(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 19
Capítulo 18: IMPULSIVIDADE


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
.
Sei que vcs devem estar querendo me matar faz mtmtmt tempo, e é totalmente compreensível. Desculpem pelo hiatus gigantesco, mas época de provas realmente acabam com os meus fds e os raros momentos de tempo que eu ainda tenho... Mas enfim, eu tentei caprichar ao máximo nesse capítulo, então eu espero ser pelo menos 1% perdoada! haha
Não deixem de ler as notas finais, ok?
E pra começar, a palavra do capítulo :::::::::::::::::: BEWARD!



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Agente Cullen




Quando eu girei a maçaneta do apartamento, Emmett e eu fomos surpreendidos por um corpo lançando-se à toda velocidade em nossa direção. Eu desviei por puro reflexo, mas Emmett não teve tanta sorte.

– Cacete! – praguejou ele, arfando, enquanto guardava a pistola pronta para o uso em mãos. – Eu quase matei essa maldita gata!

A Gata Real ainda estava no chão, os pêlos todos eriçados, chiando loucamente depois de perceber que a pessoa que ela mais queria não estava conosco.

Emmett passou por mim ainda praguejando, e se trancou em seu quarto.

– Sinto muito, mas você também está no barco dos rejeitados esta noite. Lamento informar, mas a sua dona nos trocou pelo Lobo Mau – murmurei para ela, ainda segurando a porta. – Vamos lá, preciso avaliar o tamanho do prejuízo no apartamento.

Preciosa empinou seu focinho e em uma atitude bastante esnobe trotou de volta para a sala, exatamente como uma humana faria. Revirei os olhos para o seu temperamento, bizarramente igual ao da dona. Enquanto fazia meu caminho em direção ao meu quarto para jogar minha mala em qualquer canto, reparei que a única coisa que eu precisaria trocar era a cortina da sala. Ao que parece, alguém fez as unhas – ou melhor falando, garras – na longa e pesada cortina que minha mãe nos deu. Bom, o tamanho do estrago foi muito menos do que eu esperava.

– Eu sempre quis persianas mesmo – murmurei para ninguém.

Depois de um banho e sem ter mais nada o que fazer no quarto, decidi voltar à sala para me ocupar de alguma coisa. Como a minha inconveniente irmã sempre cita, a mente vazia é oficina do diabo. Preparar algo comestível me pareceu um bom começo, então caminhei até a cozinha. Abri a geladeira.

Pense. Pense. Pense.

– Nada, mas que droga – resmunguei, ao me deparar com a super lotação na geladeira. Três garrafas de Heineken, meia garrafa de água e um queijo que ainda conta as histórias do Natal. Hora de colocar a culpa na pessoa certa. – Emmett, você não fez as compras do mês?

Alguns segundos depois, ouço a porta do seu quarto ser aberta.

– Era a sua vez de fazer isso, grande Einstein! – ele berrou de volta, todo azedo, antes de bater a porta do quarto de novo.

– Ótimo – bati a porta da geladeira e me deparei com um par de olhos azuis me encarando do chão. – Não tenho como transformar cerveja em vinho, ou queijo velho em pão e peixe. Então o que vai ser? Pizza ou comida chinesa?

Cerca de meia hora depois, eu estava sentado no sofá, pés na mesa de centro, vendo algum filme ruim enquanto devorava meu terceiro pedaço de pizza. E por incrível que pareça de acreditar, Preciosa me fazia companhia no sofá. Com alguma distância segura entre nós, claro.

– Não acho que você deveria estar comendo esse tipo de coisa – falei para ela, observando seu focinho todo sujo de molho de tomate e queijo. Peguei um guardanapo e fiz movimentos bem calculados. – Vamos lá, colabore comigo. A Princesa surtaria até o ano que vem se visse você toda suja e pegajosa desse jeito.

Ela pensou por alguns instantes, mas acabou largando a borda no prato e se aproximou um pouquinho mais de mim. Bem devagar, eu limpei o melhor que eu pude.

