Coração De Mãe escrita por UnderworldKing


Capítulo 4
Capítulo 3 - Amigos


Notas iniciais do capítulo

E agora mais caras familiares irão aparecer, além de um novo conceito (este não foi inventado por mim, mas não vi em fics em portugues até hoje): Flashforward!
Vocês vão entender o que quero dizer em breve.



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Capítulo 3

Amigos


Haku finalmente arranjara um berço com Gakupo. Era velho, porém a tinta ainda permanecia. Mas Haku acabou por ter um probleminha...

Na primeira vez em que Haku colocou Miku neste, logo antes de irem dormir, duas horas depois, Haku acordou com o choro de sua filha adotiva. Ela rapidamente foi até o berço e pegou Miku em seu colo tentando acalmá-la. A garotinha parou de chorar em segundos. Haku então a depositou no berço e foi dormir. Cinco minutos depois, Miku estava a chorar novamente. Haku foi até ela e, desta vez, a garotinha parou no mesmo instante em que Haku a colocou em seu colo.

Haku ergueu uma sobrancelha para aquilo, mas colocou Miku novamente no berço. Cinco minutos e, novamente, Miku estava a chorar. Haku se levantou lentamente da cama, grunhindo, e pegou a sua nova inquilina, levantando-a. A garotinha olhou-a com seus grandes olhos azuis e fez menção de querer se aproximar.

Aparentemente, Miku não se sentia segura com o berço e preferia o calor de Haku ao seu lado. Haku suspirou. Aquilo era compreensível, tendo Miku dormido ao seu lado desde que haviam se encontrado. Ela decidiu deixar a garotinha dormir consigo de novo e falaria com ela na próxima noite que ela precisa aprender a dormir sozinha.

A mulher de cabelos prateados também tinha de admitir que era gostoso dormir com Miku ao seu lado, com a certeza de que podia mantê-la segura em seus braços. Ela só esperava que isso não se tornasse rotina no futuro.


– Flashforward -

Uma Miku de cinco anos estava olhando para a sua nova cama com o olhar enigmático de análise que muitas crianças exibiam. Haku começou a se preocupar que talvez Miku não tenha gostado de sua escolha de cama e perguntou:

– Não gostou, Miku?

A garotinha não respondeu, apenas subiu na cama e foi até o travesseiro. Ela colocou sua mão nele e disse:

– Os seus são mais macios, mamãe.

– Os meus o quê? – Haku perguntou, sem entender.

– Seus travesseiros. – Miku disse, apontando para os generosos seios de Haku, o que a deixou tão vermelha quanto uma beterraba.

– M-Miku! – Haku exclamou, cobrindo seu busto com as mãos.

– O que? – Miku perguntou em um tom inocente.

Haku suspirou. Ela sabia que Miku não quisera dizer nada com aquilo. Era até normal, considerando a infância que ela teve. Haku então falou:

– Eu sei que meus... "Travesseiros" são mais macios...

– E maiores. – Miku acrescentou com um sorriso, para o embaraço de Haku.

– É... mas você tem de aprender a dormir sozinha, Miku.

– Mas por quê?

A carinha que sua filha estava fazendo deixou Haku com vontade de abraçá-la somente para retirar aquele olhar de filhotinho rejeitado do rosto da garotinha. Ela tentou pensar rápido no que dizer para remendar a situação. Foi então que teve uma idéia:

– Por que... Você está crescendo. E garotas grandes têm de aprender a dormirem sozinhas, com seus próprios travesseiros.

Lily iria rolar no chão, soltando gargalhadas mais tarde, quando Haku lhe contasse sobre aquilo, e somente então a mulher de olhos vermelhos perceberia quanto duplo-sentido o que ela dissera soava. Sorte que Miku ainda não entendia certos fatos.

– Quer dizer que não vou mais poder dormir com você, mamãe? – o olhar lacrimoso da garotinha fez o coração de Haku se apertar.

– N-não, Miku. Claro que você ainda pode dormir comigo!

– Verdade?

– Verdade.

Miku pareceu se animar com aquilo e abraçou Haku, que a abraçou de volta. A mulher de cabelos prateados já estava para se retirar quando ela viu Miku indo para a porta. Ela perguntou o que a menina de cabelos azuis estava fazendo e Miku respondeu:

– Vou pegar o seu travesseiro, assim você pode dormir comigo aqui. – ela disse aquilo com um grande sorriso no rosto.

