Edward, O Demônio De Devonshire. escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 3
O Demônio de Devonshire


Notas iniciais do capítulo

Oie meninas :)
Postando hoje pra comemorar o dia do escritor ^^
OBRIGADA POR TODOS OS REVIEWS :D
to muito feliz que eu tenho leitoras novas, sejam bem vindas :)
estamos já na reta final da fic, só mais dois capitulos e ai o final :/
gasparzinhas, por favor sejam camaradas e deem "oi" ^^
sem mais delongas, vamos ao capitulo.
boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/245643/chapter/3

Exeter, 11 de fevereiro de 2007

 

Isabella não dormira a noite inteira. Havia pensado no estranho homem como nunca naquela noite. O que ela não conseguia deixar de pensar era no “e se”. E se ela tivesse o deixado entrar? E se ela tivesse o deixado contar a história? E se ela o tivesse escutado? E se... e se? Tantas possibilidades, e em nenhuma delas Isabella via um final bom para ela. Uma sensação, uma sensação ruim se apoderou dela quando escutou a proposta daquele homem. Algo lhe dizia para correr, para sair dali. Em contrapartida ela sabia que ele não lhe faria nenhum mal, mas o seu instinto falou para ela se afastar e ela resolveu escutá-lo.

A luz do sol entrou pela janela de seu quarto e a jovem bufou. Já era manhã de sábado e ela não havia pregado o olho a noite inteira. Resolveu levantar então, comer algo e quem sabe ver um pouco de TV com seu pai. Foi para a cozinha e assim que chegou viu um bilhete pregado na geladeira:

 

Querida, surgiu uma emergência no trabalho.

Sinto muito ter que deixa-la mais uma vez, mas é preciso.

Prometo voltar antes do anoitecer.

C.Swan

Isabella deu de ombros e suspirou. Ela não se importava na verdade, ela sabia que imprevistos faziam parte do trabalho de seu pai. Jogou o bilhete no lixo e decidiu fazer um misto quente para o seu café da manhã. Separou os ingredientes e ficou observando a rua enquanto colocava tudo em cima da mesa. Estranhamente o homem não estava observando a sua casa esta manhã. Teria desistido? Com sorte sim. Havia começado a comer quando notou alguns barulhos estranhos na casa. Colocou o misto no prato e parou para escutar. Eram passos, passos pesados, e vinham do andar de cima.

Mas quem poderia ser? Ela estava sozinha em casa, tinha certeza. Começou a sentir medo. Alguém teria invadido a casa? Estavam tentando roubá-la? Foi até o porão e tirou de lá um taco de basebol. Subiu lentamente as escadas até chegar ao segundo andar. Ficou um tempo parada na beirada da escada tentando escutar novamente os barulhos. Não demorou muito e os passos começaram novamente, pelo ranger da madeira notou que vinham de seu quarto. Segurou forte o bastão, suava de nervoso e medo. Reuniu toda a coragem que tinha e entrou em seu quarto.

Não havia nada e nem ninguém ali. Olhou em baixo da cama e em seu guarda-roupa e, como esperava, não havia nada de suspeito. Suspirou aliviada e enxugou o suor da testa. Quanta burrice! Por que não chamou a policia? Ou melhor, porque não ligou para seu pai? Agora entendia porque as pessoas em filmes de terror faziam a besteira de caminharem em direção a seus assassinos. Eram impulsionados pela adrenalina.

Mas o barulho... ela tinha certeza que o tinha ouvido. Será que foi sua imaginação? Sentiu uma rajada de vento e olhou para janela que estava aberta. Ela não tinha deixado fechada? Foi até lá para fechá-la e encontrou no parapeito a marca de um casco fendido feito por fogo. O que diabos era aquilo? Diabos... droga, estava pensando besteira novamente. Fechou a janela com força e se virou dando de cara com o estranho homem de cabelos acobreados a encarando de perto.

Levantou o bastão com o susto, mas nada conseguiu fazer. Ele lhe prendia com olhar, parecia ter o controle de seu corpo. Aproximou-se mais um pouco, a distância entre eles estava bem curta agora, podiam sentir a respiração um do outro. O homem colocou a boca perto do ouvido de Isabella e ela fechou os olhos com medo do pior.

— Acho que está na hora de termos uma conversa. – ele sussurrou em seu ouvido e tomou o bastão das mãos trêmulas da jovem, jogando-o longe logo em seguida.

