(DES)EDUCANDO Uma Princesa escrita por Vamp Writer


Capítulo 17
Capítulo 16: MANTENHA A CALMA, PORQUE...


Notas iniciais do capítulo

Heeey minhas lindas!
Escrevi esse capítulo todinho ontem, especialmente para vcs! Um obrigada todo especial à Moz e a Anne, que me deram ideias super legais para o começo desse capítulo *----*
Enfim, como o título sugere: mantenha a calma, porque....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/246866/chapter/17




Bella




Eu suspeitei que aquele fosse um sonho a partir do momento em que eu abri os meus olhos.

Eu estava no meu antigo quarto do castelo, perdida em um monte de travesseiros, plumas e tecido. Devagar, coloquei um pé de cada vez para fora da cama e algo me puxava para a janela do outro lado do quarto. Espiei para fora, vendo o jardim que eu tanto adorava. E mais ao fundo, estava a minha árvore favorita.

Um movimento ao longe capturou o meu olhar, e depois de piscar algumas vezes, eu finalmente identifiquei o que era. Um cavalo branco se aproximava, carregando o familiar cavaleiro.

– Lá vamos nós de novo – eu suspirei, encostando-me à sacada.

Observei-o passar pela árvore, mas como eu esperava, ele não parou. Conduziu o cavalo em direção à minha torre, me fazendo arfar de surpresa. Bem, esta era uma mudança e tanto no meu padrão de sonho.

Ele parou o cavalo exatamente embaixo da minha janela, há vários metros de altura do chão, e saltou com graciosidade para o solo, caindo em um baque surdo. Chocada, eu percebi o que ele pretendia fazer: escalar até onde eu estava.

– O que você pensa que está fazendo? – falei para ele, mas minha voz não saiu tão alta como eu esperava. – Saia daqui! Eu não sei quem você é, vou chamar a guarda!

Ouvi uma risada baixa, enquanto ele procurava pelos lugares certos na torre para encaixar seus pés e mãos. Mais rápido do que eu esperava, ele finalmente chegou até onde eu estava. Enquanto ele passava uma das pernas para dentro, eu recuei um passo para mais longe.

– Eu vou gritar com todas as minhas forças se você não se afastar! – falei, meu coração batendo mais rápido do que nunca. – Seria perfeito se eu acordasse agora...

Ele balançou a cabeça negativamente, seu manto tremulando suavemente enquanto se aproximava até onde eu estava enraizada no lugar.

– Você nunca vai me dizer quem você é? – sussurrei, quando ele parou a menos de dois passos de mim.

Depois de um instante de silêncio, suas mãos alcançaram o capacete. Meus olhos fixaram-se em cada movimento de seus dedos enluvados, enquanto estes arrastavam lentamente para cima a parte de sua armadura que sempre escondeu seu rosto.

Finalmente eu iria descobrir quem estava por trás daquele capacete!



Meus olhos se abriram contra a minha vontade, na melhor parte do sonho, ao mesmo tempo em que um gemido baixinho de frustração me escapava dos lábios. Eu havia acordado mais uma vez, sem saber quem ele era. De novo, não!

Pisquei algumas vezes para adaptar meus olhos à claridade da manhã ensolarada lá fora, e foi então que meus sentidos despertaram antes que o resto do meu corpo.

Braços me envolviam em um prisão sem escapatória. Meu rosto não estava apoiado contra o travesseiro, mas sim em uma quantidade bastante considerável de pele quente e macia. Uma respiração lenta e profunda estava à minha volta. Minhas pernas não estavam enroladas no edredom, mas sim entrelaçadas em outro par de pernas.

Havia alguém na cama comigo.

Imediatamente fui tomada pelo instinto de sair correndo dali, gritar ou fazer qualquer coisa do gênero. Foi então que eu me lembrei do sonho – o terrível pesadelo que me tinha acordado aos gritos na madrugada passada. O Agente Cullen tinha aparecido no quarto, não muito vestido, mas com uma travessa de cookies e chocolate quente.

Lembrei-me também que eu havia pedido para que ele ficasse.

– Ai, droga – resmunguei baixinho, fechando meus olhos e esperando que quando eu os abrisse de novo, eu acordasse sozinha e Edward teria desaparecido.

Mas não foi o que aconteceu, obviamente.

