Um Par De Olhos Negros. escrita por Jéss mS


Capítulo 5
Compartilhando


Notas iniciais do capítulo

Agradeço novamente aos comentários de Viih e, nichi. O comentário de vocês está me animando a escrever. Beijones!



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Estava com os números escritos por Patch em minha mão. Depois das aulas e, do almoço eu estava em meu quarto. Vestindo um short negro, uma blusa cinza solta e sapatilhas. Decidindo-me, com meu livro em meus braços se iria ou não até o quarto de Patch.
- Vá logo garota – Disse Vee pegando suas coisas e, indo para o quarto de Shaunee para fazer o trabalho com ela e, Damien. – Se não for, Laurel não vai gostar e, aliás, você está doidinha para ir, eu te conheço. O bad-boy está te conquistando aos poucos – Disse ela piscando de um olho só, deu-me um beijo e no rosto e, se foi batendo a porta atrás de si. Como não haveria toque de recolhimento Vee não retornaria ao seu quarto hoje e, dormiria no quarto de Shaunee. Desisti de meus devaneios e, na maior relutância peguei meus materiais e, segui o percurso do quarto 336. Bati na porta com os dedos e, logo Patch abriu a mesma, com uma bermuda pendendo na cintura, deixando à mostra a barra da cueca Calvin Klein; E uma camiseta branca, delineando os músculos dos braços e, do peitoral muito bem malhado. Ele sorriu ao me ver e, fixou seu olhar em minhas pernas.
- Belo short. – Disse ele, ainda fitando minhas pernas com um sorriso malicioso. À qualquer distância era possível ver o escarlate profundo em que meu rosto estava. -  Nora. Achei que não viesse. – Ele fez uma pausa, dando ênfase a suas palavras. – Nunca. – Disse ele dando um sorriso debochado e, despreocupado. Seu olhar parecia impressionado por minha presença na soleira de sua porta. Seu olhar fixou em cada parte do meu corpo, como se quisesse absorver a cena e, gravá-la em sua mente para sempre.
- Deixe de brincadeiras e, vamos acabar logo com isso. – Fui entrando em seu quarto. Que era negro. Sua cama era uma King Size, com lençóis de seda negros, guarda-roupa branco e maçanetas douradas e, tapete felpudo negro. Ele bateu a porta atrás de si e, foi até a cama, sentou-se.
- Venha, ou vai ficar aí em pé mesmo, anjo? – Indagou ele arqueando as sobrancelhas.
Fui até sua cama e, sentei-me ao seu lado. Coloquei um livro entre nós. Como se fosse possível separar a chama que nos unia com um simples livro.
- Ok, resumo do 3º capítulo. – Disse desviando meus olhos de seu olhar e, fitando qualquer coisa à minha frente.
- Parece nervosa anjo. – Disse ele encarando-me.
- Pare de me chamar assim, nem te conheço.
- Gosto de te chamar assim. – Disse ele. Mas não deveria, foi a minha vontade de dizer, mas, de algum modo as palavras travaram na minha garganta, como se meu coração dissesse que gostaria que ele me chamasse assim. Que era um termo carinhoso e, por mais de não nos conhecermos para tal, ele – meu coração – gostava. Porque ele saltitava indo de encontro as minhas costelas, fazendo o calor subir pelo meu corpo cada vez que escutava este apelido vindo dos lábios de Patch.
Começamos com um rascunho simples e, até parecia que nós nos entendíamos bem, mas, era fachada. Eu não deveria estar ali e, junto dele. Sentindo o aroma de menta invadir minhas narinas; vindo de seu quarto, sua cama e sua pele que estava tão próxima da minha. Ele escrevia enquanto eu falava. Sua letra era redonda e, se dispunha bem a cada linda, seus músculos ficavam tensos a cada momento em que ele deslizava a caneta no papel. Eu estava perdida, o olhando enquanto ele escrevia. O sonho passava em minha mente. Cada momento, cada toque e, cada olhar. Era ele, eu tinha certeza a partir do momento em que vi seus olhos negros me olhando com atenção. Seu sorriso me encantava e fazia eu me perder. Eu queria os momentos do sonho acontecendo de verdade, cada um deles, cada toque, cada sorriso. Era tudo tão verdadeiro. Mas, havia mais uma coisa era verdade: Eu sentia-me protegida ao lado dele. A sensação de estar sendo observada saiu de meu interior, pois só havia eu e, ele. Eu – para ser sincera – estava apavorada de ter de voltar ao meu quarto naquela noite e, ficar lá, sozinha. Fui tirada de meus devaneios por um movimento de Patch, ele levantou seu olhar indo de encontro ao meu. Estávamos deitados com a barriga encostando-se à cama, um de frente ao outro com o livro entre nós.
