Entre Caçadores E Presas escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 27
Motivos sólidos.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todas que comentaram! Vocês são demais, srsly ♥



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O carro de Riley parou de frente a casa da família de Edward e eu por um momento travei, forçando-o a puxar-me pelo braço para que saísse. Prensei meus lábios uns contra os outros e tentei conter a culpa que invadia cada pedaço de meu ser. Se não fosse por mim, eles não estariam passando isso.

Eu era a culpada. Eu tinha os colocado na forca.

Eu sempre soube que Edward estava se arriscando demais por mim, mas nunca adivinharia com tanta plenitude que sua família também estava condenada. Seria tão mais fácil se Edward não ousasse se apaixonar por mim no cativeiro, e continuasse com a raiva que ele ainda tinha por eu ter matado seu irmão.

Tentei respirar uniformemente quando vi Esme e Anna com as mãos e os pés amarrados. Ela tinha rostos banhados de lágrimas e o nó que impedia que elas falassem estava apertado demais, pois tinha sangue no canto de sua boca. Debati-me nos braços de Riley, conseguindo por pouco chutar sua perna.

— Eu te odeio! — Gritei para ele.

— É por minha mãe… — Ele argumentou.

— Aposto que Megan prefere morrer a ter seu tratamento pago com dinheiro sujo com o sangue de outras pessoas! E você, Riley, você vai morrer. Você pensa que ele vai te pagar, mas ele não vai! Ele não se daria ao trabalho.

Sua expressão caiu um pouco, porém por cima disso tudo seus braços não hesitaram ao meu redor. Ele ainda me mantinha presa, incapaz de mover um músculo sem que seu aperto me machucasse.

— Deixe-as fora disso, Riley. Por favor. Josh quer a mim, não a elas.

— Você está errada. Ele quer a Edward também, por isso você vai me fazer o favor de ligá-lo.

— Você pode me matar agora mesmo porque eu não vou fazer isso.

Riley respirou fundo, prendendo meus pulsos com cordas que ao mexer, os ralavam. Colocou-me sentada em uma cadeira de frente a Esme e Anna e remexeu minha bolsa, buscando meu celular. Inacreditavelmente quando ele enfim o achou, o entregou para Anna, sorrindo pretensioso.

— Peça para seu herói vir te salvar, Ann.

Eu a encarei, acompanhando Esme que balançava seu rosto de um modo desesperado. Riley tirou quase com carinho a mordaça de Anna e em seguida em um movimento que me deixou mais atônita que antes, acariciou seu rosto, beijando-lhe os lábios de um modo íntimo. Pisquei meus olhos, esperando acordar de um pesadelo.

— Edward! Edward, oh meu Deus! Bella, Edward, ela está… a mamãe… a mamãe está amordaçada e eu consegui escapar por pouco. A Bella também está aqui! Ela está sangrando, Edward. Josh ainda não chegou, mas tem um soldado dele aqui embaixo. — A voz dela era histérica de um modo que eu também não desconfiaria se não estivesse vendo seu rosto completamente normal.

— Pois é, Isa. Conhecemo-nos há alguns dias e ela já confia em mim cegamente. Ela acha que vou deixar Edward a salvo quando tudo terminar e também acha que vai fugir comigo para onde quer que eu vá. — Segredou para mim.

Se eu não estivesse impedida de fazer isso, teria cuspido em seu rosto. Você é nojento — queria o dizer.

— Ele está vindo. — Anna informou com uma voz doce assim que desligou o celular, entregando-o para Riley. — Lembre-se de que prometeu não machucá-lo.

Esme se remexeu, derrubando enxurradas de lágrimas. Queria confortá-la e dizê-la que ficaria tudo bem, mas nem eu mesma tinha mais essa certeza dentro de mim. Era impossível ficar bem agora, Josh mataria a mim e a Edward, fazendo sua família assistir a isso como uma forma de tortura pré-morte.

— Em… dois minutos Josh está chegando. — Informou Riley sorrindo. — E sinto muito.

