Entre Caçadores E Presas escrita por Meggs B Haloway


Capítulo 23
Não é tão simples.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Comentem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/245569/chapter/23

— Eu te amo. — Sussurrou assim que eu entrei novamente no apartamento, apertando o casaco entre meus dedos.

— Isso não justifica nada!

Eu só tinha passado meia-hora fora daquele lugar, e mesmo assim era como se algo estivesse agarrando-se em minha garganta, impedindo o ar de passar. Era como se só gritando isso fosse sair, ou só chorando desesperadamente encolhida em um canto, sozinha. Sozinha — era tudo que eu mais queria nesse momento.

Pelo menos por agora. Mas Edward não deixava, ele sequer me deixara dez minutos com meus próprios pensamentos, quanto mais uma noite inteira? E ele estava mentindo que eu poderia sair a qualquer momento daquele apartamento, prova disso era o fato de ele ter medo que eu fugisse quando saí.

 — Bella… — Ele tentou puxar-me pela mão para que eu lhe olhasse, porém eu já tinha me desvencilhado de seu aperto. — Por favor…

Um “eu te amo” não era nada comparado a tudo que ele me dissera hoje. Tudo bem que, oh, era muita coisa e Edward tinha falado isso para mim. Edward! Mas quem me dizia que era verdade? Eu não tinha certeza e tudo só se complicava com a briga de hoje. Ele tinha me magoado, assim como fizera no cativeiro. Talvez até mais do que um dia ousara fazer naquele lugar, porque nada se comparava àquilo. “Eu conheço ela há catorze anos”

— Bella…

— Me deixe dormir no quarto de hóspedes. Só isso. Eu não vou fugir pela janela, qualquer outra coisa que você deve estar pensando, eu só quero dormir.

— Por que não dorme no nosso quarto… comigo?

— Não quero…

— Tudo bem. — Ele suspirou e já que estava de costas para ele, podia o imaginar passando os dedos pelo cabelo e rumando-os para sua nuca, coçando-a brevemente. Ele fazia isso quando estava nervoso, eu já tinha decorado e era absurdo todas as vezes que eu o achava perfeito fazendo isso.

E, é, eu estava na merda. Eu estava muito apaixonada por ele, como nunca estive antes e não importava todas as brigas que tivemos, no final, para mim, nada disso serviria de mais nada. Desentendimentos aconteciam, afinal — eu me odiava por ser tão calma em relação a isso. Era quase que me humilhar.

— Bella? — Ele me chamou, cauteloso. — Você pode se virar e me olhar, por favor?

Fiz o que ele me pediu, com o queixo trêmulo e as lágrimas quase caindo de meus olhos. Respirei fundo, reprimindo a vontade de baixar os olhos e sair correndo dali. Não por medo, por vergonha dos olhos pacíficos de Edward.

— Me perdoe. — Ele se aproximou de mim, os olhos quase torturados e as mãos estendidas para tocar meus braços. Estremeci quando ele o fez, puxando-me mais para perto, quase chegando a abraçar-me. — E… eu não quero te perder, nunca, desculpe-me se eu mostrei isso quando falei todas aquelas coisas para você. Foi… idiota de minha parte.

Olhei para baixo quando as lágrimas caíram de meus olhos, no exato momento que meu rosto foi pressionado levemente contra o peitoral cheiroso e reconfortante de Edward. Ele passou os braços ao meu redor, acariciando minhas costas, meus braços, e no final eu estava completamente em seus braços, tendo uma crise de choro.

Ele me acalmava, murmurando que não iria acontecer de novo, que seria mais paciente da próxima vez e escutaria tudo que eu tinha para dizer antes de dar alguma sentença porque ele não havia sido justo. Ele dizia, sobretudo, que me amava e não queria me perder porque eu era a pessoa mais importante na vida dele e isso iria permanecer.

