Dentro de Mim escrita por Milady Sara


Capítulo 14
Raposas e monstros


Notas iniciais do capítulo

Povo liiiindo do coração *--* Novamente aqui em plena madrugada pq final do ano é foda neh não? Não falta tarefa, prova, trabalho e coisa pra estudar! E o que acontece? Sem tempo pra escrever! Mas eu não desisto! Mesmo porque (preparem-se, spoiler) só falta 5 caps pra acabar a fic! Sim meu povo, teremos só 20 caps BUT (mais spoilers) serão 3 temporadas o.
O cap não ficou grande como eu esperava, mas muuuuuuuita coisa acontece!
Enfim, megustem o cap!



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“Sim, quando você entrar em colapso

Quando você perder o controle

Você sabe que eu não posso ser igual a todo mundo

Porque eu não posso dizer o que você espera ouvir

Eu não sei se posso melhorar as coisas

Tudo que eu sei é que estarei por perto

Diga-me tudo que você precisa agora, qualquer coisa

E eu vou ser aquele esperando quando você cair.”

“Não se salva uma donzela que gosta de dor.”

“O quê... Nem precisei me conter... Não sabia que seria tão bom... Quero comer vísceras... Quero abrir o ventre de seres humanos... Enfiar minha cabeça em seus intestinos cheios de sangue... Não deixar…”

“Tudo que preciso é que alguém me salve

Porque eu estou desmoronando

E o que eu preciso é que alguém me salve

Porque eu estou desmoronando, até o chão.”

Ravena POV

 Abri os olhos para o teto verde de folhas acima de mim. Não posso dizer que foi minha melhor noite, afinal de contas saco de dormir não é minha cama favorita.

 Respirei fundo e senti um aperto no peito. Achei que tivesse virado pedra, mas era poder acumulado.  Como se tivesse se acumulado durante a noite. Bem, melhor acumulado e parado do que agindo.

 Bebi água do pequeno córrego que tinha achado, enchi uma garrafa, guardei as coisas e voltei a andar. Já devo ter perdido dez quilos com tanta caminhada.

 Cada passo doía com meu pulmão de rocha. Admito que estava com fome também, não tinha uma refeição decente há um tempo. Quem manda virar eremita.

 O pior era não ter rumo. Não havia mapa com o caminho no livro. Tinha que me guiar por instinto. Grande porcaria. Então aconteceu de novo... Ouvi quatro pares de passos... Eu vou cansar disso...

 Comecei a correr. E o poder em mim, de sólido, começou a borbulhar. Pelo menos consegui correr mais rápido, e atravessar árvores. Até que eu, em todo o meu esplendor de eremita, tropecei e saí rolando, dando tempo para eles me alcançarem. Aquilo borbulhava mais.

 Quando me levantei, eles já estavam lá. Robin, Estelar, Ciborgue e Mutano. Eles não tinham mais feridas, mas depois de minha “conversa” com Richard, já imaginava isso.

  - Eu disse para irem embora. – digo.

 - E nós dissemos que não vamos sem você. – disse Robin.

 Vá com eles! – disseram algumas vozes na minha cabeça.

 Não! Você sabe o que pode acontecer! – disseram outras vozes.

 - Não posso já disse. Preciso continuar. E sozinha, pelo bem de vocês.

 - Ravena, o que pode acontecer? – ele estava se fazendo de idiota não é?

 - O que pode acontecer? O que pode acontecer, Robin? O que já aconteceu! E duas vezes! – já estava me exaltando de novo. Mas estava decidida a não perder o controle.

 - Foram acidentes! Você não queria!

 - E mesmo assim aconteceu não foi?! Não consegui impedir!

 - Estamos querendo ajudar!

 - E eu agradeço! Mas tenho que fazer isso do meu jeito!

 - Nada que é do seu jeito dá certo!

 - Ao menos, me deixe tentar! E não me atrapalhem! – Deus sabe que eu não queria magoá-los, mas o faria se fosse preciso. Eu aguentava firmemente as pancadas de energia. Só não sabia até quando.

 Ficamos ali por um tempo, Robin gritava, às vezes um dos outros falava, mas eu não prestava atenção. Só cerrava os dentes e prendia aquilo tudo. Mutano me olhava como se pressentisse e esperasse que eu fosse explodir a qualquer segundo. E foi o que aconteceu.

 Não consegui segurar, e saiu tudo. Meus amigos conseguiram desviar. Era como antes, só que mais violento e mais rápido, como se quisesse compensar o tempo em que o prendi. Coloquei as mãos na cabeça inutilmente, sabia que dessa vez não conseguiria controlar.