Sentindo que ela iria desfalecer a qualquer momento, ele a pegou no colo e colocou-a sentada na cama. Afastou-se um pouco e pegou a cadeira da mesinha do computador. Posicionou a cadeira para que ficasse de frente para a jovem e se sentou. Isabella então reparou que ele não estava com o casaco de costume, estava apenas com uma camisa preta. Ele também estava descalço e seus pés estavam sujos de terra.

— Está descalço... – Isabella murmurou o fato que a deixou curiosa.

— Gosto de vagar descalço, é mais divertido. – o homem falou com o seu costumeiro sorriso malicioso.

— O que faz aqui? – ela conseguiu sussurrar – Vai me matar? – falou sentindo os olhos encherem de lágrimas.

— Oh, não minha querida não. Como poderia? Você é importante de mais para ser morta.

— Importante? – a jovem repetiu confusa.

— Como eu disse, está na hora de termos uma conversa. – ele falou encarando-a com seus gélidos olhos azuis.

— Acho que tem razão. – Isabella assentiu, sentindo repentinamente certo conforto com a presença do estranho homem. Ela sentiu medo desse sentimento. – Você nunca me disse seu nome.

— Você nunca perguntou. – o homem riu e Isabella tremeu ao sentir a malícia naquela risada.

— Qual o seu nome? – ela insistiu.

— Depende da região, depende da época, depende da minha forma. Mas aqui eu acho que meu nome continua o mesmo de anos atrás. Pode me chamar de Edward.

— Edward?

— Sim, é um nome que às vezes eu uso.

— Você tem várias identidades? Já morou em vários lugares?

— Sim, mas não do jeito que você pensa.

— De que forma eu penso? – Isabella perguntou confusa.

— Não tenho vários passaportes, cada um com um nome e de um lugar. Entende o que quero dizer?

— Acho que sim. – ela falou incerta. – O que você quis dizer com “depende da minha forma”?

— Nesse plano, na Terra como vocês chamam, eu tenho duas formas: essa e uma outra forma escamosa nada agradável. No plano superior eu já assumo uma forma mais luminosa, digamos assim, e na inferior... bom, você não quer saber. – Edward falou dando o sorriso malicioso já tão conhecido por Isabella.

— Você é um E.T. ou algo do tipo? – Isabella perguntou divertida, começando achar que aquele tal Edward não passava de um louco.

— Eu não esperava que uma cética como você acreditasse em E.T.s – ele falou rindo e Isabella se sentiu incomodada.

— Então, se não é um E.T., o que é você?

— Minha história é um pouco longa, portanto irei contar só o necessário. É bom você ficar bem atenta, pois você está nela.

— Eu estou? – perguntou surpresa.

— Sim está. Sabe sobre a queda de Lúcifer?

— O demônio?

— Sim.

— Um pouco.

— Pois então... Após a queda de Lúcifer, alguns anjos que o apoiaram caíram junto com ele. Eu estava entre eles, não achava certo toda aquela adoração de Deus sobre seres tão imperfeitos. A queda foi bastante dolorosa, e durante milênios não pudemos mais ver ou falar com Deus. Liderados por Lúcifer, o mais poderoso de nós, construímos nosso próprio mundo. Mas ele não era tão decadente naquela época como vocês humanos acreditam. E então Deus nos chamou novamente. Fomos até o seu reino e ele nos deu algumas funções. Teríamos que vagar pela Terra, ofereceríamos todas as tentações para os humanos. Aqueles que resistissem teriam sua fé fortalecida e a entrada para o céu garantida, aqueles que sucumbissem seriam arrastados para o nosso “lar doce lar”. E foi ai que o inferno que você tanto ouve falar foi criado. Criamos várias formas também, cada uma adequada para cada ambiente. Mas a forma original seria utilizada somente no Céu, Deus não gosta de ficar olhando para nossas formas horrendas e imperfeitas. – Edward falou rindo e depois voltou a encarar uma Isabella assustada e confusa antes de continuar – Por séculos eu fui um ótimo demônio. Atormentava os humanos como ninguém, e como eu adorava desafiar os padres e mostrar para eles que seus exorcismos eram inúteis. Até que um dia eu conheci uma humana...e tudo mudou.

 

 

Exeter, 15 de março de 1853

 

O demônio vagava distraidamente pela cidade. Onde ele passava as pessoas paravam para observá-lo. Ele era o homem mais bonito que qualquer um já vira, mas ninguém ousava chegar perto, todos o temiam e nem mesmo sabiam o porquê. Ele estava ali apenas para passear, não pretendia deixar ninguém louco naquela noite.

