(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 18
Capítulo 17: TEIMOSIA? NÃO, É ORGULHO MESMO


Notas iniciais do capítulo

Heey meninas!
Peço desculpas mais uma vez pelo grande hiatus com vcs aqui, mas é que eu fiquei quase três semanas sem um note... Daí, desandou tudo e eu não tinha onde ou como escrever. Meu tempo está sendo cada vez menor, mas ainda assim eu gastei a tarde e a noite do meu sábado para escrever esse capítulo para vocês.
Não sei se ficou tão bom quanto vcs esperavam, mas foi o melhor que eu consegui hoje. Nos vemos no final do capítulo... Boa leitura!



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Agente Cullen







Já se passavam das onze e meia da noite e até agora nada da Princesa ou do Corrompedor de Donzelas, vulgo Black. Emmett estava reclamando feito um velho decrépito desde as nove horas e eu já o havia mandado calar a boca uma centena de vezes.




– Ei Ed, onde você acha que eles podem ter ido? O que será que eles estão fazendo?

Parei o que estava procurando no porta luvas exatamente naquele momento, quando uma cena mental nada agradável do que aquele pervertido poderia estar fazendo com a pobre garota me invadiu a cabeça. Emmett deve ter pensado o mesmo que eu, pois eu o vi estremecer no banco ao meu lado.

– Eca! – resmungou ele, fazendo careta.

– Eu realmente espero que eles não estejam fazendo isso – falei para ele.

– O porteiro disse que eles haviam acabado de sair, quando a gente chegou aqui – repetiu ele, como se eu mesmo não tivesse presenciado isso quando fomos perguntar sobre o apartamento do Black. – Isso já foi há sete horas atrás. Estou cansado, cara.

– Por quê você não volta pra casa então, hein? – virei-me para ele, cansado de tanta lamentação. – Você não fez outra coisa além de reclamar e resmungar desde que estamos aqui, idiota. Eu posso cuidar disso sozinho!

Emmett fechou a cara para mim.

– Ah, claro que eu posso fazer isso! – rebateu ele, ácido. – Você se esqueceu que é por causa dessa sua língua enorme que nós estamos nisso? De que adianta ter toda essa cabeça gigante e ser o Senhor-Cérebro-Super-Foda, se você não consegue ser inteligente o bastante pra manter a língua dentro da boca e pensar no que dizer a uma garota? Você quer distribuir patadas e cuspe por aí? Tudo bem, faça isso, mas com quem é acostumado ou não liga para você. Bella é uma Princesa, imbecil!

Senti meu sangue ferver por todas as minhas veias.

– Você ouviu o que acabou de me dizer? Perdeu a noção do perigo?! – esbravejei.

– Óh, me desculpe se eu te ofendi, boneca! Vai ficar putinha, é?

– Eu vou te mostrar quem é a putinha aqui, McCarthy! – gritei, avançando para ele.

No instante em que eu ia atingi-lo, ele abriu a porta do Volvo e saltou para a rua, me fazendo desequilibrar e cair de cara no banco do motorista. Eu preparei a lista de todos os palavrões e formas de mata-lo que eu possuía em mente, mas quando olhei para ele Emmett já estava atravessando a rua em passos apressados. Idiota, fugindo!

Foi então que eu reparei em duas pessoas caminhando ao som de risadinhas do outro lado da calçada. Uma garota magrela e de cabelos negros ria cada vez mais alto.

– Bella! – murmurei, lutando para me reequilibrar e deixar o carro logo.

Emmett foi o primeiro a alcança-los, interceptando-os à poucos metros do edifício. A Princesa parou de rir e congelou de imediato assim que me viu, parando ao lado dele.

– O que vocês estão fazendo aqui? – exigiu ela, sumindo com sua súbita alegria.

– Bella...

– Não, você fica quieto! – Emmett me cortou, colocando um braço para me impedir quando eu dei um passo à frente. Ele retirou o braço depois de alguns segundos, quando percebeu que eu estava a poucos batimentos de arrancá-lo. – Edward, você já estragou coisas o bastante por um dia.

