Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 5
Capítulo 4 - Estresse


Notas iniciais do capítulo

Se houver algum erro de gramatica aqui, peço perdão. Não recebi nenhuma resposta de minha beta-reader e provavelmente vou precisar de uma nova, então qualquer que tiver habilidade com gramática já sabe.
Também, desculpem pela demora. Entre provas na facul, arranjar-se no novo emprego e uma penca de outras coisas, estive bem ocupado.



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Capítulo 4

Estresse

- Haku, cê ta ai? – Meiko perguntou enquanto batia na porta do apartamento de sua companheira de bebida. Com ela estavam Gakupo, Dell, SeeU e Lily.

De acordo com o empresário de cabelos púrpura, Haku havia tirado licença do trabalho para cuidar de Miku, que estava doente. Aquilo normalmente não teria preocupado Gakupo se não fosse pelo fato de que Lily havia ligado para ele e perguntado se Haku estava no trabalho, pois ela não via a mulher a três dias.

Claro, nada daquilo tinha relação com o fato dos gêmeos estarem deixando Lily de cabelos em pé, pelo jeito com que bagunçavam o apartamento já desorganizado da loira e de vez em quando passavam muito próximo a uma cadeira ou mesinha que continha um objeto pesado ou afiado.

Meiko se reunirá com o grupo e disse só ter visto a mulher de olhos vermelhos sair do apartamento uma única vez, o que SeeU confirmou. O grupo estava preocupado que talvez alguma coisa tivesse acontecido com sua amiga ou Miku.

- Sem resposta. – Meiko disse.

- Vocês não acham que ela se machucou, nya? – SeeU perguntou. – Ou talvez alguém tenha invadido o apartamento e estão mantendo Haku refém até que paguem o resgate, nya! – a garota de comportamento felino sugeriu, com olhos arregalados.

- E quem iria pagar o resgate? Ela não tem pais ou família aqui perto. – Dell questionou.

- O governo, oras! De que outra maneira eles esconderiam o fato de que ela foi abduzida por vampiros, nya?!

O grupo de adultos olhou para SeeU...

Cinco segundos de silêncio se passaram...

- O que? - Lily perguntou lentamente, tentando processar o que SeeU dissera e extrair algum sentido da fala da menina com tiara de orelhas de gato.

- É verdade, nya! É tudo parte de uma conspiração para pegarem os lobisomens desprevenidos e matarem aquela garota enjoada. Se bem que eu odeio ela, então tomara que consigam, nya! Mas se isso acontecer, eles vão transformar Haku em um hibrido pra vencerem a guerra! Temos que salvá-la, nya! – SeeU disse em sua fala rápida e apontando para a porta com uma expressão de urgência.

Quando todos terminaram processar o que SeeU falara ninguém sabia o que dizer. Meiko foi a primeira a se recuperar e falou:

- Ok, sem TV a cabo pra você! Eu juro, assistir Crepúsculo e Underworld te fez mais confusa do que o usual.

Foi então que a porta do apartamento de Haku se abriu e a cabeleira prateada da mãe em treinamento espiou o corredor e viu seus amigos ali reunidos. Gakupo e os outros finalmente se recuperaram da confusão a tempo de se virar e olhar para sua amiga, que perguntou:

- O que todos vocês estão fazendo á porta do meu apartamento?

- Podemos entrar? – Lily perguntou.

Haku olhou para todos de cima á baixo e perguntou:

- Algum de vocês está gripado ou tem alguma doença contagiosa?

Lily, Dell e Meiko ergueram a sobrancelha para aquilo. O olhar desconfiado que Haku lhes dera não era do feitio dela.

- Eu escovei meus dentes essa manhã, nya. – SeeU disse, levantando sua mão como se estivesse em uma sala de aula.

- Só nos deixa entrar de uma vez. – Dell disse, já entrando com impaciência.

O que ele viu dentro do apartamento fez ele parar e piscar três vezes antes de voltar para o corredor e checar o número do apartamento na porta. Lily e os outros entraram e a loira soltou um assobio.

