Dentro de Mim escrita por Milady Sara


Capítulo 10
Vai começar


Notas iniciais do capítulo

Diz aí povo o/. I'm very feliz pq tenho novas leitoras *o*
Mas enfim, duas semanas de espera, mas eu tentei fazer o cap o maior possível!
Aproveitem :).



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“Tudo tem graça, se você olhar do jeito certo.”

"Existem certas ocasiões em que um homem tem de revelar metade do seu segredo para manter oculto o resto."

“Ausência física, ausência da voz e do cheiro, das risadas e do piscar de olhos, saudade da amizade que ficará na lembrança e em algumas fotos.”

"Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração."

“Os fantasmas causam maior medo de longe do que de perto.”

Ravena POV

 Quando cheguei em Bovec, logo fui atrás de um lugar para ficar. O lugar não era extremamente turístico, mas as pessoas até que se viravam no inglês. Fui para o hotel que me indicaram.

 Não havia carros lá, somente bicicletas, e como era um lugar pequeno, não custava ir andando. Parecia um daqueles vilarejos de contos de fada, muito verde e muito tranquilo. O rio Soca dava um ar especial também. Mas não tinha tempo para apreciar o lugar.

 Se meus amigos conseguiram me rastrear, provavelmente já estavam ou estariam perto de Liubliana. E de lá para cá seria bem rápido. E eu tinha um problema bônus. Mutano. Aqui, neste lugar, ele conseguiria me seguir pelo faro sem dúvida, tinha que cuidar daquilo antes de ir para a floresta.

 Chegando ao hotel, a recepcionista falava com um forte sotaque.

 - Boa tarde senhorita. Vai querer um quarto?

 - Estou aqui para isso.

 - Certo, vai ficar quantas noites?

 - Só uma.

 - Uma? – ela diz confusa pegando uma chave em um quadro atrás de si.

 - É, eu... Vou acampar amanhã na floresta com alguns amigos da faculdade.

 Para minha surpresa, ela engoliu essa. Depois de fazer meu registro, fui para o quarto. Quarto 20. Assim como todo o resto na cidade, o ambiente era simples. Cama, TV, armário, penteadeira e porta para o banheiro. Nada de muito chique. A vista sim era de tirar o fôlego. Como eu queria estar aqui de férias.

 Joguei a mochila na cama, peguei a carteira e voltei para a recepção. Hora de gastar alguns euros.

 - Er... Naba? – digo para a recepcionista.

 - Sim, pois não? – aquela mulher era muito simpática, e não de um modo artificial. Lembrei de Estelar por um momento.

 - Você sabe me dizer onde tem uma loja de roupas por aqui? E talvez uma de perfumes?

 - Hm... Bem, não longe daqui tem uma loja de roupas, e lá tem um balcão de uma revendedora de cosméticos e perfumes. Se isso ajudar...

 - Sim, é perfeito. Onde fica?

 Ela me indicou o caminho e logo eu estava na tal loja. Comprei peças íntimas, três blusas de lã, um casaco daqueles com dois botões lado a lado, duas calças compridas, um par de botas e é claro, luvas de couro. Paguei e fui para o balcão de perfumes.

 A mulher de lá tentava me fazer comprar todos. Vai ver eu tenho mesmo cara de turista idiota.

 - E este é mais doce...

 - Desculpe, mas, - digo interrompendo. – qual é o mais comprado? Quer dizer, qual a preferência das mulheres daqui?

 - Ah! É... – ela vasculhou um pouco. – Este! – Ela exibe um vidro de tamanho médio. – Todas adoram!

 - Ótimo, eu vou querer. E pode parecer estranho, mas, você tem naftalina? – ela me entrega uma sacola e eu pago. Nesse momento a vendedora da loja se pronuncia.

 - Com licença, nós temos algumas caixas aqui, alguns materiais de roupa podem feder no estoque depois de um tempo e nós usamos. Posso pegar algumas para você. – assenti. Ela foi até uma sala, e depois voltou com duas pequenas caixinhas.

 Ela as me entregou, mas não quis aceitar o dinheiro, por fim, a fiz aceitar alguns euros. Voltei para o hotel e me joguei na cama. Teria um dia cheio amanhã.