– Quem diria, até que você não é tão má assim – comentei, enquanto espiava dentro de seus grandes olhos azuis. Nunca vi um animal com um olhar tão... humano. Porém meu comentário não pareceu agradar, de modo que ela instantaneamente começou a rosnar. – Ei, ei, calma aí! Desculpa se eu te ofendi.

Olha só a que ponto você chegou, hein Cullen?! Pedindo desculpas a um gato sentimental e idiota.

Voltei a focar na televisão e tentei prestar alguma atenção na lógica do filme. Não era um filme bom, para falar a verdade era um lixo mesmo, mas era o que eu tinha por ora. E assim eu direcionei minha mente, para algo que parecesse normal.

Aliás, eu não estava mais reconhecendo a mim mesmo. Minha cabeça estava uma zona, assim como a minha vida. Primeiro essa missão sem pé nem cabeça, e de lá para cá tudo o que eu tenho que fazer é ficar de olho em cada respiração dessa garota. E garantir que Alice não a leve para um buraco, ou a transforme em uma segunda versão de si mesma. E como desgraça pouca é bobagem, agora ainda entra na jogada um Corrompedor de Donzelas disposto a trancá-la em sua torre e desfilar com ela por aí, exibindo o seu novo brinquedinho. Isso se, não estiver acontecendo coisa pior entre os dois.

– É claro que isso não pode acontecer! – gritei, em um sobressalto, fazendo a gata ao meu lado acordar de seu cochilo e pular assustada. – Eu tenho que fazer alguma coisa! Ela é... A Bella é... minha responsabilidade!

A gata miou ao meu lado, como se concordasse com o meu súbito discurso de herói.

Percebi pela forma como ela se aproximou de mim nessas últimas horas, que ela queria a sua dona tanto quanto eu – afinal, elas pareciam ser uma coisa só. Emmett e eu testemunhamos várias vezes como as duas sempre foram grudadas, nunca vimos uma longe da outra por um período de tempo longo. Não sei se eu estava vendo coisas, mas eu podia jurar que algumas lágrimas se soltaram dos seus grandes olhos enquanto eles me diziam Faça alguma coisa!

Peguei o celular sobre a mesa, surpreso quando percebi que eram 01:45 da madrugada. Ela deve estar dormindo. Na casa dele.

Espero que apenas dormindo. E em quartos separados. Trancados, de preferência.

Disquei o número e aguardei que a ligação completasse. Chamou por várias vezes, até que a voz eletrônica da secretária de mensagens entrou em ação. Abri a boca para falar, mas nada saiu. Eu não sabia por onde começar, muito menos o que dizer. Não seja estúpido, você não é um adolescente imaturo! Os segundos estavam correndo e eu estava aqui feito um idiota, mudo, tentando deixar um recado na caixa postal de uma garota. Depois de respirar fundo, as palavras finalmente tomaram forma.

Oi, você já deve saber quem é – fiz uma pequena pausa e coloquei mais força na minha voz. – Eu também entendo se você não quiser me ouvir ou falar comigo tão cedo, mas não tenho outro jeito de falar com você.

Droga, por quê essas coisas sempre são mais difíceis do que parecem?

– Eu fui um estúpido e um idiota hoje, mais de duas vezes. Não é fácil para mim falar isso quanto é para você escutar esse recado. Eu sinto muito pelo o que você ouviu hoje de manhã no corredor da casa dos meus pais, eu não quis dizer aquilo. Eu jamais pensaria tal coisa de você, e não é só porque você é uma Princesa. Dane-se isso! Você é uma garota como outra qualquer... Não, você é diferente, Bella. Eu percebi isso desde que começamos a conviver um pouco mais com você. E depois eu sinto muito por não insistir para que você ficasse na casa dos meus pais, por gritar com você, por toda aquela cena exagerada com o Corrompe... com o seu namorado, eu quis dizer – ops, quase escapou! – Eu sou um imbecil e estou disposto a assumir isso quantas vezes for necessário. Eu faço o que você quiser, tudo para que você não me olhe da forma que você me olhou agora há pouco. Eu me senti péssimo como nunca me senti em toda a minha vida. Não quero ganhar a sua aversão, muito menos ser decepcionante para você. Mesmo que você não queira olhar na minha cara ou me desculpar nunca mais, eu estou disposto a assumir esta missão da forma mais profissional o possível e não me aproximar de você se você assim preferir. Apenas... volte para casa. Você pode me ligar a qualquer horário, que eu busco você. Não importa. Só... por favor.