- Tá parecendo o meu apartamento, só que eu geralmente lavo os pratos no final do dia. – a loira disse.

Parte dos livros de medicina que Haku tinha estavam espalhados pelo sofá, o ar estava estagnado e haviam pratos sujos na pia. Em suma, parecia que o apartamento não era arrumado havia dias. Os amigos de Haku se viraram e finalmente notaram a aparência da mulher de cabelos prateados.

Haku estava com seus cabelos desgrenhados, usava uma camisa branca amassada com uma calça preta e tênis prateado que pareciam ter sido usados por dois dias direto. Ela tinha olheiras sobre seus olhos, que não paravam de dançar para os lados por um segundo, como se ela estivesse nervosa ou procurando algo.

Gakupo e os outros imediatamente entenderam o que estava havendo.

- Como a Miku está? – Gakupo perguntou, tentando ser cortês. 

- Tossiu muito essa noite e teve um principio de febre, mas consegui fazer baixar a temperatura. – Haku disse. – Está descansando agora, então, não quero ser rude, mas...

- E quando foi a última vez que você dormiu? – Meiko perguntou. Haku deixou escapar um “hã?”. – Você tá com olheiras enormes. Por um acaso tirou um tempo pra descansar?

- E como você espera que eu faça isso com a Miku doente do jeito que está?! – Haku perguntou em um tom quase acusatório.

- Haku, é só uma gripe comum. – Lily falou. – Ela vai ficar bem.

- Como você pode saber?!

O grupo se entreolhou, vendo que Haku estava claramente alterada devido á falta de sono. Meiko suspirou e colocou suas mãos sobre os ombros de Haku, falando:

- Minha amiga, você está estressada. Eu compreendo que essa é a sua primeira vez sendo mãe e tudo mais, mas só porque Miku pegou uma gripe e está de cama não significa que você deva parar de cuidar de si. Como é que você vai ajudar ela se acabar desmaiando de exaustão?

- E porque você que eu estou tomando energéticos?

- ... energéticos?

Haku concordou com a cabeça e foi até uma prateleira na cozinha, de onde tirou um drink energético, falando com um sorriso quase bobo no rosto e em um tom de quem dava depoimento em um comercial :

- É! Eu tomo um e fico acordada a manhã inteira! – ela então começou a falar mais rápido. – Sabe, no início achei o gosto horrível, mas depois ficou bom. Agora nem fico cansada! Caramba, tá quente aqui não?!

- Acho que ela pirou, nya. – SeeU sussurrou para o grupo. Eles foram forçados a concordar.

Gakupo, decidindo que aquilo não podia ser saudável, tirou a garrafa da mão de Haku e falou:

- Haku, você tem de descansar. Deixe que eu e os outros cuidamos da Miku.

- Você? – ela perguntou.

- Não se preocupe. Uma prima minha costumava me visitar e ficava na casa da minha família, então eu tinha de tomar conta dela quando meus pais saiam e... – o empresário foi interrompido pelo som de um corpo caindo no sofá. Gakupo e os outros viram que Haku havia desabado sobre o sofá e agora roncava. Ele suspirou. - Bem, acho que isso resolve a questão... Meiko, coloque um termômetro na Miku, vamos ver como está a temperatura dela. – a morena assentiu com a cabeça e foi até o quarto. – Dell você ajuda ela.

- Quer que eu tome conta de uma garotinha doente? – Dell perguntou.

- Claro que não. Seria loucura depois do que você fez com a Miku da última vez, por isso SeeU vai cuidar de você.

- Hey!

Dell lançou um olhar incrédulo de Gakupo para SeeU, que apenas sorriu. Ela então falou a Gakupo:

- Vou ter de cobrar extra, já que ele é adulto, nya.

- Eu não preciso de uma babá! – Dell protestou, achando aquilo o cúmulo.

- Feito. – Gakupo disse, ignorando o sósia de Haku.

Lily observou á tudo e então se encaminhou até a inconsciente Haku com um sorriso no rosto.