Passou em frente a uma taverna e parou ali. Ainda nem anoitecera e a taverna já estava cheia, havia vários homens já bêbados e algumas prostitutas aproveitavam para roubá-los. Lugar perfeito para fazer uma parada. Entrou na taverna e se acomodou em um canto afastado, onde ele podia observar de longe os humanos inúteis cometendo todos os tipos de pecados. O cheiro de homicídio estava no ar, alguém ali iria morrer esta noite. O demônio riu quando constatou isso. Ele bem ficaria feliz em arrastar a alma do infeliz para o fogo, mas hoje não, hoje ele só observaria.

Sentiu o cheiro de luxuria perto de si. Olhou para o lado e viu uma prostituta loira se aproximando. Ela vibrava por ele e ele adorava isso, adorava o cheiro e o sabor da luxuria. Ela se aproximou e sentou em seu colo, deliciado ele passou a mão sobre os seios da mulher que estavam envoltos por um velho corpete.

— Você é tão bonito que eu foderia de graça com você. – a mulher falou e ele sentiu o cheiro de álcool que vinha de sua boca. – Olhos de gelo, que interessante. – a loira falou e riu abobadamente.

Embriagada... assim seria mais divertido. A puxou pelo pulso com força até os fundos, sabia que ali havia quartos. Não pretendia fazer nada essa noite, mas a prostituta mudara seus planos. A morte brutal e erótica de prostitutas eram suas preferidas. A arrastou em meio aos homens bêbados e ignorou suas reclamações de que estava machucando seu pulso. Parou antes de entrar em um dos quartos, alguém próximo dali gritava.

Inspirou fundo e sentiu o cheiro de estupro... uma jovem estava quase sendo estuprada. Ele não podia perder isso. Entrou no quarto eufórico com o que estava para ver e acabou se esquecendo de ficar invisível. O homem bêbado e barrigudo o viu ao entrar no quarto, temendo ser afastado de sua virgem ele proferiu um soco no demônio. Ele não ficou ferido, nem mesmo sentiu dor, mas achou a situação bastante divertida.

— Ajudem, ajudem. – a jovem que estava para ser estuprada aproveitou a oportunidade para tentar sair dali.

Não conseguiu, a porta estava trancada, mas o homem embriagado sabia que o dono do lugar o mataria se o visse com sua filha. Ele tinha que ir embora, então fugiu pela janela. A moça suspirou aliviada e olhou para o seu suposto salvador com adoração.

— O senhor está bem? Precisa e alguma coisa? Ele não o machucou? – o demônio a olhou surpreso, havia bastante sinceridade e inocência naquela menina, algo que ele não via nem em freiras.

Era a primeira vez em milênios que alguém se preocupava com ele, e isso o irritou. Quem ela pensava que era para se preocupar com ele? Sem falar nada, ele se virou e arrombou a porta para que ela pudesse sair. Por que ele estava sendo bom para ela? Deveria deixar ela ficar trancada aqui sozinha no escuro.

Olhou para a moça de olhos chocolates, ela estava assustada com o seu ato brusco, mas ainda sim o admirava.

— Você me salvou, obrigada. – ela disse com aquela voz doce que o encantava e ao mesmo tempo irritava.

Encarou a moça com raiva, mas a raiva logo se desfez. Havia algo celestial naqueles olhos castanhos, ele não sabia dizer o que é. Sentiu tontura, e também vertigem. Algo até então desconhecido por ele, sabia o que era de tanto ver e ouvir falar. Olhou para os lábios rosados da moça e sabia que dali só poderia sair a verdade e a doçura. Quem era ela?

E então ele sumiu, diante de seus olhos. Viajou vários km em poucos minutos. Aquela jovem que o confundia não sabia, mas ela tinha salvado algumas vidas aquela noite apenas por mostrar a verdadeira bondade a ele.

 

Exeter, 8 de fevereiro de 1854

 

E então era isso, os demônios podiam amar. Quem diria! Ele podia apostar que não passava de uma pegadinha de Deus. Pegadinha ou não, ele estava amando. Há quase um ano se passava por humano na região, trabalhava como advogado para manter as aparências, se casou e sua mulher estava esperando um filho. O seu filho. Quem diria! Um filho! E ele que pensava que esse era um direito apenas dos anjos.