Um sinal soou antes do que eu esperava, finalizando o tempo do recado. Fechei os olhos e deixei minha cabeça tombar de volta para o sofá, torcendo para que isso desse certo. Eu nunca fui o cara do tipo que pede as coisas, sempre acreditei que se você quer algo tem que correr atrás e fazer algo para merecê-la. Mas esse era o momento em que eu estava inclinado a acreditar em algo maior que...

Meu celular começou a vibrar muito antes do que eu esperava.

– Majestade!

– Agente – sua voz estava contida, ao contrário da minha.

– Você está bem? Ele tocou em você ou...

– Calma, está tudo bem – ela tentou me tranquilizar. – Eu ouvi o seu recado.

– Ótimo, eu estou indo buscar você agora mesmo – levantei do sofá em um pulo e comecei a juntar minhas coisas.

– Não, espera – sua voz saiu mais urgente. Empaquei na porta.

– O que foi?

– Nós temos que conversar antes... Quer dizer, eu não te liguei para que você viesse me buscar. As coisas não funcionam desse jeito. Eu te liguei porque...

– O que você quer dizer? Você não quer voltar?

Houve um longo momento de silêncio, então um pesado suspiro.

– Não. Quer dizer, sim. Eu não sei o que eu quero, Edward!

O quê? Ela não... Argh! Garotas são tão difíceis.

– Bella, me escuta – eu preciso fazer ela entender onde está se metendo. – Tudo o que eu disse no recado é verdade. Eu fui um idiota mais cedo, muito mais do que eu venho sendo ao longo desses vinte e quatro anos da minha existência. Você não precisa nem me perdoar agora, mas eu sinceramente espero que isso ocorra um dia. Eu posso mudar, posso ser o que você quiser que eu seja. Eu vou tentar me controlar... Mas eu só não confio nele, é isso.

– Edward, não fale assim do Jacob – ela me repreendeu baixinho.

– Desculpa – revirei os olhos. Corrompedor idiota! – Por favor, volta para casa.

– Você não está entendendo...

– O que eu não estou entendendo?

Bella não respondeu.

– O que você queria conversar? Por quê você me ligou?

Silêncio na linha. Decidi então apelar para o último recurso.

– Preciosa sente sua falta – falei com o meu tom mais triste. – Quando nós chegamos, ela veio correndo como um míssil na nossa direção à sua procura. Quando viu que você não estava, ela ficou muito nervosa. Depois, ela ficou tão amuada que até me deixou fazer carinho nela no sofá enquanto nós dois víamos televisão. Posso jurar que eu vi lágrimas nos olhos de gata dela.

– Preciosa... – a Princesa arfou, sua voz não mais que um sussurro. – Ela chorou?

– Acredito que sim, e ela inclusive está toda cabisbaixa desde então. Por quanto tempo mais você é capaz de prolongar isso?

Bella ficou em silêncio por tanto tempo, que eu achei que ela tivesse desligado.

– Tudo bem. Eu vou voltar – ela cedeu por fim, sua voz chorosa.

– Chego aí em dez minutos – falei, abrindo a porta.

– Não, espera. Eu vou falar com o Jacob, acho que é mais justo do que sair correndo no meio da madrugada. Se ele não puder me levar, aí eu te ligo de novo.

– Mas eu posso ir sem problemas e...

– Agente, por favor. Eu preciso de alguns minutos.

– Tudo bem. Vou estar te esperando. Meia hora, ou eu vou atrás de você.




Bella




Jacob me encontrou no sofá alguns minutos depois, sentada abraçando os joelhos, sufocando um choro baixinho e cheio de culpa.

– Bella? Ei, porque você está chorando? – ele perguntou preocupado, gentilmente passando os seus braços em volta de mim.

– Eu não sei – respondi, escondendo meu rosto ainda mais entre os joelhos.