– Eu também acho – intrometeu-se o Corrompedor de Donzelas, Black.

– Ninguém está falando com você, cara – falei, fuzilando-o com os olhos.

Ele sustentou o meu olhar e deu um passo à frente.

– Não falem assim com o Jacob, vocês dois – interveio Bella, segurando sua mão para impedi-lo de avançar. – Ao contrário de algumas pessoas por aqui, ele me tratou muito bem o dia inteiro.

Então o grandão não sabe se defender sozinho? Precisa que uma garota faça isso?

– Ninguém veio aqui para te tratar mal, muito pelo contrário – falou Emmett. Percebi pela forma com que ele olhou rapidamente do Black para mim que ele também acabara de pensar o mesmo. – Viemos para te levar para casa. E além do mais, o Edward tem algo muito sério a dizer.

– Eu tenho? – repeti, incrédulo.

– Não comece de novo, Edward – ele revirou os olhos, impaciente.

– Não estou interessada. Em nenhuma das duas propostas – discordou a Princesa.

– Eu já esperava por isso – murmurei.

– Calado você – Emmett me cutucou. – Você não tem permissão para falar enquanto não fizer o que viemos aqui para fazer.

– Pegar a Bella à força e leva-la logo para casa? Vamos, estou pronto – sugeri.

– Não, a outra coisa. Uma dica, Einstein: começa com des e termina com culpas!

Bella suspirou e voltou a andar, passando por nós com o namorado a tiracolo.

– Vamos logo, Jake. Deixa que eles se entendam – falou ela.

– Como quiser, amor – ele sorriu, passando o braço pela cintura dela e a puxando para perto, fazendo ela rir baixinho.

– Ei, esperem! – gritamos Emmett e eu ao mesmo tempo, correndo até eles.

– Não, o assunto entre nós já acabou – falou Bella, parando quando bloqueamos a passagem. – Com licença!

– Você não sabe o que está fazendo! – falei, descontando toda a minha frustração em meus cabelos. – Esse corrompedor fez uma lavagem em você, foi isso?

– Ei, caso você não tenha ouvido a Bella nós estamos subindo – intrometeu-se o Black mais uma vez, músculos inflando por baixo da roupa enquanto ele se posicionava bem à minha frente. – E tome cuidado sobre o que você anda falando de mim. Eu não sou esse tipo de cara e não faço nada que uma mulher não queira.

– Fica na sua que ninguém te chamou aqui, Black – vociferei, sem recuar.

– Me obrigue a ficar quieto, então – ele desafiou, erguendo uma sobrancelha.

– Cuidado com o que você está pedindo, amigo – avisou Emmett, fazendo cara feia para ele também.

– Ei, parem com isso! – gritou Bella, de algum lugar em volta. – Vocês estão parecendo três gorilas disputando território!

– E então, o que vai ser Black? – incitei.

– O que vocês quiserem, eu dou conta dos dois sem me cansar – ele deu de ombros, um sorriso torto delinquente surgindo em seu rosto afetado.

– Muito bem, então que seja assim! – a Princesa apareceu ao nosso lado, correndo para o meio da rua. – Vou me deitar aqui e esperar que algum motorista me atropele. Ou melhor: vou entrar no carro do primeiro desconhecido que passar por aqui e vocês nunca mais vão me ver!

Ninguém olhou para ela, nossos olhares estavam muito ocupados em um desafio de testosterona clássico. Foi então que menos de dois minutos depois ouvimos uma freada alta de carro, pneus cantando no asfalto e já olhei esperando pelo pior.

Para a nossa terrível surpresa, Bella estava debruçada sobre a janela de um Toyota preto novo, rindo de algo que o cara por trás do volante dizia. Ao melhor estilo prostituta, ela havia aberto uma série de botões da camisa preta até a metade de sua barriga, expondo o sutiã rendado da mesma cor. Ela jogava o cabelo de um lado para o outro, perguntando onde ficava o lugar que o tarado provavelmente ia leva-la.

– Bella! – gritamos os três ao mesmo tempo, chocados.

