Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 9
Capítulo 8 - Mudança


Notas iniciais do capítulo

A todos, me desculpem pela demora. Trabalho e problemas pessoais fizeram com que eu tivesse de dar um tempo até tudo se ajustar.
De qualquer maneira, aqui está mais um capítulo pra vocês.



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Capítulo 8 - Mudança


Despedidas nunca foram o forte de Haku. Ela tinha tendência de se emocionar facilmente em momentos como esse, mas quando finalmente chegara o dia de se mudar para o bairro urbano próximo a escola de Miku, Haku se viu derramando algumas lagrimas quando se despediu de Meiko.

– Hein, não precisa chorar. Não é como se não fossemos nos ver de novo. Se continuar assim, vamos ter de mover nossas reuniões pra sua casa. – a morena disse em um tom de falsa ameaça, fazendo Haku sorrir.

Ajudando na mudança, estavam Kaito e (estranhamente) Dell. Haku, no entanto, não encontrou Lily enquanto ela e Miku se despediam de SeeU. Aquilo a fazia se sentir estranhamente decepcionada. Quando os trabalhadores finalmente embarcaram os poucos móveis que Haku possuía no caminhão, o grupo se colocou em movimento, Haku com o seu novo carro na frente.

A casa que Haku havia escolhido era um móvel para uma família pequena: dois quartos, um banheiro, uma cozinha, sala de estar, um pequeno jardim na entrada e um lavabo. A casa era feita em estilo ocidental e esteve a venda desde que o casal que morara nesta anteriormente decidiu se mudar para outra cidade. Ela ainda possuía parte da mobília dos antigos donos, o que fazia com que Haku não precisasse se preocupar em sair correndo para comprar móveis novos.

Quando chegaram, Kaito e Dell ajudaram a descarregar os móveis enquanto que Miku e Haku entravam com as suas malas.

Miku a principio ficara um pouco receosa pela mudança, sabendo que poderia não ver mais SeeU (ou pessoa-gato como gostava de chamá-la) ou os gêmeos como costumava, mas pareceu gostar da casa quando Haku a levara para ver o imóvel. A mulher de cabelos prateados também prometera a Miku que elas iriam visitar seus amigos todo final de semana, o que pareceu deixar a menina menos tristonha com a idéia de mudança.

Enquanto arrumava suas coisas, dando espaço para a equipe de mudanças, Kaito entrou e foi até Haku, parecendo um tanto quanto surpreso com algo. Quando a mulher de olhos vermelhos o olhou em indagação, ele apenas disse:

– Acho melhor você vir dar uma olhada no que está acontecendo lá fora.

Confusa, Haku seguiu o homem de cabelos azuis até o quintal e este apontou para baixo da rua. A um bloco de distancia, em outra casa, Haku conseguia avistar um caminhão de mudanças e uma figura loira familiar dando instruções aos carregadores.

Por que será que eu não estou surpresa? Haku pensou ao reconhecer a figura.

Suspirando, ela decidiu deixar a mudança por conta de seus amigos e ir ver a sua duas vezes vizinha.

– Hein! Cuidado com isso! Meu agente me mata se isso quebrar. – Haku conseguia ouvir Lily instruindo os carregadores enquanto estes carregavam o que parecia ser um teclado eletrônico com um microfone.

Desde que sua primeira música solo fora lançada, Lily se tornara uma celebridade instantânea. De repente, ela tinha planos e uma agenda lotada até o final do ano, o que a forçava a se ausentar de diversas reuniões de seus amigos.

– E foi exatamente por isso que eu vinha tentando retardar as coisas. Eu sabia que quando começasse, simplesmente não iria mais parar. Ser estrela é muito duro. – Lily dissera da última vez que se reunira com seus amigos, parecendo cansada.

O que mais surpreendia a todos era quando ela aparecia em entrevistas e matérias de revistas. A pose de Lily, a maneira com que falava e até mesmo seus gestos eram todos sempre graciosos e exuberando auto-confiança, como se ela tivesse certeza de tudo o que fazia, até o tom de voz que ela usava parecia deixar transparecer essa confiança e assertividade. Em outras palavras, uma Lily completamente diferente daquela que todos conheciam.

– E isso só mostra que ela sabe bem como jogar o jogo da fama. – Gakupo lhes dissera após todos se reunirem na casa de Haku para assistir a uma entrevista da loira. – Já vi muito disso em festas beneficentes em que compareci. Celebridades e até empresários têm de se comportar de um certo modo para passarem uma determinada imagem ao público e até seus colegas de trabalho, do contrario ninguém o leva a sério ou acredita em seu carisma. No ramo em que Lily está, isso é triplamente importante.