“Sinto muito por você ser quem você é” se eu estivesse sem a mordaça, com certeza, teria gritado isso para ele. “Não acredito que um dia tive coragem de dormir com você…”

E então tudo a minha volta estava se espatifando, tudo que era de vidro estava caindo e a estante de madeira estava perfurada de tiros. Estremeci, jogando-me ao chão e levando Esme junto comigo, já que ela parecia estarrecida demais para fazer algo sem ser arregalar os olhos, colocando as mãos em seus ouvidos.

Anna estava perto da estante. Tudo a minha volta era sangue, todos estavam mortos e eu queria morrer também só para não presenciar aquilo. Queria morrer também só para não ter que ver Riley e Anna mortos, e de olhos abertos. O sangue que saia de suas perfurações batia em meu joelho e Esme já tinha se rendido ao seu ferimento na parte de trás do ombro.

Queria lhe dizer para permanecer acordada, assim como eu vi em alguns filmes. Queria lhe dizer para não se render porque ela ia ficar bem, no máximo — se saíssemos daqui viva — ela iria ficar três semanas no hospital. Nada mais que isso. Edward precisava dela, queria lhe dizer, ele já tinha sofrido demais ao perder seu pai e seu irmão.

Um homem alto e musculoso deu um chute na porta da casa, abrindo-a a força. Ele tinha um sorriso doentio em seu rosto ao me avistar abaixada, com a mãe de Edward em meu colo, tentando — já que eu também não podia utilizar as mãos — mantê-la acordada e consciente.

— Isabella Swan. Não importa todos os homens que eu perdi, vai sempre valer a pena ver você desse jeito. Encolhida, aos meus pés e morta de medo. Ah, querida, você vai sofrer em minhas mãos. E acredite, vai ser por muito tempo. Não vou te deixar morrer tão cedo. Você merece isso.

A cada palavra que ele dizia, ele dava um passo na minha direção, o sorriso doentio ainda presente em seu rosto. Ele me levantou pelo braço e tirou a minha mordaça, machucando meus lábios ao fazer. Mas de que importava os lábios de qualquer jeito? Todos estavam mortos e não tinha mais volta.

— Seu pai me machucou muito, se quer mesmo saber.

— Não sou eu quem pago pelos erros de meu pai. Vá lá atrás dele, não de mim! — Gritei. — Eu nunca te fiz nada de mal.

— Sua rejeição me magoou, querida.

— Sua vingança deveria consistir em algo mais sólido que isso. — Sussurrei.

— E consiste! Seu pai tinha um caso com a minha mãe, se você não sabe. E sabe o que ele fazia quando ela não estava em casa? Ele me maltratava, todo dia, e depois me fazia assisti-lo abusando de minha irmã que tinha seis anos de idade. Eu faço isso pelo bem do mundo, Bella, um monstro que gera algo, pode ter certeza que é um monstro também.

Tudo bem. Eu não sabia sobre isso.

— E então eu os queimei. Vivos. — Ele sorriu satiricamente. — E é exatamente por isso que seu irmão Nick está na cadeia. Só sobrou você agora. Eu tenho que vingá-la, sabe. Lena ainda tem que ir para o psicólogo toda semana para tentar reparar o estrago que seu pai fez na mente dela. Ela ainda acorda-se gritando, ainda tem pesadelos. E eu também os tenho, se quer saber.

— Por favor, eu nunca os fiz mal. — Implorei.

— Mas também não fez bem nenhum. Se tivesse namorado comigo naquela época, quem sabe hoje não estivesse livre disso? Você não pensou, não é? É completamente compreensível, relaxe. Só vai doer o tanto quanto doeu na minha irmã.

— Não…

— Eu preciso, Bella! Nunca vou ter paz se deixar isso impune.

— SABE ONDE VOCÊ NÃO VAI TER PAZ TAMBÉM? No inferno que é pra onde você vai quando eu te matar, seu desgraçado!


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