 Acordei bem cedo para que ninguém me visse. Primeiro tomei um banho. Usei o máximo de sabonete e xampu que pude, depois vesti as roupas novas. Coloquei as mudas de roupa que trouxe da Torre na sacola do perfume e pus as roupas novas na mochila.

 Depois, passei o perfume, o borrifei na mochila, na cama, e na porta de cada quarto do corredor. Fui até a recepção, Naba não estava lá, deixei a chave do quarto no balcão junto com o dinheiro, e mais um pouco, afinal, não precisaria.

 Andei pela cidade, não havia ninguém, fui até um restaurante e achei o que procurava. Um latão de lixo. Joguei as naftalinas na sacola com as roupas velhas, e coloquei no latão.

 Voltei a andar, agora em direção ao rio. Quando cheguei à margem pedregosa, tirei meu manto da mochila e o borrifei o que restava do perfume nele, o vido do perfume, larguei nas pedras, o manto eu vesti. Fui caminhando em direção à água, mas não parei, sob meus pés surgia uma espécie de vidro negro formado por meus poderes e assim cheguei à outra margem.

 Caminhei por lá até achar o ponto indicado no livro para entrar na floresta. Me aproximei das árvores e olhei para trás. Para a aldeia tão pequena que nem sabia o segredo que guardava.

 Puxei o capuz sobre minha cabeça e fui para dentro das árvores.

Mutano POV                                    

 Estávamos de novo na nave, chovia lá fora, e Robin pilotava em velocidade supersônica, como se a Mulher Gavião estivesse chamando.

 Bem, fora o nome da cidade onde Rae estava não sabíamos de mais nada. E como ela acha que vai se esconder em uma cidade tão pequena?

 Aí tem!

 Depois de algum tempo, nós chegamos. Em um vale, no meio de algumas montanhas, uma pequena cidade, com um rio ao lado. Uma palavra para esse lugar, uau.

 Pousamos perto da estrada e fomos até a cidade a pé. O que mal levou alguns minutos.

  - Muito bem Mutano, faça sua mágica. – disse Robin. Fiquei de quatro no chão e assumi a forma de um lobo. Floresta, mato, isso era a minha área, ninguém, nem mesmo Ravena poderia me despistar.

 Naquela forma, captei logo o cheiro de lavanda, corri com o rosto colado no chão. Os outros me seguiam e tentavam convencer as pessoas de que o lobo verde farejador era inofensivo. Virei em uma rua e bati a cabeça em algo de metal, seja lá o que fosse, virou bem no meu focinho. Era horrível! Cheiro de queijo estragado, naftalina, cigarro e outras coisas asquerosas tudo junto. Argh! Meu nariz queimava! E ardia ao mesmo tempo!

 Agora eu estava em forma humana, deitado de barriga para cima, com lixo aos meus pés, esfregando o rosto, tentando tirar aquele cheiro de mim. Quando tirei as mãos da cara, Robin, Estelar e Ciborgue me encaravam.

 - Então... Pelo que eu posso ver aqui, alguém passou a perna em você Faro Fino. – zombou Robin. Levantei a cabeça e olhei o lixo, algumas roupas de Rae estavam lá, com bolinhas de naftalina e... Tinha queijo mesmo lá. Irc!

 - Acho que vou vomitar... – digo com aquela sensação de alguma coisa subindo por minha garganta,

 - Epa! Sem vomito verdinho! – diz Lata Velha me colocando de pé e batendo no meu rosto. – Respira o ar puro, assim, olha pra cima, não! Pra cima, isso. – eu ainda estava um pouco tonto, mas, fazer o que. Vida de herói é assim mesmo.

 - Bem, - disse Robin. – Plano B. Estelar, é com você. – fomos para a frente do restaurante de onde veio o queijo estragado. Star entrou, mas ninguém lá sabia de Ravena.

 Tentamos alguns outros restaurantes, algumas casa, algumas lojas, mas nada. Nos sentamos

 A sombra de uma árvore para descansar.

 - Não é possível... – disse Robin.

 - Ela realmente conseguiu desaparecer... – supôs Ciborgue.

 - Talvez tenha estado só de passagem... – falou Estelar abraçando os joelhos.

 - Mas ninguém a viu? Francamente... Quem não repara em uma garota de pele cinza e cabelo roxo? – perguntei.

