Um Par De Olhos Negros. escrita por Jéss mS


Capítulo 15
Resolvendo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem anjos! Coloquei o capítulo repetido, eu me perdi no controle dos capítulos aqui no arquivo, me desculpem mesmo. Espero que não se percam com isto. E obrigada nichi, por me alertar! Espero que curtam *-*



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Deixei Nora para trás e, quando dei apenas alguns passos para fora da soleira da porta da Morada, ouvi a voz estridente de Vee Sky, melhor amiga de Nora. Finalmente pude deixar com que ela descobrisse a verdade que nos cobre, finalmente posso sentir seu amor por mim e, finalmente meu amor por ela está sendo recíproco. Agora preciso achar Dabria e, ficar de olho nas miniaturas demoníacas que ficariam aqui observando a Morada e, Nora para mim; já que deviam-me alguns favores. Laurel não poderia sentir que eu estava deixando a Morada e, muito menos Lenobia minha acompanhante.

Passei pelos portões da lateral esquerda da Morada, próximo ao alçapão e, dei de cara com Rixon um dos anjos caídos - miniaturas demoníacas. Rixon - diferente dos outros - iria comigo à procura da mais nova recém-chegada Anja Caída, que foi vingada por demais anjos, por querer descer para estar comigo. Coitada. Os demais anjos caídos vinham logo atrás de Rixon, olhando-me com os olhos severamente atentos.
- Bom. Vocês só terão de ficar aqui e, fazer guarda caso qualquer anjo caído, ou arcanjo tentar passar. Ou até mesmo Nefilim. - Ao pronunciar a última palavra, vi olhares alegres no lugar dos rudes de antes e, até consegui ver uma pontada de alegria no olhar de Cam Briel, que não gostava muito de mim.
- E quem você prefere que fique o mais próximo ao quarto dela? - Perguntou Rixon com olhar atento. Pensei na questão; realmente precisaria de alguém ali, pois dependendo do ser que poderia de alguma forma invadir a Morada estas miniaturas não conseguiriam detê-la. E, eu sabia muito bem quem conseguiria uma coisa dessas, mas, eu o queria o mais longe possível de Nora. Nunca perto, apenas longe. Ele sempre esteve de olho nela, desde o dia em que caiu, mas, eu e Rixon o fizemos ficar longe. Mas, para a própria segurança de Nora, deveria me segurar. E, segurar a raiva que sentia dele. Trinquei os dentes e, olhei na direção de Cam Briel.
- Você. - Eu disse sem hesitar. - Mas, o mais longe possível dela, entendeu? - Perguntei com os olhos semicerrados e, meus punhos sem que eu notasse estavam cerrados.
- Claro, Sr. Patch. - Disse Cam, com certeza tirando uma com a minha cara.
- Vão. - Disse Rixon sem tirar os olhos dos meus. - Vão logo! - Disse ele com total autoridade sobre os demais. Logo era possível ouvir os leves ruídos que os anjos caídos faziam para adentrar a Morada. - Não foi tão difícil de convencê-los. - Disse Rixon indo em direção ao seu Palio após a saída dos anjos caídos. - O mais difícil foi o Cam, mas, você já devia saber disso. - Dizia ele enquanto dava partida em seu carro.
- Já entendi Rixon. Descobriu? - Perguntei ao fim. - Você sabe que provavelmente precisaremos dela no fim das contas. Então é melhor mantê-la afastada do que machucada, ou fazê-la voltar aos arcanjos. Seu restante de poder vai nos ajudar com muita coisa.
- Cam descobriu o studio dela no subsolo do parque Delphic e, é para lá que estamos indo. Eu cuido de Dabria e, você de sua valiosa pena. - Disse Rixon com um sorriso brilhante nos lábios.
- Como vamos entrar? - Perguntei quebrando o silêncio do veículo. Eu estava nervoso, não sabia se poderia dar certo ou errado. Se sua pena estaria lá, se ela cairia nos golpes de mentes implantados por mim e, por Rixon.
- Vai ser fácil, ela acabou de cair. Está atordoada e, aceita as batidas na porta achando que pode ser qualquer pessoa bondosa. Assim que ela te ver e, te deixar entrar vai derreter meu caro. Mas, sou eu quem entrará primeiro. Eu a cumprimento e, puxo papo, fingindo não saber que ela está por aqui. Você entra com um truque duplo de mente e, vai à procura da preciosa pena para que as chantagens comecem. - Disse Rixon. Vou dizer a verdade, ele sim era a maldade ambulante, ele pensava em certas coisas e, nem sequer colocava na mente que as mesmas poderiam ter desfechos arrepiadores. Mas, eu não iria desistir e, esta cogitação nem me passou em mente. Eu vou proteger Nora, até seu último suspiro, não importa o que aconteça.