Haku jamais pensara que ser uma estrela poderia ser tão trabalhoso, considerando tudo o que ela via e ouvia em notícias e revistas, mas vendo como a Lily cantora se comportava e como algumas vezes ela chegava em seu apartamento no mesmo horário que Haku, exausta até mesmo para tentar flertar com a mulher de cabelos prateados, ela tinha de admitir que estava admirada que Lily tivesse escolhido seguir uma carreira como aquela.

– Aposto que toda família dela deve estar de queixo caído. – Dell dissera um dia com um raro sorriso divertido em seu rosto.

De volta ao presente, Haku se aproximou o suficiente de Lily para ver ela gesticulando aos trabalhadores. Assim que a loira a notou ali, em pé, observando a mudança, ela imediatamente colocou seu melhor sorriso e andou até Haku.

– Ei, nova vizinha! Bom te ver. – Lily disse, seu tom soando quase como um flerte.

– Lily, você não anda me seguiu ou algo parecido, não é? – Haku perguntou. Ela não conseguia ver outra explicação para o fato de Lily estar se mudando no mesmo dia que ela e aparelhando toda uma casa na mesma vizinhança. Haku parara de acreditar em coincidências depois de ter se ajustado com Miku.

– Claro que não. Como pode pensar isso, Haku? – Lily falou em um tom machucado. – Não consegue ver que o destino nos uniu de novo em um claro sinal de que devemos ficar juntas? – o tom de Lily era o de uma atora em um daqueles filmes românticos clássicos.

Haku apenas olhou a amiga com um sobrancelha prateada erguida. Dois minutos se passaram com as duas congeladas em suas respectivas poses.

– Tá bem, tá bem. Um dos meus ex’s trabalha na imobiliária. – Lily finalmente admitiu, voltando a falar no seu tom normal. – Foi só uma questão de perguntar. – ela disse, dando de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Haku suspirou. Foi então que ela ouviu a voz de Miku:

– Tia Lily!

As duas se viraram e viram a menina correndo até elas. Lily sorriu para Miku e se agachou para receber o abraço da garota de cabelos azulados.

– E aí garota?! Feliz em me ver? – Lily perguntou, se levantando e dando uma despenteada nos cabelos de Miku, organizados em suas costumeiras marias-chiquinhas.

– Você tá se mudando pra cá também? – Miku perguntou, vendo o caminhão de mudanças.

– Sim. Aqui é um pouco mais tranquilo e vou poder praticar sem problemas. Aliás, gostou da minha nova música?

– Muito!

Lily oferecia cópias de suas músicas já lançadas para seus amigos ouvirem e ver quais eram as suas opiniões. Miku adorava as músicas de sua “tia Lily” e dizia que quando crescesse queria ser que nem ela. Haku engasgara com o que estava bebendo quando ouviu aquilo, tendo de ser socorrida por SeeU.

– Não se preocupa. Eu também tenho problemas com bolas de pelo de vez em quando, nya. – a coreana disse após Haku ter parado de tossir. Haku estava apavorada demais com sua imaginação de Miku virando uma segunda Lily para prestar atenção na garota de modos felinos.

– Querem entrar? – Lily ofereceu.

– Não, obrigado. Nós temos de arrumar as coisas lá em casa. – Haku disse, em parte por não querer atrapalhar e em parte por não querer que sua filha presencia-se Lily dando em cima dela novamente (Haku tivera um duro trabalho para convencer Miku e SeeU que ela não ia se casar com Lily).

–De maneira alguma. Entrem, entrem. – Lily se colocou atrás de Haku e começou a empurrá-la para dentro de sua casa.

No meio disso, Haku sentiu uma mão apalpar sua parte traseira, o que a fez corar feito um tomate.


Dois meses se passaram desde que Miku começara a estudar na Academia Crypton. Haku retomara sua escola de enfermagem a noite e continuava a trabalhar para Gakupo de manhã para sustentar sua família. Era uma rotina dura e era freqüente que ela chegasse em casa cansada.

Porém, tudo era para assegurar um futuro para Miku.

Meiko e Kaito costumavam visitar e tomar conta de Miku quando SeeU não podia e Lily aparecia sempre que não estava ocupada.