Haku demorou algum tempo para processar o que Miku havia dito, porém já era tarde, sua filhinha já estava voltando com seu travesseiro em mãos, escova de dentes e a camisa que ela usava para dormir. Haku ficara tão chocada pela maneira como Miku havia contornado a situação que não notara a garotinha a empurrando para a porta do banheiro do quarto onde estavam.

– Agora você se arruma que eu te espero na cama. Ok, mamãe? – Haku abrira sua boca para falar, mas Miku já dera meia volta e escalou o colchão.

Haku olhou de sua - persuasiva - filha adotiva para a roupa e escova de dentes que tinha em mãos. Não sabendo se ela se sentia orgulhosa da iniciativa e prontidão de Miku ou envergonhada por ter sido tão facilmente contornada por uma garotinha de cinco anos, Haku pode apenas pensar:

Eu sou uma mãe patética...

– Fim do Flashforward -


Um mês mais tarde e Haku já havia conseguido fazer Miku se ajustar ao conjunto de apartamentos onde moravam. Meiko vinha de vez em quando para tomar conta de Miku enquanto Haku trabalhava, já que não havia creches perto de onde moravam.

Quando Meiko não podia, Haku se vira obrigada a contratar uma babá de meio-expediente. Mais especificamente uma garota coreana, loira que vivia no complexo de apartamentos e se chamava SeeU. Aquele, obviamente, não era seu nome verdadeiro, porém nem Meiko fazia idéia de como ela realmente se chamava e os pais da garota raramente estavam em casa.

Haku nunca falara muito com ela, porém isso não significava que a garota loira era uma má pessoa. Ao contrário, ela era até bem simpática com todo mundo. O problema é que SeeU parecia ter uns parafusos a menos. A garota nunca saia de casa sem a tiara de orelhas de gato que possuía e insistia que era um, até mesmo soltando alguns “Nyah” quando falava. Haku achava que a garota tinha sofrido alguma espécie de trauma. Meiko achava que ela gostava de ser maluca mesmo.

Pelo menos ela cobra barato. Haku pensou da primeira vez que falara com SeeU sobre o assunto. Uma conversa que ela dificilmente conseguia esquecer, pois for a primeira vez que ela falara por tanto tempo com SeeU.

E como a garota falava...

– Você tem uma filha?! Por que nunca disso isso?! Eu adoro crianças! Claro, porque também sou uma, nyah, mas isso não importa. Você precisa de alguém pra tomar conta dela? Deixa comigo, nyah! Eu sigo todas as suas instruções, coloco ela pra dormir no horário, alimento, dou banho, até troco fraldas se me deixar um prendedor de nariz, nyah. Eu até cobro baratinho, se bem que nem tenho no que gastar o dinheiro, afinal, nós gatos só precisamos de comida, água e um lugar pra se aconchegar, nyah.

SeeU falara tudo aquilo sem nem ao menos parar para respirar. Haku precisou de três segundos para processar tudo o que ouvira e extrair cada palavra da massa de discurso que SeeU despejara sobre ela em menos de trinta segundos.

Foi então que Miku engatinhou até a mesa, atraída pelo som da fala rápida de SeeU. A garotinha chamou a atenção da coreana de comportamento felino com seus sons de bebê. SeeU olhou para Miku e seus olhos pareceram brilhar enquanto ela mostrava um grande sorriso em seu rosto.

– Oh my gosh! – Haku nem sabia que SeeU falava inglês, mas considerando que ela mal entendia tudo que a garota dizia, ela podia muito bem ter dito algo em romano. – Essa é ela?! ELA É TÃO FOFA!!! Me faz querer levar pra casa, nyah! Pena que meus pais não permitem humanos em casa, nyah. – Haku estava prestes a perguntar o que a loira queria dizer com aquilo, mas SeeU já estava a disparar sua metralhadora verbal novamente. – E vocês são tão parecidas, nem parece que ela foi adotada. Quando crescer quero ter uma filha tão fofa quanto a sua, nyah.

Ao final da conversa, Haku pode apenas balançar a cabeça em concordância com qualquer coisa que SeeU falava. Miku inclinara sua cabeça para o lado (fazendo SeeU soltar outro gritinho de “FOFA!!!”) entendendo menos ainda que sua mãe o que aquela pessoa-gato (apelido que ela daria a SeeU quando aprendesse a falar) dizia.