Ela não se virou para trás, apenas sorriu quando a porta do carona foi destravada. Menos de um segundo depois estávamos em movimento: o Black a agarrava por trás, afastando-a do carro, enquanto Emmett e eu bombardeávamos de insultos e pragas o homem de meia idade por trás do volante.

– Me solta, Jake! – gritou ela em algum lugar atrás de nós, quando o covarde arrancou com o carro a toda a velocidade.

– Você ficou louca, Bella?

– Eu fiz o que disse que ia fazer! – ela respondeu, ainda tentando se soltar dele.

– Larga ela, Black – Emmett mandou, sério.

– Ou a gente te arrebenta – completei.

– Você nem conhecia aquele cara, pelo amor de Deus, Bella! – ele diminuiu o seu aperto, mas ainda assim não a deixou ir totalmente. – Tem noção do que poderia te acontecer?

– Foi a única forma de conseguir atrair a atenção de vocês três! – teimou ela.

– Ah, e pra isso você entra no carro do primeiro idiota que passa aqui na frente?

– Na verdade, ele foi o terceiro – ela riu, completamente louca. – Os dois primeiros não pararam até que eu abrisse a minha camisa. Óbvio que vocês não notaram nada disso.

Puta merda, a garota tem problemas. Alice é a culpada disso, tenho certeza!

– Você só pode estar brincando com a gente, Bella – zombou Emmett.

– Ainda assim não justifica isso – resmungou o Black, levando a mão à blusa dela e começando a fechar os botões.

A Princesa, toda afetada, congelou enquanto o maluco passava a mão nela.

– Tira as mãos dela, seu tarado! – falei, empurrando-o para longe.

Em um momento de perda de controle, eu avancei para cima dele. Não percebi mais nada, a não ser o soco que eu acertei no olho esquerdo dele e o que ele me devolveu. Ah, não seu idiota. Você é um homem morto!

Em algum momento depois, eu estava imobilizado pelos braços do Emmett e Bella tentava sem muito sucesso empurrar o Corrompedor de Donzelas para o mais longe de onde estávamos.

– Me deixe arrebentar a cara dele, Emmett! – praguejei, tentando me soltar.

– Você já o acertou por hoje, e foi um belo soco Edward – ele sussurrou, sorrindo brevemente antes de se virar para eles e tentar parecer sério. – Mas agora chega.

– Você viu o que ele estava fazendo? Passando a mão no corpo da garota bem na nossa frente – resmunguei, ainda fuzilando o Black com o olhar.

– Eu sei, eu vi. Eu o vi fechar a blusa da garota, Edward – ele revirou os olhos. – Não que isso seja certo, até porque a Bella mesma poderia ter feito isso, mas não é motivo o suficiente para você partir para cima do cara. Lembra-se quem é o primo por aqui? É o meu dever defender a honra da garota, irmão.

– Então por quê você não fez isso? – exigi, parando de lutar contra ele para encará-lo.

– Porque o retardado do meu parceiro saiu correndo feito um namorado ciumento para cima do cara antes que eu pudesse piscar – respondeu ele, sobrancelha erguida.

Eu abri um sorriso torto para ele.

– Você viu só o soco que eu acertei nele? – sussurrei, em gabando.

– Eu vi, e como eu disse, foi um belo soco. Mas eu teria feito muito melhor – ele deu um soco de brincadeira no meu ombro e indicou para os dois atrás de nós. – Agora que tal você usar todo o seu charme e seus olhos verdes, pedir desculpas a nossa garota pela besteira de mais cedo, pegarmos ela e irmos para casa? Eu fecho.

– Eu consigo fazer isso – concordei, sentindo o gosto salgado do sangue no canto da minha boca. O Black também estava sangrando, graças ao belo corte que eu abri em sua sobrancelha. – Afinal, eu sou muito melhor do que ele.

– Vamos lá, meu garoto – Emmett nos virou para ele.

– Você é um bruto! – disparou Bella, antes que eu pudesse abrir minha boca.

– Eu sei, e eu sinto muito por isso – menti, porque eu não sentia nada naquele momento além de orgulho. Nada mesmo. – Desculpe por hoje mais cedo.