– Afinal como posso me inspirar e compor uma música sem ver minha musa? – Lily dissera um dia. O que acabou resultando em:

– Mamãe, o que é uma musa?

Após Haku ter explicado a Miku, ela tivera (de novo) de afirmar para sua filha que ela não iria se casar com Lily.

Um final de semana, enquanto Miku assistia a TV e Haku revisava algumas de seus livros de enfermagem, Lily entrou (sem nem ao menos bater na porta, como sempre fazia) e anunciou, com um grande sorriso:

– Olha quem eu trouxe!

– Rin! Len! – Miku exclamou ao ver os gêmeos nos braços de Lily.

– Miku. – Len e Rin disseram ao mesmo tempo enquanto Lily os colocava no chão para que os três pudessem brincar.

Haku suspirou ao ver aquilo e disse:

– Lily, normalmente eu não me oporia a você trazer os gêmeos aqui, mas eu realmente preciso estudar.

– Ah mesmo? Nesse caso por que não vamos pra minha casa? – Lily disse com um sorriso que Haku conhecia muito bem.

– M-Mas... e as crianças?

– Não vai demorar muito e a Miku sabe se virar, não?

Haku não podia negar aquilo. Miku aprendera a cozinhar logo após o começo das aulas em Crypton com Kaito como seu mentor. As lições pareciam estar dando resultado que os doces que Miku fazia de vez em quando eram deliciosos.

– Além do mais, eu moro aqui pertinho, qualquer coisa eles só tem de andar até lá. E de qualquer maneira, qual a pior coisa que poderia acontecer quando deixarmos os três sozinhos?


– Flashforward –

– Me explica, de novo, como isso aconteceu?! – Lily praticamente berrava para os três pré-adolescentes de 16 e 14 anos na sua frente enquanto que, ao fundo, podia-se ver a casa de Haku, coberta com papel higiênico por todos os cantos.

Miku, Rin e Len se entreolharam, nervosos enquanto que Lily batia com o pé no chão, esperando a resposta deles. Rin então falou:

– Foi o Len!

– QUÊ?! – o menino loiro exclamou.

– Nem vem. Você que me deu a idéia.

– Eu só disse que duvidava que você seria capaz de fazer isso, não disse pra você ir e fazer! – Len tentou se defender.

– Ora, por favor. Você sabe muito bem que Rin Kagamine nunca foge de um desafio! – a garota loira disse isso de peito estufado e com um sorriso orgulhoso.

Miku balançou a cabeça e Lily imaginou se eles teriam tempo de limpar tudo antes de Haku...

– O que aconteceu aqui?!

Tarde demais... Lily pensou, suspirando. Bem, pelo menos não foi tão ruim assim.


– Deixe-me ver se entendi; enquanto estavam aqui sozinhos, vocês ligaram pro vizinho, se passando por agentes secretos, dizendo que eles tinham de deixar o local imediatamente e isso fez eles a mudarem de país e colocarem a casa a venda em um só dia? – Haku perguntou.

– Resumido, é. – Rin disse com um sorriso culposo. – Por que você tinha de contar pra sua mãe? – ela sussurrou a Miku pelo canto de sua boca.

– Não suportei me sentir culpada. E eles tinham um gatinho tão bonitinho que sempre vinha aqui me pedir leite. – Miku disse.

– Fale por você. Eu odiei aquele bichano. Ele sempre me arranhava. - Len falou.

– Isso porque você nunca nos ouvia e comia banana perto dele.

– Exatamente! Que tipo de criatura malvada e rancorosa não gosta de banana?


– E como isso aconteceu?! – uma exasperada Meiko perguntou aos três na sala de estar enquanto que se podia ver desta parte da cozinha coberta de comida queimada do chão ao teto. Havia até mesmo um pouco de fumaça saindo do local.

– Rin tentou cozinhar. – Len apontou a sua irmã, parecendo satisfeito que, ao menos dessa vez, não havia como Rin culpá-lo.

– Eu só pedi a Miku pra me ensinar. – Rin tentou defender-se. – Né... huhh? Cadê ela?

Os três olharam em volta, até que Len soltou uma exclamação e correu de volta a cozinha. Outra panela pareceu explodir quando ele voltou com a garota de cabelos azuis nos braços, segurando-a em seus braços e saltando para a sala como se estivesse em um filme de ação.

– Ufa! Essa foi perto.