Estou chorando porque eu liguei para o agente, e nem consegui responder o porquê. Estou chorando porque tem muita coisa na minha cabeça, e eu não consigo pensar em nada com clareza. Estou chorando porque minha gata está sofrendo, e eu aqui longe dela por um capricho infantil.

– Eu quero voltar, Jacob – falei, levantado a cabeça para olhá-lo.

– Voltar? – ele não conseguiu esconder a decepção no seu olhar, antes que eu a visse. – Mas por quê isso agora? Você não estava bem até quinze minutos atrás? Foi algo que eu fiz? – ele estreitou os olhos. – Ou... alguém está te chantageando?

Não gostei muito do seu tom. Eu não sou uma pessoa facilmente influenciável.

– Estou com saudades da Preciosa. Eu quero vê-la.

– Ah, isso? – ele soltou o ar que estava prendendo, parecendo aliviado. – Tudo bem, eu posso te levar de manhã cedo.

– Não, eu quero ir agora – falei, soando mais firme do que eu esperava. – Se você não puder me levar, vou ligar para o meu primo vir me pegar.

Claro que eles ficariam mais do que felizes em fazer isso.

– Não precisa fazer isso, eu posso te levar – ele me soltou, parecendo um pouco ofendido. – Vou só colocar uma camisa e descer as suas coisas.

E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se levantou e seguiu para as escadas, rumo ao quarto. Segui cada passo seu com o olhar, mas ele não parou para olhar para mim nenhuma vez sequer. Ótimo, eu consegui magoá-lo.

Jacob voltou menos de cinco minutos depois, completamente vestido em jeans e camiseta, com minha mala em uma das mãos e um agasalho de moletom na outra.

– Você quer se trocar ou vai assim mesmo? – perguntou, sem sorrir.

Dei de ombros, não me importava de qualquer forma.

– Como quiser. Coloque isso – ele me passou o moletom. – Lá fora está frio.

Enfiei o moletom com capuz pela cabeça, que obviamente ficou grande demais em mim. Eu o segui para fora do apartamento sem tempo de me despedir de Napoleão, que deveria estar em algum outro lugar não visível. A viagem de volta foi completamente silenciosa, exceto pelas poucas palavras que ele trocou comigo referente à temperatura do interior do carro.

Cerca de quinze minutos depois, estávamos estacionados na frente do meu prédio em um silêncio mortal.

– Jake, me desculpe por estragar o fim de semana – despejei.

– Não tem problema, Bella – ele respondeu, ainda olhando para frente.

– Eu não quero que você fique bravo comigo – sussurrei, olhando para minhas mãos.

– Eu não estou bravo – ele respondeu e então passou a me olhar. – Eu só gostaria que você não escondesse as coisas de mim.

– O quê? – congelei.

– Eu ouvi o final da sua ligação no telefone com ele, quando estava descendo as escadas para te procurar. Eu sei que você está com saudades da sua gata, mas isso não é algo que parecia te incomodar tanto há meia hora atrás. Foi depois da ligação que você mudou de ideia.

Olhei para ele boquiaberta.

– O que você está querendo dizer? Que eu fui influenciada ou manipulada?

– Nada. Eu não estou querendo dizer nada. Apenas fiz a sua vontade.

– Ótimo, muito obrigada então – falei magoada, abrindo meu cinto e pegando minha bolsa para sair. – Tenha uma boa noite, Jacob.

Saí a tempo de ouvir sua frustração ser descontada contra o painel do carro.

– Bella, espera – em um instante ele estava do lado de fora, vindo na minha direção.

– Boa noite, Jacob. Obrigada pela carona – e sem olhar para ele, ajustei melhor a alça da minha mala em meu ombro e passei direto pelos portões e pelo saguão do prédio.

Meu celular começou a tocar enquanto eu esperava pelo elevador, e quando eu vi que era ele, simplesmente não atendi. Desci no nosso andar e hesitei por um minuto diante da porta, pensando se era melhor bater ou tocar a campainha.

Mas a porta se abriu antes mesmo que meus dedos encontrassem a madeira.

– Finalmente você está em casa – o agente Cullen me recepcionou com uma grande expressão de alívio e, pegando-me totalmente de surpresa, puxou-me para os seus braços esmagando-me em um abraço de urso.