Nós ainda estávamos ali, na cama, e eu percebi que eu estava... agarrada demais a ele. Virei com cuidado minha cabeça para cima, com medo de que ele estivesse acordado, mas tudo que eu encontrei foram seus lábios. Sua boca estava perto demais de mim, a milímetros do meu rosto, e me deparar com aquilo espalhou uma onda de calor por todo o meu corpo.

Prendi minha respiração, com medo de um mínimo piscar de olhos despertá-lo, e fazendo uma força descomunal para não acordá-lo, tentei me soltar de seu abraço. A parte das pernas foi a parte fácil, mas eu estava tendo uma certa dificuldade com a parte dos braços. Edward era muito sereno dormindo, e imaginei que seria um crime acordá-lo. Quando eu finalmente consegui me soltar, ele resmungou e se mexeu na cama, vindo inconscientemente até onde eu estava. Eu congelei quando seus braços voltaram a envolver minha cintura, em um movimento bastante possessivo.

Continuei ali, estática, invocando imagens mentais do meu namorado – que estava a alguns quilômetros de distância, sentindo minha falta – enquanto esperava que este homem não fizesse nada pior durante o sono. Recusei-me a fantasiar sobre como tinha sido dormir ali, envolta em seus braços e seu corpo quente durante boa parte da noite. Quando eu percebi que Edward não havia acordado – para a minha sorte – e havia voltado ao seu sono tranquilo, rapidamente puxei um travesseiro e o coloquei no lugar do meu corpo em um movimento mais rápido do que eu pensei ser capaz de executar. Ele resmungou algo baixinho, mas apenas apertou mais forte o travesseiro.

Saí com cuidado da cama, pisando nas pontas dos pés, decidida a sair de seu campo de visão. Andando de costas e com meus olhos fixos à cama, me permiti por um instante me concentrar no homem adormecido. Cabelos cor de bronze desalinhados contra o travesseiro, a boca relaxada em um sono profundo, seus braços aprisionando o travesseiro onde eu estava há segundos atrás... Toda aquela quantidade de músculos e abdômen expostos, a calça de moletom era a única peça que...

Não. Definitivamente estava me concentrando nas coisas erradas. Voltei meu foco para encontrar a porta do banheiro, e lá eu ficaria até que eu descobrisse o que fazer. Senti o exato momento em que minhas costas encontraram uma porta e meus dedos foram até a maçaneta, girando-a sem hesitar. Fechei meus olhos com alívio e entrei.

– Ora ora, bom dia majestade! – uma voz divertida surgiu, me fazendo estacar.

– Ai meu Deus! – gritei, pulando de susto e batendo a porta atrás de mim.

Com certeza toda a parte da descrição tinha acabado naquele instante, quando eu me dei conta de que aquele não era o banheiro de Alice. Eu havia errado a porta, parando do lado de fora do corredor exatamente no momento em que Emmett passava. Fiz uma careta e desejei que um raio pudesse me acertar, para que eu sumisse dali.

– Emmett! Você quase me matou de susto – briguei com ele, tomando o cuidado de manter a voz baixa e desejando com todas as minhas forças que o agente Cullen não tivesse acordado. – O que você faz aqui?

Ele franziu o rosto.

– Bom dia para você também, adorável prima. Até onde eu sei, o corredor é o único caminho que me leva até o andar de baixo e consequentemente até a cozinha... – ele fez uma pausa e me olhou demoradamente, debaixo para cima. – Você pretende ir a algum lugar mais longe do que esta porta vestida assim?

Olhei então para mim mesma, pernas, pele e braços demais para pouco tecido presente em minha camisola. Coloquei meu cabelo para frente, tentando esconder algo e ao mesmo tempo lamentando por ele não ter o comprimento de antes, enquanto cruzava as pernas e corava furiosamente.

– Eu errei a porta do banheiro – falei, estreitando meus olhos para ele. – Até parece que eu sairia vestida assim para algum lugar!

– Bom, você já está em algum lugar – ele fez um gesto, indicando o corredor.

– Você não estava indo para a cozinha? – desconversei.

– Sim, eu estava indo mesmo – ele sorriu e piscou para mim. – Eu passei no quarto do Ed para acordá-lo de surpresa, mas ele não está lá... Você por acaso sabe dele?

Santa Bharsóvia! Emmett não podia nem sonhar onde Edward estava... Inconscientemente, eu dei um passo para mais perto da porta, como se pudesse escondê-la atrás de mim e mantive uma expressão vazia em meu rosto.