De volta ao presente, Haku deixara SeeU cuidando de Miku nesta noite para se encontrar com seus amigos no local de costume. Para sua surpresa - e alívio -, Lily não estava lá. De acordo com os outros, a loira havia ligado para Gakupo e Dell - nenhum dos dois tinha idéia de como ela conseguira o número, considerando que eles nunca o deram - avisando que iria ter de viajar no final de semana para uma cidade próxima, onde seus tios moravam.

– Ela falou alguma coisa sobre um “compromisso chato, sem graça e completa perda de tempo”. – Dell disse.

– Ela falou pra mim que era uma reunião de parentes da família. – Gakupo disse.

– E qual é a diferença?

Conhecendo Lily, era bem possível que ela tinha usado aquelas palavras...


Na próxima semana, Haku recebera seu pagamento e decidiu que era hora de levar Miku para passear novamente, talvez até mostrar a garotinha um pouco de natureza.

Se bem me lembro, tem um parque aqui perto com um playground pra crianças. Haku pensou, decidindo que era uma boa idéia ir verificar o local.

Miku agora já andava e possuía um guarda roupa próprio. Haku colocara algumas roupas de verão na filha e a pegara no colo para irem verificar o local. A praça era bem limpa e havia árvores decorando a paisagem e até mesmo alguns arbustos.

– Ahvoeh... ahça... – Miku tentava falar. A garotinha de cabelos azuis já conseguia pronunciar os nomes de Haku e Meiko sem muitos problemas, mas ainda tinha problemas com os R’s.

– Aqui, Miku. Vê as outras crianças brincando? – Haku disse para sua filha adotiva, mostrando uma caixinha de areia onde duas crianças da idade de Miku estavam tentando montar castelos de areia. – Não quer brincar com elas também? – Miku afirmou com a cabeça.

Haku depositou a menina de cabelos azuis na caixinha de areia e ela caminhou até as outras crianças com alguns passos cambaleantes. Haku sorriu e viu um banco onde poderia se sentar. Após ter achado uma posição em que poderia ficar de olho em Miku, Haku notou pelo canto de seu olho esquerdo um brilho dourado. Ou mais precisamente, três.

Ao olhar, a mulher de cabelos prateados se surpreendeu ao avistar Lily, porém a mulher não estava sozinha. Ao invés de um homem, ou até mesmo uma bela mulher, Lily estava carregando duas criancinhas. Ela não parecia lá muito contente com o novo tipo de companhia, mas não parecia estar resmungando.

Chegando a borda da grande caixa de areia, Lily posicionou as duas crianças a sua frente e se agachou para poder olhar para seus rostos. Por estar perto, Haku conseguiu vislumbrar os rostos das duas crianças com Lily e ficou surpresa ao ver duas caras idênticas, tanto que se não fosse pela roupa que usavam, Haku não teria adivinhado que se tratava de um garoto e uma garota.

Gêmeos. Haku pensou. Ela podia afirmar aquilo facilmente, tendo uma vez feito plantão na maternidade do hospital onde costumava trabalhar. Eles também pareciam ser mais novos do que Miku.

O garoto tinha um olhar curioso enquanto olhava para Lily e a garota estava chupando o seu punho. Lily então começou a falar:

– Ok, vocês dois... Vou deixar vocês brincando aqui como sua mãe mandou. Vê se não aprontam enquanto eu tiro um cochilo nos bancos ali perto, está bem? – Lily disse, apontando para os bancos onde Haku estava. Os gêmeos simplesmente a olharam com seus grandes olhos azuis, a garota ainda com seu punho na boca. Lily suspirou. – Eu realmente não sirvo pra ser babá...

Ela então se virou e seus olhos caíram sobre uma cabeleira prateada. Haku percebeu, pelo sorriso quase pervertido no rosto da loira, que Lily a havia reconhecido. Haku engoliu em seco enquanto a loira se aproximava. Os gêmeos, vendo que não tinham mais a atenção de sua babá, se viraram e engatinharam até outro canto da caixa de areia.