 Fechei os olhos esperando que tudo acabasse. Com sorte eles fugiriam. Por favor... Mas não foi o que aconteceu. Abri os olhos e o que vi...

 Mutano de frente para mim. Parecia estar se preparando para alguma coisa. Ah não... Ele não faria isso... Mas ele fez. Começou a andar em minha direção. Sendo atingido por golpes de braços e ondas de energia, a cada arranhão, um pouco de gosma ficava, e cicatrizava, mas era questão de tempo até um ataque mais forte.

 - Mutano não! – mas ele não me ouviu. Foi atingido no rosto e esse corte não foi curado. – Eu não quero te machucar! – fecho os olhos novamente e me encolho. Achei que lágrimas encheram meus olhos...

 Não vi nem senti o quão próximo Mutano estava. Então ele me abraçou. Deixando minha cabeça em seu ombro. Abro os olhos, e realmente as lágrimas estão lá.

 - Você nunca vai me machucar. – ele sussurrou no meu ouvido.

 Não sei direito o que aconteceu depois. Não ouvi mais nada. Só lembro de querer que tudo acabasse e talvez ter chorado. Depois mergulhei na escuridão.

Mutano POV

 É eu sou muito louco. Enfrentar os poderes de Ravena chegou a ser burrice até, mas eu nunca fui o mais racional da equipe.

 Depois de abraçar Ravena, ela deu o grito mais potente que eu já ouvi, os poderes dela pararam e ela desmaiou em meus braços. Por grande sorte eu só tive um corte no rosto.

 Então Ciborgue trouxe a nave até aqui, achamos uma área mais descampada, montamos acampamento (três barracas) e mandamos a nave embora porque aquele trambolho ocupava muito espaço.

 Agora eu estava na terceira barraca, sentado no chão brincando com uma moeda. Ravena ainda dormia no colchonete. Ciborgue estava na segunda barraca fazendo só-Deus-sabe-o-que com seus equipamentos, e Robin e Estelar estavam na primeira, examinando o livro que achamos nas coisas de Rae.

 Não, eu não me voluntariei para ficar aqui, Robin mandou. Embora eu quisesse isso... Um pouco.

 Joguei a moeda para o alto e a agarrei no ar. Ainda não acreditava que Ravena tinha guardado isso por tanto tempo, e mais, trouxe para cá. Essa gótica... Sempre me surpreendendo.

 Olhei para Rae. Ela estava deitada de lado, respirando devagar. Engraçado como assim desse jeito ela parecia tão... Vulnerável, indefesa, frágil, uma donzela em perigo praticamente. Era engraçado pensar assim, afinal era Ravena. Haha, e quem eu seria nesse contexto? O herói? Com certeza não.

 De repente Ciborgue apareceu na entrada da barraca.

 - E aí Verdinho? Como ela está?

 - Ainda dormindo. – digo.

 - Hm... Robin e Estelar estão chamando.

 - Ok. – me levantei e segui até a primeira barraca cinda com a moeda em mãos.

 Chegando lá, Robin e Estelar pareciam um pouco tensos. Robin estava segurando o tal livro.

 - Bem, melhor resumir tudo. – disse Robin. – Esse livro conta a história de uma garota que sofreu com os mesmos problemas com os poderes assim como Ravena, e ela vai à procura de uma cura que supostamente estaria aqui. Mas não tem final... Não dá pra saber o que acontece, quanto menos se é verdade ou não. – ficamos todos quietos. Por isso ela veio pra cá? Buscando uma cura...? – E a garota se chama Drica.

 - Drica? – diz Ciborgue. – Tipo aquela garota do rio?

 - Talvez.

 - Maravilha... Odeio fantasmas.

 - Bem, melhor esperar Ravena acordar para sabermos mais. Mutano pode checar?

 - Claro. – volto para a terceira barraca. E lá me deparo com... Nada. O colchão vazio, a mochila sumiu, e o outro lado da barraca aberto. – Er... Pessoal?

Robin POV

 Voltei para a barraca e Estelar estava lá olhando sombriamente para o livro.

 - Star? – ela não se mexeu. – Ciborgue está terminando de ajeitar as coisas, logo vamos atrás dela.

 - Estamos fazendo a coisa certa, Robin? – ela diz.

 - Como assim?

 - Você leu o livro! Os amigos perseguindo Drica só pioraram as coisas para ela! E se estivermos errados em fazer isso? – nesse ponto ela já chorava. Me aproximei e a abracei,

 - O que pode ter de errado em ajudar uma amiga?