– O Agente Cullen? – repeti, tentando soar inocente, mas minha voz falhou.

– Sim, o pateta do Edward – afirmou ele, ainda me olhando.

– Olha o jeito que você fala de mim, imbecil – uma voz resmungou atrás de mim, enviando arrepios por cada milímetro da minha pele.

– Edward?! – gaguejou Emmett, arregalando os olhos. Seus olhos corriam do agente Cullen para mim e de volta a ele, por várias vezes, sua boca se abrindo e fechando sem produzir som algum. – Mas que porra é essa?

– Emmett, olha a boca! – repreendeu Edward, assustadoramente tranquilo.

Senhor, manda aquele raio para me acertar agora por favor – supliquei, escondendo meu rosto em chamas em minhas mãos.

– Nada disso, ninguém vai morrer antes de me explicar o que está acontecendo por aqui – exigiu Emmett, inflexível. – Estou esperando a explicação, e é melhor vocês começarem a dar com a língua nos dentes antes que eu concorde com o que minha mente está disparando em 3D.

– Emm, não é nada disso, por favor! – exclamei, lamentando mais uma vez por eu não ter achado o banheiro em vez do corredor.

– Se liga, McCarthy – Edward revirou os olhos, saindo do quarto e entrando em meu campo de visão. Com certeza não dava para pensar em nada de bom vendo a nós dois praticamente seminus trancados em um quarto. – Não aconteceu nada, como se fosse acontecer...

– E como você explica isso? – ele quis saber, apontando para nossas roupas.

– Se você não dormisse como uma pedra, você teria ouvido os gritos da Bella na noite passada – disparou o agente Cullen, fuzilando ele com o olhar. – Eu me pergunto até hoje como você pode ser um policial se nunca está alerta a nada.

– Bella gritou ontem à noite? – repetiu ele, olhando para mim.

– Poderia ser um ladrão ou algo do tipo, mas foi apenas um pesadelo.

– Um terrível pesadelo – admiti, desviando meu olhar.

– Enfim... Quando eu entrei no quarto dela, eu a encontrei aos prantos na cama, mais assustada do que no dia em que escapamos de Bharsóvia. Eu nunca a tinha visto chorar daquela forma – o olhar de Emmett encontrou o meu no mesmo instante, e eu sabia que ele tinha se lembrado do mesmo que eu, o dia em que nós fomos ao esconderijo do Branco. – Então tudo o que eu fiz foi dividir meu chocolate e meus cookies com ela. Não aconteceu nada demais.

Edward finalizou sua história dando de ombros, totalmente relaxado. Percebi que o seu olhar não encontrou o meu nenhuma vez desde que ele saiu do quarto e, enquanto eu estava desconfortável, culpada e corada, ele estava indiferente. Ou ele era um excelente ator, ou não ligava a mínima por eu ter dormido em seus braços.

– E vocês querem que eu acredite que vocês dois só dormiram? – disparou Emmett.

– Não, acredite que Bella e eu fizemos tudo o que sua cabeça podre está te dizendo. Tanto faz no final das contas – ele disse áspero, passando por nós em direção ao seu quarto.

Eu não acreditei no que eu acabara de ouvir. Suas palavras me queimaram como ácido.

– Com licença – falei, passando por Emmett e batendo a porta do quarto com força atrás de mim. Tranquei a porta com a chave e me permiti deslizar até o chão, furiosa por ter sido atingida com as palavras frias dele.

– Bella, espera! – ouvi a voz do agente McCarthy, enquanto ele batia na porta. – Ei, me deixe entrar! Eu estava só brincando, e o Edward não quis dizer isso.

– Não importa, Emmett! – gritei de volta. – Eu quero ficar sozinha.

– Mas Bella...

Sozinha! – gritei, descontando minha frustração com um soco na porta.

Arrependi-me na mesma hora, pois os nós dos meus dedos ficaram vermelhos com o esforço estúpido. Levei as mãos à cabeça, praguejando baixinho os dois idiotas que eram responsáveis por mim. Depois de um tempo ali, eu consegui me controlar a ponto de ir até o banheiro e jogar uma água em meu rosto.