- Gosta do que vê anjo? – Indagou ele, sorrindo de canto de boca.
Sorri sem graça e, olhei para o livro que estava na cama.
- Acabamos Patch? – Disse, tentando disfarçar.
- Sim, terminamos. Quer fazer algo mais interessante? – Disse ele com um sorriso malicioso nos lábios.
- Não, muito obrigada – Disse recolhendo meu material e, rolando os olhos. Ele realmente não presta.
Ele me segurou pelo braço antes que eu pudesse sair da cama.
- Não vá ainda. – Pediu ele, sua respiração estava próxima a minha franja, fazendo a mesma colar a minha testa. – Aproveite anjo. Hoje não tem toque de recolhimento e, aposto que está assustada.
Levantei meus olhos. E acenei negativamente com a cabeça. Como que respondendo a sua pergunta, que não iria ficar com ele. Com um rapaz com jeito de marginal trancada em um quarto.
- Porque anjo?
- Porque, diferente de você Patch me preocupo com a minha integridade na Morada. – Eu disse engolindo em seco.
- Não estou me importando com integridade nenhuma. Me preocupo com coisas mais importantes. – Disse ele encarando-me com aquela escuridão que eram seus olhos.
- Ah é? Como o que? – Eu o desafiei, levantando meus olhos e, deixando-os rudes, com os lábios prensados em si.
- Você. – Sua voz saiu melancólica e, se eu espalhasse isto pelo mundo ninguém acreditaria, pois a áurea negra de Patch era maior e, a escuridão o rodeava. Porque eu sempre tenho que estar ligada a meninos assim? Com jeito de misteriosos? Eles me atraem e, Patch com certeza vem me atraindo muito.
- Eu? Não consigo imaginar o porquê de estar tão interessado. – Tentei desviar o assunto de mim, eu era tímida desde que comecei a me envolver com garotos – não que isso me impedisse de fazer certas coisas -, e aquela parte de minha personalidade insistia em permanecer no meu eu.
- Interessado? Estamos falando de você. Estou fascinado. – Sua respiração ainda estava próxima. Muito próxima, seus lábios estavam próximos ao meu rosto e suas mãos estavam em meus ombros. Minha cabeça estava baixa. Se eu olhasse naqueles olhos não iria conseguir me desvencilhar de seu toque interno em meu coração. Ele baixou seu rosto, fazendo seus lábios encontrarem os meus. Ele pressionou os mesmos sem força, sem pressa e, sem brutalidade. O calor de seus lábios úmidos invadiu meu corpo com força, fazendo meu sangue borbulhar e minha cabeça rodopiar. A consciência me atingiu, dizendo-me que eram os lábios do marginal. Mordi seu lábio inferior com força e, o fitei enquanto ele lambia o mesmo com a ponta de sua língua. Seu olhar estava com uma expressão divertida; como se estivesse gostado do que acabara de acontecer.
- Você me mordeu?  - Indagou.
- Isso é tudo uma brincadeira para você? Estamos na Morada, a Deusa nos deu essas qualificações e, você fica aí brincando comigo como se fosse sua bonequinha e, estivesse em sua estante. – Berrei em seu rosto.
- Nem tudo é uma brincadeira. – Ele lambeu seu lábio com a ponta da língua novamente.
- O que não é então? – Perguntei arqueando as sobrancelhas.
- Você. – Disse ele, olhando-me com um sorriso tentador. Sua áurea negra ainda encontrava-se em torno de si e, ao invés de aquilo me dar vontade de correr dali; Dava-me vontade de estar mais próxima, de alguma forma seu lado negro me atraia, era como um imã para mim.
Levantei-me e, desta vez ele não conseguiu me segurar pelo braço. Peguei a redação e saí de seu quarto indo até o meu.
Aquele garoto era louco. Nem havíamos passado um dia juntos e, ele já estava provocando-me como se me conhecesse há tempos e, soubesse exatamente o que fazer para me deixar ruborizada. Seus lábios eram quentes como um dia de verão, seu toque deixava tudo ruborizado por onde passava e, sua voz de embargar qualquer neném para ninar em paz me enlouquecia, fazia com que eu perdesse o chão sob meus pés... E seu par de olhos negros – a parte que mais me interessava -, deixava-me perdida, em memória, mas, a cada busca elas fugiam de mim. Eu nunca havia sentido este tipo de atração antes; Por nenhum rapaz para ser mais concreta. Sem perceber esbarrei em uma menina com tamanha brutalidade e, fui tirada de minhas abstrações. Ela era loira com fios lisos e sedosos que iam até o centro de suas costas, com profundos olhos verdes que contrastavam com suas bochechas altas e, maquiadas de rosa. Seus cílios eram grandes e, curvados – do sonho de qualquer garota. Ela era alta e, magra; Muito magra. Seu olhar não era nada amistoso.