Estacionamos no próximo ao Parque de Diversões Delphic que ainda estava cheio por ser tão tarde. Entramos no parque como qualquer adolescente entraria, mas, seguimos por um caminho que nenhum adolescente ousou atravessar um dia. E, os arcanjos, qualificadores ou nefilins sequer sonhavam que aquele local existia. Aquele lugar era dos Anjos Caídos. Com minhas chaves abri a pequena porta de um pequeno galpão de ferro que era só para fazer parte do cenário que escondíamos ali em baixo. Entramos no cômodo completamente vazio e escuro. Procuramos pela entrada do chão como se fôssemos à um porão qualquer. Achei a trava, a abri e desci pulando deixando Rixon para trás, depois de alguns instantes ele já estava me guiando, mostrava uma porta negra perdida em um corredor que eu nunca notara naquele outro corredor, o studio ficava bastante distante do meu antigo. Adentramos no corredor sujo e fedorento. A foça por ali estava aberta e, havia goteiras pelo teto. Demos de cara com a porta e, Rixon deu leves batidas enquanto eu estava encostado em uma pilastra observando não muito distante. Dabria sorriu, mas, seus olhos azuis procuraram outro o rosto. O meu. Relutantemente e, ainda procurando Dabria abriu caminho para que Rixon entrasse. Rixon pediu para que eu esperasse alguns minutos para entrar e, avisasse por conversa mental. Dabria não perdeu sua beleza ao cair. Seus cabelos não estavam negros como os dos homens. Ela ainda tinha cabelos loiros escuros que desciam bem lisos até o centro de suas costas. Seus olhos azuis não tinham a mesma vida de antes, mas, ainda brilhavam com esperança. Sua pele estava bronzeada e, não completamente branca como antes. Ela trancou a porta atrás de si. E meus pensamentos foram de encontro à Nora e, a Cam que provavelmente deveria estar pendurado em sua janela olhando-a. A raiva rasgou minha pele e, meus dentes rangiam. Cam a quis desde o momento em que ela foi um bebê, desde que sua vida entrou no meu caminho ele correu severamente atrás dela. E, assim que caí ele caiu também deixando de ser anjo da guarda de Nora. Ele achava que mesmo caído poderia continuar a protegê-la, mas, logo depois ele descobriu que era muito diferente daquilo. Ele não a amava o quanto eu amo. Mas, eu via desejo em seus olhos, eu via o brilho que surgia naqueles olhos negros assim que Nora surgia; o sorriso quando ela sorria; e a tristeza quando ela chorava. Mas, eu sabia e sempre iria me lembrar de que ele não sentia as pontadas que meu coração presenciava só de ela acordar durante o dia. Eu a via acordar e, sentia seus pesadelos passando por sua mente enquanto dormia. Eu a via ir dormir às vezes assustada. Eu a vi sofrer pela qualificação repentina de sua irmã e, a vi chorando dias depois quando isto aconteceu com Vee. Eu a conhecia e, eu não sentia apenas felicidade por isso, eu me sentia honrado por tê-la em minha vida, ou por apenas vê-la.
 Me encaminhei até a porta, para ficar mais próximo de Rixon, o vi pela fresta aberta da cortina de uma janela praticamente despencando. "Posso Rixon?" Perguntei nos devaneios muito confusos de sua mente. A mente de Rixon era fácil de invadir sem que ele notasse, mas, assim que ele notasse arrancaria qualquer um de lá. Os músculos das costas de Rixon ficaram rígidos e, repentinamente sua voz soou grossa em minha mente. "Pode sim, já estou entrando na mente de Dabria, faça o mesmo." Abri a porta lentamente e, como esperado Dabria nem sentiu o meu cheiro, ou notou minha presença. Sua mente era fácil de invadir e, invadi-la junto à Rixon era muito mais fácil, de modo que segui pelo cômodo, somente com uma TV no chão e, um sofá que mostrava a espuma velha saindo do estofado vermelho. Me encaminhei por um corredor à esquerda e, entrei no que parecia o quarto com um colchonete rasgado e, com furos por seu comprimento no chão. A lâmpada amarela estava acesa e, pendurada apenas por um fio. As paredes pareciam ter sido pintadas diversas vezes e, havia um criado mudo ao lado esquerdo do colchão. Fui até ele. Dabria com certeza não estava se preocupando com sua pena, pois assim que abri a primeira gaveta, ela estava lá, sozinha entre a madeira velha como se fosse uma peça íntima qualquer. Peguei a pena entre os dedos e, segui o rumo da sala. Assim que os olhos de Rixon me alcançaram e, eu balancei a pena em sua direção Rixon deu gargalhadas longas da atitude boba de Dabria que estava com cara de quem não entendia nada, ela ainda não havia me visto.