Preparei minha melhor cara de pidão, que eu sabia ser irresistível.

– Você me paga, Cullen – cuspiu o Black, todo nervosinho.

Ignorei-o de propósito, focando-me apenas na Princesa.

– Eu não posso te desculpar depois do que você fez agora, Edward – declarou ela, seus olhos severos brilhando de desgosto. – Você me decepcionou mais do que qualquer outra pessoa em toda a minha vida. Eu pensei que você era outra pessoa.

Não sei qual razão ou circunstância, mas toda a confiança que eu trazia dentro de mim se esvaiu como ar escapando de uma bexiga depois daquela sequência de palavras. Seu tom de desprezo foi mais do que eu esperava ouvir, e aquele olhar de decepção misturada a aversão era mais forte do que qualquer coisa que havia em mim. Algo errado estava acontecendo comigo... Ah sim, óbvio.

Você acaba de falhar em sua missão de proteger e cuidar da Princesa.

– Bella...

– Não, Edward. Você não tem esse direito – ela olhou para Emmett, prevendo que ele ia falar antes que ele abrisse a boca. – E não me olhe desse jeito, Emmett. Eu não quero ver nenhum de vocês dois tão cedo. Eu voltarei para casa, mas depois que Alice retornar.

– Você não pode ficar aqui com ele! – explodiu Emmett.

– Jacob, eu posso ficar na sua casa até o final de semana terminar?

– Claro que sim, amor. Eu nunca te afastaria de mim – ele segurou a mão dela, fazendo meu sangue ferver de novo.

A quem ele queria enganar com toda essa história de bom moço? Como ela deixava ser enganada por ele? Ela não percebia que tudo o que ele queria era...

– Muito bem, já que eu tenho um teto para ficar, adeus para vocês – e sem mais um olhar, ela se virou e caminhou até a entrada do prédio. O Black não perdeu tempo e antes de segui-la, olhou-nos com uma expressão de vencedor.

– Imbecil presunçoso – resmungou Emmett.

– Filho da mãe – cuspi. – Viu só como o seu grande plano funcionou?

Emmett revirou os olhos para mim.

– Você realmente acha que ela te odiaria menos se nós tivéssemos feito o que você queria? Chegar aqui, coloca-la no ombro sem dizer uma única palavra e correr a 120 km/h até em casa?

– Pelo menos ela estaria me odiando em casa – ressaltei.

– Eu me pergunto como você pode ser filho dos seus pais, sendo ao mesmo tempo tão inteligente e tão ogro – ele zombou, passando por mim com um empurrão de ombros em direção ao volvo.

– Você vai mesmo desistir do problema assim, Emmett McCarthy? – eu o enfrentei.

Ele se virou quando chegou ao carro e me olhou sério.

– Eu posso não ser um gênio, Edward, mas eu sei quando a batalha está perdida. Se você quer ficar aqui e se humilhar ainda mais, ou pior, fazer ela te odiar ainda mais, vá em frente. Eu estou indo para casa e dar o tempo que ela precisa. Você vem ou fica?




Bella







– Você tem certeza de que está bem, Jacob?




– Ai! – ele se encolheu mais uma vez e eu parei de me mexer.

Estávamos em seu banheiro, o kit de primeiro socorros aberto sobre a bancada de mármore ao meu lado. Jacob estava sentado em uma cadeira e eu ocupada em limpar o ferimento em sua sobrancelha, com o maior cuidado que eu podia.

– Me desculpe! – pedi, mordendo o lábio e me afastando.

– Ei, eu estou bem Bella – ele sorriu e esticou o braço, para me puxar para mais perto dele de novo. – Apenas ardeu um pouco agora. Continue o que você estava fazendo, eu vou me comportar, eu prometo.

– Tem certeza? – hesitei.

– Sim, senhora – ele riu, parecendo um garotinho que aprontou.

Voltei então ao que eu estava fazendo antes, limpar com cuidado extra o sangue que saía do corte em sua sobrancelha. Fora isso e dois roxos em uma costela, Jacob parecia bem. Ele me garantiu diversas vezes que deixara Edward pior, já que ele havia acertado mais socos e Edward ficaria marcado muito mais facilmente.