- Vê se olha por onde anda... novata. – Disse ela arqueando as sobrancelhas e, falando com nojo a última palavra.
- Se você não estivesse no meio do meu caminho seria mais fácil. – E saí andando, para não ter de discutir com ninguém.
Tranquei-me em meu quarto e, coloquei o pijama para ter uma bela noite de sono. Meus pensamentos mais ocultos iam de encontro à Patch, ao rapaz mais sedutor. Deitei-me em meus lençóis, pensando em tudo isto; na Deusa, nos pontos e, acima de tudo, em Patch. Como aquele garoto provocava tudo isto? Nós nem nos conhecíamos e, ele já me enlouquecia. Ele era como um imã para mim e, de um jeito muito misterioso eu me sentia segura em sua presença. Mas, sua imagem deveria representar o contrário. Ele era a noite sem estrelas em vida, na minha frente e, quem não tem medo de noites? Do que pode acontecer? Esta deveria ser a sensação quando eu estava com ele, mas, não era assim. A cada momento longe, eu queria mais. A cada momento perto, eu queria mais perto ainda. Ouvi batidas na porta e, logo fui abri-la. Ao abrir me deparei com a soleira da porta vazia. Não havia nada ali somente a escuridão, mas, eu jurava que havia ouvido batidas na porta. Fui deitar-me novamente. E havia uma folha de papel sobre meu travesseiro escritas em letras redondas e bem dispostas na folha. Parecidíssima com as de Patch. O bilhete dizia: “Não é só porque está na Morada, que está segura”. Agora ele passou dos limites, como ele podia entrar em meu quarto e fazer isto? Este tipo de brincadeira comigo sozinha neste quarto? Peguei a folha de papel e, fui de encontro ao quarto 336. Bati na porta com força e, logo Patch com camiseta e samba canção, abriu a mesma.
- Que visita prazerosa! – Disse ele sonolento.
Eu entrei no quarto por impulso e, joguei o papel em sua cara.
- Porque está fazendo isto? Tem de parar de fazer isto agora mesmo! Isto não é brincadeira que se faça Patch! – Eu berrava, encarando-o.
- Isto não é meu anjo. Nem minha letra é. Como isso apareceu lá? Explique para mim agora mesmo! – Ele parecia nervoso, na verdade apavorado. Eu nunca vi os olhos de Patch daquele jeito. Eles demonstravam medo e pavor como se algo muito importante estivesse em jogo. Eu contei o ocorrido e, sem que notasse as lágrimas começaram a rolar de meus olhos. Ele se aproximou, querendo me abraçar, mas, seus braços penderam ao lado de seu corpo. Seu olhar avaliava-me com atenção. Como se quisesse absorver cada uma das minhas palavras, eles – seus olhos – estavam com uma profunda tristeza e, aquilo partia meu coração. Eu me sentei em sua cama, estava tremendo e, meus dentes rangiam. Desde meu primeiro dia, Vee me falou deste garoto e, o que eu mais queria era manter distância. De alguma forma eu sabia que a sensação de estar sendo observada – desde fora da Morada – provinha dele. Ele me deixava com calafrios na espinha e, até Laurel lhe lançava olhares duvidosos.
- Foi só isso anjo? Não viu ninguém? Nenhum movimento? Nada? – Ele sentou de frente para mim e, me jogou um edredom, eu o peguei e me cobri.
- Foi Patch, foi só isso. Isso nunca tinha acontecido comigo. – Meu olhar foi de encontro ao dele. – Não vou conseguir voltar para meu quarto. Você me leva ao quarto de Shaunee? – Eu o olhei. Ele fez sinal negativo com a cabeça.
- Você não vai sair de meu quarto anjo. Não vou permitir isto. Durma aqui e, não vou deixar nada te acontecer. – Eu fazia um sinal negativo com a cabeça. Não podia, ele significava perigo e isto estava explícito.
- Não. – Sussurrei.
- Sim, você ficará aqui. Se preferir eu durmo no chão.
- Não, a cama é grande. Dá para nós dois dormir aqui, sem se tocar. – Disse soltando uma pontada de sorriso.
- Assim mesmo que gosto, deste sorriso em seus lábios anjo. – Os músculos de Patch estavam tensos.
Eu me deitei e, Patch deitou-se ao meu lado. Logo um cansaço absurdo atingiu minha mente e, as palavras “Durma em paz” sussurravam em minha mente diversas vezes e, na veridicidade as palavras estavam muito bem explícitas. Parecia que eu podia ouvi-las, logo meus olhos estavam pesados, não sentia os lençóis sob meu corpo e, mergulhei em uma profunda escuridão como os olhos negros de Patch.


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Notas finais do capítulo

Curtiram? Comente dizendo o que acharam e, ah! O próximo capítulo será um POV de Patch.