- Você é completamente ridícula Dabria. - Disse Rixon recuperado das gargalhadas altas.
- Concordo plenamente Rixon. - Disse e, assim que as palavras deixaram meus lábios Dabria virou rapidamente e, seus olhos brilharam ao me olhar. Mas, aquele brilho de felicidade com lágrimas da mesma despediu-se dela assim que ela viu o que carregava em uma das mãos. Ela tomou impulso para correr até mim, mas, Rixon foi muito mais rápido, segurou-a pelo pulso e, pegou o outro forçando os dois contra suas costas.
- Não! Você não pode fazer isso Patch. - Berrava Dabria com voz desesperada. Enquanto sem sucesso tentava escapar das fortes mãos de Rixon. - Solte-me. - Falava com os dentes trincados para Rixon, mas, seus olhos azuis continuavam na pena enorme em meus dedos. Muitos achariam a pena completamente estranha. Mas, para nós anjos caídos elas não eram. Antes elas eram brancas, mas, com a queda elas queimaram e ficaram negras, caindo de nossas costas restando apenas a cicatriz, a mesma era do tamanho do meu antebraço.
- Não posso? Porque Dabria? Só a quero emprestada, mas, isto pode acontecer bem lentamente ou se você for completamente boazinha; muito rápido, tanto que nem vai sentir nada. - Disse aproximando-me de Dabria e, a olhando nos olhos. - Diga Dabria, com sinceridade. - Encarei seus olhos por mais um instante para dar ênfase ao que diria. - É você tentando se aproximar de Nora? - Perguntei em um tom mais alto que o normal. Ela hesitou, seus olhos hesitaram e seu maxilar tremeu. - Responda logo de uma vez. Eu posso ficar aqui a noite inteira e, descobrir por conta própria, você sabe disso. - Disse calmamente ainda encarando seus olhos azuis, lágrimas escorreram de seus olhos e, ela com certeza pensou em suas cicatrizes e, que dois homens que com certeza tinha mais força que ela, estava ali.
- Sabe que não vou deixá-la com ela, não posso deixar isto acontecer. Você é e, sempre foi meu. E agora para arruinar tudo a pirralha é qualificadora novata e, você também foi marcado pela Deusa. Isso sim é patético Patch. Está se aprofundando mais ao Mundo dela. - Disse Dabria com lágrimas de ódio pendendo de seus olhos. O maxilar de Rixon ficou rígido com as palavras, porque sabíamos da verdade de todas aquelas palavras. Nyx com certeza marcaria mais anjos caídos, mas, não sabíamos quais.
- Então se você sabe disto tudo, com toda certeza é você. Não é? - Indaguei olhando profundamente em seus olhos. Ela acenou positivamente sem pensar. - Sabe que não vou deixar nada acontecer com ela, com certeza sabe. Nunca deixei, mesmo com você em meu caminho. Sabe quando deixou o bilhete? Você não a afastou de mim, você só nos deixou mais próximos. E quando entrou no quarto dela e, deixou a porta completamente bloqueada, ficamos mais próximos ainda. Entendeu agora? E você irá parar com isto. Caso contrário sua vida será um completo inferno daqui para frente. Deixaria todos os anjos caídos contra você. E, você também não terá direito a qualquer corpo de nefilim durante o Cheshvan, compreendeu? - Disse em tom rude e, logo meus olhos captaram um aceno de cabeça em positivo de Dabria. - Exatamente, mas, para que cumpra sua palavra, sua pena ficará comigo daqui para frente. Porque em qualquer descaso seu, eu a queimarei até que ela vire um completo pó e, aí você irá diretamente para o inferno. - Disse e, mesmo que ela tenha hesitado, sua cabeça fez um leve movimento indicando que havia entendido tudo. 
- Só isso? Achei que teria mais emoção. - Disse Rixon empurrando Dabria contra o chão. - Nem tente chegar perto da Morada, estaremos por lá queridinha. - Disse Rixon em tom de deboche. Saímos pela porta de entrada, deixando Dabria em desespero para trás. Guardei sua pena negra na manga de couro direita de minha jaqueta e, fomos a caminho do Palio de Rixon. Foi tudo fácil de mais, só não nos divertimos porque nem o prazer de arrancar as asas de Dabria eu teria, mas, agora eu a tinha em minhas mãos. Literalmente.