– Eu não gosto desse tipo de coisa, você sabe Jake – comecei a tagarelar.

– 99% das mulheres que eu conheço acharia um máximo dois homens brigando por elas – ele falou, seus dedos brincando com a barra da minha blusa em minhas costas.

– Mas eu não acho certo esse tipo de comportamento – falei, depois de respirar fundo e me lembrar de concentrar apenas no corte. – Você está me distraindo.

– Estou? – ele levantou a cabeça, olhos fixos aos meus, sorrindo torto.

– Talvez – sussurrei. – Você deveria ir ao hospital para levar um ou dois pontos.

– Mas eu confio nos serviços da minha enfermeira particular – ele piscou, me envolvendo em seus braços e pernas. – Além do mais, no momento em que eu sair de casa alguém pode querer te roubar de mim. E isso é algo que eu não permito.

– Como se isso fosse possível – sorri para ele.

– É verdade, eu não tenho com o que me preocupar... – ele depositou um breve beijo em minha barriga, por cima da blusa, o suficiente para fazer meu coração se acelerar. – Seu primo é um imbecil, mas ainda assim é da sua família e não tentaria nada contra você; o idiota do Cullen tem menos chance ainda... Então isso reduz meus concorrentes para 7 bilhões de pessoas no mundo, menos dois.

Eu ri.

– Como você é bobo!

– Não, ainda tem o cara do Toyota! – ele fechou a cara de repente. – Eu quase tive um ataque cardíaco quando te vi toda de sorrisinhos e charme para cima daquele velho tarado... Nós deveríamos ter uma discussão sobre isso.

– Eu disse que estava brincando, Jacob – falei, colando o band-aid por cima do corte.

– Uma brincadeira de péssimo gosto, aliás – ele resmungou. – Com quem você anda aprendendo esse tipo de coisa?

– Com ninguém, foi só um pensamento estúpido – falei, olhando séria para ele quando deixei o que eu tinha nas mãos sobre a bancada do banheiro. – Você realmente quer discutir sobre isso, hoje e agora?

Ele me olhou por um longo tempo, sem dizer nada, seu rosto indecifrável.

– Por enquanto, podemos deixar isso passar dessa vez – seus braços se apertaram mais em volta de mim, de forma que eu estava quase colada a ele. Seus olhos negros brilharam em seu rosto. – Que tal um banho e depois cama?

– Boa ideia – eu sorri para ele e o beijei rapidamente. – Eu preciso mesmo de um banho e dormir logo, estou exausta. Te vejo lá fora, Imperador.

– Quando você vai deixar eu cuidar de você, hein Bella?

– Que tal quando eu tiver noventa anos e não for capaz de fazer mais nada sozinha?

– Aposto que você vai continuar linda quando tiver noventa anos – ele sorriu e se levantou para me beijar.

O beijo começou calmo, como sempre, mas de repente algo ligou entre nós e tudo o que eu senti era calor e Jacob – muito calor e muito Jacob em todas as partes. Quando eu percebi, alguns minutos depois, eu já estava sobre a bancada e toda agarrada a ele, arfando em busca de ar e à beira de um ataque cardíaco.

– Eu gosto muito mais de você agora, jovem e cheia de hormônios – ele sussurrou.

Corei furiosamente, sentindo uma fogueira acesa por toda minha pele.

– Jacob...

– Eu sei, eu sei amor – ele sorriu e se inclinou para me beijar mais uma vez, não tão desesperado desta vez. – Eu adoro quando você fica corada, Bella.

E enquanto eu morria de vergonha, Jacob saia do banheiro me devorando com seus olhos. Demorou algum tempo até que eu conseguisse me mexer novamente, e mecanicamente eu fui até o quarto para pegar meu pijama e voltei ao banheiro para o meu banho. Quando eu finalmente tive coragem para deixar o banheiro, eu não me sentia nenhum pouco mais preparada.