- Nesse caso, eu vou tomar conta da nossa querida Haku e ajudar ela a relaxar. – logo apos Lily falar aquilo, todos a olharam com suspeita. Até mesmo Meiko colocou a cabeça para fora do quarto que Miku e Haku dividiam. Lily suspirou. – Juro que não vou fazer nada que ela não queira. Honestamente, alguém pensaria que eu sou alguma criminosa pra vocês ficarem me olhando assim.

- E onde exatamente você vai levar ela? – Gakupo perguntou.

- Oras, para o lugar onde toda mulher vai pra se distrair...

Haku acordou com uma bruta dor de cabeça e com as costas doloridas. Sua boca também estava incrivelmente seca e... por que ela sentia como se o seu sofá tivesse virado couro de banco traseiro de carro?

- Ei, acordou. - Haku abriu seus olhos e viu Lily em pé, estendendo uma garrafa de água para ela. – Aqui, bebe um pouco.

Haku pegou a garrafa e entornou um longo gole. Após refrescar a sua garganta, ela então notou onde exatamente estava. Olhando em volta, Haku viu que ela esteve deitada no banco traseiro de um carro e que este estava parado na vaga de um estacionamento.

Foi então que a mulher de olhos vermelhos notou Lily sorrindo para ela e falou a primeira conclusão que veio a sua cabeça diante daquela situação:

- Você me raptou?! – Haku se sentou de um vez, com uma expressão assustada no rosto.

Lily deixou sua cabeça cair, seu rosto perpendicular ao chão. Ela suspirou.

- Não, sua tonta! – a loira disse, olhando para cima. – Eu trouxe você aqui depois que você desmaiou no seu apartamento.

Foi então que outra memória veio à Haku. Lily pareceu adivinhar o que sua amiga ia dizer, pois logo falou:

- Quanto a Miku, não precisar se preocupar. Gakupo e os outros tão tomando conta dela.

- O quê?! Como assim?! Você deixou ela sozinha com Gakupo e os outros?!

- Sabe, falando assim até parece que você não confia na gente. – Lily falou em um tom estranhamente penetrante e sério, cruzando seus braços.

Haku parou de falar e refletiu sobre o que Lily acabara de dizer.  Não era que ela não confiasse em seus amigos, ela apenas sentia que devia estar lá, cuidando de Miku. Lily perceber aquilo, vendo o rosto de Haku tomar uma expressão de arrependimento, e falou:

- Quer saber, eu vou deixar essa passar com uma condição...

- E qual é? – Haku perguntou. Lily abriu um grande sorriso para aquilo.

- Você vai me acompanhar no Shopping.

Haku deixou escapar um “hã?” até que ela percebeu onde exatamente elas estavam. Olhando além de Lily, a mulher de cabelos prateados conseguia ver um grande prédio se erguendo no final do estacionamento.

- Eu e os outros vimos o quão estressada você está, então decidi trazer você aqui pra relaxar um pouco... por conta do Gakupo. – o sorriso dela se tornou  maior quando ela tirou um cartão de crédito platinum do bolso com o nome “Kamui Gakupo” gravado na frente.

- Lily, você roubou o cartão de crédito do Gakupo?

- Claro que não. Peguei emprestado. Afinal, pra que servem os amigos? Ele também falou alguma coisa sobre limitar os gastos, mas eu sai antes dele completar.

Haku suspirou, imaginando o que Lily tinha em mente para aquela tarde...

O shopping estava com movimento grande, mas nem tanto ao ponto das lojas estarem lotadas. Lily puxava Haku pelo braço guiando-a pela multidão facilmente. Haku também havia ouvido a loira dizer algo sobre “encontro”, mas antes que conseguisse perguntar, Lily já estava arrastando-a até o cabeleireiro mais próximo.

- O primeiro passo para se relaxar no shopping é ir ao cabeleireiro. E considerando como o seu cabelo tá, eu diria que é praticamente mandatório.

Haku corou, sabendo que ela não arrumava o cabelo fazia dias. Ela deixou Lily falar com a cabeleireira. Enquanto esperavam, as duas amigas conversavam e Haku ficou sabendo que Lily também não ia muito frequentemente ao cabeleireiro, tentando controlar seus gastos.