– Ei, Haku! Que coincidência te encontrar aqui! – Lily disse, se sentando ao lado de Haku (perto demais para o conforto da mulher de olhos vermelhos). – E veja só, com um kit completo ainda por cima. – Lily apontou para a bolsa que Haku colocara do seu outro lado, onde havia fraldas, talco e a mamadeira de Miku, além de lenços.

– Hum... bem... – Haku gaguejou. Ela sempre ficava assim ao redor de Lily.

– Então, me diz... – Lily falou, com seu braço ao redor da cintura de Haku. – Veio admirar a paisagem ou está esperando alguém? – Lily ergueu suas sobrancelhas varias vezes de uma maneira muito sugestiva.

– N-Não! E-e-eu estou s-s-sozinha. – Haku gaguejou. Ela tomou nota que a mão de Lily parecia ter baixado alguns centímetros do lugar onde estivera anteriormente ao redor de sua cintura.

– É mesmo? Ah, mas isso é uma pena. Quer dizer, se fosse comigo, não deixaria uma mulher como você sair da minha vista. Afinal, a gente nunca sabe quando um pervertido vai aparecer, tentando roubar o seu par.

Tipo você? Teria sido a resposta que qualquer pessoa no lugar de Haku teria dado, porém a mulher de cabelos prateados se sentia intimidada pelo jeito direto e quase agressivo de Lily. Ela se sentia como uma zebra encurralada por uma leoa.

– E-e e-então? O q-que você veio fazer aqui com duas crianças? – Haku perguntou, tentando encontrar alguma coisa para desviar a atenção de Lily do que estava fazendo (principalmente aquela mão-boba que estava perigosamente próxima de sua região traseira).

Felizmente, aquilo pareceu dar uma pausa no avanço de Lily, fazendo a mulher recuar sua mão e olhar para Haku com um olhar de tédio. A loira então começou a falar:

– Ah, os pirralhos, você quer dizer? São meus primos.

– Vo-você não devia chamar eles assim, Lily. – Haku falou, porém seu tom saiu mais fraco do que ela pretendera.

– O que? Eles são uns pirralhos mesmo. Já viu o tamanho dos dois? De qualquer maneira... – Lily então continuou como se Haku não tivesse tentando recriminá-la. – Parece que minha família anda preocupada que eu não esteja levando uma “vida responsável”. – ela fez sinal de aspas com os dedos no ar para dar ênfase. Logo após, Lily cruzou seus braços e bufou. – Hunf! Por favor. Como se eu não soubesse me virar. Você não me vê grávida pelos cantos, vê?

Haku corou um tom rubro frente ao que Lily estava sugerindo. A loira ou não notou, ou simplesmente não ligava, pois continuou falando:

– De qualquer maneira, eles parecem ter essa idéia de “fazer eu acordar para as minhas responsabilidades” e decidiram que daqui pra frente os gêmeos iriam ficar comigo nos finais de semana. Honestamente, o que deu neles?! Eu nunca tomei conta de crianças na minha vida, mas não! Eles não quiseram me ouvir. E ainda ameaçaram pararem de pagar o aluguel do meu apartamento caso eu me recusasse. Isso está mais pra castigo do que “lição de moral”!

Lily dissera aquela expressão com um tom de zombaria, como se o próprio conceito fosse uma piada para ela. Haku pensou em talvez apontar que ela achava que era uma boa idéia Lily aprender a ser mais responsável com sua vida e pensar no seu futuro ao cuidar de duas vidas.

Então ela se lembrou de que essa era Lily e começou a se perguntar o que se passara na cabeça dois pais dos gêmeos quando aquilo foi proposto, ou que expressão eles fizeram caso a idéia não tivesse vindo deles.

– Mas, você ainda não me disse o que você está fazendo aqui. – Lily falou, sua mão voltando a cintura de Haku, que corou como sempre.

– Eu-eu-eu... – Haku balbuciou.

Foi então que a mulher de cabelos prateados foi salva por sua filha, que chegara de mãos dadas com os gêmeos, que pareciam se apoiar na garota maior. Lily parou imediatamente ao ouvir a pequena Miku falando:

– Mama... aigos...

Haku olhou para Miku e então entendeu o que ela queria dizer. Ela sorriu para sua filha ao perceber que os gêmeos apenas a olhavam com curiosidade, ambos segurando um cada mão da garotinha mais velha. A menininha loira ainda chupava o próprio punho.