Passar o dia inteiro com o Jacob era uma coisa. Ele era agradável, atencioso, me ouvia o tempo todo e sempre perguntava coisas sobre mim ou sobre o que eu achava a respeito de qualquer coisa. Era o tipo de namorado perfeito, saído de um conto de fadas. Mas a noite... Bom, eu não tinha com o que comparar. Ele se transformava, para uma versão muito mais sedutora – por falta de palavras para melhor classifica-lo, ele ficava impossível de resistir. Eu não estava pronta para o passo adiante – aliás nunca estaria, até que minha noite de núpcias chegasse e eu não tivesse mais para onde fugir – então tudo o que eu fazia era tentar impedi-lo. Eu não tinha tanto sucesso assim, muito menos força de vontade, mas era tudo o que eu podia fazer. Eu não sabia o que era dormir com ele e...

Ai caramba, eu já havia feito isso! Tudo bem que eu não me lembrava de nada e ele me disse que eu havia adormecido no sofá, mas ainda assim, eu dormi com Jacob Black uma vez.

E com Edward Cullen também, minha mente fez o desagradável favor de me lembrar.

– Não pense nisso agora – murmurei, para mim mesma.

– Não pensar no que?

A voz de Jacob surgindo do outro lado do quarto escuro me fez sobressaltar.

– Jacob! Que susto! – pulei, minha mão indo direto ao meu coração.

Meus olhos se arregalaram ainda mais e meu queixo caiu quando eu me virei em sua direção. Jacob também havia tomado banho, eu sentia o cheiro do seu sabonete de onde eu estava. E ele também estava pronto para dormir – mas ao contrário de mim, ele não usava um pijama roxo (o mais comportado que eu achei na minha mala, aliás) decente, ou mais ou menos isso. Jacob estava apenas de boxer branca, parado a alguns metros de mim. Corpo, músculos e pele expostos demais para manter a sanidade de qualquer pessoa normal. Tampei os olhos no mesmo instante.

– Jacob! Você está... pe-pelado! – gaguejei, corando até os fios de cabelo.

– Eu estou de boxer, Bella! – ele riu, e eu ouvi seus passos em minha direção.

– Não, fique longe de mim! – gritei, ainda com o rosto coberto, me afastando até sentir a parede se chocar contra mim. – Cubra-se!

– Bella, eu sempre dormi assim! – ele protestou, e eu podia sentir sua proximidade bem à minha frente. – Você prefere que eu durma sem nada?

Descobri meus olhos, chocada.

– Você não ousaria! – guinchei, corando mais que um pimentão.

– Bom, é assim que eu durmo no calor – ele deu de ombros.

– Eu não vou ficar aqui com você de qualquer forma, então tanto faz – disse, tentando soar indiferente e me concentrando em apenas olhar para o seu rosto e nada além.

– Como assim, o que você quer dizer?

– Você não achou que eu... e você... eu ia dormir com você desse jeito, não é mesmo? E no mesmo quarto? – eu ri nervosa.

– E por quê não? Nós não somos namorados?

– Sim, mas isso não significa que nós vamos dormir juntos – falei. – Eu fico com o quarto de hóspedes. Ou no sofá, melhor ainda. Vamos precisar de espaço.

Ele sorriu torto e avançou um passo na minha direção, me fazendo me arrepender por não haver nenhum espaço atrás de mim além de parede. Sua respiração fez cócegas em meu rosto e eu sentia todas as ondas de calor irradiando do seu corpo até o meu.

– Nós já dormimos juntos uma vez, caso você tenha se esquecido – ele lembrou, sua voz rouca me fazendo estremecer com a lembrança. – E outra, tem espaço o bastante pra você na minha cama.

– Jacob... – murmurei, sem forças.

– Durma comigo, Bella, por favor – sussurrou ele, seus dedos tocando os meus lentamente e começando um rastejar devagar até o meu ombro.