– O que aconteceu? – Miku perguntou, coberta por comida queimada e parecendo confusa. A ultima coisa de que se lembrava foi ter se inclinado para inspecionar as panelas em que Rin estava cozinhando.

Meiko só podia olhar incrédula entre os três. Ela já ouvira falar sobre pessoas que travavam guerra com a cozinha para preparar algo, mas aquilo era ridículo.

– Fim do Flashforward –


Decidindo que era melhor ficar por perto considerando a idade dos gêmeos, Haku perguntou se Lily queria algo. Recebendo uma resposta afirmativa da loira, as duas foram até a cozinha enquanto que Lily falava sobre como a família dela recebera a notícia de seu estrelato no mundo da música:

– Cê nem vai acreditar qual foi a reação dos meus tios e meus pais quando eu mostrei a eles quanto dinheiro consegui com a minha primeira música.

Haku conseguia imaginar uma família de loiros de queixo caído enquanto Lily sorria com um olhar de "Hah! Na sua cara!".

– E quanto aos gêmeos? - Haku perguntou.

– O que tem eles?

– Eles vão continuar vindo?

– Oh. Não me diga que você também quer bancar a mamãe deles? - Lily indagou com um sorriso sugestivo e erguendo suas sobrancelhas várias vezes.

– N-Não é isso! - Haku corou e se defendeu. - É só que Miku gosta deles e...

– Haha! Só tou brincando. - Lily disse dando tapinhas nas costas de Haku. - Eles vão continuar vindo sim. Aparentemente, a Rin parece ter se afeiçoado a mim de acordo com os meus tios. Não sei bem porque, mas é o que eles dizem. - a loira deu de ombros.

Embora a idéia de que Rin pudesse estar vendo Lily como modelo, Haku tinha de admitir que ela se acostumara a ter os gêmeos por perto de vez em quando.

Len ainda era um pouco tímido, fazendo com que Rin assumisse o controle na brincadeira na maioria das vezes. Rin de vez em quando fazia birra, mas era só Haku aparecer e falar com a garota que ela se acalmava e se desculpava. Lily tentava fazer o mesmo e tinha sucesso ás vezes, em outras ela acaba "subornando" sua prima. Porém ambos os gêmeos ouviam Miku e Rin nunca brigava com a garota de cabelos azuis.

Haku olhou e viu os três brincando com partes de um brinquedo encaixavel que Miku tinha. Lily também olhou e ficou observando os três. Ela colocou o cotovelo na mesa e apoiou o queixo na mão.

– Sabe, olhando os três assim, me faz pensar em quando eu era criança. E você Haku? - Lily disse.

– Não me lembro bem de quando eu era criança, mas... - olhar Miku brincar sempre dava uma certa paz e alegria a mulher de olhos vermelhos. Fazia-a sentir que, afinal, ela não estava se saindo tão mal em seu papel como mãe.

Com um sorriso, Haku voltou a seus livros até que ela sentiu mãozinhas puxarem a barra de sua saia. Olhando para baixo, ela viu que era Rin, olhando-a com um olhar de curiosidade.

– Sim, Rin? - Haku perguntou.

– Tia Haku, por que seus peitos são tão grandes?

Silêncio...

Os olhos de Haku pareceram encolher e se tornar brancos enquanto ela tentava processar o que a garotinha havia perguntado.

– O que? - ela perguntou com uma voz fraca.

– Lily-nee-san diz que os seus são maiores que os de muita gente. Por que eles são tão grandes? - Rin repetiu.

Haku olhou para Lily com um olhar horrorizado, somente para ver que a loira estava com uma mão embaixo de seu queixo em uma pose contemplativa.

– Sabe, eu também tenho me perguntado a mesma coisa. O que você comeu quando era criança, Haku? - Lily perguntou no tom de um repórter fazendo uma entrevista.

Haku sentiu calor subir ao seu rosto enquanto era encurralada pelas duas loiras.

– Uh... bem... hum... melancia... eu acho... - Haku admitiu, vendo que as duas não a deixariam escapar sem uma resposta.

– Sério? Por que nunca pensei nisso? - Lily contemplou.

Haku não sabia, mas Miku estava ouvindo a conversa das três. Quando sua filha, no futuro, lhe pediria para comer um pedaço a cada dia por uma semana e Haku descobrisse que ela queria ficar tão bonita e "grande" quanto sua mãe, seu rosto tomaria o mesmo tom de vermelho que ela agora tinha.

Nada mudou, só o meu endereço. Haku pensou, suspirando.


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