Eu fiquei sem reação por alguns segundos. Então meus braços timidamente o envolveram de volta, assimilando a nova e inesperada sensação de estar em casa. Era completamente estranho, sem falar errado, estar abraçada a este homem que havia me magoado mais cedo e que agora transbordava alívio e paz em cada centímetro do seu corpo. Que troca de papéis, pensei comigo mesma.

Fomos interrompidos então por um miado abaixo de mim. Automaticamente me soltei dele e abaixei para aninhar minha gata nos braços, que miava sem cessar uma mistura de choro e felicidade. Meus olhos encheram-se de lágrimas.

– Oh minha linda, eu também estava morrendo de saudades – murmurei para ela, beijando seu focinho enquanto a apertava junto a mim. – Como você está? Se comportou direitinho? Fiquei sabendo que você foi uma excelente dama e fez companhia para o agente agora a noite.

Preciosa bufou, me fazendo sorrir.

– Vamos entrar, você deve estar com sono – ele disse gentilmente, me ajudando a ficar de pé e pegando a minha mala.

– Onde está o Emmett? – perguntei, enquanto o seguia pelo apartamento.

– Se eu o conheço bem, já deve estar morto em um sono profundo há horas – ele parou diante da porta do seu quarto e hesitou. – Você pode ficar aqui, eu vou me arrumar em outro canto.

– Não Edward, por favor – protestei, no mesmo instante. – Eu não quero dar trabalho, posso ficar no sofá com Preciosa sem problemas.

– Bella, não vamos ter esta discussão – ele abriu a porta e praticamente me jogou lá dentro. – Eu vou pegar o colchão no quarto do Emmett e, se eu não aguentar os roncos de trator dele, eu me mudo para a sala.

Eu andei alguns passos e parei no meio do quarto, reparando pela primeira vez o lugar. Enquanto o quarto de Jacob era todo em branco e preto, o de Edward oscilava entre branco e alguns tons de azul – desde o mais claro no grosso tapete até o azul marinho na parede onde a cama de casal estava aninhada. Era tudo muito harmônico e tranquilo, transmitindo uma serenidade como o mar em um dia calmo.

– Seu quarto é muito bonito – disse a ele, quando virei-me para encará-lo.

Ele parecia levemente envergonhado diante da minha inspeção.

– Obrigado. Você o pegou em um excelente dia, a tendência é sempre piorar – ele abriu um sorriso torto, enquanto colocava minha mala em uma poltrona. – Você está com fome?

– Não, obrigada. Estou bem.

– Então... – ele hesitou por um momento, suas mãos remexendo o cabelo desalinhado. – Eu vou estar na sala, vendo qualquer coisa na televisão, caso você precise de algo. O banheiro é naquela porta ali – ele apontou uma porta do outro lado do quarto.

Assenti e, após um momento desconfortável de silêncio ele me desejou boa noite e saiu do quarto. Soltando todo o ar que eu nem sabia que estava prendendo, coloquei minha gata que adormecia em meus braços sobre a cama e fui ao banheiro para me aprontar para dormir. Depois de escovar os dentes, voltei ao quarto e tirei o moletom de Jacob pela cabeça e o enfiei no fundo da minha mala. Decidi não pensar nele, ou em sua desconfiança ou em qualquer coisa que me causasse estresse no momento.



[...]



Acordei com um salto algum tempo depois, desorientada no meio do quarto escuro. Preciosa ressonava tranquila no travesseiro ao meu lado, enquanto uma parte da minha mente me informava que eu estava no quarto do agente Cullen. Uma olhada para o relógio no criado mudo acusou o quanto eu dormira: pouco mais de meia hora. Desabei de volta para o travesseiro, apenas para rolar de um lado para o outro.

– Desisto – murmurei insatisfeita, colocando os pés para fora da cama. Já que o sono estava perdido mesmo, uma caminhada até a cozinha e um pouco de água não me fariam tão mal assim.