Não havia mais quase espaço nenhum entre nós dois, de modo que não tinha para onde eu escapar – e também eu nem tinha forças para isso. Senti o seu corpo chegando cada vez mais perto do meu, sua pele quente tocando ao máximo a minha, parcialmente coberta pelo meu fino pijama. Suas mãos desceram até as minhas costas e em um piscar de olhos eu estava presa a ele, envolvida em seu abraço, minha cabeça aninhada em seu peito quente e nu. Senti seus batimentos cardíacos baterem contra minha bochecha, acelerados, enquanto meu sangue se acumulava em todo o meu rosto. Jacob tinha um cheiro tão bom...

– Por favor, Bella, só durma comigo – ele sussurrou contra meu cabelo, descendo beijos por todo o meu rosto até chegar a minha boca. – Eu não vou fazer nada que você não queira.

Abri meus olhos e caí direto no buraco negro dos seus.

– Você promete? – sussurrei.

– Eu te dou a minha palavra e o que mais você quiser – ele sorriu.

– E você vai colocar uma calça e uma camiseta?

– Uma calça é negociável, nada além disso – ele sorriu torto.

Deixei um alto suspiro escapar.

– Tudo bem, temos um acordo – cedi.

– Esta vai ser a melhor noite da minha vida – ele riu e começou a me puxar para a cama, mas eu empaquei na metade do caminho. – O que foi?

– Calça – murmurei, sem coragem para baixar meu olhar além do seu peito.

Jacob riu e me deixou por um instante, correndo até o banheiro de onde eu havia acabado de sair. Ele voltou menos de um minuto depois, usando uma calça de pijama azul marinha mais baixa do que o aceitável e sorrindo como um garotinho.

– Pronta?

– Quase. Eu preciso de água e de um pouco de ar.

– Eu posso resolver isso – ele respondeu de imediato.

– Obrigada, mas eu prefiro eu mesma fazer isso – seu sorriso desmoronou, me partindo o coração. – Mas eu não demoro.

– Promete? – pediu, esperançoso.

– Prometo. Eu volto já – fiquei na ponta dos pés e lhe dei um rápido selinho.

O caminho até a cozinha foi tranquilo, com Napoleão miando alegremente atrás de mim no momento em que eu apareci no final da escada. Eu conversei com ele o trajeto todo, dizendo o quanto ele era um gato bonito e o quanto ele me lembrava minha Preciosa. Servi um pouco de leite para ele, que bebeu avidamente, me agradecendo depois com um gostoso carinho nas pernas.

Quando eu estava passando pela sala novamente em direção às escadas, um objeto chamou minha atenção pela visão periférica. Meu celular ainda estava ali, abandonado o dia todo sobre a mesa de centro, piscando a todo tempo. Peguei o aparelho, com a intenção de verificar se tinha algum recado ou mensagem de Alice. Por mais diferentes que fossemos ou pensássemos, ela era o que eu tinha mais próximo de uma amiga. Eu queria conversar com ela, mesmo que fosse para ouvir algum conselho que eu nunca colocaria em prática.

Enquanto eu rolava pelas dezenas de mensagens de texto e correios de voz, ignorando as dezenas de ligações perdidas dos agentes, eu descobri que não havia nada dela. Não deveria ser nenhuma novidade, já que ela deveria estar aproveitando muito sua viagem com Chad para se lembrar de alguém como eu. As duas últimas mensagens de voz me chamaram a atenção, por causa do horário. A primeira, há pouco mais de meia hora atrás, e a segunda, deixada há três minutos. Apertei o botão para escutar a primeira, porém a familiar voz alegre não parecia a mesma de sempre.



“Ei Bella, sou eu, o Emmett! Lembra, o Emm? O mesmo cara que tomou um tiro pela sua gata, te levou para a maior enrascada da sua vida no Brooklyn, que te ensinou várias coisas legais e que jogou na sua vida o mala-sem-alça-e-de-rodinhas-tortas do Branco... Lembrou de mim? Pois é, então, sou eu. Eu sei que você deve estar super chateada e eu não estou te tirando a razão, mas eu só queria que você ouvisse isso. Tenho a esperança de que você vai ouvir esse recado, então eu estou caprichando... Quero te pedir desculpas pelo meu comportamento e dizer que eu realmente sinto muito, mesmo que eu não tenha acertado um belo soco na cara do seu namoradinho de merda... Ops, desculpe por isso. Cara, que merda... Mas por favor, não desliga! O Edward é um idiota, todo mundo sabe disso, mas eu quero pedir desculpas por ele também. Mesmo que você não o perdoe, e quanto a mim? Hein?! O seu amigão aqui, o seu primo do peito? Eu ficaria mais do que feliz em dar uma bela porrada nele por você, se você quisesse. Sério mesmo. Volta pra casa, ok?”