– Você deveria ter recusado isso desde o início – falei para a garota que me encarava no espelho, um vestígio de mágoa ainda oculto em seus olhos verdes. – Mas não, olha só aonde você chegou... confiada a dois homens estúpidos que não sabem nem como te tratar.

Marchei de volta até o quarto, determinada a não olhar para a cama por mais tempo do que o necessário. Arrumei-a rapidamente, fazendo o melhor que eu pude, enquanto pegava minha mala no canto do quarto e a jogava sobre a cama. A ideia agora estava clara em minha mente: eu precisava sair dali, dar tempo a minha mente.

Vesti um par de calças jeans, escolhi uma blusinha de alças finas branca e coloquei por cima uma camisa transparente de seda azul marinha. Passei lápis de olho, algumas camadas de rímel e desfiz com a escova a bagunça que era o meu cabelo. Coloquei minhas sapatilhas azuis e, jogando a alça da mala pelo ombro, eu saí marchando do quarto. Não havia ninguém no corredor ou pela escada, de modo que seria mais fácil do que eu esperava. Eu odiava sair sem me despedir de Esme, que havia sido tão receptiva comigo, mas eu não queria encontrar com qualquer um dos dois pelo caminho. Eu pediria o telefone dela para Alice depois e me desculparia um milhão de vezes.

Quando alcancei a porta da frente, a maçaneta girou antes que eu a tocasse.

– Ora, que surpresa – um homem surpreso entrou sorrindo, me deixando boquiaberta. – Quem é você?

– Bella McCarthy – respondi, sorrindo de volta e bastante desconcertada.

O homem que estava a minha frente mais parecia um modelo do que um homem comum. Eu não dava nem quarenta anos para ele. Alto, esbelto e vestido em um impecável terno azul marinho, ele tinha os olhos azuis mais impressionantes e bondosos que eu já havia visto. Seu cabelo loiro estava penteado cuidadosamente, revelando charme em cada linha de expressão do seu rosto. Olhei para a pasta em sua mão: Dr. Carlisle Cullen.

– Bom, é um prazer recebê-la em minha casa, apesar de eu ter a impressão de que você estava fugindo – ele sorriu e estendeu a mão para mim. – Sou o Carlisle.

– É um prazer conhecê-lo também, Sr. Cullen – respondi, apertando sua mão.

– Por favor, apenas Carlisle – ele sorriu e fechou a porta, puxando-me com ele em direção à sala. – Você é a parente do Emmett? Eu não sabia que era tão adorável, querida... Falando nisso, onde estão os outros?

– Sou a prima dele – falei, tentando pensar em uma forma de dizer que eu estava de partida antes que ele chamasse aos outros. – Eu não os vi ainda...

– Carlisle? – a voz de Esme soou pelo corredor, e ela apareceu pouco depois. Ela foi até seu marido e o beijou carinhosamente, me fazendo desviar o olhar por um instante. – Seja bem vindo de volta, querido.

– Obrigado – ele sorriu e passou os braços em volta dela. – Onde estão eles?

Esme me notou ali pela primeira vez, sorrindo para mim e me cortando o coração. Como eu tinha pensado em ir embora sem me despedir dela?

– Bom dia, Bella querida! – ela veio até mim e me abraçou brevemente. – Os meninos me disseram que você estava um pouco indisposta esta manhã, eu fiquei preocupada.

– Imagine, Esme, eu já estou melhor. Não precisa se preocupar – eu sorri para ela.

Então seus olhos caíram sobre a mala ainda pendurada em meu ombro, e seu olhar de decepção me assombrou.

– Oh querida, você estava indo? – Esme perguntou gentilmente, mas eu percebi a decepção disfarçada em sua voz. – Aconteceu algo? Algo que eu...

– Não, Esme, por favor! – eu a interrompi, pegando suas mãos. – Você não fez nada, muito pelo contrário... Eu adorei conhecê-la, e a Carlisle também. Vocês me receberam tão bem, como se eu estivesse em casa ou fizesse parte da sua família.

– Mas então por quê você estava partindo?

– Quem estava partindo? – a voz alegre de Emmett surgiu, e eu o vi aparecer na sala junto com o agente Cullen. Eles foram imediatamente para os braços de Carlisle, para abraços, apertos de mãos e essas coisas que os garotos fazem.

Quando por fim voltaram-se para mim, seus olhos fixaram-se em minha mala.

– Aonde você pensa que está indo? – perguntou Edward.