 - Er... Com licença. – uma moça loira apareceu na nossa frente, ela tinha um sotaque, mas pelo menos todos conseguíamos entende-la. – Vocês estão procurando uma garota de cabelos roxos? – assentimos.

 - Isso mesmo. – digo.

 - Bem, eu a vi, ela esteve na loja onde eu trabalho. – nos levantamos de um salto e Estelar encheu a pobre mulher de perguntas.

 - Como ela está? Está machucada? Bem? Mal? Estava acompanhada? – epa, essa pergunta era eu quem devia fazer. – O que ela foi fazer nessa loja? Onde ela está?

 - Calma Star, deixa a garota respirar pelo menos. – disse Robin tentando controlar a namorada.

 - Eu, não sei realmente todas as respostas, mas, ela parecia bem, estava sozinha, - quase gritei, mas me contive. – comprou algumas roupas e um perfume, ah, algumas naftalinas e acho que sei onde ela está hospedada.

  Iris nos indicou o hotel em que uma amiga trabalhava e tinha indicado a loja dela para Rae, o bom de uma cidade ser tão pequena é pura e simplesmente, tudo é perto e todo o mundo se conhece.

 Chegamos no hotel e a tal Naba, a recepcionista nos olhou estranho. Esse pessoal do interior da Europa que não costuma ver heróis de máscara, alienígenas, transmorfo e meio-robôs.

 - Bom dia. – diz Estelar simpática.

 - Bom, dia... Posso ajuda-los? – Naba diz assustada.

 - Fomos mandados por Iris, ela disse que uma amiga nossa está ou esteve hospedada aqui. – explicou Robin. Você deve se  ©lembrar dela, uma garota de cabelos roxos um pouco misteriosa.

 - Preciso do nome dela.

 - Mas...

 - Não posso revelar informações dos hóspedes a não ser que me deem o nome.

 - Ravena. – disse Estelar. A mulher olhou um grande caderno.

 - Não temos esse nome.

 - O que? – Estelar começou a discutir com a mulher e Ciborgue se juntou a ela. Bando de barraqueiros. Robin os fez paras e se virou para a moça.

 - Tente... – ele parou um segundo. – Rachel Roth. – pronunciou cada palavra com cautela. Naba olhou o caderno e seu rosto se iluminou.

 - Ah! São os amigos da senhorita Roth?!

 - Então ela esteve aqui?

 - Sim, dormiu aqui ontem e foi embora hoje cedo, não vi quando ela saiu.

 - Se importa se olharmos o quarto em que ela ficou?

 - Á vontade.

 Subimos até o quarto onde Rae havia estado.

 - E aí Mutano? – perguntou Robin. Funguei o ambiente um pouco.

 - AAAH! Esse corredor inteiro tem o mesmo cheiro! E não é o de Ravena, é um cheiro que tem pela cidade toda! Mal tem o cheiro de Rae aqui, não posso rastrear! – era o momento mais frustrante da minha vida.

 Voltamos pra baixo, indo embora. Mas, algo me fez parar e falar com Naba.

 - Ei, desculpa, mas, como sabia de nós? Que nós viríamos?

 - Não sabia. Mas a senhorita Roth falou de vocês. – os outros estavam na porta, mas se viraram ao ouvir isso.

 - Ela falou de nós?

 - Sim. Disse que iria acampar com os amigos na floresta. – será?

 - E... Onde fica a floresta?

 - Na outra margem do rio Soca. – ela falou como se eu já devesse saber disso.

 - Claro. Obrigado.

 Saímos do hotel e fomos em direção ao rio que vimos enquanto voávamos.

 - Será? – perguntou Estelar.

 - Não temos nada a perder. – disse Ciborgue.

 Então fomos para o rio Soca.

 Na margem, encontramos um vidro de perfume vazio com um cabelo roxo grudado. Então ela tinha mesmo disfarçado o cheiro! Espertinha né...

 Enquanto discutíamos (tradução: gritávamos uns com os outros) fomos interrompidos.

 - Ora, ora, ora, olha só quem está por aqui. – nos viramos e onde não tinha ninguém, agora tinha uma garota estranha. Acho que por causa do cabelo que era maior na frente que atrás. Alguém precisa trocar de cabeleireiro.

 - Quem é você? – disse Estelar.

 - Vocês vão mesmo atrás dela? – ela ignorou a pergunta.

