Entre Caçadores E Presas escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 5
Esvaindo-se


Notas iniciais do capítulo

Mais um novo capítulo, gurias! Espero que gostem e comentem, sério.



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Eu observava de olhos baixos Edward fazer o curativo no meu pulso depois de três dias que ele passara fora do lugar. Tínhamos nos falado pouco depois do que ocorrera e ele ainda não tinha ouvido o som da minha voz falar algo sem estar gritando nem tinha feito questão de que eu falasse. Ele era menos exigente que seu irmão fora, mas ao contrário era mais violento.

Eu não sabia qual dos dois era pior. E, particularmente, achava que Edward ganhava por apenas dez por cento já que no seu segundo dia aqui tinha me forçado a ter relações sexuais com ele. Fora horrível, eu ainda tremia de novo e sentia meus olhos marejarem apenas de lembrar o quanto havia sido doloroso. Ele fizera questão de ter sido doloroso.

Eu podia ver que ele ainda estava cego de ódio e estaria para sempre. Não havia nada que eu pudesse fazer ou justificar que diminuísse isso — ele me dissera isso com uma expressão falsamente calma enquanto assistia tevê com os braços em meus ombros. E agora eu podia realmente dizer que não me restava nenhuma esperança.

— Você sabia… o nome dele? — Perguntou olhando-me por alguns segundos antes de baixar os olhos para o meu pulso no qual ele ainda trabalhava delicadamente.

Engoli em seco, quase receosa em falar. Se eu falasse alguma palavra impensada, ele me bateria assim como fizera três dias atrás sem piedade alguma. Eu quase podia deduzir sua lógica: afinal, se eu não tinha tido piedade ao matar seu irmão a sangue frio, por que ele deveria pensar em ter piedade comigo?

Preferi negar com o rosto, de olhos baixos e com lágrimas já escapando dos mesmos.

— Qual é o seu nome? — Indagou.

— Isabella. — Minha voz não passou de um sussurro quase inaudível. Ele ergueu as sobrancelhas, esperando o sobrenome. — Isabella Swan.

— Bom, Isabella, você é bonita demais para ter matado meu irmão como matou. — Ele soltou o meu pulso após ter enfaixado e suspirou, olhando por cima de meu ombro. — E… não é por minha causa nem por causa dele que está aqui.

Recolhi meu pulso machucado, deixando-o invisível por cima de meu colo.

— É por que então?

— Você se lembra de quantas crianças maltratou quando era… hã, oitava ou sétima série, por acaso? Às vezes você pega muito pesado nos xingamentos, aposto que você sabe disso, não é? Já pegaram tão pesado com você que você pensou que queria matar todos que estavam lhe ridicularizando de algo? — O tom dele não era gentil, era feroz, como se a qualquer momento ele pudesse pular em meu pescoço.

Encolhi-me, revirando minha mente por alguns segundos. Eu não me lembrava de ninguém que eu tenha maltratado, eu tinha quase certeza que nunca maltratara ninguém porque não gostava de dar as outras pessoas o que eu recebia quase todo dia dentro de minha própria casa. Eu nunca maltratara ninguém.

Mordi meus lábios, balançando meu rosto.

— Nunca maltratei ninguém.

— Tente se lembrar, Bella. Aposto que teve algum garotinho que foi apaixonado por você, e você não sabia, e quando falaram isso para você, você não o quis e só sorriu desdenhosamente.

— Esse garotinho é você?

— Claro que não. Se eu estivesse querendo alguma vingança, ela seria consistente em algo sem ser magoas do passado. — Ele sorriu com desprezo, fazendo círculos invisíveis na mesa com seu dedo indicador.

Apesar daquela conversa, nada mudou. Ele me procurou de noite, como sempre fazia, e não esperou nada para fazer sexo comigo sem eu querer. Eu não podia impedir, de qualquer jeito, Edward era bem mais forte que eu. E depois, quando se satisfazia, ia embora para o seu quarto, deixando-me lá com as dores e sentindo-me suja. Qualquer banho que eu tomasse não iria me deixar limpa daquilo.

De manhã, o silêncio reinou e foi assim pelo resto do dia, até chegar à noite. Ele não se cansava de me machucar, e eu me perguntava se aquilo fazia parte de sua vingança contra mim que matei seu irmão. Com certeza era a vingança e ele parecia muito satisfeito pela manhã quando as marcas de seus dedos ficavam em meus braços, suas mordidas em meus ombros, em meu pescoço.

Eu estava cansada de chorar no banho depois disso tudo. Eu estava cansada desse sequestro, estava cansada de ser usada como objeto sexual para Edward, eu estava cansada de Edward e toda a sua agressão. Quando terminei de tomar banho, eu vesti uma blusa solta e longa e um short curto que era coberto pela camisa, já que a noite estava quente.

De noite, vários pesadelos assombraram meu sono. Pesadelos que tinha o mandante do sequestro; tinha a morte do irmão de Edward e tinha Edward com toda a sua violência. Esses últimos dias eu sentia que a racionalidade estava se arrastando para fora de mim como se minha mente não fosse um lugar bom para morar. Em outras palavras, eu estava começando a enlouquecer. Isso era possível, não era?

Acordei-me dos pesadelos com a porta de meu quarto se abrindo e mostrando um Edward com os cabelos bagunçados e com cara de sono. Em meu rosto tinha lágrimas e soluços altos saiam de minha garganta sem a minha permissão. Perguntei-me o que diabos estavam acontecendo comigo e quando Edward sentou-se na cama, me encolhi perto da parede, apertando o lençol a minha volta.

— O que aconteceu? — Perguntou ele após um suspiro pesado.

Baixei meus olhos, torcendo o lençol em meus dedos nervosos.