– Você ia embora sem falar nada? – completou Emmett.

Respirei fundo e voltei-me apenas para Esme e Carlisle, ignorando-os.

– Como eu estava dizendo, eu preciso voltar para casa – tentei dizer com meu tom mais gentil, meus olhos pedindo mil desculpas. – Não é nada com você ou Carlisle, que são excelentes pessoas. Eu apenas... preciso voltar para casa.

– Bella, se é pelo o que aconteceu... – Emmett começou, mas se interrompeu quando Edward deu um cutucão em suas costelas.

– O que aconteceu? – Esme e Carlisle quiseram saber.

– Nada – respondi, ao mesmo tempo que Edward. Eu o encarei por um instante e então voltei-me para Carlisle. – Se você puder conseguir um táxi para mim, eu ficaria muito grata.

– Eu te levo pra casa – falou Edward, virando-se. – Vamos pegar nossas coisas.

– Não! – falei rápido demais, recebendo vários olhares curiosos. Ele enrijeceu em seu lugar, mas não voltou-se para mim. – Eu não quero. Não precisa se incomodar, fique com os seus pais o resto do feriado.

– Então eu vou com você, Bella – falou Emmett, se virando para o quarto também.

– Não, você não vai – eu o desafiei, ganhando coragem para enfrentá-los subitamente. – Eu sei me cuidar, Emmett. Fique com o Edward e aproveite o fim de semana. Eu te ligo mais tarde.

Deixei que o meu olhar de eu preciso ficar sozinha ficasse bem claro para eles, que não gostaram nenhum pouco. Antes que toda a discussão pudesse recomeçar, fui para o lado de Esme e a envolvi em um abraço.

– Muito obrigada por tudo, Esme. Alice tem muita sorte por ter uma mãe como você – eu disse a ela, cuidadosamente excluindo sei irmão do meu comentário. – Eu prometo que te ligarei depois.

– Como quiser, minha querida – ela sorriu um pouquinho e me deu um último beijo.

Virei-me para Carlisle.

– Eu sinto muito por estar partindo antes de nos conhecermos melhor – falei.

– Não se preocupe Bella, haverão mais oportunidades – ele sorriu e me abraçou também, pegando minha mala. – Vamos, eu te dou uma carona.

– Mas você acabou de chegar e...

– Que isso, por favor filha – ele sorriu, convalescente, e não me deixou continuar. – Eu não deixaria você ir sozinha até Nova York enquanto fico aqui.

Sem mais uma palavra, joguei um beijo para Esme e saí da casa dos Cullen, sem lançar sequer um último olhar para os dois agentes secretos que me fuzilavam com o olhar.



[...]



– Muito obrigada pela carona, Carlisle – eu agradeci pela centésima vez, quando ele parou na porta do meu prédio. Eu não tive coragem de pedir para que ele me levasse a outro lugar, muito menos dizer que eu estava presa do lado de fora.

– Me agradeça voltando depois para passar outro fim de semana com a gente – ele sorriu e saiu do carro, abrindo a porta para mim e indo pegar minha mala no banco de trás. – Nós vamos te esperar quando você quiser, Bella.

– Obrigada mais uma vez, Carlisle – eu dei-lhe um último abraço e entrei no prédio, acenando quando ele buzinou. Quando ele estava fora de vista, peguei meu celular e disquei para o número de Jacob. Ele atendeu no terceiro toque. – Jake?

– Bella! – sua voz transbordava alívio. – Eu tentei te ligar várias vezes, mas seu celular só dava caixa postal. Está tudo bem?

– Desculpe, meu celular estava no silencioso e no fundo da bolsa. Você está ocupado?

– Para você, nunca. O que foi?

– Você se importaria em vir me buscar? Estou na portaria do meu prédio.

– Claro que não! – ele ficou quieto por uns instantes. – Mas vocês já voltaram?

– Não... eu voltei antes.

– Bella, aconteceu alguma coisa? – sua voz tornou-se mais preocupada.

– Nada que eu queira falar por telefone – eu suspirei. – Apenas... venha, Jacob.

– Chego aí em quinze minutos – sua voz assumiu um tom duro, e eu não tive tempo de dizer mais nada.

Exatamente quinze minutos depois, o Camaro preto de Jacob rugiu alto no final da rua. Peguei minha mala, acenei para o porteiro que estava na guarita – descobri que Peter estava de folga no feriado – e saí para a calçada, no momento em que Jacob terminava de sair do carro e chegar até mim.

