— Me solta! — Gritei a pleno pulmões quando James pegou meus braços e me chocou contra uma parede. Arfei buscando ar já que a batida me roubara todo o que eu tinha armazenado dentro de mim.

— Josh me disse que seu nome é Isabella. É um nome muito bonito, sabia? — Ele sorriu malicioso e um pouco descontrolado. — Josh me disse que se eu quisesse fazer coisas com você, eu podia. Isso não é ótimo? Isso não é ótimo, Isa? Não veja a parte ruim… a parte em que você não vai gostar.

— Me solta! — Libertei uma de minhas mãos e tentei empurrar seu queixo para longe de mim.

Ele era mais forte. Mil vezes mais forte que eu. Aliás, quem não era mais forte que eu? Acho que até uma criança ganharia no quesito de força, eu sempre fui molenga demais para algo que envolvesse lutar. Eu sempre fui calma e achava que sendo assim ninguém iria querer brigar comigo. Claro que pela minha cabeça não se passava ser sequestrada.  

—Morenas me excitam, você sabia disso, Isa? — Perguntou ele, inspirando o cheiro de meu pescoço.

Estremeci de nojo, tentando o empurrar. Ele não me soltou, ao contrário, apenas deu um soco em meu estômago, raivoso por minha aversão a ele. Logo em seguida, James estava batendo em meu maxilar, murros fortes que doíam mais que o normal, murros que faziam meu pescoço doer juntamente. Ele parecia gostar de minha dor, James era doentio.

— Ah não, bebê, não desmaia. — Murmurou quando fechei meus olhos, sem aguentar mais nada. — Você ainda tem muito que fazer hoje.

Eu podia sentir o gosto de sangue em minha boca, podia sentir o sangue escorrendo por minha bochecha, vindo de minha cabeça que havia sido anteriormente batida com força na parede. Eu podia sentir os meus braços doloridos, assim como meu ombro e meu estomago e tudo que eu perguntava era o porquê de Edward ter ido embora.

Ele era melhor que James, apesar de tudo.

E então quando ele começou a me bater de novo, excitado pela ideia que eu estava sentindo dor, parei de gritar, não tendo forças o bastante para fazê-lo. Respirar também doía, doía tanto que eu estava quase escolhendo não respirar para poupar-me da dor. Eu não suportava mais sentir dor e esperava que em um dos golpes de James contra mim, eu morresse.

Sabe… morrer nunca me pareceu tão bom quanto estava parecendo naquele momento. Observei com temor James tirar seu cinto, para em seguida bater em mim com ele, em minhas pernas, em minhas costas e em meus braços. Ele era doente, presumi por fim enquanto sentia minha mente ficar embaçada.

Ele me acordou com uma batida brutal em meu rosto, sorrindo ao dizer que eu continuava tendo muito a fazer. Ele desabotoou sua calça e deixou-a em seus joelhos no mesmo momento que a porta da casa se abriu com tanta força que bateu na parede, mostrando um Edward raivoso.

James me soltou, fazendo-me cair no chão sem força alguma.

— O que você estava fazendo com a garota? — Edward indagou e não esperou resposta alguma, dando um murro no rosto assustado de James.

Depois foram chutes, murros e eu não aguentei ver mais nada daquilo, recolhendo-me em posição fetal, agarrando minhas pernas e encostando meu rosto nas mesmas. Tampei também meus ouvidos para não escutar os gritos de James. Ele foi embora cheio de sangue depois de algum momento, e logo em seguida senti os braços de Edward ao meu redor.

— Desculpe-me, Bella, desculpe-me. — Sussurrou ele. — Eu não deveria ter ido embora… desculpe-me.

Solucei, começando a chorar feito um bebê desesperado. Os braços de Edward tocavam em alguns de meus vários machucados e aquilo doía, doía pra caramba e era por aquilo também que eu chorava. Ele tentava me acalmar, tentava murmurar que estava tudo bem agora que ele já tinha chegado, mas ainda doía. Se estivesse tudo bem, eu não estaria sentindo dor e Edward não teria me deixado com James.

Eu estava tremendo quando ele me colocou em cima de um balcão que tinha em seu banheiro, pegando um pano branco e molhando-o com água. Seus dedos levantaram delicadamente meu rosto baixo e ele limpou sem se deter com meus gemidos de dor os machucados que se distribuíam por minha boca e minha bochecha.

Não olhei em seus olhos, deixando-os baixos sem me acanhar com seu constante olhar em cima de meu rosto. Ele limpou os meus braços cobertos de sangue, e depois, como o pano já estava sujo demais, pegou outro pano, tirando minha blusa para limpar minhas costas e minha barriga.

Eu estava estatelada no lugar, completamente dolorida e não tendo nenhuma reação dentro de mim que não fosse voltada a chorar ou tentar controlar os soluços horríveis que saiam de meus lábios. Eu só… não queria tornar as coisas mais difíceis para o lado de Edward, eu sabia que não era nada fácil ser paciente com alguém que chorava toda hora.

Eu olhava para baixo, com uma vergonha imensa de estar tão dependente. Será que nem me limpar eu conseguia agora? Talvez eu não conseguisse mesmo, e Edward percebendo isso, tinha se oferecido para me ajudar. Mas eu sabia que não deveria criar expectativas, tudo voltaria ao normal quando eu ficasse bem novamente.

Tudo bem. Criar expectativas nunca foi um dos meus maiores problemas.

― Eu… ― Ele hesitou tanto que pensei que não falaria mais a seguir. ― Eu sinto muito por… isso tudo, Bella. Se eu não tivesse ido eu não… você não…

― Tem razão, mas se você não tivesse chegado, eu estaria bem pior que isso. Esses machucados curam em o quê? Um mês, talvez? Os machucados que eu estaria agora ou depois, seriam bem piores e quem sabe ele não me matasse acidentalmente? E também, você não tinha obrigação nenhuma de ficar… você não tem obrigação nenhuma de ficar aqui e… fazer isso. ― Pensei em morder meus lábios e desisti no mesmo segundo quando percebi que doeria demais.

E agora tudo que eu não queria sentir era uma dor a mais. Eu estava cansada de dor, estava cansada de ser o saco de pancada das pessoas. Eu vinha sendo isso por todos os meus dezoito anos, no cativeiro não seria diferente do que foi na minha casa. Quem sabe seria pior.

― Se eu…

― Eu estou certa. ― O interrompi.

Ele não discutiu nada, nem olhou em meu rosto. Eu tinha a breve impressão que ele estava envergonhado, por causa de quê, eu não fazia a mínima ideia ― nem sequer me arriscava, mas tinha quase certeza que aquela expressão que ele estava no rosto era a mesma que ele usava quando estava envergonhado.

Não que Edward ficasse muito envergonhado na minha frente, ele costumava a ficar com raiva mais do que qualquer outra coisas. Era só que… bom, eu passara bastante tempo com ele para saber sobre isso. E era besteira, completamente.

Edward deu banho em mim, apesar de eu discutir sobre conseguir isso sozinha. No começo, ele deixou que eu fizesse, mas quando eu quase caí por causa dos machucados em minhas pernas e minhas coxas que doía, ele recomeçou a fazer o que estava fazendo antes. Com uma paciência que me impressionara de início. De qualquer jeito, aquela foi a primeira vez que ele se preocupara verdadeiramente comigo.