Mas o tempo agora não era de alegria. Ele bem que tentou, e conseguiu por um bom tempo manter a sua família escondida dos outros demônios e anjos prontos para estragar tudo o que ele construiu. Uns estragariam por inveja, outros por medo do que podia surgir com essa união. Infelizmente ele sentiu que se aproximavam, e logo alguns seres inconvenientes estariam na sua porta. Então estavam indo embora, para os vizinhos estavam de mudança. Tinham que manter as aparências, afinal ele ainda pretendia manter uma vida normal quando saíssem dali e ele bem sabia que os boatos naquela época vagavam por kms.

Ele ainda continuava mal, não tinha como mudar isso. Ele ainda matava e atormentava algumas pobres almas. Adorava arrastar os infelizes para lama ou para o fogo que tomava conta do inferno. Mas sua mulher não sabia que ele ainda fazia isso, para ela era algum outro demônio que atormentava a cidade quando passava por ali. Tão inocente, sua doce Mary Swan. Pela primeira vez na vida ele não estava sendo egoísta, havia mais alguém em que pensar além dele agora. Na verdade duas pessoas, sua doce Mary e seu filho de cabelos castanhos e olhos azuis. Sim, ele sabia como seria seu filho, assim como sabia que seria menino.

— Amor, por onde esteve? – Mary disse se aproximando e depositando um leve beijo nos lábios do marido.

— Tentando arranjar uma carruagem para nós. – ele disse enquanto tirava o casaco.

— Conseguiu? – sua mulher perguntou alisando a enorme barriga de sete meses.

— Não, estão todas ocupadas. Aparentemente está tendo uma festa na mansão Black.

— Estranho, não fomos convidados.

— Disseram que é porque sabem que estamos ocupados com a mudança, mas na verdade fizeram por maldade. A irmã do jovem Lorde Black sente inveja de você, da sua beleza e da família que você tem. Foi uma forma dela te excluir das pessoas “boas” da cidade. – o demônio falou já imaginando a melhor forma de torturar a alma da moça que desejou mal para sua mulher.

— Tudo bem, eu não me importo. – ela disse dando de ombros e sorrindo. – Talvez ela seja só infeliz, não fez por mal.

— Você é boa de mais para o seu próprio bem. – e demônio disse rindo.

— O sou o seu equilíbrio. – ela falou o beijando levemente.

— Urgh, se não tivéssemos que manter as aparências eu podia nos levar daqui em poucos segundos. – ele resmungou.

— Mas nós temos. – Mary suspirou.

— Eu sei. O neném chutou. – ele disse poucos segundos antes de seu filho chutar levemente a barriga da mãe.

— Ooh, sim. Mal posso esperar para vê-lo.

— Ele vai se parecer com você, felizmente. Mas vai ter meu temperamento. – o demônio riu.

— Eu dou conta do recado. – ela disse divertida.

— Vá descansar, já está escurecendo. Eu vou ver se ainda consigo uma carruagem e logo estarei de volta.

— Mas você acabou de chegar...

— Prometo não demorar meu anjo. – ele depositou um leve beijo em Mary e logo depois saiu levando consigo seu casaco.

Vagou por um bom tempo procurando uma carruagem que pudessem leva-los para outro condado, mas “incrivelmente” todos já estavam contratados para a noite. Quase todos os móveis já estavam na nova casa, faltava somente ele e sua esposa e alguns pertences pessoais para terminarem a mudança, mas graças a jovem senhorita Black isso não seria possível por enquanto.

Pois bem, ele lhe faria uma visita. E seria essa noite.

 

 

Exeter, madrugada do dia 9 de fevereiro de 1854

A nevasca chegou à cidade bem intensa. O demônio ainda se deleitava em ver o corpo da jovem senhorita Elena Black se contorcendo no chão coberto pelas moscas. Ela seria um banquete e tanto no inferno para os demônios subalternos. Resolveu acabar com o sofrimento da moça, quebrando logo o seu pescoço. Lambeu os dedos se deliciando com o gosto da morte que ficou em suas mãos. Tinha que voltar para casa logo, já estava tarde e sua mulher estava sozinha em casa. Mas então algo lhe chamou a atenção, havia uma vibração no ar.

As luzes da cidade piscaram e algumas velas nas casas se apagaram. Algo vinha pelo ar, vinha em alta velocidade e era forte, muito forte. Anjos, era isso. E não eram simples anjos, eram arcanjos e estavam em uma missão. Sentiu a vibração mais próxima e em instantes ele sabia do que eles estavam atrás. Seu filho, sua mulher...eles não estavam mais à salvo.