– Ei, você está bem? – ele perguntou, me puxando para os seus braços em um abraço familiar e reconfortante. – O que aconteceu?

– Agora eu estou melhor – falei, deixando escapar um suspiro culpado enquanto me apertava mais a ele. – Senti sua falta, Jacob.

Ele se afastou um pouquinho para me olhar nos olhos, seus lábios sorrindo, porém seus olhos ainda preocupados.

– Eu também senti saudade – ele se inclinou e me beijou, de um jeito calmo e bom.

– Podemos sair daqui? – perguntei, quando ele terminou o beijo.

– Claro, mas no caminho você vai ter que me contar o que aconteceu – ele disse, se abaixando para pegar minha mala no chão e me levando até o carro pela outra mão.

Quando estávamos indo para a casa dele, peguei meu celular para enviar uma mensagem de texto ao Emmett. Havia dezenas de ligações perdidas dele e do Agente Cullen, acompanhadas de milhares de mensagens de texto e recados na minha caixa postal. Revirei os olhos e enviei apenas um Cheguei, estou bem. Não precisa se preocupar para Emmett e em seguida desliguei o aparelho.

Editei boa parte do que eu contei ao Jacob, tentando me manter o mais perto possível da verdade. Contei algumas coisas sobre o pesadelo, que Edward havia me entregado sua xícara de chocolate quente – mas omiti a parte sobre ele dormir comigo, sem camisa, e Emmett nos pegar no corredor na manhã seguinte. Disse a ele que havia me desentendido com os rapazes, mas deixei vago sobre o motivo.

– Sabe de uma coisa? Eles são dois idiotas – resmungou Jake, apertando mais firme minha mão, quando saímos do elevador no seu andar. – Eu sei que eu vou parecer o namorado chato e ciumento ao dizer isso, mas você não deveria ter ido até lá.

– Eu sei, também percebi isso – eu concordei, sorrindo quando fui recebida alegremente por Napoleão ao entrar em seu apartamento. – Eu teria companhia melhor se tivesse ficado na cidade.

– Com certeza sim – Jake sorriu e veio até mim, passando seus braços ao meu redor e fazendo careta para o seu gato. – Desculpa aí amigão, mas essa gata já é minha.

Napoleão chiou para ele, me fazendo rir.

– Você tem ciúmes do seu próprio gato? – provoquei.

– Não, eu estou apenas lembrando a ele quem é o macho alfa aqui em casa – e tendo dito isso, ele me jogou sobre o ombro, me fazendo rir a cada passo que ele dava em direção à sala.

– Jake, me solta! – eu mandei, meio rindo, meio tentando descer.

Ele me colocou com cuidado sobre o sofá e enquanto eu ainda ria, ele se aproveitou para me fazer cócegas e me roubar alguns beijos.

– Promete que vai ficar aqui comigo pra sempre? – ele pediu, seus olhos cintilando.

– Pra sempre, até que o feriado termine – sorri, minhas mãos envolvendo seu rosto.

– Bom, já é um começo – ele se inclinou e me beijou de novo, dessa vez um beijo voraz e mais profundo. Senti suas mãos passeando pela minha lateral, chegando até a minha camisa e em algum momento livrando-se dela.

– Jake... – murmurei tardiamente, quando percebi que ele queria continuar.

– Desculpa – ele me deu um último beijo e sorriu, colocando uma mecha de cabelo para trás da minha orelha. – É difícil me controlar quando eu estou assim com você.

– Bom, isso é algo que precisa ser melhorado – sorri para ele, me ajeitando no sofá e me sentando em uma posição mais comportada. – O que você gostaria de fazer?

Ele pegou minhas pernas e as colocou sobre seu colo, envolvendo minha cintura com um dos seus braços musculosos.

– O que eu gostaria de fazer talvez não te agrade tanto – ele sorriu torto, fazendo meu coração martelar dentro do peito. Senti minhas bochechas pegarem fogo.

– Jacob...

– Você já almoçou? - ele perguntou subitamente.

Agora que ele havia tocado no assunto, percebi que eu estava morta de fome. Descobri o motivo de tanta fome – eu não havia nem tomado o café da manhã.

– Não, mas eu poderia comer um elefante.