- Sério? Nunca pensei que você fosse tão responsável com as suas contas, Lily-chan. – Haku falou.

- Haku, assim você me ofende. Como você acha que eu continuo vivendo no prédio da Meiko se não pagasse o aluguel? – Lily fez uma cara de tristeza e Haku se apressou a dizer.

- N-Não é isso! E-Eu não queria te ofender Lily-chan. Por favor não fique zangada.

- Bem, eu poderia me sentir melhor... se ganhasse um beijo. – a loira falou com um sorriso pervertido.

Haku piscou. Ela devia ter percebido. Lily não ligava pra o que os outros pensavam dela e raramente se ofendia. Porém era frequente que ela tentasse algo como aquilo pra tentar fazer com que Haku saísse com ela.

Após o cabeleireiro, as duas mulheres foram olhar as lojas e comprar sapatos e roupas (apesar de Haku dizer que não queria abusar da boa vontade de Gakupo). Lily insistiu que Haku comprasse um vestido que ela havia visto na vitrine. A mãe de olhos vermelhos tentou protestar, falando que o decote era grande demais, mas Lily não atenção, estando ocupada demais babando quando ela saiu do vestiário.

Quando as duas foram olhar a sessão de roupas intimas, Lily mostrou a Haku uma lingerie que a fez corar um tom rubro e balançar a cabeça rapidamente. Lily riu e colocou o artigo de volta no lugar enquanto Haku murmurava algo sobre a crueldade da loira.

As duas então foram até a praça de alimentação e pediram dois sorvetes e uma garrafa de água que Haku usou para matar a sede.

- E então? Ter um encontro comigo não é tão ruim assim, não? – Lily falou.

Haku cuspiu a água que estava bebendo quando ouviu aquilo, gaguejando em seguida:

- M-Mas, e-eu... L-Lily!

- Brincadeira. Honestamente, cê leva as coisas muito a sério, Haku. Precisa aprender a relaxar um pouco... Se é que você me entende. – Lily ergueu as sobrancelhas várias vezes.

Haku corou um tom que combinava com a cor de seus olhos.

- De qualquer maneira, vai dizer que não se divertiu um pouco?

- É... tenho de admitir que foi bom... – Haku falou. – Posso pelo menos ligar pra saber como a Miku está?

- Claro. Tem uns telefones pra lá. – Lily falou, apontando.

Haku se levantou e foi até os boxes telefônicos, ligando para a sua casa. No segundo toque, alguém atendeu:

- Alô?

- Gakupo, é a Haku.

- Ah, olá Haku-chan. Como está se sentindo? – o empresário, sempre atencioso, perguntou.

- Muito melhor agora. Mas me diga, como está a Miku?

- Dormiu depois que demos de comer a ela. A temperatura dela está estável e ela já tem um pouco mais de apetite.

- Bom saber. – Haku suspirou, aliviada. Enquanto ela fazia uma nota mental para agradecer aos seus amigos Haku ouviu xingamentos do outro lado da linha. Erguendo uma sobrancelha, ela perguntou o que fora aquilo.

- Ah, é só Dell entretendo SeeU e a Meiko. – Gakupo respondeu.

Haku achou aquilo um tanto suspeito. Dell e Meiko não se davam muito bem apesar de serem amigos. Ela então ouviu mais xingamentos e algo que soava como “Devolva isso aí!” e “Vou processar todos vocês se... !”

Foi então que o som de algo quebrando e um corpo caindo no chão soou e Haku perguntou o que estava acontecendo. Gakupo pareceu afastar o fone, pois ela ouviu a voz do homem de cabelos púrpura falar algo para Meiko e SeeU em um tom mais baixo antes de retomar a conversa.

- Dell tentou fumar e SeeU arrancou o cigarro dele. Não consegui ouvir direito, mas ela ameaçou fazer algo que soava como "palmadas" e quando ele começou a gritar Meiko quebrou uma garrafa na cabeça dele. Ele está bem, só desacordado e... ei! O que vocês estão fazendo?! Desculpe, tenho de desligar. Tchau!