Ao olhar para Lily, Haku viu que ela tinha uma expressão de choque no rosto, seus olhos arregalados. Ela já ia perguntar se sua amiga estava bem, quando Lily começou a sussurrar:

– Ma... ma? Ela... é... ?

– Uuhhh... é. Miku é minha filha. – Haku disse.

Como de costume, ela se esquecera de acrescentar “adotada”, o que levou ao típico desentendimento de sempre. Porém, a reação de Lily fora um tanto quanto dramática:

– O QUÊ?! Quer dizer que alguém já tomou você e ainda por cima te engravidou?! Não posso acreditar! Como foi que eu pude ser tão estúpida a ponto de deixar que isso acontecesse?! DEVERIA TER SIDO EU! – Haku pode apenas olhar para Lily com uma expressão de surpresa, com olhos pequenos e brancos. Lily então se virou e começou a bater a sua cabeça no encosto do banco. – Burra! Burra! Burra! Burra! Burra! – Lily repetiu enquanto sua testa fazia impacto com a madeira.

Miku e o gêmeo garoto apenas olhavam com curiosidade para a mulher loira que batia a cabeça contra o banco. A menina loira de mãos dadas com Miku finalmente parou de chupar o seu punho e apontou para Lily, rindo.


– Adotada? – Lily indagou depois de Haku ter explicado a situação e feito um curativo na cabeça da loira.

– Sim.

– Oh... – Lily olhou para o lado, parecendo um pouco envergonhada pelo papelão que havia feito.

– Lily... uhh... eu sei que você... bem... mas é que... você vê... eu não tenho intenções de... – Haku falou, se atropelando com as palavras enquanto tentava se expressar e falar para a loira que ela não tinha intenções de namorar Lily ou qualquer coisa do gênero. Haku nunca fora muito boa naquele tipo de coisa.

– Ah, tudo bem. Eu sei que você é tímida demais pra isso. – Lily disse, abanando sua mão em um gesto de entendimento. – É só que ás vezes eu não consigo me controlar. Quer dizer... – Lily assobiou. - Você já se olhou no espelho só com roupa de baixo?! Cara, eu honestamente mataria qualquer um que tocasse em você e não tomasse responsabilidade.

Lily pareceu tremer de raiva, com seus punhos fechados. Haku não sabia se sentia lisonjeada por ter alguém que se importasse com sua segurança e honra como Lily, ou assustada pela idéia de que Lily era capaz de cometer um assassinato.

Foi então que ela notou o quão irônico era que Lily estivesse falando de responsabilidade quando ela própria tentava evitar isto a todo custo. Haku olhou para os gêmeos que brincavam com um Miku; o garoto fazendo um castelo de areia junto com Miku e a garota ocasionalmente atirando areia neste, mas apenas em pequenos punhados para não danificar a formação.

– Quais são os nomes deles? – Haku perguntou.

– Huh? – Lily então notou que a mulher de olhos vermelhos estava se referindo aos gêmeos. – Ah. O garoto se chama Len e a garota Rin. Por alguma razão, meus tios disseram que ela os lembra de mim quando era pequena. – Lily falou com um riso, como se a noção fosse ridícula. Foi então que uma pá de plástico acertou a cabeça dela. – AU! Ok, quem jogou isso?! – Rin apontava e ria novamente.

Lily se levantou, pronta para ir ralhar com a garotinha... e se sentou após lembrar que Rin era só um bebê e não sabia o que estava fazendo e gritar com ela não resolveria nada (além de fazê-la chorar, o que Lily tentava evitar a todo custo). Grunhindo por entre os dentes, Lily se sentou.

– Acho que entendo o que seus tios quiseram dizer. – Haku falou.

– Bem, eu posso lhe garantir que nunca briguei quando iam trocar minha fralda. Nem transformava ela em um pântano... Ela também nunca deixa Len sair longe de vista e arrasta ele de volta sempre que ele tenta ir muito longe. Eu juro, ela vai ser uma irmã mandona quando crescer.

Haku olhou para Rin novamente, que agora ajudava Miku e seu irmão a montar o castelo. Era difícil de imaginar uma menininha de aparência tão meiga e adorável se tornando uma garota mandona.


– Flashforward –

– Len, cadê minha mochila?! – o gêmeo mais novo veio correndo com o material escolar de Rin em mãos.