Rixon estacionou ao meio fio próximo ao alçapão da Morada Sussurrante. A noite estava gélida, por mais de não sentir frio. A neblina consumia a mata próxima e, assim que descemos do carro negro, anjos caídos alcançaram nossas vistas. Muitos estavam animados, querendo saber de tudo o que aconteceu e, como nos saímos. É claro que eu e, Rixon nunca contaríamos a ninguém em relação à pena, caso contrário nossas vidas poderiam estar nas mãos destas certas pessoas. Eu e Rixon éramos amigos desde o dia em que caímos e, por incrível que pareça caímos no mesmo dia, sem combinar e, sem saber da queda um do outro. Ele com certeza é uma pessoa muito importante para mim. Passei meus olhos de rosto em rosto e, sabia que faltava alguém ali. Os olhos debochados daquele certo rapaz não se encontravam no centro daquela quantidade de homens, pois mesmo que ele estivesse escondendo-se eu o acharia. O olhar esmeralda profundo de Cam não estava ali. Logo minha expressão suavizada e, calma esvaneceu e, todos dali perceberam. Rixon identificou o que eu havia notado.

- Onde está ele? – Perguntei em alto e, bom som para que qualquer anjo caído pudesse perceber a raiva em minha voz.
 - Ele ficou para trás. Caiu de joelhos repentinamente, mas, pediu para que continuássemos. Ele ficou próximo à fonte da Deusa Nyx. – Disse uma voz aguda e, no momento desconhecida para mim.

Atravessei os corpos ali presentes, sem olhar na cara de ninguém. Segurei firme a pena de Dabria em meu braço direito e, segui com passos firmes ao meu destino. Avistei a ponte de longe e, logo vi o corpo de Cam sentado no chão olhando fixamente para a estátua de Nyx.
- O que aconteceu? – Disse chegando ao seu lado. – O que fizeram com ela? – Berrei novamente. O desespero abateu-se sobre minha pele e, o medo de perder meu grande amor tomou conta de mim. Segurei o suposto choro que ameaçava começar em minha garganta. – Responda desgraçado! – Berrei novamente o chutando com a ponta de meu coturno.
- Não aconteceu nada porra! Não aconteceu nada com ela, acha mesmo que eu deixaria? Eu era o anjo da guarda dela e, não é só porque caí que deixei de querer o bem daquela garota. – Berrou Cam, levantando-se e, me olhando com olhos raivosos e, confusos.
- Então explique. Porque ficou para trás? Você não perderia a oportunidade de ouvir o que aconteceu com Dabria. – Disse entre dentes. Cam por um momento não se mexeu e, nem falou nada. Preferi ficar quieto e continuei olhando para seus olhos esmeraldas profundos, compondo o rosto angelical que Cam ainda tinha. Seus cabelos negros estavam lisos em um topete quase imperceptível. Repentinamente Cameron virou-se e, ficou de costas para mim. Por um momento achei que ele me daria as costas e, me deixaria falando sozinho. Mas, nada disto aconteceu. Ele levantou sua blusa negra e, deixou à mostra o centro de suas costas lisas, as pontas de suas cicatrizes apareciam ali. Mas, outra coisa chamou a atenção de meus olhos. O centro de suas costas estava com um ponto. Não estava cintilante, mas, era um ponto. Ele estava marcado para ser qualificador como eu e, com isso iria ficar mais próximo à Nora. A ira atingiu-me por completo, meu corpo tremia de ódio por aquele ser que queria o que era meu e, o que nunca deixaria de ser.
- Eu não pedi isso, ok? – Disse Cam virando-se e, olhando-me com desespero nos olhos enquanto abaixava sua blusa negra. – Eu nem queria isso. Se eu quisesse ficar próximo dela faria de outra maneira. A Deusa falou comigo, com certeza parece loucura, mas, ela disse que eu terei de ficar aqui para o perigo que virá e, que Rixon lhe ajudará com o perigo externo. E, ela desapareceu.
- Laurel já deve ter notado a diferença, acho melhor ir encontrar ela. – Disse entre os dentes.
- E como será daqui para frente? – Perguntou Cam.
- Com o tempo com certeza iremos saber. – Disse enquanto me encaminhava para a grande porta dupla da Morada. – E, para ser honesto, te quero muito longe dela, entendeu? – Indaguei olhando-o nos olhos, para enfatizar minhas palavras.
- O futuro é que nos dirá se será assim. – Disse Cam, com o olhar debochado retornado ao seu rosto enquanto passava de mim e, abria a porta para ir à sala dos qualificadores mestres.
Me livro de uma miniatura, para que outra apareça. Pela santa Deusa. E com toda a certeza terei de manter Cam distante de Nora o máximo possível.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram? Elogios? Opiniões? Mandem comentários dizendo o que acharam e, continuem acompanhando! Beijones. E, novamente desculpem-me pelo erro de postar o capítulo. Agora este está corretinho, beijones