Descalça, caminhei até a porta do quarto e a girei bem devagar, fazendo o mínimo de barulho possível. Atravessei o corredor escuro na ponta dos pés, notando a porta do quarto de Emmett entreaberta. Uma espiada dentro e eu o vi esparramado pela cama, um braço pendendo para fora da cama, a colcha abandonada ao seu lado. Ele dormia tão pesado que não parecia acordar por nada neste mundo, então voltei a fechar a porta e continuar com o meu plano original.

Quando cheguei na sala, vi a televisão ainda ligada, uma garota apavorada caminhava por um corredor escuro ao som daquelas músicas apavorantes de filme de terror. Como não havia nenhum sinal do agente Cullen, decidi procurar pelo controle remoto e desligar a televisão. Depois de alguns segundos de procura, o localizei perdido entre as almofadas do sofá. Um cara mascarado segurando uma serra elétrica tinha acabado de aparecer na cena, bem atrás da mocinha.

– O que você está fazendo?

Um grito alto escapou da minha boca, ecoando pelo apartamento vazio e noite afora. Dei um pulo e derrubei o controle no chão, enquanto o homem atrás de mim me olhava com uma expressão de diversão em seu rosto.

– Você quase me matou de susto! – gritei, lançando a ele um olhar somente de fúria.

Edward Cullen sorriu torto.

– Bom, você parecia que ia morrer de qualquer jeito, só pela cara que você fez quando o cara da serra apareceu – reparei que ele estava com algo na mão.

Cookies de chocolate. Quase sorri.

– Bom, mas você me assustou muito mais do que ele – acrescentei.

– O que você faz acordada à essa hora? – ele passou por mim e pegou o controle no chão, sentando-se no sofá e trocando para um canal de desenho animado.

– Perdi o sono e vim pegar um copo de água.

– Quer um cookie? Funciona melhor do que água – ele olhou para mim, me estendendo um dos que ele trazia na mão. Hesitei. – Não é sempre que eu ofereço.

Sorri um pouquinho e aceitei um.

– Você vai ficar parada aí, ou vai sentar e assistir algo?

– Você assiste desenho animado? – debochei, sentando no sofá.

– Não é qualquer desenho animado – ele falou com sarcasmo, parecendo ofendido. Tive vontade de rir. – São Os Simpsons. Um desenho altamente inteligente.

– Que ainda assim é um desenho animado.

– Quantos episódios dos Simpsons você já assistiu? – ele desafiou, olhando para mim.

– Nenhum, eu acho – admiti.

Ele caiu na risada. Olhei para ele de cara amarrada.

– Você vai me desculpar, majestade, mas você nunca viu Os Simpsons na vida? É simplesmente o melhor desenho animado de todos os tempos. É épico!

– Bom, eu não estou vendo nada demais.

– É porque você ainda não encontrou a sua criança interior – ele me passou outro cookie, enquanto mordiscava um. – Eu adoro assistir a essas maratonas que eles fazem no meio da madrugada, é simplesmente... esclarecedor.

– Vai me dizer que um desenho te trouxe grandes descobertas? - arqueei uma sobrancelha.

– Na maior parte do tempo, sim – ele falou, divertido. – Você pode aprender muita coisa com o que as pessoas julgam como “idiota”. Mas a verdade é que esse desenho me faz ver a lógica que a maioria das pessoas não pensam, por ser óbvio demais. Todo mundo foca nos grandes problemas difíceis, mas ninguém pega as brechas ou as pontas soltas que ficam por aí. Às vezes é preciso pensar como um idiota se você quer pegar alguém que se acha muito esperto – pessoas inteligentes não esperam que você os capture com planos aparentemente idiotas.

– Nossa, este foi um grande discurso – eu falei, admirada. – Você quase me convenceu de que Os Simpsons podem me ensinar como derrubar um ditador bharsoviano. Acho que eu deveria prestar mais atenção.

– Com certeza sim – ele falou e voltou a sua atenção para a tela. Depois de alguns minutos, ele se voltou para mim. – Eu sinto muito sobre isso, Bella. Nós estamos fazendo o melhor possível para ajudar você.

Eu deixei um suspiro escapar.

– Eu entendo – falei, e desviei o olhar. – É só que...

– Só que... – ele esperou pacientemente.