— Pesadelos. Só foi isso. Pesadelos. Você pode ir embora agora.

Ele sorriu de meu temor, arrastando-se para mais perto de mim, para em seguida me olhar com os olhos franzidos, provavelmente tentando enxergar-me já que a claridade escassa não permitia que ele fizesse isso.

— Eu entendo que você deve ter medo de mim, mas Bella, você está tremendo e… eu acho que isso não é normal para você. — Ele inclinou a mão para tocar o lençol que estava entre meus dedos, cobrindo meu corpo. — Não mesmo. — Quase que com medo de quebrar meus dedos ao puxar o lençol, ele o fez, deixando o lençol de lado em seguida.

Ele colocou a mão em minha testa, franzindo o cenho e me olhando.

— Você está com febre. — Edward declarou.

Não falei nada, apenas tentei o seguir quando ele se levantou da cama. Eu caí porque uma dor aguda se apossou de minhas pernas, fazendo-me cair de volta na cama. Edward me olhou mais uma vez, suspirando pesadamente e voltando até estar próximo de mim de novo, deixando seu rosto perto do meu por alguns instantes.

Pensei que ele fosse me beijar — como nunca tinha feito — do tanto que ele hesitou antes de me pegar em seus braços. Mas para a minha felicidade e completo alívio, ele não o fez, apenas apoiou uma mão em minhas costas e outra em minhas pernas que estavam penduradas em minha cama.

Não relaxei minha posição um segundo sequer e quase entendi o que ele falara enquanto me carregava. Era algo, eu não tinha certeza, parecido com “você ainda me mata, garota” por isso não dei atenção para tentar entender. Eu odiava Edward demais para poder ver com olhos positivos o zelo que ele estava tendo.

Ele só queria que eu ficasse boa rapidamente para ele poder usar na próxima noite.

— Desculpe. — Murmurou ele quando bateu em meu pulso machucado sem querer e eu o recolhi de modo rápido.

Ele me deixou em cima da mesa enquanto ia mexer em algo dentro do armário reluzente. Ele demorou a achar, e eu podia perceber que Edward não tinha muita paciência para procurar coisas, principalmente se demorasse muito. Ele me entregou um comprimido longo que eu já tomara várias vezes e um copo de água, dando a simples ordem que era para eu beber a água toda.

Não era difícil fazer isso, na verdade. Eu estava com tanta sede que no final ainda bebi mais outro copo cheio, pondo a mão em minha testa para fazer a dor excruciante de cabeça passar ou simplesmente diminuir para eu poder abstrair. Tudo que eu não queria no momento era sentir dor — uma coisa com a qual eu vinha lidando bastante nos últimos dias, mas que, no entanto, eu não tinha me acostumado.

— Você está com sono? — Perguntou Edward, erguendo os olhos para mim.

Dei de ombros, sentindo-me receosa em dizer que não estava. Se eu dissesse que não estava com sono, ele poderia querer alguma coisa de mim, poderia querer me usar de novo como se não fosse o suficiente uma vez todo maldito dia. Eu estava cansada disso, e se eu encontrasse alguma coisa que fosse letal, me mataria sem pensar duas vezes.

Quando não ouviu nenhuma resposta de minha parte, somente se sentou em um banco extremamente pequeno para ele e pegou uma de minhas pernas com as mãos leves. Puxei minha perna em um movimente brusco e raivoso — isso o fez sorrir, e voltar a pegar minhas pernas. Por mais que fosse inacreditável aos meus olhos, ele começou cautelosamente a fazer massagem em mim, fazendo a dor se esvair tão rápido quanto chegou.

— Eu não vou te machucar, Bella.

— Você quer dizer que não vai me machucar agora porque mais tarde eu sei que vai. — Eu queria chutá-lo com a ponta dos dedos, mas mesmo que eu tentasse, eu sabia que ele não sentiria nada disso.

Ele era tão intimidador que minha mente forçava-me a pensar que ele não sentia dor. Era besteira, eu sabia.

Edward não me respondeu a respeito de minha afirmação, apenas voltou seus olhos para minhas pernas, tirando a meia que cobria meu pé esquerdo e começando a massagear ele também. Aquilo era tão bom que eu poderia ficar toda a eternidade sentindo aquilo, sentindo toda aquela tensão se esvaindo de dentro de mim, sentindo que dessa vez eu não sentia dor.

Era ruim, ao mesmo tempo, também, porque eu sabia que apesar da calma do momento, a dor viria depois, sem muitas surpresas. Talvez com os dias que passava aqui, eu tenha ficado mais pessimista.

— Você estava gritando, sabe… antes de eu entrar no seu quarto — Ele murmurou, ainda com os olhos baixos e as mãos em meu joelho esquerdo. — Com o que estava sonhando?

— Minha situação aqui não é ruim o suficiente para um pesadelo?

— Você não tem medo de mim, garota? — Perguntou estarrecido com a minha resposta desaforada.

— Eu não sei se você percebeu, mas tudo que eu falei foi verdade e também o que é que você pode me fazer? Você já fez o pior de tudo. — Baixei meus olhos para minhas unhas roídas, lamentando por elas estarem tão feias.

Era só que… a ansiedade me impedia de pensar antes de roê-las.

De novo ficou sem responder, e se apressou para terminar a massagem em minhas pernas porque eu obviamente tinha o perturbado. E depois quando terminou me olhou por alguns segundos antes de se levantar do banquinho e colocar as duas mãos em minhas coxas, inclinando-se para frente. Eu estava estatelada no lugar, sem capacidade de me mexer ou me afastar de seu olhar.

— Você vai se irritar demais se eu te beijar? 


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Notas finais do capítulo

Comentem, não sejam tímidas! Adoro responder e ler, srsly. Preciso saber o que vocês estão achando.