“Pra eu poder te abraçar,

e tentar te explicar,

a falta que você me faz,

eu não aguento mais,

Ficar tão longe, de você.”

“Quando defendemos os nossos amigos, justificamos a nossa amizade.”

Ravena POV

 Eu estava voando... Não. Flutuando. Mergulhada em algo, de olhos fechados. Não sabia onde era em cima, nem onde era embaixo. Sabia que estava na minha mente, mas tinha algo diferente com ela.

 Por algum tempo permaneci ali, só flutuando. Sentia meus braços e pernas serem levados por uma leve corrente algumas vezes.

 Até que eu ouvi. Aquela voz grave e retumbante que eu conhecia muito bem.

Parabéns pelo seu sucesso. – a voz disse. – Mas devo admitir que eu não estou nada feliz com ele. – permaneci em silêncio. – Para variar você fez tudo errado. Sempre contra mim, sempre contra meus planos. Quando eu tenho uma mínima chance, você a estraga.

E o que esperava? – respondo. – Que eu deixasse virar um monstro? Não obrigada. – ouvi a voz rosnar. – Acho que é para isso que eu existo. Estragar seus planos. Desde o primeiro até o último. Esse é meu propósito agora.

 Não é assim que se agradece um pai Ravena. – a voz disse, um pouco zangada.

 Você nunca foi um pai para mim. – repliquei. - Acho que já disse isso não? E mesmo que tivesse sido, jamais atenderia as suas expectativas, ou mesmo desejos... Trigon.

 Sabe, você pode ter dado um jeito de me colocar para fora deste mundo. Fechado o portal em você, mas... Existe um monstro ai, que nem você pode controlar para sempre. – fiquei calada, sabia o que ele ia dizer. – O seu. De todos os meus feitos, você foi o mais perfeito. Um feito a prova de falhas. A prova disso foi o que aconteceu. Eu não esperava esse poder, mas ele foi muito conveniente. Mesmo não sendo mais meu portal, ainda existe uma bomba relógio em você. E se um dia você tiver filhos... Eu terei novas chances.

Não. Isso não vai acontecer. – digo firmemente, apertando os olhos. Se os abrisse, sei que veria ele. – Eu não vou deixar. Não vou desistir.

 Continue pensando assim. Talvez isso me ajude.

 Cale a boca.

 Não fale assim comigo! – todo o ambiente estremeceu. – E você não terá tanta sorte na próxima vez.

 É o que veremos.

 Não seja tão confiante. Pode acabar se decepcionando.

 Aos poucos, voltei à consciência. Estava caída perto da mesa, respirando pesadamente. Estava horrível, sentia como se fosse morrer. Cada gota de minha energia vital tinha acabado, junto com os poderes. Me sentia vazia, seca.

 - Sinto muito por isso. – não abri os olhos, mas sabia que era a tal guardiã. – Mas é necessário deixar você assim. –não respondi. Não sabia se conseguiria falar. – Estou falando sério. – acho que ela leu minha mente, porque eu realmente não acreditei nela. Ela suspirou. – Muito bem. Entenda, esse poder estranho, se origina de você, e de seus poderes normais. Então tem-se que cortar o mal pela raiz. É necessário esvaziar toda a sua energia, e depois recarregar minimamente sua energia vital. Você vai ficar bem, só precisa descansar. – abri devagar os olhos. – Ela não tinha expressão no rosto. Olhei para minha mão, e nela estava o pedaço de papel que eu pegara no vaso. – Deveria ler. – ela disse por fim.

 Com muito esforço, me levantei. Quero dizer, forcei minhas pernas a me levantar minimamente. Cambaleei um pouco para frente. Tinha que saber se meus amigos estavam bem.

 - Eu disse para descansar. – a guardiã disse.

 - Ca... Lada... – digo entrecortado. Ando mais um pouco, estava exausta. Caí, e me apoiei na base da porta. Não consegui mais me mover, então, escorreguei até o chão. Respirei devagar. Olhei para o tal papel, e o abri. Era a última página do livro. Não tinha muita coisa escrita afinal de contas.

Bem, no fim das contas eu consegui. Drenei mesu poderes e minha vida voltou ao normal. Digo, ao meu normal de sempre.

 Só sei que, eu fui muito idiota em evitar meus amigos. No fim das contas, eles me ajudaram e me apoiaram. E assim, eu me salvei.

 Aprendi bastante aqui. E espero que você caro leitor ou leitora, aprenda também. Espero tem lhe ajudado também, ou mesmo informado.

Suspirei ao terminar de ler, e um sorrisinho involuntário se formou em meus lábios.

 - Esse livro é horrível. – olhei para a esquerda. Ao meu lado estava uma garota ruiva de cabelos curtos. Ela usava botas pretas com meias listradas e um casaco amarelo grande demais para ela, dando um ar infantil. – A autora é uma droga

 - Drica...? – ela sorriu.

 - Olá Ravena.

 - Você é o que?

 - Excelente pergunta... Sou meio que um espírito. Só vim avisar que seus amigos estão bem, e os “hippies”, acho engraçado eles se chamarem assim... Acho que sou mais hippie que eles... Mas enfim, eles não têm mais nada os conectando a esse lugar. Quando acordarem com certeza reconstruirão suas vidas e tudo. Bom trabalho.

 - Obrigada... – ela sorriu outra vez, e sumiu.

 Estava muito cansada, então simplesmente fechei os olhos, e esperei.