– Só que é muita coisa para a minha cabeça, Edward. Eu quero dizer, eu nunca precisei pensar em tantas coisas antes. Você pode até me achar fútil, mas grande parte da minha vida as minhas únicas preocupações foram o dia da minha coroação, Preciosa e papai. Eu não precisava me ocupar de mais nada, pois as pessoas faziam tudo por mim... E então, de uma hora para outra, eu sou jogada em um país totalmente diferente, abandonada e longe de tudo que eu conheço e amo. É muita coisa para pensar, o tempo todo eu tenho a sensação de que alguém vai me descobrir ou então que coisa pior...

– Ei, se acalme – ele falou baixinho, segurando minha mão.

Não percebi que eu estava quase chorando. Por deus, quanta fraqueza Isabella!

– Desculpe – eu murmurei baixinho. – Eu não costumo ser tão fraca assim.

– Não é fraqueza, você é uma garota que passou por muita coisa.

Observei sua mão envolvendo a minha, força envolvendo fragilidade. Por quê sempre que eu estava assim, tão próxima dele, eu pensava em tanta coisa ao mesmo tempo? Por quê eu ficava tão confusa? O que havia nele que...

Olhar em seus olhos me fez entender.

Um verde interminável de compreensão se estendia diante de mim. Algo sereno, seguro mas ao mesmo tempo forte e intransponível. Não entendia muita coisa, mas tampouco havia nada para ser explicado. Era apenas sentir. Observar e me perder dentro de seu olhar. Inalar o aroma de cookies, misturado ao próprio cheiro dele. Meus dedos coçavam para tocar seu rosto, descobrir a textura de seus sempre bagunçados cabelos cor de bronze. Ouvir meu coração bater desacelerado dentro do peito, enquanto o sangue corava cada centímetro do meu rosto.

Querer provar o gosto do que não me é permitido.

Santa Bharsóvia, Isabella Swan Baudellaire! Você não pode pensar esse tipo de coisa. Não pode sequer imaginar nada, porque ele não pode ser seu. Você já tem um rapaz que te ama, que você deixou falando sozinho pouco tempo atrás.

Mas como manter a racionalidade, quando o homem diante de você se aproxima devagar, enquanto te olha tão fixamente? De um jeito que te deixa de pernas bambas e ossos moles feito gelatina. De um jeito em que você não consegue fazer nada, além de dividir seu olhar entre seus olhos cor de esmeralda e sua boca que se aproxima dolorosamente mais da sua? De um jeito em que tudo o que você pensa é... beijá-lo.

E era o que ia acontecer. Eu estava prestes a beijar Edward Cullen.

Meus olhos se fecharam no instante em que o seu rosto pairou a milímetros do meu, sua respiração fazendo cócegas na minha pele. Não havia espaço para qualquer outra coisa em minha cabeça naquele momento além dele. Seus lábios tocaram os meus de leve, de um jeito muito suave, como se ele medisse a minha reação.

Como eu deveria reagir?

Uma parte de mim queria afastá-lo, afinal aquilo era errado e magoaria o meu namorado – por incrível que pareça, eu ainda tinha um. Outra parte de mim estava confusa, perguntando o que estava acontecendo, como as coisas chegaram a esse ponto e o que seria depois. Mas havia a terceira parte, gritando em algum lugar obscuro dentro de mim, que queria agarrá-lo e beijá-lo de volta à todo custo.

Antes que eu escolhesse qual parte ouvir, meu corpo se antecipou e claramente o correspondeu. Minha boca se abriu e eu senti o gosto dele na minha língua, cookies misturado à alguma coisa diferente. Eu não sabia como descrever, portanto decidi que o melhor era nomeá-lo gosto de Edward Cullen. Pouco inteligente, eu sei, mas meus neurônios estavam ocupados demais mandando um sinal elétrico atrás de outro para o meu corpo para se preocuparem em pensar em qualquer coisa naquele momento. Senti uma de suas mãos tocando minha nuca, fazendo um leve carinho por ali, enquanto a outra encontrava o caminho para a minha cintura. Minhas mãos demoraram um pouco para entrar em ação, mas por fim encontraram sua nuca e depois os seus cabelos sedosos. A textura deles era tão incrível quanto o seu beijo.