Haku então olhou para o telefone com uma expressão confusa no rosto, imaginando o que estava transpirando em seu apartamento. Conhecendo o grupo não deveria ser nada de mais.

Se bem que...

- Flashback

- QUEM FOI QUE FIZ ISSO?!?!?! – Dell gritou apontando para o seu rosto, que estava cheio de maquiagem, fazendo com que ele parecesse um palhaço de circo. Na bochecha esquerda, escrito com batom em uma letra floreada e cursiva, havia a palavra "Badboy" com um coração desenhado do lado.

Todos reunidos no apartamento de Lily soltaram gargalhadas enquanto Meiko tentava esconder os potes de maquiagem e pincéis ás suas costas. Apesar de não poder provar que fora a morena, Dell nunca mais bebeu até cair perto de Meiko... e também não a chamou mais de “solteirona”.

- Fim do Flashback -

Haku deu de ombros e colocou o telefone no gancho.

Ela voltou até Lily, que estava olhando um catálogo com os filmes em exibição nas salas de cinema do shopping. A loira perguntou se ela toparia ver um filme, já que Haku quase não saia, tendo de cuidar de Miku, a não ser para trabalhar e ocasionalmente se reunir com seus amigos.

- Bem... acho que não faria mal, mas não sei quais filmes estão passando. – Haku falou.

- Tudo bem. Aqui... – ela mostrou o catálogo à Haku e apontou para um título em vermelho. – Ouvi dizer que esse é muito bom. Vamos deixar as compras lá no carro e podemos pegar a próxima sessão.

Infelizmente, o catálogo não mostrava qual o gênero do filme, mas Haku achava que não devia haver nada de mais em um filme com um título como A Grande Conchita...

Qualquer um que conhecesse Yowane Haku estaria ciente de um fato: ela possuía um medo terrível de filmes de terror.

Alguns pensariam que por ter sido enfermeira e ter visto sangue quase que diariamente, Haku não teria problemas com filmes violentos e cheios de sangue. Porém se fosse somente a violência e sangue, a mulher de olhos vermelhos não se importaria. Ela até gostava de filmes de ação, mistério e policiais. Mas, para ela, havia uma diferença enorme entre estes e filmes com monstros sanguinários, aliens impregnando astronautas e canibais devorando pessoas. Este último, para seu grande horror, parecia ser o caso do filme que estavam assistindo.

- Hah! Só pode ser efeito especial. Não é fisicamente possível que ela consiga abocanhar metade do rosto daquele cara numa mordida. - em contrapartida, qualquer um que conhecesse Masuda Lily saberia que ela era uma grande fã de filmes de terror, tendo assistido á toda série Alien, Sexta-feira 13 e A Hora do Pesadelo 5 vezes cada.

Haku deveria ter suspeitado de algo quando Lily disse que ela ouvira alguém recomendar o filme, mas, no momento estava muito aterrorizada escondendo seus olhos atrás de algumas mechas loiras que estava segurando e tentando ignorar os sons de mastigação e gritos agonizantes.

- Ei Haku. Você vai perder o filme todo se continuar se escondendo atrás dos meus cabelos. – Lily disse com um sorriso travesso que ela sabia que Haku não conseguia ver.

- Eu estou assistindo o filme. – Haku disse em uma voz melindrosa, tentando não gaguejar.

- Vamos lá, não é assim tão ruim. Pelo menos nada vai saltar de dentro dos estômagos deles e começar a devorá-los.

Haku deu graças aos céus por não ter comido nada de muito pesado e por estar ocupada demais tentando ignorar os gritos, do contrário aquilo teria formado uma imagem mental tão aterrorizante e nojenta que ela tinha certeza de que teria perdido que quer que tivesse comido.

- Vamos lá. – Lily disse, puxando suas mechas das mãos de Haku. – Viu, ela já terminou com o cara. Além do mais, aquele mordomo me parece uma gracinha.

