Frustração

VIII

Natsu correu o máximo que podia na esperança de alcançar a loira. Nada. O vulto simplesmente havia desaparecido. Havia começado a chover, típico de primavera. Estava anoitecendo, mas ele não deixaria se dar por derrotado tão facilmente. Ele não podia ser derrotado. Ele precisava, e ia encontrá-la.

....

Lucy tossiu. Seus sentidos haviam acabado de voltar, mas não se lembrava de nada. Olhou em volta, um quarto mal iluminado, e sem janelas. Havia uma estante com alguns livros, uma mesa de centro e um sofá. Ela se desesperou. Não se lembrava quem era, onde estava, como se chamava, e muito menos o por que de estar naquele lugar. Levantou-se com uma certa fraqueza nas pernas. Andou cambaleando até o sofá, e ouviu um barulho na porta. Ela se abriu e de lá apareceu um homem, com prováveis dezoito anos, de cabelo alaranjado com um sorriso brilhante.

— Oras, então a pequena Lucy já acordou? – Ele murmurou malicioso para a loira que ficou sem entender nada.

— Q-quem é você? – Ela se afastou batendo contra a parede, assustada. – Afinal, que sou eu?

Loki se deu conta de que a pancada foi forte demais. "Ótimo, assim ela vai se casar comigo sem desconfiar e não se lembrará daquele idiota. Nosso plano deu certo, Lisanna."

— Você é minha noiva, querida. Seu nome é Lucy. O ruivo aproximou-se da loira se apresentando novamente. Estendeu-lhe a mão e disse:

— Loki. Príncipe deste reino. – Ele sorriu. — Vou lhe dar um tempo sozinha, acho que você precisa pensar. E saiu batendo a porta.

Lucy encarou a parede por um longo tempo, incrédula. "Como eu não consigo me lembrar de nada? Absolutamente, nada? E por que eu não me sinto segura perto desse homem?" Suspirou. Deitou-se no sofá e continuou encarando a parede por um longo tempo. Até se assustar com o barulho da chuva.

...

— Ei, Natsu. Não fica assim. – A albina colocou o braço no ombro do rosado. —  Você vai encontrá-la. Eu acho.

— Você não me ajuda muito com esses comentários, Lisanna. – Ele bufou irritado indo tomar um banho, estava todo molhado e resolvera continuar procurando pela loira depois. A albina ficava ligando a todo minuto pedindo para ele voltar. Ela simplesmente era um incômodo. Um brinquedo. E ela não se tocava disso.

Após um tempo, Natsu continuava pensativo. Foi arrastado para dentro do castelo pelo fato da chuva. Encarava a parede. Ele não sabia do porque precisar salvar a Loira, mas sentia que necessitava fazer isso ou não ficaria se sentindo bem. Adormeceu sentado em uma poltrona de frente para a janela. E então Lisanna espiou pela porta. Pegou seu celular, e:

— E então? Vai dar tudo certo? Vocês estão longe né? Certo, certo. Ela esqueceu sua memória? Que ótimo! – Deu um riso assustador. — Qualquer coisa me ligue avisando, meu querido. Beijos.

....

— Está pronta? – O ruivo perguntou abrindo a porta do cômodo onde se encontrava Lucy.

— Pra que? – Ela o fitou curiosa.

— Para jantar comigo lá embaixo, na sala de jantar do meu castelo, oras. – Loki sorriu.

— E-eu preciso me arrumar. Onde tem um banheiro por aqui? – Ela questionou olhando para o corredor.

— Ali. – O ruivo apontou para uma porta branca com uma maçaneta dourada. E então a loira se dirigiu para lá.

Enquanto tomava um bom banho, o ruivo entrou trazendo suas roupas.

— E-E-EI! Pode me dar licença, por favor? – A loira corou se afundando na banheira cheia de espuma.

— Não sinta vergonha. Você é minha noiva. – O ruivo sorriu malicioso e a loira corou.

— Por favor. Eu preciso de um tempo sozinha. – Ela pediu enxotando o ruivo.

..

Alguns minutos após o incidente lá estava a loira descendo as escadas, vestindo uma roupa digna de princesa.

— Você está linda. – O ruivo a elogiou. Mas por favor, use essa peruca aqui? Teremos visitas e aqui é um costume a maioria usar perucas nos jantares – Mentiu com a primeira coisa que veio a sua mente.

A loira pegou uma peruca com um cabelo preto como a noite e assentiu. Prendeu seu cabelo e a colocou.

...

— Natsu? Vista-se logo. A chuva parou e fomos convidados para um jantar. Vamos logo! – A albina apressou o rosado indo em direção a um carro.

....

No carro..

— Então, jantar de quem nós vamos? – O rosado perguntou.

— É uma surpresa. Eu digo o caminho e você vai, certo? – A albina perguntou olhando a floresta pelo vidro do carro.

— Não tenho escolha. – O rosado assentiu.

...

As portas do saguão foram rompidas e entraram duas pessoas. Uma com uma peruca branca e outra... um garoto de peruca rosa?! Lucy deduziu observando os dois entrarem. Sentiu um aperto no peito. De alguma forma, aquele garoto rosado.. ela já o conhecia antes.. "Pare de bobagens, Lucy! Você mal sabe quem é e acha que conhece os visitantes?!" Brigou consigo mesma. E então andou em direção a porta de mãos dadas com o ruivo.

..

O rosado ergueu seu olhar. Conhecia o príncipe, mas.. quem era aquela garota de cabelo escuro? Fitou-a. E rapidamente a reconheceu. Ele sabia quem ela era, sem dúvidas. Ela era a sua Lucy.

Continua...