Em poucos segundos ele se materializou em sua casa. A porta estava arrombada, as janelas abertas e havia manchas de sangue e marcas de unhas no chão de madeira da casa. Mesmo temendo o pior, cheirou o ar. Seus olhos na mesma hora brilharam vermelhos e as lágrimas de sangue mancharam o rosto pálido. O sangue era de Mary, e havia cheiro de placenta no ar. Estavam mortos, ele sabia. Mas Mary havia lhe ensinado a ter esperança, e era isso que lhe movia agora. Iria atrás deles, quem sabe eles ainda estavam vivos...quem sabe ele conseguiria resgatá-los.

A fúria tomou conta de seu corpo. As roupas rasgaram, seu tamanho dobrou, seus pés se tornaram cascos, orelhas e dentes pontiagudos cresceram, seu cabelo se tornou vermelho e ondulado, a pele ficou escamosa e grandes asas surgiram em suas costas. Partiu voando dali, procurou em vários cantos do condado, assumiu vários tamanhos para se adequar a cada região. Procurou no céu, no chão e o máximo que encontrava eram manchas de sangue. Estava cego pela fúria, chegou até mesmo ser descuidado deixando algumas pegadas na neve e outras marcas incandescentes nas igrejas, mostrando assim a sua revolta com Deus e toda a sua corja.

Decidiu então tentar entrar no reino de Deus à força, tiraria satisfação, questionaria o seu amor pelos humanos e sua piedade. Não conseguiu, foi bloqueado pelos arcanjos que riram dele e o humilharam. Foi atirado pela segunda vez na Terra. Caiu no meio de uma floresta no Brasil, e lá ficou por vários meses, chorando e lamentando a perda de seu filho e da única pessoa que lhe ensinara o que é amar.

 



Isabella encarava Edward boquiaberta. De onde tinha saído aquela história absurda? Por que ele estava lhe contando isso?

— Você é louco. – conseguiu murmurar.

— Não acredita em nada do que eu disse?

— Por que acreditaria? – Edward riu, pois esperava por essa resposta.

Isabella não viu quando ele se movimentou, mas de repente o nariz de Edward estava tocando o seu. Ele lhe encarava e sorria de uma forma que era puro mal, seus olhos ficaram vermelhos e a pele começou a ficar escamosa.

— Você era mais crente no sobrenatural...Mary Swan. – ele rugiu baixinho em seu ouvido e a garota gritou com medo.

Afastou-se o mais depressa possível do rapaz, a tempo de vê-lo se transformando em uma criatura horrenda. Ficou encolhida em um canto de seu quarto, enquanto o ser a sua frente apenas lhe observava e sorria. Sons estranhos e sombrios invadiram o quarto. Eram sons do inferno. A criatura se aproximou da jovem e passou a cheirar o ar à sua volta, enquanto ria e falava frases em aramaico.

— Pare, por favor pare. – ela dizia em meio às lágrimas e soluços. – Eu acredito, por favor pare. – a criatura sorriu e aos poucos foi voltando ao belo homem de cabelos acobreados.

— Vou lhe dar um tempo para digerir tudo. Eu volto mais tarde, você vai ver que seu lugar é ao meu lado. – dito isso ele desapareceu deixando uma Isabella apavorada para trás.

Por um bom tempo Isabella ficou sentada no chão do seu quarto, chorando e quase beirando à histeria algumas vezes. Era tudo real, os monstros realmente existiam. Ela precisava de ajuda, precisava falar com alguém. Suas amigas? Não, elas a chamariam de louca. Seu pai? Não acreditaria e ficaria muito preocupado. Sua mãe? Provavelmente lhe internaria no hospital psiquiátrico de seu padrasto. E então ela se lembrou de algo, uma anotação em um copo de isopor da cafeteria.

Correu escada abaixo, revirou o lixo e suspirou de alivio quando viu que o copo ainda estava ali. “Se souber de algo estranho, me procure” o rapaz moreno lhe disse. O quão sério ele estava falando? O quão estranho a situação tinha que ser para ela lhe procurar? Não importava, ela precisava de ajuda, e no momento ele parecia a única opção possível.

 

 




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai reviews? indicações? :)
lembrem-se que no primeiro capitulo Edward falou que o dia 9 de fevereiro era a melhor data do ano. por que será? tem alguma coisa que ele não contou.
beijos flores :*