTOU LIMPANDO A CASA, ISSO SIM É INADMISSÍVEL. - eu não havia falado uma palavra sequer, e preferi manter meu silêncio até que ela tivesse descarregado toda a sua raiva e chateação.

Por fim, quando Holly estava sem palavras e quase sem voz, eu apenas disse:

– Volto pra casa em quarenta minutos e te explico tudo. - desliguei o celular e o joguei no fundo da bolsa. Eu sabia que iria receber mais meia hora (se ela estivesse de bom humor) de xingamentos e lições sobre como nossa amizade não pode ser assim, cheia de segredos, etc.

Terminei de colocar o vestido, analisei meu reflexo no espelho e fiz uma careta. Minha pele era irritantemente branca, e eu estava pálida. O resultado era eu estar parecendo uma parente distante dos fantasmas que habitavam Hogwarts. Meus cabelos loiros e pálidos não ajudavam. E a meu rosto continuava com a mesma expressão deprimida, com olheiras redondas, enormes e roxas rodeando meus olhos.

Tirei o vestido e paguei por ele. Não fiz questão de ir correndo para casa. Eu sabia a fera que me esperava quando eu chegasse lá, e não estava nem um pouco ansiosa para encará-la. Comprei um par de sapatos e alguns acessórios para colocar com o vestido. Passei por uma starbucks e pedi café e um muffin. Eu estava precisando adicionar alguma massa ao meu corpo.

Peguei o caminho mais longo para o apartamento de Hol, mas inevitavelmente cheguei lá. Deixei as bolsas com as compras no carro mesmo e subi as escadas até o saguão do prédio. Depois disso fui de elevador até o andar do apartamento de Holly e destranquei a porta com a cópia da cave que ela havia me dado.

– Hol? - Chamei.

– Na cozinha. - sua voz aparentava cansaço. Devia ser o fuso horário. Cheguei lá e Holly se escorou na bancada da pia onde estava lavando algo. Antes que eu pudesse dizer algo, ela começou a falar - Sabe, quando eu era criança, não costumava ter grandes amizades. As crianças eram más comigo, Taylor. Acho que era pelo fato da minha mãe ter morrido e eu ter me tornado um pouco... não feminina. - ela soltou uma risadinha triste - O fato é que eu nunca, nunca tive uma amiga. E você pode achar exagero, mas depois de uma adolescência de merda, sem nenhuma amizade e com garotas olhando torto para mim só porque os namorados delas me desejavam, eu desisti. Simples assim. Desisti de ter uma amizade feminina, e aceitei que eu terminaria como meu pai. Vendo jogos na televisão até tarde, tomando cerveja e transando com caras para esquecer essa solidão. A diferença, óbvio, é que meu pai faz isso com mulheres.

Fiquei quieta esperando que ela continuasse. O que ela fez depois de alguns instantes

– Mas eu não sei porque, quando olhei para você, infelizmente vi um fiozinho de esperança tomando conta de mim. Sabe? Acho que era porque você estava sozinha lá, não conhecia ninguém e não enquadrou em nenhum grupo. Era só você. E depois que eu te contei sobre meu estilo de vida, você não me olhou torto. Só sorriu e me chamou de safada. - ela riu um pouco - E caramba, eu fiquei extasiada com o fato de que pela primeira vez na minha vida eu tinha uma amiga. Então contei tudo, cada mínimo detalhe de toda a minha vida. - Holly me encarou séria. - Mas eu percebi que não foi recíproco. Eu te contei tudo. E cara, te admiro por não ter saído correndo na primeira oportunidade que teve. Mas eu notei que tudo o que sei sobre você é que você nasceu aqui, costumava viajar com seus pais que trabalham fazendo negócios pelo mundo e que ficou um tempo em aqui, mas por algum motivo, não sei porque foi embora e terminou na Califórnia fazendo faculdade a mesma universidade que eu. Não sei nada sobre seus pais, sobre seus namorados, se é que já teve algum antes do Will... Não sei sobre sua infância, tirando um tal de Ben que você mencionou uma vez, mas não entendo direito que ele foi para você. Não sei o que fez na adolescência... Não sei nada! - suspirei.

– Ok, então você quer saber tudo? - perguntei indo para a sala e me jogando no sofá.

Bem, creio que não preciso descrever o quão demorado, detalhado e deprimente foi o processo de contar todo o meu histórico para Holly. Sim, falei sobre a minha infância agitada, sobre minha adolescência problemática, e falei (a parte que mais me fez ficar irritada e emotiva) de Harry. Não mencionei seu nome, mas creio que não faria diferença se ela soubesse ou não. Ela não o conhecia mesmo.

Admito que contar tudo para Holly fora uma das melhores terapias que existem. Desabafar, sabe? Contar tudo o que está na nossa mente. Por fim, suspirei aliviada - e cansada - e encarei minha amiga que estava com um misto de uma estranha alegria e satisfação no rosto.

– Agora seria muito bom se você retribuísse o favor e não saísse correndo na primeira oportunidade. - sorri para descontrair.

– Bem... e quando vai ser esse casamento do seu amigo? - ela perguntou sorrindo.

Desatei a falar sobre Zack e Matt e todos os meus outros amigos de Nova York (até mesmo de Sophie, embora não a tenha descrito exatamente como "amiga", e mais como "vadia estúpida que levou um chifre merecido". Eu sei, total falta de maturidade da minha parte. Mas fazer o que? Certas coisas simplesmente não mudam. E minha falta de afeição por Sophie Foster era uma delas).

Conversamos até estar bem tarde, nossos estômagos estarem roncando e eu estar praticamente rouca. Pedimos comida e quando eu estava indo me deitar no sofá que Holly havia arrumado para mim, ela falou com a voz um pouco abafada:

– Obrigada. De verdade. Eu sei que não devia ter te obrigado a falar nada... mas eu precisava saber que você confia em mim tanto quanto eu confio em você, sabe?

– Ok Hol. Sem problemas - sorri - pelo menos agora você não precisa mais ficar se martirizando sobre como eu estou e o que eu não estava te contando.

Ela sorriu e beijou minha bochecha indo para o seu quarto.

– Boa noite, branquela.

– Boa noite.

Bem, acho que essa semana, entre mortos e feridos, todos salvos.

Não sabia ao certo como lidar com o fato de ter que Harry em apenas alguns dias no casamento de Zack e estava decepcionada comigo mesma por ter sido tão fraca e iludida a ponto de achar que ele estaria de braços abertos me esperando na casa de Dora. E também tinha aquela maldita curiosidade sobre meu companheiro de apartamento, cujo nome Holly não queria revelar, mas me garantiu ser o remédio que eu precisava para esquecer esse nova iorquino, ou o inglês gostosão (vulgo, Will).

Mas fiz Holly feliz e isso não tem preço. Saber que estou sendo alguém tão importante na vida dela faz-me sentir bem comigo mesma.

Bem, não tão bem a ponto de fazer minhas complicações supracitadas não me perturbarem durante a noite.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam da Hol? Eu gosto muito dela, e me arrependo um pouco por não ter criado-a antes na fic... massss antes tarde do que nunca haha
E aí, quem está ansiosa pra saber o que vai rolar nesse casamento?
Ah, eu estou revisando a escrita de uma outra fanfic minha, "Alice"... Quem curte reler fanfics ou ainda não conhece... ^^
Enfim, prometo que o próximo capítulo será mais emocionante haha
Beijos (: