Um Par De Olhos Negros. escrita por Jéss mS


Capítulo 13
Duvidando


Notas iniciais do capítulo

Bom à pedidos de Viih vim postar outro capítulo para compensar o de ontem também. Espero que curtam!



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Assim que senti onde realmente estava assustei-me. O chão era gelado e, a grama recentemente cortada roçava em meus braços e, pernas - já que estava de mini-short. Abri os olhos e, era noite, submersa por neblina que cobriam as árvores ali presentes. Sentei-me e, ouvi vozes não muito distantes de mim; logo avistei Patch de costas com uma jaqueta de couro preta e Levi's pretas. Havia um rapaz que eu desconhecia sentado em sua frente com blusa azul marinha e jeans escuros. Levantei-me e, andei em direção aos dois rapazes lentamente. Quem me trouxe para cá? Qual minha última lembrança? Pense Nora! Se eu forçasse mais meu cérebro escutaria o barulho de ferragem funcionando em minha mente. Eu estava discutindo com Patch porque o mesmo tinha uma faca no porta luvas de seu Jeep Commander com cheiro de menta e, eu rasguei sua blusa acidentalmente, mas, ele não estava com esta jaqueta antes.

 Cheguei ao lado dos dois rapazes e, curvei os lábios deixando meus olhos brutos para que ele visse a raiva resplandecendo em meus olhos cinzas.
- Você é louco de me trazer para o meio do mato? - Berrei próximo ao seu rosto com as mãos na cintura.
Patch nem se mexeu, nem fez questão de olhar em meu rosto e, continuou a conversar com o rapaz.
- Você só pode ter problema. - disse o rapaz desconhecido. Ele era moreno, com cabelos negros lisos sobre a testa, queixo quadrado, olhos levemente fechados - o que dava um charme - e, incrivelmente musculoso. Era de se esperar que frequentasse a academia regularmente.
- Porque Rixon? - Perguntou Patch. Então esse é seu nome.
- Então vão fingir que não estou aqui? - Berrei. - Então tá. - Continuei enquanto me sentava. Se eles iriam fingir que eu não estava aqui. Eu iria fazer questão de não sair do lado de ambos. Quem sabe eu não descobriria algo sobre Patch? Sentei com as pernas esticadas a minha frente e, o corpo apoiado em minhas mãos que estavam atrás do mesmo.
- Continuar na vida desta garota. Você tinha de ter matado ela quando pôde, perdeu sua chance e, seu corpo humano. - Disse Rixon com uma voz levemente alterada e, os olhos negros indo de encontro aos olhos escuros de Patch.
- Não precisa esfregar na minha cara Rixon. Eu sei o que fiz e, o que deixei de fazer. Eu me apaixonei por ela. - Disse Patch e, Rixon soltou uma grande gargalhada. - E agora a Deusa me submeteu a protegê-la e, assim farei. Eu recebi os pontos cara, os pontos das trevas e, ninguém pode saber disto. - Disse Patch, meus olhos arregalaram-se. Patch? Pontos das trevas? Mas, qual? Tipo um ou dois? A própria Laurel disse que isto raramente acontecia na Morada.
- Você não precisa dos pontos. Já é um anjo caído, já que recusou o sacrifício de Nora e, também recusou voltar a ser arcanjo. - Disse Rixon ainda com os olhos rudes. Meu sacrifício? Anjo caído?
- O que me adiantaria ter um corpo, se eu não a teria? Chauncey morreu e, está decretado. Não serei humano por este lado. Mas, a deusa me beneficiou... eu posso senti-la Rixon, eu sinto o toque dela. Mas, só o dela e, o de mais ninguém. O que me ajuda muito. - Disse Patch com um sorriso maroto transbordando de seus lábios. Me sentir? Como assim, me sentir? Todo mundo sente todo mundo. E... Patch um anjo caído? Meus olhos arregalaram-se com as informações. Patch era um banido dos céus. Uma besta perambulando pela terra.
- E sente-se feliz com isto? Não é a mesma coisa Patch! Ainda somos bestas ambulantes... Como sempre fomos. - Disse Rixon baixando a cabeça. - Dabria está atrás dela. - Continuou ele repentinamente e, vi o espanto nos olhos de Patch.
- Então é ela que anda assustando Nora. - Disse Patch com os pensamentos a solto. - Eu sabia que tinha um anjo ou nefilim por trás disto. - Disse Patch.
- Se você preferir eu posso ficar fazendo ronda pela Morada e, se avista-la te aviso de algum modo. - Disse Rixon pensativo.
- Eu agradeço amigo e, topo sua idéia. Temos que ficar de olho nela. - Disse Patch.
- Ela foi banida e, agora é um anjo caído também... Não mais um anjo da morte Patch. - Disse Rixon.
- Eu sei Rixon, eu sei. - Disse Patch fitando o nada. – Se ela ainda fosse dos céus, seria impossível fazer o que faz com ela. Eu vou protegê-la.
Assim que Patch disse aquelas palavras uma névoa negra encobriu minha visão, o chão começou a faltar sob minhas mãos e meu corpo ali sentado. Eu comecei a procurar por vestígio de Patch e, seu amigo Rixon, mas, não vi nada. Só escuridão e, o que havia sido tirado de meu estômago antes de chegar aqui estava sendo devolvido. Desacordei com as palavras "Anjo Caído" sussurrando em minha mente.
 
 Quando voltei a sentir meu corpo novamente; duas mãos embalavam meus ombros e chacoalhavam-me com força, como para tirar-me de meus devaneios. Abri os olhos lentamente e, logo vi outro lugar distinto em meu torno. Era uma sala. Havia uma estante baixa com TV LCD. Sofá negro em frente, tapete negro e cortinas negras o que deixava o lugar ainda mais escuro. Havia portas ladeando um corredor ao longe e, Patch berrava:
- O que você viu? - Eu não respondi e, voltei meus olhos aos seus. Meus pensamentos começaram a ficar confusos. 
- Onde estamos? - Perguntei por fim. Minha voz deu uma leve falhada e, as lágrimas ameaçaram brotar de meus olhos. Tirei suas mãos de meus ombros e, saí de perto de Patch, mas, - insistente como sempre - ele veio atrás de mim.
- Saia de perto de mim. - Berrei em sua direção.
- Diga o que viu anjo. - Disse ele calmo com os braços pendendo ao lado de seu corpo.
- Eu... Eu... Eu vi você conversando com um tal de Rixon. - Confessei encostando minhas costas em uma parede próxima enquanto ele ficava parcialmente próximo ao meu corpo fazendo o calor reinar entre nós.
- E, o que dizíamos na conversa? - Perguntou ele com a sobrancelha levemente arqueada olhando-me atentamente.
- Você é um anjo caído e, por isso ele disse que você não precisa dos pontos. Então porque está aqui Patch? Se não precisa dos pontos também não precisa estar aqui. - Disse tentando transparecer calma.
O olhar de Patch baixou e, ele passou os dedos pelo cabelo de um modo nervoso. Eu nunca havia o visto assim. Patch era sempre tão seguro de si.
- Sei que quer fazer perguntas, vejo isso em seus olhos... Então pergunte - Disse ele aproximando-se mais de mim. Minha respiração ficou acelerada juntamente com os compassos de meu coração. Ele colocou uma de suas mãos apoiada na parede atrás de mim o que deixava nossos corpos muito próximos. Eu conseguia ouvir sua respiração leve enquanto o suave ar vindo de seus pulmões batia contra minha testa. Levantei meu rosto e olhei em direção aos olhos negros irresistíveis. Patch encarava meu olhar e, eu rangi os dentes com os lábios fechados.
- Você queria me matar. - Disse com raiva. Seu olhar arregalou-se por apenas um segundo e, ele abriu a boca tentando explicar-se, mas, fui mais rápida. - Então é para isto tem essa faca no seu carro? Para me matar? Então porque não mata logo Patch? - Berrei em seu rosto.
- Porque me apaixonei por você anjo... Me envolvi muito em sua vida e, acabei me perdendo em tudo seu. Antes eu sentia raiva quando você sorria, eu sentia raiva porque você era humana e, tinha as sensações físicas todos os dias. Você era uma descendente de meu vassalo nefilim...
- O que é isso? - Perguntei sem deixá-lo terminar. Ele está apaixonado por mim, ok, depois falaríamos disso.
- Nefilim? - Perguntou ele. Acenei positivamente com a cabeça. - É um ser desprezível que nasce da relação de um anjo caído com humanos. - Disse ele com nojo nas palavras. - Obtêm dos mesmos poderes, mas, diferente de nós ele sente o toque, a dor ou a agonia.
- E quem é Chauncey? - Perguntei sem deixar tempo para olhar em seus olhos e, perder-me naquela escuridão que me impregnava.
- Meu vassalo nefilim. Eu possuía seu corpo por duas semanas durante o Cheshvan para ter as sensações físicas. Um descendente seu. Tá vendo a marca no seu pulso? - Perguntou ele, pegando meu pulso direito e, mostrando a marca tão esquisita em forma de pena levemente apaga em meu pulso. - Foi por aí que descobri e, iria matá-la, só não consegui. Eu perdi todas as minhas oportunidades. Eu te observava quando ia para a escola ou quando chegava em casa e passava um enorme tempo trancada em seu fusca. – Sorri ao pensar em Patch parado a distância observando-me. - Ou em todas as noites que ia dormir chorando. Eu te seguia e, sempre que você olhava para trás jogava imagens em sua cabeça para que acreditasse que não havia ninguém ali. - Disse ele.
- E como Chauncey morreu? - Perguntei. Aquela história toda era uma loucura. Se Chauncey só morresse se eu morresse então porque eu estava viva?
- Quando você recebeu os pontos sua alma antiga esvaneceu e, foi substituída pela alma de qualificadora... Assim, seu sacrifício matou Chauncey e, eu recusei meu corpo humano.
- Então você quer possuir meu corpo? - Tentei adivinhar em meio à conversa.
- Quero fazer muitas coisas com seu corpo, mas, isto não. - Disse ele com sua voz sexy normalizada.
 Minhas bochechas queimaram com a pronúncia daquelas palavras. Ele queria me matar, mas, se apaixonou por mim.
- E o que faz aqui, se já é anjo caído e, não precisa dos pontos? - Perguntei, desviando-me de seu jeito sedutor. Ele já estava roçando-se em mim e, mesmo com o pano de nossas roupas, eu sentia o calor de seu corpo contra o meu arrepiando-me por inteira.
- A Deusa me mandou para te proteger. - Ele disse tentando acabar com a conversa.
- Da tal de Dabria? - Perguntei ainda olhando em seus olhos.
- Ela não disse do que, apenas me deu os pontos para te proteger de algum mal da Morada. - Disse ele. - E, sim, é esta Dabria que vem te assustando com a mascara de esquiador e, com os bilhetinhos. - Disse ele respondendo minha pergunta mental.
- Porque ela está fazendo isso? - Eu perguntei, nem sabia da existência de anjos, quanto mais desta Dabria.
- Ela é minha ex-namorada e, queria que eu retornasse ao céu, mas, como recusei voltar a ser arcanjo porque estou apaixonado por você ela ficou muito brava. - Disse ele, com um sorriso maligno nos lábios. - Por isso ela quer te matar, por pura vingança. Ela acha que quando você morrer, eu vou retornar ao céu. Por isso ela caiu, este seu desejo foi demais para os arcanjos e, os anjos vingadores arrancaram suas asas. Mas, eu não vou retornar ao céu porque eu não vou deixar você morrer anjo. - Disse ele em tom de melancolia olhando profundamente em meus olhos. Eu correspondi ao seu olhar, agora eu tinha certeza: eu o amava. Amava o jeito dele, o sorriso, os olhos, a preocupação que sentia para comigo. E, ele podia ter certeza que o sentimento era recíproco eu o queria bem e, nunca mal. Não queria ver ele triste em nenhum dia de nossa existência e, agora mais do que nunca eu queria os seus lábios. Ele quis me matar, não queria mais, isso era óbvio. Ele me amava e, eu o amava. Ele estava ali para me proteger e, eu queria sua proteção. Como que lendo meus pensamentos ele colou sua testa à minha e, sua boca ficou próxima a minha, sentia seu cheiro de menta inconfundível. As batidas de meu coração quase tapavam meus ouvidos e, eu não resisti mais, coloquei meus dedos na bainha de sua calça e, Patch transferiu a mão da parede para meus cabelos acariciando-os com delicadeza. Nossas respirações estavam aceleradas.
- E... onde estamos? - Perguntei por fim enquanto continuávamos nos encarando naquela posição.
- No subterrâneo do Salão de jogos Delphic. – Disse Patch quase roçando seus lábios nos meus e, passando seus dedos firmes pelos fios do meu cabelo.
- Como o da minha cidade? - Perguntei abismada.
- Sim, este subterrâneo se liga com o subterrâneo do Parque de Diversões Delphic e, é um esconderijo de anjos caídos. Nenhum humano, arcanjo, nefilim ou qualificador sente nossa presença, só nós mesmos.
- Então este é seu esconderijo? – Perguntei enquanto sorria timidamente.
- Sim, meu e de outros, mas, suas "casas" ficam bem longe daqui. - Respondeu-me ele.
- Hm. Entendi. - Disse. - E porque caiu Patch? - Perguntei.
- Por desejar as mulheres da Terra, desci uma vez sem permissão e, quando subi os anjos vingadores arrancaram minhas asas e, jogaram-me de lá. - Ele disse, com o olhar perdido em lembranças.
- E você chegou aqui, sem asas? - Perguntei.
- Cheguei sem as asas, somente com a pena calcanhar de Aquiles e, completamente nu. - Respondeu-me ele. Arqueando levemente as sobrancelhas. A imagem de Patch nu passou por meus pensamentos e, um leve arrepio fez meu corpo vibrar lentamente o que provocou um sorriso malicioso em Patch.
- Ok, respostas dadas. Podemos voltar. - Disse tentando soar certa e, conveniente.
- Não anjo. Prefiro ficar aqui. Laurel pode sentir diferença em você pelas informações. - Disse ele em um tom solenemente sereno.
- Dormir aqui? - Perguntei.
- Provavelmente. - Respondeu ele. - É só até a noite cair, entende? Para Laurel não notar - Continuou ele. Acenei positivamente com a cabeça. - Está com fome? - Perguntou ele. - Tem pudim de chocolate embalado na geladeira, comprei para quando você viesse aqui. Venha. - Disse ele por fim entrelaçando nossos dedos o que provocou segurança em mim, tirando o medo que me tomava por completo. Seus dedos eram firmes e, silenciosamente diziam-me que nada me aconteceria. Ele me levou à cozinha que ficava na porta à esquerda do corredor. Eu sentia-me segura com o toque de seus dedos nos meus e, quando ele abriu a geladeira que estava em uma cozinha com armários negros, talheres negros e, um balcão no centro com mármore negro e, fechou a porta da mesma com uma tigela e, com pudim de chocolate dentro eu tive a absoluta certeza de que nós tínhamos uma enorme conexão, daquelas que todo casal sonha em ter, e nós - que ainda nem tínhamos nos beijado - que nos conhecíamos há três dias - pelo menos eu - já tínhamos. E eu simplesmente me confortava com aquilo. Junto com seu sorriso e, com seu par de olhos negros que me deixava confortável mesmo se o Mundo lá fora estivesse se acabando.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curtiram? Mandem comentários dizendo o que está bom e, o que pode ser melhorado. A fic está chegando ao fim e, já estou montando o prólogo da próxima temporada! hahaha