Eu sorri ao ouvir o recado dele, mesmo que eu ainda estivesse brava com ele. Mas depois de ouvir isso, eu não consegui mais sentir raiva do Emmett. Ele poderia ser atrapalhado e não muito cuidadoso ou inteligente, mas no final ele era sempre o Emm. Ele era o irmão mais velho que eu sempre quis ter, que estava disposto a no final do dia te fazer sorrir mesmo que você quisesse matá-lo.



Apertei o botão para ouvir o segundo recado. Eu já suspeitava de quem era, mas mesmo assim a curiosidade foi maior do que minha raiva. O recado já começava com um longo suspiro cansado.



“Oi, você já deve saber quem é. Eu também entendo se você não quiser me ouvir ou falar comigo tão cedo, mas não tenho outro jeito de falar com você. Eu fui um estúpido e um idiota hoje, mais de duas vezes. Não é fácil para mim falar isso quanto é para você escutar esse recado. Eu sinto muito pelo o que você ouviu hoje de manhã no corredor da casa dos meus pais, eu não quis dizer aquilo. Eu jamais pensaria tal coisa de você, e não é só porque você é uma Princesa. Dane-se isso! Você é uma garota como outra qualquer... Não, você é diferente, Bella. Eu percebi isso desde que começamos a conviver um pouco mais com você. E depois eu sinto muito por não insistir para que você ficasse na casa dos meus pais, por gritar com você, por toda aquela cena exagerada com o corrompe... com o seu namorado, eu quis dizer. Eu sou um imbecil e estou disposto a assumir isso quantas vezes for necessário. Eu faço o que você quiser, tudo para que você não me olhe da forma que você me olhou agora há pouco. Eu me senti péssimo como nunca me senti em toda a minha vida. Não quero ganhar a sua aversão, muito menos ser decepcionante para você. Mesmo que você não queira olhar na minha cara ou me desculpar nunca mais, eu estou disposto a assumir esta missão da forma mais profissional o possível e não me aproximar de você se você assim preferir. Apenas... volte para casa. Você pode me ligar a qualquer horário, que eu busco você. Não importa. Só... por favor”





Eu fiquei sem reação por um longo tempo. Paralisada em pé ali na sala, eu não sabia o que fazer, o que falar ou como reagir. O relógio do celular me informava que eram quase uma da manhã.



O botão verde nunca me pareceu tão tentador antes.







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Notas finais do capítulo

(ps.: o botão verde normalmente é o utilizado para realizar ligações)
.
.
Bem, o que acharam??
Desculpem por não responder os comentários do capitulo anterior, mas vou tentar fazer isso o mais rápido possível. Já estou agradecendo MUITÍSSIMO a todas vcs que comentaram no capítulo passado, me deixou muito feliz meeesmo! ♥
Queria apenas destacar algo que eu achei FANTÁSTICO: "Agora acho que finalmente entendo o q vc quer fazer... um Edward grosseiro e um Jacob perfeito. No final das contas, quem acabará chamando mais atenção será o Ed." Flavinha, você arrasou com esse comentário! É tudo o que eu sempre quis que percebessem, sempre foi a minha intenção desde o começo! Por isso é que eu capricho taaanto no Jake! haha
De qualquer forma, eu queria compartilhar que eu mudei o final desse capítulo agora há poucos minutos. Originalmente ia ser um final Jake+Bella, mas como a maioria de vcs são Bewards fervorosas e apaixonadas, eu mudei para a alegria de vcs... Sugestões são sempre bem vindas e pedidos anotados!
Espero que tenham gostado e não deixem de comentar, por favor! Kisses ♥