– Len, vá buscar água pra mim e pra Miku! – o garoto largou sua redação de escola não-terminada para ir até a cozinha. Do contrario, Rin continuaria gritando até conseguir o que queria.

– Len, coloca isso pra lavar. – Rin disse se despindo no meio do quarto que os dois dividiam. Len arregalou os olhos e saiu correndo quando sua irmã começou e tirar a calcinha. – Ei, volta aqui!

– LEN, CADÊ MEU LANCHE?!

– EU NÃO SOU SEU SERVO!!! – o garoto retrucou. Rin parou, olhando surpresa para seu irmão, que respirava profundamente após sua explosão.

Ele então se recompôs ao ver que seu protesto tivera efeito e se virou... Apenas para ser atingido na nuca por uma laranja voando a 30 Km/h (que surpreendentemente não se destroçara contra a cabeleira do loiro) que o derrubou.

– Dá próxima vez que responder pra mim assim, vai ser algo mais duro. – Rin disse, empinando o nariz em indignação e saiu batendo pé.

Por quê, meu Senhor... por quê?!, Len pensou.

– Fim do flashforward –


– E quanto ao garoto, Len? – Haku perguntou.

– Oh, ele? É um bebê chorão. Se pensa que alguém está bravo com ele, começa a chorar. Se alguém ergue a voz ao redor dele, começa a lacrimejar. Se Rin acerta o nariz dele com um soco, começa a chorar.

– Espera, qual era o último?

– Uh... Alguém ergue a voz?

Haku decidiu não perguntar mais do que aquilo. Ela então olhou para o garoto e reparou que ele parecia um pouco mais calmo que sua irmã, que tentava construir o castelo de areia com Miku mais rápido.

– Ei, você costumava lidar com crianças no hospital, não é? – Lily perguntou, fazendo Haku se virar para olhá-la e confirmar com a cabeça. – Será que poderia me ajudar com esses dois? Eles são uma mão cheia e, honestamente, eu nunca pensei em ser mãe. Minhas velhas bonecas que o digam. Sempre acabavam estragando.

Haku podia imaginar, porém decidiu que ajudaria Lily, pelo bem dos gêmeos. Além do mais, ela sempre achara que havia algo de muito bonito em crianças gêmeas. Foi então que elas viram Rin andando até elas, com Len e Miku logo atrás. Rin parecia cambalear de sono. Haku olhou para a menininha com um sorriso e perguntou se ela poderia pegar Rin no colo, Lily deu de ombros, o que para ela queria dizer que sim.

Haku pegou Rin no colo e pode olhar mais atentamente para a garotinha loira com um laço branco na cabeça. Os olhos azuis dela e pareciam querer fechar a qualquer momento.

– Ela é tão bonitinha. – Haku disse.

– Então leve pra você. – Lily sugeriu.

– Não deveria escapar da sua responsabilidade, Lily-chan.

– Bem, pelo menos eu tentei.

Foi então que Rin se inclinou e se aconchegou em Haku, bem em cima de um de seus seios. A garotinha até o afofou como a um travesseiro. Haku sentiu seu rosto tomar uma cor rubra enquanto Lily assobiava.

– Eh, mamãe Haku, heh? – a loira disse. – Sabe, dizem que um dos símbolos da maternidade é o seio, devido ao ato de amamentação.

Haku não respondeu àquilo. Miku pareceu ficar com inveja e largou a mão de Len, se aproximando de Haku e fazendo menção de querer subir no colo dela. Saindo de seu estupor, Haku viu sua filhinha querendo subir e a ajudou. Logo era Miku quem havia se aconchegado em seu outro seio e fingiu dormir. Haku corou de novo, seu rosto vermelho o suficiente para ser usado como farol.

Lily não conseguiu conter a risada. Após dar umas boas gargalhadas às custas de Haku, a loira falou, enquanto tentava recuperar o fôlego:

– Sabe... Normalmente, eu perguntaria se tem lugar pra mais um, mas tou me sentindo misericordiosa hoje então vou ceder lugar ao Len. – ela pegou o gêmeo e o estendeu a Haku. Len ficou simplesmente fitando-a com aquela expressão de curiosidade típica de bebês.

Mentalmente, Haku estava se perguntando o que havia de errado com ela e crianças pequenas pensando que seus peitos eram almofadas...


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