Quando o ar foi necessário, ele se afastou de mim bruscamente e sentou-se no canto mais distante do sofá. Tentei me lembrar como respirava outra vez.

– Desculpe, majestade – ele sussurrou, a voz rouca, enquanto meu coração acelerava como uma grande locomotiva dentro do peito. – Eu não deveria... ter feito isso. Creio que minha impulsividade foi mais forte do que eu.

Passei a mão pelos cabelos, tentando domá-los. Santo Deus, o que houve entre nós?

– Não se preocupe, eu também perdi o controle – levantei do sofá e tomei o cuidado de não olhá-lo nos olhos, pois sei que eu ficaria tentada outra vez. – Me desculpe por... tudo aquilo. Nós não...

– É, nós não...

– Pois é.

– Mas fizemos – eu pude ouvir o sorriso em sua voz, mesmo sem olhar para ele. Mas não resisti, e assim o fiz. Seu rosto inicialmente mostrava confusão, mas aos poucos um sorriso torto cresceu por ele. – É melhor você ir dormir, para a sua segurança.

Engoli em seco. E depois fiquei vermelha.

– Tudo bem – assenti e me virei para ir, mas estava atordoada demais e acabei tropeçando no sofá no meu caminho para o quarto. Eu o ouvi rir baixinho. – Agente?

Ele virou a cabeça para mim, seu rosto com uma expressão divertida.

– Não se preocupe, Bella – ele se antecipou, me pegando de surpresa. – Ninguém vai saber o que aconteceu aqui. Agora, boa noite. Sonhe com os anjos... ou não.

Corando mais do que um pimentão vermelho, fui para o quarto resmungando sobre garotos convencidos, impulsos descontrolados e hormônios estúpidos que me deixavam cada dia mais louca. Eu não ia durar tanto tempo vivendo desse jeito.






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Notas finais do capítulo

E então??? O que acharam do capítulo? Me deixem saber de tudo nos reviews!
.
Primeiro de tudo, quero agradecer mtmtmtmtmt à linda da Bella Cullen pela recomendação DIVÔNICA que vc fez da minha fic! *---------* Sério, estou sem palavras até agora para vc! Primeiro, que honra por esta ser a sua fic preferida! *O* Fiquei um pouco mal por meus capítulos serem longos, e eu até tentei escrever menos, mas vcs devem ter percebido que não deu muito certo... É algo que eu não consigo controlar, então desculpa se a leitura é meio maçante as vezes :S E quanto ao "a autora domina o português, ela não assassina a gramática, acho que todos que escrevem deveriam ter essa habilidade." vc já me ganhou ali. SENHOR! Fiquei boquiaberta quando li isso, afinal eu nem escrevo tão rigorosamente assim... ou escrevo? sei lá ASHUASHAUS
Eu até tenho planos de postar outra fic, mas ainda falta organizar melhor o meu tempo para colocar isso em prática. Enfim, sorry pela bíblia acima, mas mtmtmt obrigada de verdade pela recomendação. Adoramei msm, vc fez o meu dia com ela ♥

Segundo, obrigada a todas vcs que comentaram no capítulo anterior! Fiquei muito feliz mesmo com os reviews, respondi cada um e escrevi esse Beward inspirada em cada uma de vcs que pediram. Não sei se ficou realmente bom ou agradou todo mundo, mas eu tentei ao máximo :)

Respondendo à pergunta da Anne sobre a 1ª vez da Bella... Bom, o que eu posso dizer por enquanto é que esse é um dos pontos altos da fic. Não vou revelar ainda com quem é, Jake ou Edward, mas já estou limitando as possibilidades, né? u.u O que eu posso dizer por enquanto é que "nem tudo é o que parece" e que a combinação álcool+noitada leva à praticamente um "Se beber, não case" AHSUAHSUASHAUSA Acho que dei algo para vcs irem pensando, né?

Enfim, desculpem pela bíblia aqui nas notas finais e pelo capítulo grandão, mas vou tentar me controlar das próximas vezes! Não deixem de comentar, ok?
Beeijinhos ♥