 - Mas e se...

 - Não podemos deixa-la sozinha, você, mais do que ninguém sabe disso. Pode até ser errado... Mas eu não vou abandonar uma amiga, não vou abandonar uma irmã.

Ravena POV

 - Hm... Robin e Estelar estão chamando.

 - Ok.

 Assim que ouvi os dois saírem, abri devagar os olhos. Já acordara havia algum tempo. Infelizmente, o contato com as emoções deles não me fez bem. Meu emocional estava prestes a quebrar, tinha que sair dali.

 Eles estavam com o livro e Mutano pegou a moeda. Era melhor assim. Joguei a mochila nas costas e fui até o fundo da barraca, devagar empurrei o pano e fiz uma saída. Corri para a floresta silenciosamente.

 Já estava ficando experiente com aquilo. Só conseguia pensar em meus amigos... E aquilo me fazia ainda pior. Senti as lágrimas novamente em meus olhos. Pouco a pouco, diminuí o ritmo, até cair de joelhos, com as mãos no rosto, chorando.

 Um choro acumulado de anos. Logo, a gosma voltou a escorrer, formando uma poça ao meu redor. Não conseguia parar de chorar. Quando finalmente as lágrimas acabaram, tirei as mãos do rosto e fiquei fungando.

 Foi então que de uma toca na árvore a minha frente, saiu acanhada, uma raposa. Estava ferida, provavelmente entrara numa briga com um urso por território. Ela se aproximou devagar, cheirou a poça de gosma ao meu redor, a cheirou, e logo a bebeu. Só algumas lambidas. Assim, os ferimentos dela se fecharam, e seu pelo se tornou mais bonito e brilhante.

 Ela se virou para a toca de onde tinha saído, e devagar, de lá saíram mais quatro raposas, três filhotes, e uma menos e mais elegante do que a primeira. Os filhotes e a fêmea. Eles repetiram o mesmo processo que o macho, e ficaram mais vívidos também. Estendi a mão para a primeira raposa achei que ele fosse se afastar, mas ele se aproximou, me deixando tocar em sua cabeça. Mas durou só alguns segundos, ele mexeu as orelhas e virou a cabeça como se tivesse ouvido algo, logo eu também ouvi. Farfalhar de folhas, por causa de passos. Essa não.

 Ele fez sinal para a família, que voltou para a toca, olhou para mim e pareceu sentir minha aflição. O que não era tão estranho já que aquele animal tinha se alimentado de meus poderes.

 A raposa olhou para cima e logo entendi. Rapidamente, subi na árvore, para alguns galhos mais latos. A última coisa que vi foi à raposa se postando na frente da toca, e meus amigos chegando.

 Só me sentei no galho, com a cabeça para cima e os olhos fechados. Desejando que aquilo passasse. Só ouvi palavras desconexas, latidos, rosnados, mais algumas palavras e senti meus amigos irem embora.

 Olhei para baixo e a raposa me olhou, antes de entrar na toca. Ia ter que dormir aqui. Não tinha exatamente uma corda, mas consegui improvisar algo com as tiras da bolsa. Me encostei no tronco, e dormi mais rápido do que esperava.

Mutano POV

 Seguíamos apressados pela floresta. Sinceramente, já estou ficando cheio desse jogo de gato e rato. Eu me sentia um cão rastreador agora, já que era o único que conseguia segui-la. O que não era tão fácil, afinal, floresta à noite, o que eu não falta é cheiro.

 Acabamos em frente uma árvore grande, e na frente dela, uma raposa rosnava para nós.

 - Devia falar com ela. – disse Ciborgue.

 - Por quê? – pergunto.

 - Ela pode saber de alguma coisa.

 - A raposa? – disse cético.

 - Para de reclamar e tenta!

 Por livre e espontânea pressão, me transformei em raposa e me aproximei daquela, que só então percebi que era um macho.

 Er... E aí cara? – digo tentando ser simpático.

 Vão embora! Deixem-nos em paz! – alguém não sabe retribuir a gentileza.

 Não queremos machucar você. Nem sua família. – acrescento olhando para a toca atrás dele.

 Quem me garante? Saiam do meu território! – ele latia bem alto tentando me assustar.

 Calma ai! Só queríamos perguntar sobre uma amiga nossa...

 Já disse! Saia daqui! Deixe-nos em paz! – estou começando a ficar irritado.

 Você viu uma garota passar por aqui? – digo quase gritando.

 Deixem-na em paz também! Você não sabem nada sobre esse lugar, nem como as coisas funcionam!