Haku olhou para tela e viu um mordomo jovem que aparentava ter quinze anos. Ele até que era bonitinho como Lily dissera. Na cena seguinte, Conchita o agarrou e lambeu sua orelha, somente para depois arrancá-la com uma dentada.

Haku soltou um grito e abraçou Lily como se sua vida dependesse disso, enterrando seu rosto no ombro da loira que ao notar aquilo, discretamente, passou uma mão ao redor dos ombros de Haku, como que para ampará-la. Seus dedos então roçarem de leve em um dos generosos seios da mulher de cabelos prateados, que estava aterrorizada demais para prestar a atenção a qualquer outra coisa.

Lily deu um sorriso de orelha a orelha ao sentir Haku agarrá-la mais forte enquanto que Conchita se degustava com um outro servo no filme, este soltando gritos agonizantes enquanto que os sons de carne sendo mastigada eram ouvidos. A loira até podia sentir o busto de sua amiga pressionando contra o seu lado.

Lily, você é um gênio! a loira pensou, congratulando-se mentalmente.

Após uma passada no banheiro depois do cinema, Haku e Lily deixaram o shopping, a mulher de olhos vermelhos insistindo que ela já tivera emoções o suficiente para o resto do mês.

Apesar da última idéia de Lily, Haku se divertira bastante, sentindo-se mais leve e melhor consigo mesma. Ela ainda imagina como Miku estava, mas tinha confiança em Gakupo para tomar conta dela. Enquanto as duas voltavam de carro, com Lily dirigindo, esta falou:

- E então, gostou do dia, princesa?

- Sim. Muito obrigada Lily-chan. Você é uma boa amiga. – Haku disse em agradecimento, ignorando o apelido que Lily havia lhe chamado.

- Só amiga? Ouch! E aqui estava eu, pensando que podíamos ser algo mais.

Haku corou diante daquela frase e tentou ignorar Lily o resto do caminho.

As duas então chegaram ao complexo de apartamentos, Lily estacionando o carro enquanto que Haku ia em frente, abrindo a porta de entrada. As duas subiram as escadas até o apartamento de Haku e esta entrou, olhando em volta. Gakupo estava espanando o armário onde a TV estava enquanto cantarolava, o que fez Lily soltar risadinhas, comentando:

- Ei, Gaku-chan, esqueceu o avental.

Gakupo se virou e notou as duas mulheres. Ele sorriu para Haku e a cumprimentou, perguntando se ela passara bem o resto do dia e se Lily havia feito algo que requereria intervenção jurídica, o que fez com que a loira imediatamente parasse de rir e exclamasse um “HEY!!!”.

- Nada fora do comum. Porém eu me diverti bastante. Obrigada por cuidar da Miku nesse meio-tempo, Gakupo-san. – Haku respondeu.

- Não foi nada, Haku-chan. Afinal, pra que servem os amigos? – Gakupo disse.

- E como ela esta?

- Mama? – a voz da pequena Miku fez com que Haku se virasse e visse a garotinha de mãos dadas com SeeU, que mostrava um sorriso animado.

- Miku. – Haku foi até sua filha e a pegou no colo, colocando a mão sobre a testa e vendo que esta estava menos quente do que a última vez que ela a vira. Miku também não estava mais parecendo tão indisposta quanto antes, sorrindo e passando seus bracinhos em volta do pescoço de Haku.

Gakupo e SeeU contaram que eles ficaram monitorando Miku e abriram as janelas do quarto, deixando um pouco de ar fresco entrar e tentaram mantê-la entretida com algo depois que acordou pra que ela não ficasse entediada.

- Mais um dia, e ela estará boa novamente. – Gakupo falou.

- Viu? Que foi que eu te disse? – Lily falou à Haku com um sorriso maroto no rosto.

- Eu... – Haku parou de falar e respirou fundo. Ela então levantou a cabeça e olhou seus amigos ali reunidos. com gratidão – Gente, muito obrigada. Eu e Miku agradecemos. - Haku inclinou sua cabeça para mostrar o quão estava agradecida.