– Um elefante? – ele riu alto. – Não caberia nem um gatinho dentro de você.

– Muito engraçado você – falei, tentando me livrar do seu abraço.

– Eu sei que eu sou – ele piscou e não me deixou sair de seus braços. – Eu poderia fazer algo para você, ou então almoçarmos fora...

– Você cozinhando para mim? – abri um sorriso largo. – Isso me soa promissor.

– Eu sei que você me quer só pelos meus dotes culinários, minha notável inteligência além da média e minha fantástica capacidade de dar uns amassos.

– Jacob, você consegue ser mais modesto? – eu ri.

– Muito bem, eu posso cozinhar algo do meu menu gourmet especialmente para você... E que tal se depois nós fizéssemos algo que esses casais chatos e normais fazem, tipo ir ao cinema para ver um filme ruim ou terminar o dia com um jantar? – ele beijou minha mão.

– Para mim parece ótimo – eu sorri para ele. – Eu apenas preciso de um banho antes.

– Quer ajuda? – ele rapidamente ficou de pé, me erguendo junto. Começou a caminhar comigo em direção ao andar de cima. – Sabe, eu posso esfregar as suas costas ou algo assim... Sou graduado com um notável A+ nessa disciplina.

– Claro, obrigada – eu sorri para ele, mas lutei até que ele me colocasse no chão em seu quarto. – Eu posso fazer isso sozinha, senhor ajudante de banho.

Jacob sorriu torto e me puxou mais para perto.

– Se mudar de opinião, eu estarei às ordens madame – ele me deu outro beijo de tirar o fôlego, depois me conduziu até a porta do seu banheiro. – Tem sabonete no armário, toalhas e roupão ali em cima. Eu vou buscar a sua mala para você e preparar sua nobre refeição.

– Obrigada, Jake – eu sorri para ele, dando-lhe mais um selinho.

– Não por isso, amor – ele beijou o topo da minha cabeça e se virou para ir.

– E Jake? – eu o chamei quando ele estava na porta do quarto.

Ele se virou para mim e eu abri um pequeno sorriso.

– Nada de gengibre ou comidas afrodisíacas – lembrei a ele.

– Como quiser, princesa – ele piscou para mim e desapareceu para fora do quarto, ainda rindo.




Edward




– Ela continua não me atendendo – relatei ao Emmett, enquanto descíamos as escadas com nossas coisas. – E o sinal do celular dela não aparece mais no meu localizador via satélite.

– Nós realmente perdemos a garota – resmungou ele. – E advinha de quem é a culpa?

Emmett vinha me culpando pelo comportamento atípico da Princesa desde esta manhã, quando houve a má interpretação da minha brincadeira com ele. Afinal, eu nem estava me referindo a ela, poxa! Estava apenas tirando uma com a cara dele!

Emm tinha tentado falar com ela, mas ela apenas gritou com ele – sim, fiquei surpreso por ouvi-la gritando com alguém – e se trancou no quarto da Alice. Eu dei o espaço que ela queria, afinal eu tinha uma boa experiência com garotas, tudo graças a ser irmão de Alice Cullen. Ficamos surpresos quando ela pensou em fugir, sem nos contar nada, e verdadeiramente furiosos quando ela realmente o fez, acobertada pelo meu pai. Nós tentamos segui-los com o Volvo, mas acabamos os perdendo de vista depois de alguns quilômetros.

E desde então, tudo o que estávamos fazendo era voltar para casa, juntar nossas coisas e tentar a todo custo falar com ela. Meu pai atendeu minha primeira ligação, mas não me deixou falar com ela – porque ela se recusava a falar com qualquer um de nós. E nosso único plano era voltar para casa e, o que eu mantinha para mim, acorrentá-la ao pé da mesa por tempo indeterminado ou até que ela estivesse calma.

Isso se eu não matasse meu parceiro antes, que continuava a me irritar.

– Eu já disse que eu tentei pedir desculpas! – gritei com ele mais uma vez, frustrado por ele não entender algo tão simples. – Emmett, ela é uma garota, ok? E tudo que uma garota quer quando está nesse estado é ficar sozinha. Quanto mais você importuná-la, mais ela vai querer te matar.

– Isso depois que você admite a ela que foi um idiota! – ele me corrigiu.

– O que vai adiantar eu falar pra você que eu fui um idiota?