Eu me deixava convencer, pelo menos por aquele momento, e depois quando não aguentei mais, passei meus braços ao redor dele. Eu tentava não chorar, não parecer mais boba do que já tinha parecido, mas… o fato de aquilo ter acontecido acabava comigo. Estivera tudo tão perto de se explodir. E era tão fácil, tão fácil quanto se matar.

— Eu amo você, Bella. — Sussurrou, beijando minha bochecha molhada de lágrimas.

Eu assenti, com os lábios prensados com força.

Como se eu não pudesse subir às escadas sem a ajuda dele, Edward me pegou nos braços e me guiou até o banheiro que ficava a direita no corredor, uma porta antes de nosso quarto. Com um extremo cuidado, ele me colocou em cima do balcão, passando as mãos sobre meus braços arrepiados.

Ele me olhou, cauteloso por alguns segundos, decidindo o que iria fazer. E então, como se eu pudesse — e era o que eu queria fazer no momento — sair correndo, deslizou suas mãos para a barra de minha blusa, rapidamente a tirando. Ele percebeu a minha hesitação ao erguer meus braços, me amostrando somente de sutiã e calça jeans na sua frente. Ele percebeu o meu temor, mesmo que breve.

— Eu vou dar banho em você. — Ele explicou.

É claro que ele iria. Eu só não queria que ele ficasse bravo agora nem em nenhum momento porque parte de mim assumia que eu tinha medo de Edward em alguns momentos e outra parte fingia que não. E esta última parte era a Bella temerosa e camuflada que tinha medo de assumir coisas que talvez a causassem problemas.

— Eu sei. — Sussurrei de volta para ele.

Edward me olhou de novo, parando suas mãos no fecho de minha calça, sondando meus olhos de uma maneira que nunca tinha feito antes, e que de certo modo me agoniava. Uma de sua mão foi parar dentro de meu cabelo — ou o que restava dele — acariciando-o calmamente, assim como seu olhar.

— Desculpe se eu te assustei. Não vai acontecer de novo, Bella.

— Tudo bem. — Me forcei a colocar para fora.

Ele suspirou e ainda bem que sabia que eu não estava disposta a falar mais que isso hoje. Eu estava cansada, física e mentalmente.

— Eu acho que… eu consigo tomar banho sem ajuda.

— Bella, eu quero fazer isso. — Ele disse, paciente.

— Você não precisa. — Disparei, baixando os olhos e mordendo meus lábios, apreensiva. — Sabe… eu… preciso ficar sozinha um pouco. Pensar. Você sequer deixou que eu o fizesse quando eu saí.

— Eu tinha medo que você fugisse.

— Bom, eu só tinha dez dólares dentro de minha carteira. Não dava para nada.

Ele passou a língua pelos lábios, olhando para outro lado sem que eu tivesse que ver meu rosto vermelho. Somente para convencê-lo, estendi minha mão esquerda hesitantemente para tocar seus cabelos que começavam a crescer de novo. Eu queria que ele deixasse crescer até que estivesse como antes, e ao mesmo tempo amava quando ele estava de cabelo curto, o deixava mais jovem.

Tanto fazia. Edward sabia escolher muito bem qual penteado iria adotar.

— Vou dormir no quarto de hóspedes hoje. — O informei.

— Eu durmo lá. Você dorme no nosso quarto. — Ele fez questão de destacar o pronome possessivo.

Dei de ombros, embora quisesse teimar sobre essa questão. Tudo que eu queria no momento era ficar — pela primeira vez desde que eu o tinha conhecido — sozinha, eu queria pensar sem que tivesse de olhar em seu rosto porque, afinal, isso afetava muito os meus pensamentos e ele sabia. Ele sabia o poder que exercia sobre mim. Ele sabia sobre tudo que eu sentia por ele. Sempre soube.

— Me desculpe. — Ele pediu de novo antes de sair.

— Desculpo. — Sussurrei e ele não tinha a mínima chance de escutar. Eu só movi meus lábios, não era nada que ele devesse escutar no momento. — Eu sempre desculpo. — Sibilei vendo a porta se fechar atrás de si. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!