- Sem problemas, nya! – SeeU falou.

- Aliás, onde está a Meiko? Eu queria agradecer a ela tam...

- ME TIREM DAQUI!!! – um grito interrompeu Haku.

Com exceção de Lily, todos não pareceram afetados por aquilo. Haku ouviu alguns palavrões e xingamentos, o que a forçou a entregar Miku para que SeeU cobrisse suas orelhas antes que ela começasse a captar algumas das palavras. A mulher de olhos vermelhos foi até seu quarto, de onde estava vindo o barulho e abriu a porta.

Foi então que o queixo dela caiu.

- Oh. Oi Haku. – Meiko a cumprimentou, mas a atenção de Haku não estava na morena e sim no homem que se parecia com ela que estava amarrado a uma cadeira em frente á sua mesa com espelho.

Olhando de volta para ela com uma expressão frenética estava um Honne Dell altamente maquiado.

- Haku, me tira daqui logo de uma vez! – o sósia masculino de Haku reclamou, tentando se libertar das cordas, em vão.

- Eu não faria isso Haku-chan. Esse traste aqui merece. – Meiko disse, sua voz se tornando um tanto ríspida. – Onde já se viu, tentando fumar enquanto temos uma criança doente no apartamento.

- E quem é você? A mãe dela?!

- Não, mas a Haku é.

A mulher em questão olhou de um para o outro. Os dois voltaram seus olhares para Haku, que não estava a fim de ter de conciliar aqueles dois, o que ela sabia que era um exercício de futilidade.

- Podem fazer isso em outro lugar? O dia foi meio cheio e estou cansada. – Haku disse.

Dell à olhou com uma expressão incrédula, enquanto Meiko sorriu e agarrou a cadeira , levantando as pernas dianteiras desta e a arrastando-a pelo chão, desejando a Haku um bom descanso enquanto Dell praguejava.

A mãe de primeira viagem caminhou até a sua cama e desabou nesta. Meiko e Gakupo podiam se virar na casa e Miku provavelmente iria querer “brincar” junto com Meiko de “maquiar o tio Dell”. Além disso, ela estava tão cansada...

 - Mama diz “aahhh”...

 A cena era quase tão irônica quanto era cativante.

Uma Miku sentada no colo de Lily levava uma colher até a boca de Haku com toda destreza de uma criança de três anos, o que obviamente significava que alguns pingos caíram em Haku, mas ela nem ligava enquanto deixava que Miku lhe desse a sopa.

- Só você mesmo, Haku... – Lily disse em um tom bem-humorado. – Cuidou da Miku e fica doente no dia seguinte.

- Bem, não é como se eu tivesse algum controle sobre isso. – Haku defendeu-se.

- De qualquer maneira, não se preocupe. Eu e a Miku vamos cuidar de você di-rei-ti-nho.

O tom cantante com que Lily dissera aquilo não inspirou muito confiança em Haku. Ela quase temia a hora em que Miku fosse deixar o quarto pra descansar e a deixasse sozinha com sua amiga de disposição bissexual. Pelo menos Gakupo também estava lá.

O homem em questão entrou no quarto em largas passadas, não parecendo nada feliz pela expressão em seu rosto.

- Lily, o que significam todas essas notas? – ela falou, mostrando a mão cheia de notas fiscais das compras que Haku e Lily haviam feito.

- Ué? Você não disse que ia bancar eu e a Haku enquanto saímos pra ajudar ela a relaxar? – Lily rebateu em um tom inocente que não convencia a ninguém.

- Dois mil por um par de sapatos? - Gakupo cruzou seus braços, lendo o preço em uma.

- Ei! Eles são de marca.

Haku pode apenas balançar a cabeça enquanto os dois continuavam a discutir. Ela então viu Miku colocando a colher perto de sua boca de novo, parecendo alheia á discussão dos dois adultos enquanto pedia pra sua mãe fazer “aaahhh”.

Haku sorriu e deixou que sua filha a alimentasse. Afinal, ela merecia depois de todo o estresse que passara. 


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