– Não muita coisa, porque isso eu já sei faz muito tempo – ele revirou os olhos. – Mas se você tivesse feito isso esta manhã, Bella estaria bem aqui com a gente, até o fim do feriado!

– Você quer falar baixo? – eu sussurrei, quando escutei minha mãe se aproximar.

– Ah não, vocês também estão indo embora? – ela fez aquela cara, que desarma qualquer filho, enquanto parava à nossa frente. – Eu não acredito nisso!

– Mãe...

– Esme, precisamos localizar a Bella – Emmett intercedeu, menos afetado que eu.

– Mas ela disse que ficaria bem! Qual o problema de deixá-la um pouco sozinha?

– O problema é que isso é o que nós não podemos fazer de jeito nenhum – expliquei.

– Ah meninos, que isso – ela sorriu, como se estivéssemos falando algo absurdo. – Bella é uma moça adorável, grandinha e bastante responsável. Ela não vai se meter em apuros por dois dias.

– Eu não confiaria nisso... – Emmett murmurou.

– Mãe, nós realmente temos que ir, ok? – falei, empurrando Emmett porta afora. – Vamos resolver tudo isso e eu volto para te ver depois. Eu te ligo!

Saí praticamente correndo, até que empaquei.

– Edward Anthony Masen Cullen, não me dê as costas!

– Ihh, parece que alguém está bem fodido! – zombou Emmett, rindo descaradamente.

Virei-me lentamente para trás, encontrando minha mãe na varanda e com as mãos na cintura, encarando a nós dois de cara feia.

– Como ousam ir embora assim? Cadê a educação que vocês receberam?

Depois de toda a despedida e da choradeira da minha mãe, nós finalmente estávamos voltando para casa. Quando estávamos na metade do caminho, Emmett pulou ao meu lado no banco do passageiro.

– Ei, é uma mensagem da Bella! – ele exclamou.

– O quê? O que ela disse?

– Apenas um frio “cheguei e estou bem. Não precisa se preocupar” – ele franziu o rosto. – Pelo visto alguém ainda está com raiva, porque ela desligou o celular. Parece que a porra ficou séria agora, Ed.

– Cacete...

– Aonde você acha que ela está?

Estreitei os olhos enquanto mantinha meus olhos na estrada, pensando. Quase bati no carro da frente quando a resposta me ocorreu três segundos depois.

– Cacete, você quer nos matar, cara?! – praguejou Emmett, com minha freada súbita.

– Você realmente não desconfia aonde e com quem ela possa estar? – perguntei a ele, encarando-o por alguns segundos.

Eu quase ouvi o boom em sua cabeça, com a forte atividade dos seus dois neurônios.

– Black – ele vociferou, estreitando os olhos. – Você acha que ela ousaria?

– Quem mais ela conhece além de nós dois, Alice e o amigo gay delas?

– Vou conseguir um mandato de prisão por sequestro agora mesmo para aquele filho da mãe – resmungou ele, voltando a fuçar em seu celular.

– Sequestro só é válido quando a vítima é forçada a acompanhar o delinquente, e eu duvido que ele precisou obrigar a Bella a alguma coisa – falei, fechando a cara. – Eu realmente espero que ele não encoste um dedo nela.

– Eu também – murmurou Emm.

– Você tem o número dele, ou sabe onde ele mora?

– Eu tenho cara de uma daquelas barbies turbinadas que o cara desfila por aí? – objetou ele, claramente ofendido. – Eu realmente esperava o mínimo de respeito seu.

Revirei os olhos para ele.

– Não isso, seu idiota. Quero o contato dele para pegarmos nossa Princesa de volta.

Um largo sorriso se espalhou no rosto abobado do Emmett.

– Eu posso conseguir isso em alguns minutos – ele sacou o celular.

– Muito bem, mecha seus pauzinhos logo, Agente McCarthy – direcionei lhe um sorriso torto. – Temos uma vigília para fazer, com sorte uma perseguição, e de bônus uma Princesa Rebelde para capturar de volta. Parece que voltamos aos velhos tempos de missão secreta.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beeem, por enquanto é isso o/
Quem ainda está respirando por aí? haha
Quero agradecer mtmtmtmt a todas vcs que deixaram reviews pra mim no capítulo anterior, porque isso é suuuper importante! Eu tento atender ao máximo ao que vcs me pedem :)
Não se esqueçam de comentar, pleease! beijinhos :3