 - É pra isso que estamos aqui. – respondeu Ciborgue com cuidado. De alguma coisa aquela garota sabia.

 - Sabe... É uma dura caminhada. Vai ser bem difícil. – não sei o que fazia tão estranha... Talvez as botas de punk.  

 - A gente aguenta o tranco. – replicou Lata Velha. Ela olhou para a floresta pensativa como se lembrasse de um passado distante. Já sei! Era o casaco grande demais que fazia parecer uma criancinha!

 - A decisão é de vocês, mas saibam que, a jornada será tão dura para vocês quanto para ela. – nos olhou como se pudesse enxergar através de nós. - Eu os aconselharia a levar suprimentos, vai levar um tempo e, não é um lugar tão pequeno assim.

 - Por que você diz isso? A floresta é minúscula. Se ela está mesmo lá, me surpreende que não tenha saído ou aparecido por aqui ainda. – disse Robin. A garota riu baixinho.

 - É, bem, esse lugar tem muitos segredos.

 - Como assim segredos?

 - Hm...  Não sei se devo contar para vocês. Isso interferiria na jornada. – nesse momento ela falou baixo, como se não pudéssemos ouvir. - Mas a jornada não é realmente deles. É dela. Acho que posso contar alguma coisa.

 - Oi? Estamos aqui. Com quem você está falando? – digo.

 - Ah! Com ninguém. Só pensando alto.

 - Pra mim você estava é falando baixo.

 - Bem, vão precisar de um pouco de ajuda para entender, você não vão poder falar para ela mesmo. Ela deve descobrir as coisas por si mesma. – estava me sentindo em um tutorial de jogo - Mas enfim, essa floresta, entrando em qualquer lugar avulso, é somente a pequena floresta, ao lado de Bovec. E são esses caminhos que pessoas comuns, caminham fazem rafting seguem.  Mas se você entrar em um ponto específico – ela apontou para um local na outra margem do rio - vai dar de cara com muitos feitiços.

- Como assim feitiços? – perguntou Robin. Abracadabra chefe.

 - Bem, a floresta vai se tornar bem grande. Se é que me entendem.

 - Não, não entendemos.

 - Hm... A magia meio que interliga todas as florestas da Eslovênia, como se fossem uma só. Você não percebe quando está em um a e quando está em outra. E da nave de vocês, devem ter visto que floresta é o que não falta aqui. – agora ela me assustou. Quem era essa garota?

 - Como sabe da nossa nave?

 - E isso torna os caminhos longos e confusos. – ela continuou como se não tivéssemos dito nada. - Só que é mais para ela do que para vocês. Por isso estou lhes dando essas informações. Esse lugar é muito especial.

 - Sabemos lidar com os assuntos de Ravena.

 - Não, não sabem. Isso é diferente de tudo o que viram. Ou não. Podem ter passado, visto sobrevivido a muitas coisas, batalhas, guerras, fim do mundo. Nunca viram nada parecido. – ela começou a falar baixo outra vez, e a maior parte não consegui ouvir. – Especialmente por que a dela será mais difícil que a minha. Tem novos moradores nesse lugar.

 - Falando sozinha de novo? – Robin já perecia estar zangado, especialmente depois do que ela falou sobre o que tínhamos passado. Ela riu outra vez.

 - É, faz parte de ser quem eu sou.

 - E quem é você?

 - Podem me chamar de Drica.

 - Drica?

 - Isso mesmo.

 - Muito bem, Drica, como você sabe tudo isso sobre nós e sobre o que está acontecendo?

- Excelente pergunta, mas não posso mais ficar por aqui então Dick, Korin, Victor, Gar... Boa sorte. Vão precisar. – Robin e todos nós, ficamos como estátuas nesse momento. O que é essa garota?

 Agora sim, estávamos confusos de verdade, Drica se virou e andou em direção até uma pedra maior e começou a dar a volta, mas não saiu de trás dela. Star voou até lá, mas a garota tinha sumido.

 Esqueçamos isso tudo senão eu vou pirar.

 Estamos cada vez mais perto. E é isso o que importa.



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Notas finais do capítulo

Aguardem, daqui a pouco posto o outro ;) afinal promessa é dívida então eu fiz dois caps!
Eu me alimento das reviews então não me deixem passar fome u-u