 E como funcionam?

 Você sai do meu território, e eu não te tiro daqui à força. – ele rosnou ameaçadoramente. Percebi que aquilo não levaria a nada, voltei para a forma humana e me junte aos outros.

 - O que ela disse? – perguntou Estelar.

 - Vamos embora. – digo. – Não vamos ter resultado nenhum aqui. – antes de seguir caminho, me virei e olhei para aquela raposa. Agora ele estava mais calmo. – Aprende a se controlar cara. – e sigo os outros.

Ravena POV

  Eu estava encurralada. Ela logo me acharia, e então, eu estaria morta. Era assim que funcionava. A caçadora matava, e a caça morria.

 Já podia ouvi-la chegando. As folhas se amassando sobre seus pés descalços. Se movia devagar, não queria me assustar. Mas era tarde para isso.

 Então ela apareceu. Seus cabelos roxos desgrenhados, dentes afiados em um sorriso assassino, unhas que pareciam garras e vários cortes pelo corpo, como se tivesse entrado numa briga, e fugido por uma floresta de espinhos.

 Mesmo assim era linda. Usava um top branco feito de tiras de pano, e uma saia, amarrada em sua cintura, com dois grandes pedaços na frente e atrás, para dar espaço para ela mover as pernas. Era preciso ser assim. Bonita. Ela tinha que atrair a presa, enganá-la.

 Andava de lado, com os olhos fixos em mim. Havia sangue em seus dentes. E pele. Pele laranja e verde. E em suas bochechas, sangue e óleo. Eu estava congelada. Mas em um surto de adrenalina, corri.

 Era inútil, eu sabia disso. Mas meu instinto de sobrevivência me fazia tentar assim mesmo. Podia ouvi-la me seguir, não conseguiria manter o ritmo.

 Então ela pulou em minhas costas, caí indefesa. Ela me virou, para ver meu rosto em agonia. Seus olhos roxos eram com certeza a última coisa que veria na vida.

Sentei de repente no galho onde estava. Ofegava e suava. Suor, e aquela porcaria preta. Sabia o que era aquele sonho. Meus medos, o mostro em mim, me destruindo, e a todos que conhecia.

 Bebi a água que tinha guardada em arquejos. Desci da árvore. As raposas ainda dormiam, era cedo até para elas. Aquele sonho tinha me motivado a andar mais rápido. Então retomei minha caminhada insana.

 Andei até o sol sair completamente, nessa hora, achei uma clareira. Mas, como nada pode ser perfeito nem por um dia sequer, tinha gente lá. Adivinha quem era? Meus hippies favoritos. Ou quase isso.

 Richard, Yeva, Bran e mais uns sete estavam lá me esperando.

 - Ravena! – disse Richard. – Que bela surpresa! Você é um colírio pros meus olhos!

 - Sou mais pimenta do que colírio, mas obrigada assim mesmo. O que querem?

 - Adivinha? – disse Bran. Suspirei.

 - Olha, eu gostaria de ajudar, mas suas plantações e eu nunca vamos ser colegas de trabalho.

 - Você não tem escolha. – disse Yeva. – Gabe, Adam, Meg e Sibby. – como cãezinhos quatro caras loiros andaram para frente. – Não nos desapontem de novo. Peguem-na.

 Comecei a raciocinar pra lutar, mas... Algo deu errado. Vi os caras virem para cima de mim e de repente um flash. Como uma brecha no tempo. Quando voltei a mim, estava do outro lado da clareira, as garotas loiras jogadas no chão inconscientes e sangrando, os caras ao lado com ferimentos sérios. Richard, Yeva e Bran me olhavam com medo.

 Percebi que estava um pouco agachada, com os dentes arreganhados, e um pouco suja de sangue. Pensei em muitas coisas, mas a única que consegui processar foi fugir. Saí dali o mais rápido que pude. Ela conseguiu. Meu mostro se libertou... De novo. E eu sabia a principal causa disso.

 Tinha que sem falta, dar uma olhada naquelas barreiras.




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Notas finais do capítulo

Atualizei meu perfil com uns depoimentos de uns friends meus. Quem quiser dar uma olhada ta lá :) E como eu sou suicida, comecei uma nova fic, mas ela não vai interferir nessa! Mas ainda tenho que resolver umas paradas até começar a posta-la.
AND virei co-autora de outra... ,-, vou morrer na frente do pc escrevendo... Mas férias tão quase aqui e se Deus quiser eu passo de ano!
Comentem Ò_Ó/ ou a Ravena monster vai assombrar seus sonhos!